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PIRANHA- GARBO´MINELLI- JOHN FORD- LUCILLE- JOHN BARRYMORE

   GRANDE HOTEL de Edmund Goulding com John Barrymore, Greta Garbo, Joan Crawford, Lionel Barrymore e Wallace Beery.
Grande sucesso da MGM, este filme inaugura todo um gênero, o filme onde vários personagens vivem vidas paralelas num mesmo local. Navios, aviões, lojas, ruas, o cinema passou a usar a mesma fórmula por décadas. Aqui, num hotel de luxo em Berlin, acompanhamos uma bailarina em crise, um nobre falido que se tornou ladrão, um operário condenado que torra suas economias, uma secretária cortejada e um industrial corrupto. Bonito de se olhar, o filme, apesar de didático, envelheceu pouco. É um belo exemplo da arte hollywoodiana. Barrymore dá um show como o ladrão. O olhar comove. Seu irmão, Lionel está ótimo como o operário deslumbrado com o luxo. E temos Garbo. Sua forma de interpretar é terrivelmente exagerada, antiquada, mas quando ela se cala e atua apenas com o corpo, ela nos derrota. Sentimos estar diante de algo único. Sua beleza frágil e andrógina é ainda um enigma. Nunca haverá nada parecido. Nota 7.
   PIRANHA de Alexandre Aja com Elizabeth Shue, Eli Roth e Christopher Lloyd.
Os anos 70 criaram o gênero "massacre". Um tipo de filme onde vemos gente sendo atacada e morrendo. O ataque pode ser de bichos, um desastre natural ou aliens. Hitchcock antecipou esse estilo com a obra-prima Os Pássaros. Ninguém chegou perto. Este filme é recente. Piranhas monstruosas atacam adolescentes num lago. O puritanismo americano faz com que todos que fazem sexo morram. Temos cenas de nudez nada sensuais, piadas toscas e nenhum suspense. Vemos inclusive uma piranha engolir um pênis. O filme nem aversão causa. Esse tipo de filme só mantém interesse se tiver um personagem ao menos simpático. Não é o caso. O herói é patético. Em meio a um lago cheio de gente sendo comida ele pega um revólver e dá tiros na água voando sobre um barco...Please!
   OS ÚLTIMOS NA TERRA de Craig Zobel com Chiwetel Ejiofor, Margot Robbie e Chris Pine.
Por falar em anos 70...este filminho barato de 2015 lembra os piores filminhos baratos de 1976. Aqui, em cenário florestal, o mundo acabou. Uma garota vive só com um cão. Encontra outro sobrevivente. Depois mais um. Se forma um triângulo. Eles falam muito. E a gente sente mais tédio que eles. Tipo do filme porcaria.
   O INFORMANTE de John Ford com Victor McLaglen
McLaglen ganhou o Oscar em 1935 por este filme. Ele é um delator, um bêbado que entrega um amigo em troca de dinheiro. Estamos na Irlanda, e os inimigos são os ingleses. Os primeiros 30 minutos são exemplares. Ford faz um filme que é só sombra e mistério, miséria e medo. Mas depois ele se alonga um pouco demais. De qualquer modo é um filme forte e McLaglen está sensacional. Na época este filme foi considerado uma obra-prima. Não é. Mas continua sendo forte. Nota 7.
  LUA DE MEL AGITADA de Vincente Minelli com Lucille Ball e Desi Arnaz
Mais um filme que inaugura um novo filão. No caso, temos a história de um casal que em lua de mel resolve conhecer os EUA num trailer. Claro que tudo dá errado. Feito em 1954, ainda diverte. Lucy é a melhor das humoristas e Desi não está mal. Na época eles faziam sucesso na TV com I Love Lucy. Minelli dirige com leveza e a fotografia é ótima. Boa diversão. Nota 7.
 

BOCACCIO- O REGRESSO- MINELLI- TARANTINO- EVERESTE- GIGI- COLE PORTER

   OS 8 ODIADOS de Tarantino com Kurt Russell, Samuel L. Jackson e Tim Roth.
Logo no começo do filme a personagem de Jennifer Jason Leigh leva um soco na cara e cospe sangue. Imagino que Quentin tenha dado boas risadas com isso. Eu odiei. Quem me conhece sabe que estou longe de ser um "politicamente correto". Penso inclusive que o movimento merece ser gozado. Mas não assim. Tarantino tem um talento técnico imenso. Ele viu muito cinema e viu direito, com atenção. Mas ele tem um sério problema: é um homem vazio. Nada tem para contar. Assim como Fincher, Nolan ou tantos outros, Quentin cresceu na frente de uma tela e conhece quase nada da vida lá fora. Não há nele nada de vivo, tudo é uma grande piada. Quando o roteiro ajuda, como em Pulp Fiction, essa bobagem vira uma festa de esperteza e de humor; mas quando o roteiro é fraco, nada há que Quentin possa acrescentar. Este filme é bobagem teen bem filmada. Nota 3.
   O REGRESSO de Iñarritu com Leo di Caprio e Tom Hardy.
Sinto muito Leo. Não vi o filme sobre Dalton Trumbo, mas torço por Bryan no Oscar. Iñarritu tem um talento imenso, mas é uma pessoa chata. Apesar que....Será que essas estripulias de imagem e de montagem não seriam talentos do equipamento hoje disponível...e não do diretor que os utiliza....Penso no que Ophuls, Hitchcok ou Powell não fariam com câmeras tão leves e cores digitalizadas à vontade... Bom, este filme é uma bosta. Um monte de esterco fedido e bem grudento. Fezes com legendas que dizem ser "ouro". Mas é bosta mesmo. Uma câmera bêbada filmando gente suja cometendo barbaridades. Só isso. Não há invenção, criação ou imaginação. O cinema alcança assim o ponto onde as artes plásticas estiveram por volta de 1995, quando um artista italiano expôs merda enlatada num museu. Nota ZERO.
   MARAVILHOSO BOCACCIO dos Irmãos Taviani
Mais recente filme dos irmãos italianos, ele nada tem em comum com o famoso filme de Pasolini. Aqui a austeridade manda. É um Bocaccio distanciado, frio, rígido. Plasticamente é um belo filme, emocionalmente ele nada transmite. O filme começa exibindo a Peste Negra a dizimar Firenze e então vemos o grupo de jovens que foge da cidade e no campo contam histórias para passar o tempo. Creio que os Taviani estão muito mais distantes do espírito medieval que Pasolini. Eles filmam como italianos de 1650. Nota 5.
   EVERESTE de Baltasar Kormakur com Josh Brolin, Emily Watson e Jake Gyllenhaal.
Em 1996 vários grupos de turistas tentam atingir o topo do Evereste. Mas os acidentes acontecem. Finalmente chegou ao cinema o livro de Jon Krakauer. E o filme dá o que promete: emoção. Sabemos desde o começo quem vai morrer, afinal é uma história real, mas mesmo assim o filme nos faz entrar na montanha. O vento e a neve nos seduzem. Nota 6.
   O PRIMEIRO ASSALTO DE TREM de Michael Crichton com Sean Connery,  Donald Sutherland e Lesley Anne Down.
Crichton é sim o escritor. Pra quem não sabe ele dirigiu alguns filmes nos anos 70. Este, de 1978, conta um elaborado plano para se roubar um trem cheio de ouro na Inglaterra de 1860. Cenários vitorianos me seduzem e ainda há Sean Connery esbanjando charme como um ladrão seguro e criativo. Lesley foi das mais lindas atrizes britânicas e Donald faz um ajudante meio nervoso. Dá pro gasto, mas não espere muito. Nota 5.
  AGORA SEREMOS FELIZES ( MEET ME IN SAINT LOUIS ) de Vincente Minelli
Digamos assim: este é o oposto radical de O REGRESSO. No filme de Iñarritu temos o absurdo da pornografia. O mundo como sangue e dor mostrado em lentes objetivas e com uma falta de imaginação completa. O real escapa em meio ao exagero do sensacional. Aqui temos o absurdo da delicadeza extrema. O mundo como canção onde tudo se diz e nada fica nas sombras. Tudo mostrado com lentes rosadas, onde o real escapa porque jamais foi procurado. O roteiro: em 1903 uma família de St. Louis vive sua vida comum. Namoricos, jantares, festas, pequenas dores. E é pouco mais que isso. Mas esse mais faz toda a diferença! A Metro usa um lindo Technicolor, Judy Garland canta lindas canções, os cenários são familiares e você fica querendo que a vida fosse aquilo e sabendo que não é. Mas....quem sabe um dia seja.... Well....foi o primeiro grande sucesso de Minelli e é considerado hoje um dos filmes mais alto astral já feitos. Você quer ter uma família assim. O tipo de cinema que fez os EUA ganharem o mundo. Nota 8.
   GIGI de Vincente Minelli com Leslie Caron, Louis Jourdan, Maurice Chevalier e Hermione Gingould.
Se St. Louis é o primeiro sucesso de Minelli, este é o último. GIGI ganhou penca de Oscars  e levou multidões aos cinemas num tempo em que adultos iam ao cinema. O roteiro é do gênio Alan Jay Lerner e fala de uma menina que é treinada para ser cortesã na Paris de 1900. Ao redor dela o que vemos são tias e avós que querem vende-la, em ambiente de extremo luxo. As canções são de Frederick Lowe e toda a parte visual, roupas e cenários, são da lenda Cecil Beaton. Sim, a equipe é quase a mesma que faria MY FAIR LADY cinco anos mais tarde. E as canções são maravilhosas e recitativas, como serão as do filme baseado em Shaw ( este se baseia em Colette ). Chevalier tem momentos sublimes e o filme nos dá uma sensação de alegria leve e chique que não têm preço. O filme termina e nós vamos à vida com renovado charme e boas emoções. Uma aula de savoir faire. GIGI é uma festa! Nota DEZZZZZZZZ!!!!!!!
   ALTA SOCIEDADE de Charles Walters com Bing Crosby, Grace Kelly, Frank Sinatra e Louis Armstrong.
Rever este filme mais uma vez é como encontrar numa loja aquele vinho que você bebeu em 1995 e nunca esqueceu. Uma linda lembrança que se revela verdadeira. O filme continua lindo. Nunca uma atriz foi mais bonita que Grace aqui. As canções de Cole Porter são sublimes e todo o elenco nos dá diversão. O roteiro é fofo, vazio, bobo até, mas os diálogos são espertos e a inteligência do espectador nunca é ofendida. Um souflé. Delicioso. Nota 8.

NASHVILLE/ LASSE HALLSTROM/ ROBERT WISE/ HELEN MIRREN/ FRED ASTAIRE

   NASHVILLE de Robert Altman com Ronee Blakely, Keith Carradine, Scott Glenn, Jeff Goldblum, Barbara Harris, Lily Tomlin, Ned Beatty, Henry Gibson, Geraldine Chaplin, Karen Black, Elliot Gould, Christina Raines...
Quando lançado em 1976 muito crítico disse ser o maior filme americano desde Citizen Kane. No Oscar ele venceu apenas a melhor canção, a bonita I`m Easy, de Carradine. O grande campeão daquela noite foi Rocky e isso revelou o futuro do cinema. Stallone venceu Altman ( e Lumet, que perdeu com a obra-prima, Networks ). Com os anos 80 Altman afundou, Rocky durou e Nashville se tornou um cult. Visto hoje a primeira coisa que fica clara é a imensa dívida que Paul Thomas Anderson deve a Robert Altman. Nashville lembra muito o melhor de Anderson. É um vasto painel, crítico, muito crítico, sobre uma porção de pessoas, gente nada especial, ou, muito comum, gente que se revela muito original, como todos o são, pessoas que são captadas em seu mais ridiculo, mais patético, mais sofrido. Em Nashville, capital country, vai acontecer mais um festival de música caipira. Os personagens lá se encontram. O velho cantor famoso, com sua peruca e seu visual ridiculo, meio racista, vaidoso e medroso. Já aqui se revela e genialidade do filme: fosse outro o caso, este personagem seria uma caricatura. Aqui não é. Pode até ser cômico, mas é sempre real. O filme é tipico do realismo do cinema feito nos anos 70. Os lugares e as pessoas são como são, pobres, feias, tolas, vazias, e assustadas. Uma repórter da BBC tenta fazer uma matéria, uma dona de casa canta na igreja e tem dois filhos surdos. Uma cantora sem talento faz um strip. Um motoqueiro mudo anda a esmo pelas ruas. Uma hippie de LA devora homens. Um velho no hospital espera pela morte de sua esposa. Um soldado do Vietnã olha tudo aturdido. Um trio se separa e o cantor transa com toda mulher que encontra. Um RP procura apoio para seu candidato a presidente. Um carro de som anda pelas ruas espalhando slogans politicos. Uma cantora enlouquece no palco. E mais campus, igrejas, drogas, e muita, muita música caipira. Altman exibe a América que os americanos tentam ignorar, o centrão, a zona atrasada, fechada, piegas, chorosa, saudosa, religiosa, preconceituosa. A região que elege os presidentes e que os derruba ou assassina. A região onde nasceu o blues, o rock e o jazz. E onde nascem os mais loucos artistas, psicóticos, gênios. O filme é uma festa de vozes embaralhadas, músicas muito ruins e algumas muito boas, cenas sempre fortes, atores sublimes e sacadas espertas. Uma obra-prima. sim, e que não poderia ser mais diferente do cinema que se faz hoje. Nashville não faz uma só concessão. É adulto, dura 3 horas, mostra o que deve mostrar e nunca cansa. Obrigatório mesmo para os que odeiam country music. Nota DEZ!!!!!!
   A CEM PASSOS DE UM SONHO de Lasse Hallstrom com Helen Mirren e Om Puri.
Vamos ao extremo oposto de Nashville. Aqui tudo é bonito, limpo, elegante, colorido e infantil. Não deixa de ser um bom filme. É gostoso de se ver e muito melhor que 99% do que rola por aí. Começa na India ( sim, O Brasil não é o país pobre queridinho, a India tomou o posto que poderia ter sido nosso ). Uma familia de cozinheiros perde tudo e vai à Europa. Deixam a Inglaterra "" porque na Inglaterra toda comida é ruim"". Acabam na França. Abrem um restaurante no campo, de frente a um rival, et voilà..... Helen Mirren, minha atriz favorita, é a dona do restaurante rival. Uma megera. O filme tem cara de festa. É bobo, mas não ofende. E os atores são ótimos. Gostei. Hallstrom, sueco que se revelou com Minha Vida de Cachorro, sabe contar uma história. Nota 6.
  BRIGADOON ( A LENDA DOS BEIJOS PERDIDOS ) de Vincente Minelli com Gene Kelly, Cyd Charisse, Van Johnson
O tema é ótimo, o filme não. O motivo, dizem, foi a desconfiança da MGM. Deram pouca grana, e em vez de ir à Escócia filmaram tudo em estúdio. Mas não é só isso. A coreografia de Kelly é banal, dói dizer isso, e a direção de Minelli é desinteressada. Na Escócia, dois americanos se perdem. Encontram uma cidade que parou no tempo. Descobrem que ela é um feitiço. A cada cem anos ela surge para viver um dia e depois dormir. O filme, baseado em sucesso da Broadway, não fez dinheiro. É um musical chato. Nota 3.
  CATIVA E CATIVANTE de George Stevens com Fred Astaire, Joan Fontaine, George Burns e Gracie Allen.
Passado na Inglaterra ( que se parece demais com a Califórnia ), mostra Fred como um ator que se apaixona por nobre inglesa. Todos os filmes feitos por Fred na RKO merecem ser vistos. Três são obra-primas de humor e elegância, The Gay Divorcée, Top Hat e Swing Time. Os outros são ''apenas"" ótimos. Se voce quer saber o que é o hiper-profissional cinema dos anos 30, eis seu filme. Ele é leve, bobo, superficial e delicioso. Músicas de Gershwin e coreografia de Hermes Pan. Nota 8.
  TIM MAIA de Mauro Lima com Babu Santana, Cauã Reymond, Alinne Moraes e Robson Nunes
Metade bom, metade ruim. Todas as cenas com Tim jovem são ok. Quando entram as drogas o filme cai e fica óbvio. Pior, chato. Tim Maia, gênio, merecia filme melhor. Mas até que vale a pena. Tem as músicas, boas cenas de show, bela reconstituição de época. ( O que é aquele Roberto Carlos????? ). Nota 5.
  PUNHOS DE CAMPEÃO de Robert Wise com Robert Ryan
Uma obra-prima. Acompanhamos em tempo real a hora e meia da vida de um boxeur. Noite de luta, ele se despede da noiva e vai ao local da luta. Ela anda pela cidade, ele se prepara para a luta. O ambiente é sujo, pobre, realista. Vem a luta. Luta que foi arranjada. Mas ele não aceita e luta de verdade.... Robert Ryan tem uma grande atuação. Faz um lutador derrotado, velho, cansado, desiludido. Robert Wise ganhou dois Oscars. Um por West Side Story e outro por A Noviça Rebelde. Mereceu os dois. E poderia ter ganho outro aqui. Touro Indomável baseou suas cenas de luta neste filme. Dura apenas hora e meia. É um monumento. Wise foi um grande, muito grande mestre. Cada corte, cada rosto é um drama completo. Obrigatório. Nota DEZ!!!!!!!!

RED 2/ MATO SEM CACHORRO/ LUC BESSON/ MINELLI/ BO WIDEBERG

   RED 2 de Dean Parisot com Bruce Willis, John Malkovich, Helen Mirren
Um grande elenco numa diversão interessante. Humor de menos ( o primeiro Red era bem mais engraçado ), boas cenas de ação. Pode ver sem medo. Nota 6.
   MATO SEM CACHORRO de Paulo Amorim com Bruno Gagliasso e Leandra Leal
Uma comédia muito boa. Bruno, ótimo, é um cara timido que se envolve com Leandra ( linda e simpática ), uma radialista. Um cachorro os une. Eles se separam, e Bruno rapta o cão. O filme é cheio de personagens vibrantes e exala simpatia. Gabriela Duarte quase rouba o filme como uma alcoólatra boca suja. Muito ritmo na direção de Amorim. Nota 8.
   MUITO BARULHO POR NADA de Joss Whedon
Whedon é um roteirista quente. Estreia como diretor nesta coisa que usa o texto de Shakespeare em cenário e tempo chic de 2013. Fica tudo very strange. Ralph Fiennes fizera igual com Coriolano, texto do bardo em tempos de agora. Duvido que alguém consiga digerir. Nota 1.
   ELVIRA MADIGAN de Bo Widerberg
Um grande sucesso dos anos 60 que se conserva mais ou menos. A trilha popularizou o concerto 21 para piano de Mozart. As imagens, campestres, são lindas. Mas o filme é frio. Fala de casal, ele um soldado, que tenta se amar em paz nos anos de 1880. Mas ele é um desertor...O diretor sueco usa climas de Truffaut, improvisa. Quando uma cena tem um acidente feliz, ele a usa, não a corta. Mas apesar de bonito, é um filme distante. Nota 5.
   A FAMILIA de Luc Besson com Robert de Niro e Michelle Pfeiffer
Muita gente elogiou esse filme sobre familia mafiosa que se refugia na França. Os filhos e a mulher não perdem o costume, continuam sendo hiper-violentos. Achei o filme desagradável, chato, sem porque.
   YOLANDA E O LADRÃO de Vincente Minelli com Fred Astaire
Em que pese o lindo technicolor e a bela produção da MGM, o roteiro é tão bestinha, tão boboca que não há como gostar deste musical. Fred, para piorar, canta e dança pouco. Nota 5.

SOPHIA LOREN/ BILL MURRAY/ DASSIN/ BORZAGE/ ZINNEMANN/ HENRY KING

   UM FIM DE SEMANA NO HYDE PARK de Roger Michell com Bill Murray, Laura Linney, Samuel West e Olivia Colman
Que filme esquisito!!! Fala de um final de semana em que o rei da Inglaterra vem aos EUA com a rainha a fim de visitar o presidente Roosevelt. O rei deseja convencer os EUA a entrar na guerra. Adendo histórico: até então a politica americana era toda isolacionista. O país pouco ligava para a Europa. É aqui que o mundo muda e a América passa a se envolver com o planeta. O encontro é cômico. Roosevelt os recebe na casa de sua mãe, no campo. A realeza é abrigada em quarto comum e vão a pic nic. Esperteza de Roosevelt, assim a opinião pública americana, que odiava reis e Europeus, passa a ver o rei como "gente". O filme é esquisito por ser um  misto de drama e comédia, poesia e arte. É bonito de ver e tem ótimas atuações. Murray tem aqui seu melhor papel. Faz um presidente humano, simpático e mulherengo. Ele mantém um harém ao seu redor. O ator Samuel West faz o mesmo rei que Firth fez no ótimo Discurso do Rei. West está excelente. Hesitante, assustado, reprimido. Uma das amantes de Roosevelt morreu aos 100 anos e foi só então que encontraram esta história com ela. O filme é contado por seu ponto de vista. Aviso que ele começa meio chato e de repente te pega. Nota 6.
   O ÍDOLO DE CRISTAL de Henry King com Gregory Peck e Deborah Kerr
Uma chatice sobre Scott Fitzgerald e sua namorada Sheila Graham. Peck, que não está mal, bebe e bebe e bebe. Kerr é a amante que tenta o salvar. O filme é flácido, embolado, tolo. Nota 1.
   O CASTELO SINISTRO de George Marshall com Bob Hope e Paulette Goddard
Sátira aos filmes de horror. Tem um belo clima e é agradável. O humor de Hope envelheceu mal, o filme é alegre mas não nos faz rir. Dá pra ver. Nota 5.
   UMA AVENTURA EM PARIS de Jules Dassin com Joan Crawford, John Wayne e Philip Dorn
Assisti a caixa com seis filmes sobre a segunda-guerra. Dois deles são tão ruins que não consegui ver. Portanto não falo deles aqui. Este é bom. Mostra a Paris ocupada. Wayne é um piloto que tenta sair da cidade. Crawford ama um 'traidor". Dassin se tornaria depois um diretor maravilhoso. Aqui ele entrega um filme que se deixa ver. Há um belo suspense ao final. Nota 6.
   TEMPESTADES D'ALMA de Frank Borzage com James Stewart e Margaret Sullavan
Este é quase uma obra-prima. Na Alemanha, no começo do nazismo, vemos uma familia ser destruída. Filhos se tornam nazistas, crêem em Hitler e passam a perseguir amigos e vizinhos. Há um pai que é expulso da faculdade onde dava aula e acaba morto em campo de concentração. Stewart, sempre ótimo, é um vizinho que foge do país. Ele volta para salvar sua namorada. O final é bem triste. É um lindo filme. Borzage foi um dos grandes diretores do começo do cinema falado e do fim do silencioso. Nota 8.
   HORAS DE TORMENTA de Herman Shumlin com Bette Davis e Paul Lukas
Roteiro de Dashiell Hammet baseado em peça de Lillian Hellman. Paul Lukas ganhou um absurdo Oscar de melhor ator, batendo Bogey em Casablanca. O filme se passa na América e fala de refugiados. Lukas é um guerrilheiro anti-fascismo que é chantageado por canalha. O filme tem cena forte em que o canalha é morto a sangue-frio. Mas está longe de ser um grande filme. Nota 5.
   A SÉTIMA CRUZ de Fred Zinnemann com Spencer Tracy
Zinnemann sabia do que falava. Ele acabara de fugir do nazismo quando fez este filme. O futuro de Fred seria brilahnte: Julia, Um Passo Para a Eternidade, Matar ou Morrer... Tracy foge de campo de concentração com companheiros e tenta sobreviver. Todos são pegos e executados, ele não. Um achado do filme é mostrar sua reumanização. Algumas pessoas lhe ajudam e ele vai recuperando a fé nos homens. É um belo filme. Nota 6.
   A CIDADE DOS DESILUDIDOS de Vincente Minelli com Kirk Douglas, Edward G.Robinson, Cyd Charisse e Dahlia Lavi
Kirk é um ex-astro que está em clínica psiquiátrica. Tem alta e volta a ativa, Vai a Roma fazer filme com diretor americano decadente. O filme é tétrico. Todos são fracassados, destrutivos, amargos e vazios. Minelli via que seu tempo passara e faz um tipo de auto-retrato cruel. Estranho porque ele sempre foi um diretor amado pelo sistema que ele cospe em cima. Nota 3.
   JOÃO E MARIA CAÇADORES DE VAMPIROS de Tommy Wirkola com Jeremy Renner
Já esqueci deste filme. É um samba do crioulo doido. Se passa na idade média mas tem metralhadoras e roupas à Matrix. Eles NÂO caçam vampiros, são bruxas! Nota 2.
   SUAVE É A NOITE de Henry King com Jennifer Jones, Jason Robards e Joan Fontaine
Henry King novamente no mundo de Fitzgerald. É o último trabalho deste grande diretor. Robards faz o Dr. Diver que se destrói ao salvar Nicole da loucura. O filme se passa entre os muito ricos, hedonistas, futeis. A tragédia de Diver é lutar contra esse mundo, não aceitar o dinherio de sua esposa muito rica. O filme passa longe do romantismo de Scott, mas tem alguns momentos belos, fortes. Bons atores. Nota 7.
   PENA QUE SEJA UMA CANALHA de Alessandro Blasetti com Sophia Loren, Marcello Mastroianni e Vittorio de Sica
Marcello é um taxista. Sophia uma ladra e Vittorio o pai que rouba malas na estação de trens. Apesar de ser sempre feito de trouxa por Sophia, Marcello não consegue a odiar e cai irremediávelmente em suas artimanhas, sempre. O filme é alegre, leve, bom de ver. Atinge magnificência no trabalho dos atores. Sophia, muito jovem, está linda e atua de modo tão fácil, tão prazeroso que faz com que sua arte pareça a coisa mais simples do mundo. O esforço é o que diferencia o talento do gênio. O talento demonstra esforço, o gênio faz o grande com facilidade, como a brincar. Sophia é genial. Assim como Marcello. Que estupendo bobo é esse taxista! Ele passa todo o filme resmungando contra Sophia, tentando se livrar dela, mas sempre volta, vencido, ingenuo, absurdo. Amamos Mastroianni. E há De Sica, o malandro veterano, playboy, fino e mentiroso. O filme mostra uma Itália onde todos são ladrões e todos são feitos de bobos por uma bela mulher. Verdade? Nota 7.

FRANK SINATRA/ BRANDO/ MEL GIBSON/ MONICELLI/ JEAN COCTEAU/ DORIS DAY/ GILLO PONTECORVO

   OS COMPANHEIROS de Mario Monicelli com Marcello Mastroianni, Renato Salvatori, François Perrier e Bernard Blier
Norte da Itália, fins do século XIX. Estamos numa fábrica, entre seus operários. Eles vivem em condições miseráveis, trabalham 14 horas por dia. O filme acompanha sua tentativa de obter melhores condições de vida. Uma greve acontece. Mastroianni é um professor pobre que aparece do nada , e que procura organizar os operários. O filme adota um tom quase documental. Não é o Monicelli humorista, é um filme de esquerda, como tantos em seu tempo. Ele consegue nos deixar revoltados e comovidos ao exibir o contraste entre as crianças operárias e os donos da fábrica. Mas hoje sabemos onde o esquerdismo iria dar...Teremos nos tornado mais cínicos? Admitimos a vitória do capital ? Porque nos é tão dificil tomar pura e simplesmente o partido dos explorados? Bem...é um filme forte. Nota 7.
   SANTO ANTONIO de David Butler com Erroll Flynn e Alexis Smith
Não é um dos bons faroestes de Flynn. Falta um melhor vilão, falta um personagem melhor definido para seus talentos de estrela. Ele já estava aqui no inicio de seu fim, as marcas dos excessos e dos escândalos já se podem notar. Mas é ainda uma produção de bom nivel da Warner. Alexis faz uma cantora de saloon e Flynn é um forasteiro que tenta livrar a cidade de seus bandidos. Apenas isso. Nota 5.
   QUEIMADA! de Gillo Pontecorvo com Marlon Brando
Em seu livro Brando diz ser este seu melhor papel. Não é. Posso citar cinco atuações melhores de Brando ( Um Bonde, O Chefão, Tango, Os Pecados de Todos, A Face Oculta ). Mas é um grande filme e uma grande atuação! Ele conta no mesmo livro ter discutido muito com o diretor. Pontecorvo insistia em fazer um filme completamente de acordo com a cartilha marxista, Brando queria mais sutileza. E lhe revoltava ver que um marxista como Pontecorvo explorava os figurantes de um modo tão óbvio. Mas ao mesmo tempo ele elogia o diretor e o filme. Com uma trilha sonora mágica de Ennio Morricone, o filme mostra a história de William Walker, um enviado da Inglaterra que "ajuda" os escravos negros a se livrar de seus senhores. A coisa se complica quando esses mesmos negros se voltam contra Walker, que afinal era apenas um novo explorador. Brando consegue refinar Walker. Ele é apenas um funcionário da Inglaterra, sem opiniões e sem nenhuma paixão. Faz um jogo impecável, obtém o poder para os ingleses, mas não vê nada de glorioso ou de errado nisso. Marlon Brando foi um gênio. O filme é muito bom, uma soberba aventura marxista. Um tipo de western de colonizados. Nota 8.
   O PIRATA de Vincente Minelli com Judy Garland, Gene Kelly e Walter Slezak
Numa ilha do Caribe, moça sonha em conhecer o famoso pirata Mococo. Mal ela sabe que seu ridiculo noivo é Macoco. Kelly faz o papel de um ator de circo, que para a conquistar finge ser o pirata Mococo. Músicas de Cole Porter em filme que não é um dos geniais musicais da época, mas que está longe de ser vulgar. Hiper colorido, alegre, cheio de vida e com belas canções, seu ponto fraco são as coreografias. Minelli e Kelly fariam bem melhor em outros filmes. Nota 6.
   ORFEU de Jean Cocteau com Jean Marais, Maria Casares, Marie Dea
Ou voce ama ou odeia. Cocteau traz o mito de Orfeu para a França de 1950. Para gostar voce deve se despir de linearidades e razões. O filme é só poesia. As coisas acontecem como em sonho e Cocteau tinha o dom para isso. Vê-lo é de certa forma como sonhar. Em dado momento voce perde a certeza de estar vendo um filme. Porém, se voce procura uma história emocionante ou um espetáculo, fuja. Os filmes de Cocteau, em que pese sua poesia, sempre resultam frios, distanciados. A fotografia é belíssima e surpreende a elegãncia francesa de então. São belas roupas e belos décors. Nota 7.
   PLANO DE FUGA de Adrian Grunberg com Mel Gibson
Mel Gibson era um excelente ator de ação. Como Bruce Willis, ele conseguia fazer tudo o que Stallone ou Arnold faziam, mas com muito mais humor e uma dose refrescante de hironia e inteligência. Mas após os Oscars de Braveheart Mel pirou. Aqui ele volta a ação pura e consegue ser outra vez o ator irônico que eu e minha geração adoramos. Mas o filme não é digno dos talentos do ator. É um desses filmes que tem prazer em mostrar dor, sujeira, destruição e vísceras. Ele é um americano em prisão mexicana. Lá ele tenta se dar bem. E é só. Eis a estética do cinema deste século: o prazer em se ver coisas sendo destruídas e sangue espirrando.  Moral: O mundo é uma merda. O filme também é.
   YOUNG AT HEART ( JOVEM NO CORAÇÃO ) de Gordon Douglas com Doris Day, Frank Sinatra, Gig Young, Dorothy Malone e Ethel Barrymore
Uma surpresa. O filme mostra aquilo que se conheceu como a tipica familia americana feliz. Uma familia de musicos felizes com três irmãs. Duas namoram, Doris não. Chega a vizinhança um alegre, confiante e rico compositor. Não, não é Sinatra, é Gig Young. Doris se enamora dele. Mas ele tem um amigo, e só no meio do filme surge Sinatra. E que impressão ele causa! Mal humorado, pobre, pessimista, Sinatra faz uma imitação de seu amigo Humphrey Bogart que magnetiza o filme inteiro. E quando ele canta, com sua voz no auge da forma, tudo fica muito mais real. Doris foge com ele e juntos passam momentos ruins. O filme, que surpresa, é muito bom. Tem a doçura saudosista da América em seu apogeu, e também anuncia a amargura daquilo que estava reprimido. Doris é encantadora. Nota 8.

KON ICHIKAWA/ POLLACK/ RISI/ MINELLI/ CLARK GABLE/ WALSH/ BURT LANCASTER

   A HARPA DA BIRMÂNIA de Kon Ichikawa
A segunda guerra acabou de terminar. Estamos na Birmânia e um soldado japonês, que toca harpa, tenta convencer grupo de soldados kamikazes a se entregar. Depois o acompanhamos em suas caminhadas pelo país. Sua jornada é ao mesmo tempo uma reportagem sobre os horrores da guerra e um mergulho em sua alma. Belíssimo filme de um dos grandes do Japão. O fato de filmes como este serem lançados em dvd dignifica e justifica a invenção do formato. Se o inicio desta obra parece banal, conforme ela se desenvolve seu crescimento se agiganta. Imperdível. Nota 9.
   A DEFESA DO CASTELO de Sidney Pollack com Burt Lancaster, Peter Falk e Patrick O'Neal.
Pollack em seu momento mais "artístico". O filme é maneirista. Cheio de zoons, cortes abruptos, som que invade a cena seguinte, pistas e rastros de simbolismos vários. Fala de um pelotão de soldados americanos que toma posse de um castelo belga para deter avanço nazista. Até aí tudo normal, mas o que vemos é um bando de yankees que desejam destruir o castelo. Lancaster faz o capitão do grupo. Uma de suas falas é exemplar "-A Europa não está sendo destruída, ela já morreu." Há em sua voz e em seu olhar um imenso desprezo pela arte que abunda naqueles salões, pelos nobres que lá moram. Seu desejo é vencer os nazis, mas também ver o castelo em ruínas. Falk faz um italo-americano, tudo o que ele quer é fazer pão na padaria da vila belga. O'Neal é um amante das artes patético. O filme está longe da perfeição, mas faz pensar e é original. De ruim a trilha sonora de Michel Legrand. Para onde foi esse Pollack tão ousado? Nota 6.
   A MARCHA SOBRE ROMA de Dino Risi com Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi
Maravilhosa diversão. Estamos na Italia de 1920. Gassman ( excelente como sempre ), é um desempregado metido a malandro. Um colega, que agora se tornou fascista, o convence a se juntar ao partido. No inicio suas ações são patéticas, mas com o tempo eles terminam por matar. Tognazzi ( outro ator fantástico ), é um camponês que se une ao grupo, mas ao contrário de Gassman, ele tem dúvidas. Todos tentam chegar em Roma, onde haverá um grande comicio dos fascistas. O filme é uma estupenda comédia. Faz aquele misto que o cinema italiano tão bem sabia fazer, une coisas muito sérias com o riso, une emoção com educação. O filme não tem um só momento ruim. Nota 9.
   A RODA DA FORTUNA de Vincente Minelli com Fred Astaire, Jack Buchanan e Cyd Charisse.
Um dos meus filmes favoritos. De todos os gêneros de cinema, em termos de prazer puro, nada se compara ao musical. União de design, ação, humor, teatro, dança e melodia, o musical quando acerta é completo. Este é um deles. Astaire dança pouco, mas as músicas são todas coisas de gênio. Clássicas. A meia-hora final, toda em musica e dança é delirantemente deliciosa. É um dos que eu levaria para uma ilha deserta. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
   O CAMINHO DO GUERREIRO de Sngmoo Lee com Geofrey Rush, Kate Bosworth e Danny Huston
O céu é uma coisa amarela. Os cenários são todos como desenhos de graphic novel. Cada faca ou tiro desferido é fake e o sangue abunda em vermelho rubi. A luz que ilumina as cenas parece doentia, é de um azul cobalto viciado e putrido. A história, algo a ver com vingança em vila de western, chega a ser irrisória. Como é possível um adulto escrever algo tão ruim? Uma certeza: OS PIORES FILMES DA HISTÓRIA DO CINEMA ESTÃO SENDO FEITOS AGORA. Impossível negar, é o fundo do poço. Filmes ruins sempre foram feitos. Mas nunca tantos em tão grande ruindade. E o pior, tão caros. Nota(.........)
   TO PLEASE A LADY de Clarence Brown com Clark Gable e Barbara Stanwyck
É sobre um muito macho piloto de fórmula Indy. Interesse principal: corridas de Indy em 1950 muito bem filmadas. Os caras corriam sem capacete, sem barra Sto. Antonio e sem cinto de segurança!!!! E vestidos de camisa pólo!!!! As pistas não têm guard-rail e o piso é de areia dura. Haja cojones!!!!!! Gable faz, com seu jeito de machão protetor e decidido, um piloto arrogante. Barbara é a jornalista snob que cai de amores por ele. A gente vê o filme e torce por mais cenas de corrida. Elas logo vêm, são muitas. Boa diversão. Nota 6.
   TRÊS DIAS DE GLÓRIA de Raoul Walsh com Errol Flynn e Paul Lukas
Errol Flynn em seu primeiro filme após problemas com a lei ( uma acusação de estupro de uma menor ). Faz um condenado a guilhotina que troca sua execução pela vida de cem franceses. Como? Se entregando aos nazis como sabotador francês procurado. O filme é totalmente inverossímel. Mas Errol e Walsh eram profissionais maravilhosos. Gostamos de olhar e ouvir Errol Flynn, e Raoul Walsh tinha o dom do corte na hora exata. Nota 6.

The Band Wagon - Fred Astaire and Cyd Charisse



leia e escreva já!

E O PARAÍSO EXISTE! - A RODA DA FORTUNA, FILME DE VINCENTE MINELLI, DIVERSÃO DE LUXO.

   Betty Comden e Adolph Green escreviam filmes. Escreviam bem. Para demonstrar que Fred Astaire faz aqui um ator em decadência, nada de se mostrar uma notícia, nada de voz em off, nada de Fred andando sózinho pela rua; a primeira cena do filme é de um leilão de objetos hollywoodianos em que a cartola e a bengala de Fred Astaire não recebem um só lance. Em seguida dois executivos em viagem de trem comentam por onde andará Fred. Ele está na cabine, lendo jornal e os escutando. Tudo é demonstrado de forma simples, leve e sem forçar. Habilidade e elegância dos escritores.
  As três primeiras cenas do filme já são do mais alto requinte, sofisticadas  em sua pureza, em sua concisão, na habilidade de dizer muito com um mínimo de meios. Fred desce do trem e encontra seus amigos. Mas antes cantarola By Myself, e então, após o encontro, anda pela avenida cheia de gente, cores e brinquedos. Vem um número de dança com um engraxate negro. O público está ganho, The Band Wagon ( A Roda da Fortuna ) é uma festa.
  O roteiro trata desse ator velho e esquecido, que é convidado por seus amigos, um casal de roteiristas de teatro, a estrelar sua nova produção. Para esse show eles convidam o melhor diretor da Broadway e uma bailarina clássica. O filme irá satirizar diretores que se acham gênios e defender a arte para as massas, o musical.
  Cada cena é uma explosão de cor e de bons diálogos. Vemos os ensaios desastrosos ( o diretor teima em transformar tudo em Fausto de Goethe ), as reuniões com os patrocinadores, a estréia trágica e a aproximação de Fred e da bailarina. Todas essas cenas são sem música, e aqui explico pela enésima vez como se aprecia uma cena de musical ( quando ela é bem feita ).
  Fred leva Cyd Charisse para um passeio no Central Park. É noite e casais dançam. Os dois caminham sem falar e sem se tocar. A música entra e Fred arrisca dois passos, Cyd tenta mais dois... e então eles começam a dançar. Por que? Pra que?
  Cenas como essa demonstram o tipo de sensibilidade que se perdeu no cinema popular. As pessoas entendiam imediatamente que todo movimento de dança era a simbolização daquilo que acontecia no interior da pessoa, era o desejo explícitando-se e se fazendo exterior. Quando a música tem letra e se faz canção, tudo o que é dito demonstra o diálogo poético e direto de duas almas que se tocam. A música é desse modo a verdade mais verdadeira da vida. Nunca é mera fantasia, é a realidade interna da história narrada. Isso em bons musicais, nos ruins a música é arbitrária e nada conta.
   Toda a parte final do filme é em música. A cena dos Triplets é das coisas mais perfeitas e divertidas já feitas em filme. A letra se encadeando no humor da situação, e os três atores atuando com o máximo de prazer. ( Outro segredo de musicais: os atores têm de estar no limite todo o tempo. ) Mas é a cena que brinca com os contos "pulp" policiais que se tornou uma das mais famosas do cinema.
   Fred faz um detetive e tenta desvendar um crime. Tudo isso faz parte do novo show montado dentro do filme. Cyd Charisse, famosa por ter as pernas mais bonitas do cinema, é a mulher fatal. Ela abre a capa e exibe seu vestido vermelho. Para mim, uma das mais belas cenas da história. Se algum ser-humano quiser saber em profundidade o que é "jazz", basta assistir esta cena. Se um marciano quiser saber o que os seres-humanos fazem de melhor, que veja este filme.
  Não falarei sobre Astaire. Nem sobre Minelli, o diretor. Direi que no elenco há Jack Buchanan, como o diretor egocentrico, e que Buchanan foi um grande entertainer do West End londrino em seu auge. As músicas, nenhuma menos que ótima, algumas de gênio, são de Howard Dietz e Arthur Schwartz. Dancin in the Dark e That's Entertainment bastam para demonstrar seu alcance.
  Assistir um filme como este é um prazer. Um presente dado a si-mesmo. Assiti-o a primeira vez na TV Manchete, em 1990, numa madrugada de sábado muito deprimente. Quando o filme terminou eu estava completamente de bem com a vida. Isso é magia, isso é um musical.

VINCENTE MINELLI/ GUERRA AO TERROR/ MAX OPHULS/ GEORGE CLOONEY

GUERRA AO TERROR de Kathryn Bigelow com Jeremy Renner
Estéticamente é um filme miserável. Usa e abusa de câmera tremida e é todo closes. Feito para tela pequena, para o nosso mundo de dvd. Mas mesmo assim é um excelente filme. Howard Hawks disse que para se fazer um grande filme bastam duas grandes cenas e nenhuma cena ruim. Este filme tem duas grandes cenas, mas tem uma muito ruim. O tiroteio no deserto é sua melhor cena. E o iraquiano amarrado em bombas é a outra. De péssima, a cena dos socos. Está longe de ser um filme profundo. O fato de merecer, sim, o Oscar de melhor filme, mostra onde estamos. Ele é superficialmente excelente. Ficamos absorvidos, vendo todo aquele som e fúria sem significado. Mas como em Tarantino, assistimos a talento puro sem assunto. Um adendo : Assim como nos anos 50 o tema válido era a normalidade ( o que é normal, o que é doentio ) e nos 60 era a busca por sí-mesmo ( quem eu sou e o que posso ser ), hoje o único tema relevante é a violência. Falar da violência é tocar no centro de nossa vida. Todos os outros temas são pouco urgentes. Para quem quiser saber, o grande tema dos 70 foi a paranóia, dos 80 foi o poder e nos 90 a dispersão da vida. Guerra ao Terror é retrato perfeito nosso : a guerra como guerra, sem heroísmo, sem vilões, sem política, sem porquê. Apenas um modo de se viver. De se viver intensamente. Como a droga. Nota 8.
NA TEIA DO DESTINO de Max Ophuls com Joan Bennet e James Mason
Para quem não sabe : Ophuls foi um diretor austríaco que emigrou para a Amércia durante a segunda guerra. Seu estilo é fluido, sensual, estético. Não foi feliz nos EUA e voltou para a Europa nos anos 50 onde também teve problemas com produtores. Tipo de diretor que poderia e deveria ter feito muito mais. Aqui, em clima noir, conta-se a história de mãe que protege a filha de chantagista que viu ela matar seu ex-namorado. Mason é um dos chantagistas que se apaixona pela mãe e paga por isso. O filme é simples, envolvente, bonito e magníficamente bem interpretado. James Mason, inglês com carreira nos dois continentes, era perfeito para esse tipo de papel, o de homem fragilizado. Um filme que representa outra era, o tempo dos filmes objetivos, curtos, diretos e profissionais. Nota 7.
A ÁRVORE DOS ENFORCADOS de Delmer Daves com Gary Cooper, Karl Malden e Maria Schell
Médico chega a cidade mineira. Começa a clinicar e se envolve com moça vítima de assalto. Ele é um homem estranho, bondoso e muito cruel ao mesmo tempo. Eis básicamente a sinopse do filme. Mas ele é bem mais. Coisas acontecem sem parar e tanto quanto o papel de Cooper, todo o filme parece meio doentio, torto, quase neurótico. Malden tem maravilhoso papel, um mineiro mentiroso que tenta violentar a moça. Gary Cooper é Gary Cooper, o maior ladrão de cenas de Hollywood, ficamos olhando pra ele sempre à espera do que ele vai fazer. O protótipo do que é ser astro. Daves foi com Mann e Boeticher, um dos últimos grandes diretores de westerns. 7.
O DIABO FEITO MULHER de Fritz Lang com Marlene Dietrich e Mel Ferrer
Ruim. Lang faz aqui um western todo errado. Se parece com uma sátira que não deu certo. Tenta ser leve e esperto, é apenas desagradável. Lang quando acerta é genial, mas quando erra é odiável. Este é puro ódio. Nota zero.
AMOR NA TARDE de Eric Rhomer
Quem não gosta de Rhomer acha que todos os seus filmes são iguais. Não são. Alguns são encantadores. Outros são menos que nada. Neste tudo é nada. Porque ? Muito simples. Como em Rhomer nada é artifício, tudo depende de nosso afeto pelos personagens. Aqui não se cria esse afeto. Olhamos aqueles caras falando e não queremos saber quem eles são ou o que têm a dizer. O filme naufraga. Nota 1.
AMOR SEM ESCALAS de Jason Reitman com George Clooney
Comentei este filme? Acho que só falei dele por alto. Bem... é o mais vazio dos filmes. Os personagens fazem coisas, mas o roteiro é incapaz de nos dizer quem eles são. Quando o filme se encerra continuamos não tendo a mínima idéia do que aconteceu. Porque na verdade nada aconteceu. Todos os personagens não têm razão de ser. E nem a irrazão do niilismo eles possuem. A menina deixa de ser dura e profissional sem qualquer explicação. Clooney se derrete porque ? Nada nos convence de nada. Para aceitar o que acontece precisamos desligar todo senso crítico, o que é lamentável. Pois o tema, se melhor escrito e dirigido com mais fibra, renderia um ótimo filme. Como está ele é xoxo, superficial e falso. Aliás, sua única verdade é seu conservadorismo. Sua mensagem explícita é : a família é o paraíso. Fora dela a vida não tem razão. É uma mensagem tão antiga que chega a ser vitoriana. É pré-Freud. Reitman, que produziu o filme com seu papai, Ivan Reitman, é o rei do cinema para meninos. Filmes fofos e sensíveis, isentos de qualquer raiva ou violência. Ah... e tem a trilha sonora ! Músicas de violão de vozes chorosas. São tão meladas que o CROSBY, STILLS E NASH perto delas é punk puro. Um horror !!!!! Mas há algo de bom neste melô, é George Clooney. Esse ator que destoa dos outros ( não tem músculos e tem cabelos brancos, sabe se vestir e fala com clareza ) aperfeiçoa aqui seu modo Cary Grant de atuar. Consegue passar alguma vida real neste filme tão castrado. No final chega a ser comovente sua vontade de dar profundidade a roteiro tosco. Ele é o filme. PS ; o filme me fez perceber que não estou fora deste mundo. O personagem de Clooney retrata superficialmente a minha condição espiritual : no ar. Uma pena este tema ter caído em mãos tão puerís..... nota 5 ( por Clooney, apenas )
ASSIM ESTAVA ESCRITO de Vincente Minelli com Kirk Douglas, Lana Turner, Gloria Grahame e Dick Powell
Voce quer saber o que é um roteiro perfeito ? Veja este filme. Uma mistura deliciosa de emoção e fantasia descabelada, de bons diálogos e ação corrida, drama e charme sem pudor. E com bons atores e um diretor esbanjando gosto. Que mais voce quer ? A história : Kirk é filho de falido produtor de cinema. O filme conta como ele reergueu essa companhia usando pessoas e roubando idéias. Quando o filme começa ( ele é em flash-back ) ele já faliu novamente e o que vemos são 3 de seus ex-colaboradores rememorando sua vida. Um diretor, uma atriz e um escritor. O filme cita deliciosamente a vida real. Lana Turner tem fixação pelo pai, estrela alcoólatra. É óbvio que esse pai é John Barrymore. Há ainda personagens que lembram William Wyler, King Vidor, Ava Gardner, Ramon Novarro, Billy Wilder e vasto etc. Tudo combinado de modo tão hábil que chega a nos causar um perene sorriso de prazer e cumplicidade. Kirk faz o tipo de papel em que é insuperável, o canalha. E Lana faz a alcoólatra ninfo em que se esmerou. Aliás o filme brinca com pólvora, tanto Lana como Gloria não eram fáceis. Lana, hiper estrela da Metro, envolveu-se em escândalo. Sua filha namorou o gangster de quem ela própria era amante. Tudo terminou em assassinato ( a filha matou o amante da mãe ) e Gloria era casada com o homossexual Nicholas Ray, amante de James Dean ( ele, não ela ). Gloria se separou de Ray e descobriu-se que ela tinha dúzias de casos, com homens e mulheres e até com um filho adotivo. Que elenco !!!!! O próprio Minelli era casado com Judy Garland, que morria de solidão, pois Minelli era outro caso de gay tentando mudar de vida e não conseguindo. Ela mergulharia nos remédios e ele continuaria colecionando porcelana. E fazendo filmes tão geniais como este e mais UM AMERICANO EM PARIS, O PIRATA, A RODA DA FORTUNA e mais alguns etcs... Assista este filme malicioso, fantasioso, adorável e divertidíssimo. Aprenda como se faz um filme sólido. Nota 8.

BUSTER KEATON/TAVIANI/SPIELBERG/PAUL NEWMAN

FLIPPER de James B. Clark
A história do garoto da Florida que faz amizade com golfinho. O filme se tornou série de Tv ecológica. Muita gente passou a conhecer golfinhos via Flipper. O filme é ingênuo, doce, meio enjoado. Mas o cenário é lindo. Nota 4.
FREE AND EASY de Clyde Brucknam com Buster Keaton, Robert Montgomery e Anita Page
Buster Keaton em filme falado... ele tem uma voz séria, fria, pouco engraçada. Seu corpo fica subjugado aos diálogos e o filme se torna um grande vazio. É triste assistir ao começo do fim deste mago da poesia. Como ver um pássaro sem asas. Hitchcock disse que " todo filme ruim é igual : são duas pessoas falando e mais nada. " Keaton falando cala seu corpo e amordaça seu rosto. Fim. Nota 3.
NOITES COM SOL de Vittorio e Paolo Taviani com Julian Sands, Nastassja Kinski e Charlotte Gainsbourg
Se voce se interessa por religião e fé este filme é obrigatório. Trata da luta de um homem por conhecer Deus. Ele se entrega ( ou tenta se entregar ) a solidão total. Cenário, música e atores exatos. Há uma cena de chuva de doer de tão bela. Nota 8.
CIÚMES de Clarence Brown com Clarck Gable, Jean Harlow e Myrna Loy
Eu adoro Myrna Loy. Para mim, ela é a mulher perfeita. Aqui ela é esposa feliz de homem apaixonado e romântico. Mas um dia ela põe na cabeça que ele a trai com secretária. O tipo de deliciosa besteira que Hollywood fazia às dúzias, num tempo em que cinema era indústria de "diversão civilizada ". Todos os atores transpiram charme, os diálogos são leves e espertos e o filme corre como trem de prata. Relaxe...... Nota 7.
CASANOVA E A REVOLUÇÃO de Ettore Scola com Marcello Mastroianni, Jean-Louis Barrault, Hanna Schygula e Jean-Claude Brialy
Em que pese um Mastroianni soberbo como um Casanova velho, e um Barrault apimentado como um escritor libertino, este mastodôntico filme do belo diretor Scola, tem os piores defeitos do cinema europeu : ele se acha mais brilhante do que de fato é. Nota 3.
CAVADORAS DE OURO de Mervyn Leroy com Joan Blondell, Dick Powell, Ruby Keeler, Ginger Rogers e Aline MacMahon
Garotas na miséria tentam fazer sucesso na Broadway. É musical coreografado por Busby Berkeley, ou seja, é ridículo, exageradamente carnavalesco, é o máximo do kistch, e é divertidíssimo !!!! Joan é sedutora, Dick é o bom rapaz, Ruby a menina inocente, Ginger faz a gostosa interesseira e Aline diz as melhores piadas. Só vendo para crer neste musical onde ninguém dança ( até o surgimento de Astaire o que se fazia era mover a câmera pegando atores quase parados. Musical era uma sucessão de "quadros" posados, onde o ritmo era dado na edição. Astaire paralisou a câmera e soltou os pés. ) As músicas são ótimas. Nota 7.
LOUCA ESCAPADA de Steven Spielberg com Goldie Hawn e Ben Johnson
Moça "obriga" marido a escapar da prisão para que possam raptar o próprio filho e salvá-lo da adoção. O filme é todo on the road. É divertido ver este muito jovem Spielberg filmando de modo solto, sem nenhum melado, engatilhando algumas cenas pouco "perfeitas", mas já exibindo sua fixação pela infância. O filme foi grande fracasso e nada fazia prever o que Spielberg se tornaria. Um belo road-movie dos 70's. Nota 7.
VALE TUDO de George Roy Hill com Paul Newman
Que belo filme e que bela surpresa ! Nesta história de um fracassado time de hockey no gelo, Paul Newman brilha no papel do técnico-jogador que se convence de que para vencer é preciso ser muito sujo, jogar feio e com violência absoluta. O filme não tem vergonha : o que importa é vencer. Trata-se de uma comédia que se tornou cult, que foi péssimamente refilmada e que diverte muito. O time todo é feito de desajustados e o trio dos Hanson, três atores amadores descobertos para o filme, é hilário. De certa forma este é o primeiro filme de "Adam Sandler ou de Will Ferrell" da história. É o mesmo tipo de humor mal caráter e sujo, mas aqui, ainda com resquícios de roteiro e direção. Nota 8.
O PAI DA NOIVA de Vincente Minelli com Spencer Tracy, Joan Bennet, Elizabeth Taylor e Don Taylor
Refeito em 95 com Steve Martin, Diane Keaton e Martin Short. É incrível, mas o roteiro é quase exatamente o mesmo ! Muito pouco foi mudado, talvez apenas as cenas com Short. Apesar de eu adorar Steve, Spencer Tracy está a anos-luz dele, assim como comparar Elizabeth Taylor com a mocinha que fez a filha em 95 chega a ser cruel. Minelli também não pode ser comparado à Charles Shyer. Então pra que o refilmaram ? Nota 7.
INTRIGA INTERNACIONAL de Alfred Hitchcock com Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason e Martin Landau
Dizer o que ? Este é o filme que me fez descobrir Hitchcock. Trata-se de um dos dois ou três filmes mais divertidos já feitos. Ele é leve, engraçado, cheio de ação, de suspense e de clima de pesadelo também. Um banquete, onde o mestre inglês esbanja genialidade em fazer o que quer com seu público. Se existe um filme perfeito, este é o filme. NOTA ACIMA DE TODAS AS NOTAS.
A TORTURA DO SILÊNCIO de Alfred Hitchcock com Montgomery Clift, Anne Baxter e Karl Malden
O lado negro de Hitch. Filmado em Quebec, cheio de sombras, este filme trata de padre que é acusado de crime. Ele sabe quem é o assassino, mas não pode dizer quem é sem quebrar seus votos de segredo de confessionário. Este filme original trata de religião, de culpa, de paranóia, de razão contra fé e de um ator extraordinário : Clift, o ator que abriu caminho para Brando. É também um dos filmes que melhor usa o truque favorito de Hitchcock : as tomadas em que os olhos dos atores falam conosco; são momentos soberbos. Não é um filme fácil, é desprovido de humor, mas é um grande filme. Nota 9.

TOURNEUR/MINELLI/JULIE CHRISTIE/NAVARONE/

O HOMEM LEOPARDO de Jacques Tourneur
Val Lewton produziu para a RKO uma série de filmes de suspense. Filmes baratos, com 70 minutos de duração e que acabaram marcando um lugar na história do filme b. Porque ? Porque como nos melhores filmes de Dracula ou Sherlock Holmes, o que importa não é o crime ou o mistério. O que nos seduz é cada sombra do cenário, cada travelling da câmera, os acordes da trilha sonora, o maravilhoso rosto dos atores ( irreais, sempre irreais ), as ruas cheias de neblina na madrugada deserta, a garoa e a luz dos postes, o som dos passos na calçada escorregadia, o grito agudo, a calma do herói teimoso. É uma fórmula. É quase perfeito. È para se ver numa noite gelada, vários cobertores sobre a cama, a casa vazia e escura, o cão roncando no tapete. Delicioso. Um adendo : Tourneur foi um diretor frances que sabia fazer filmes de suspense, polciais noir, filmes de pirata. Eis o cara ! nota 8.
O PIRATA de Vincente Minelli com Judy Garland e Gene Kelly
Existem 3 níveis de amor ao cinema. O faroeste é o primeiro. Depois vem Buster Keaton e por fim o musical. Nada nesta arte dá maior prazer que o musical. Nada é mais refinado, civilizado, bem feito, artísticamente nobre que um grande musical. Tudo nele é artifício. Tudo nele é falso. E é na sua artificialidade que mora seu mérito. Um mundo ideal, perfeito, ilusório, um mundo como deveria ser, como achamos que poderia ser, e, em seus momentos mais sublimes, o musical nos faz crer que o mundo é O Musical. Nós é que não o percebemos. O Pirata é delicioso como um conto de fadas. Profundo como Mozart. Sublime como um amor aos 14 anos de idade. Eterno como a memória de uma paixão. Foram musicais como este, com seu capricho, sua beleza colorida, seus diálogos espertos, sua cultura vienense, que fizeram de mim um aficionado por cinema em geral. Gene sorrí como nenhum ator sorrí. O cenário é um carnaval de plantas, panos, janelas, biombos e muita gente. A música é mais que vibrante, é quente. Judy, etérea, paira soberana, hipnotizando nosso olhar com sua estranheza. Um gigantesco bolo de noiva, um revellon de luxo. nota 10 com muito louvor ! - informação : O musical terminou quando o talento minguou. Nada era mais dispendioso. Para se fazer um grande musical se precisava de atores famosos que interpretassem, cantassem e dançassem bem. E fossem engraçados e "adorados". Roteiristas treinados em comédia, afiados em diálogo rápido e leve. Compositores de sucessos. Arranjadores com técnica erudita. Orquestras gigantescas. Cenógrafos e coreógrafos da Broadway. Imensos estúdios. Tempo para ensaios. E um diretor que entenda de dança e de música. Quando juntar tanto talento se tornou um risco grande demais, o musical acabou. Sobreviveu, parcamente, em milagres feitos por um gênio solitário ( os de Bob Fosse ) e algum acaso fortuito.
OS CANHÕES DE NAVARONE de J. Lee Thompson com Gregory Peck, Anthony Quinn e David Niven.
Perfeição. Uma aventura com personagens bem delineados, excelentes diálogos, ação que emociona, suspense e diálogos que podem ser citados ( há um sobre a inutilidade da guerra que é genial ). Porque tudo deu tão certo ? O mérito é do roteirista, Carl Foreman, perseguido pelo MacCarthismo e brilhando como roteirista e produtor nesta aventura divetidíssima. Este filme é o parâmetro em que toda aventura deve ser julgada. Explosões, tiroteios, naufrágios, fugas, traições... maravilhoso!!!! nota 9.
DESPERATE JOURNEY de Raoul Walsh com Erroll Flynn e Ronald Reagan
Lixo. Uma imensa decepção!!!! Um roteiro patético, fazendo dos nazistas idiotas completos e dos americanos gente que sorrí durante tortura. Se a guerra fosse essa infantil piada... nota zero!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
DR. BULL de John Ford com Will Rogers
Não chega a ter a alegria de Juiz Priest, filme que Ford e Rogers fizeram no ano seguinte. Mas é um bom exemplo de filme rural, bucólico, lentamente agradável. Rogers tinha mágica simpatia e Ford, relaxado, lhe dá todo espaço e tempo para brilhar. nota 7.
VENUS de Roger Mitchell com Peter O'Toole e Jody Whattley
Nada revela mais o caráter aristocrático inglês que a classificação que eles dão à seus atores. Michael Caine, ator que trouxe o inglês cockney-malandro para as telas, jamais será visto, em Londres, como Gielgud ou Richardson. Pois John e Ralph são do mundo de Shakespeare, Michael não é. Dito isto, falo que Peter sempre foi um rei. Nada se compara a seu Beckett ou ao que ele faz em Leão no Inverno. Foi uma estrela maior, um conquistador compulsivo, um bebedor imbatível. E ocupa, na hierarquia britânica, um lugar dúbio. Apesar de ser um excelente ator teatral, por ter se popularizado demais no cinema, é colocado atrás de Paul Rogers ou Michael Redgrave. Absurdo!!! Falando deste filme... é triste ver seu rosto estragado. A bebida e a idade devastaram seu olhar de Lawrence da Arábia. Mas é belo ver como ele se diverte e dá conta deste papel difícil, sutil, e comicamente trágico. Fora Peter, é um filme tolo, frio, pretensioso, quase idiota. Ele foi indicado em 2007 por este papel, e perdeu o prêmio pela oitava vez ( um recorde de derrotas ). nota 1.
CINCO COVAS NO EGITO de Billy Wilder com Erich Von Stroheim, Franchot Tone e Anne Baxter.
Segundo filme americano de Billy. Um suspense de guerra em que o grande Erich rouba o filme em seu papel de Rommel, a raposa do deserto nazista. Um filme muito bem feito, muito bem escrito e com linda fotografia do mestre John Seitz. nota 7.
LONGE DELA de Sarah Polley com Julie Christie e Gordon Pinsent.
Preciso. Sarah Polley, atriz mirim do Munchausen de Gillian, se revela aqui muito boa diretora. Neste filme, triste, árido, geriátrico, tudo poderia levar às lágrimas fáceis ou às gracinhas de velhos bonzinhos. Sarah não faz nada disso. Conta sua história. Não força, não doura e nunca apela. Observa. Julie, que perdeu o seu segundo Oscar de forma injusta para Piaf, interpreta como só grandes atrizes podem : com os olhos, com as mãos, com o cabelo. Ela flutua, aturdida, medrosa, sedutora, completamente perdida, variando entre infantil e madura. Um desempenho feito de discreta elegancia. Uma lady. Mas eu já esperava isso de minha atriz musa-para sempre. De minha Kate Hepburn de Londres. Mas Gordon Pinsent arrasa. Seu desamparo, seu abandono e a teimosia de quem insiste em fazer o amor sobreviver é simplesmente acachapante. Um ator superlativo. E eis, ainda com o brilho de Olympia Dukakis e Michael Murphy ( antigo ator de Altman ) um simples e discreto drama outonal. Cheio de neve e de árvores. E em que a diretora, muito jovem, faz algo tão raro no cinema atual : conta a história e deixa que os atores brilhem. Parece tão pouco. Mas é tão raro. nota 8.

CARRIE/BETTE DAVIS/STEVE MCQUEEN

Tom Horn de William Wiard com Steve McQueen
o último filme de steve é um western de uma tristeza glacial. dá pra notar o avanço da doença que mataria o astro logo após o final das filmagens. ele tinha 50 anos, mas aparentava 70 naquela altura. é triste pensar no que ele poderia ter feito no futuro que não viveu. tinha carisma de sobra e um estilo calado e frio insuperável. mas este é apenas um filme pobre e de pouca razão de ser. 3.
Teu Nome é Mulher de Vincente Minelli com Gregory Peck e Lauren Bacall.
o roteiro de george wells ganhou o oscar daquele ano. é o avô das ditas comédias romanticas. aqui, feita com muita classe e diálogos adultos e leves. peck é um jornalista de beisebol e lauren uma snob designer. minelli leva com seu bom gosto de esteta. nota 7.
Domino de Tony Scott com Keira Knightley e Mickey Rourke.
foi scott, o irmão de ridley o culpado. foi ele quem nos anos 80 criou a mania de filmes cheios de truquezinhos de imagem. atores posando. camera dançando. ar de anuncio de tv. filmes como top gun, fome de viver, dias de trovão e maré vermelha. este filme é dos maiores lixos imagináveis. um monte de movimento que não vai a lugar nenhum, ação sem emoção, cores e sons que existem por existir. um vergonhoso retrato do quanto o cinema se tornou futil. Zero.
Mama Mia!!!!!!!!!!!! de Phyllida Lloyd com Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth, Julie Walters.
produzido por tom hanks. e isto é muito importante : o filme tem o astral de the wonders. que imenso prazer o de se ver meryl streep brincar. que delicia assistir pierce brosnan esbanjar charme adulto pela ilha encantada onde o filme existe. e que deplorávelmente ruim roteiro temos aqui ! será que não podiam criar um mínimo de emoção, um minimo de surpresas ? temos neste a prova do porque de os musicais atuais não funcionarem : os números de canto e dança são jogados na tela sem preparação. o roteiro não cria um gancho, um motivo poético para que a canção se inicie, ela vem de repente. de sopetão. mesmo assim eu senti afeto pelo filme. por meryl, pierce e colin, e por que não ? pela muito subestimada música do abba, que desde a década passada vive sua vingança contra aqueles que não enxergavam nos anos 70 que aqueles suecos eram os herdeiros de phil spector. nota 6.
Vitória Amarga de Edmund Goulding com Bette Davis, Ronald Reagan e Bogey.
bette é uma frívola milionária. adoece. cancer cerebral. dramalhão ? é. mas nada revoltante. o filme flui e bette estraçalha. só vivien leigh em e o vento levou poderia lhe tirar o oscar daquele ano- e tirou. bette mostra egoismo, vaidade, medo, culpa, dor e coragem, ensinando como iluminar a tela. quando ela está em cena o filme brilha. brilha muito. felizmente ela está em todas elas. 7.
Depois do Ensaio de Bergman com Lena Olin e Gunnar Bjorstrand.
é um dos filmes que o genio fez após sua "aposentadoria". conversas sobre teatro, existencia, tempo, morte. não é filme de cinema, é feito para a tv sueca. 5.
Carrie de Brian de Palma com Sissy Spaceck, William Katt, John Travolta e Piper Laurie.
As pessoas que odeiam os anos 70 são aquelas tímidas personalidades que abominam a exuberancia louca que havia então. tudo era super-big nos 70 : carros imensos, cabelões gigantescos, sapatos e lapelas colossais, filmes egocentricos!!! e que felicidade a de uma época que em 3 anos assistiu : O chefão e a conversação/ taxi driver e alice não mora mais aqui / tubarão e contatos imediatos/ guerra nas estrelas e american graffitti/ annie hall e manhattan e nashville com um estranho no ninho. e carrie. um filme do mais exagerado e anos 70 dos diretores: de palma. um diretor que sempre vai ao limite, que não teme o mal-gosto, o exagero e a falta de tato. neste filme, se uma pessoa morre, mais 20 morrem; se uma cena é cruel, mais crueldade é adicionada. o roteiro é péssimo, os atores ( com excessão da comovente sissy ) estão à deriva, a trilha sonora compromete, o papel da mãe é caricatural... mas, funciona! funciona como uma homenagem aos filmes ruins, como uma diversão pop, e para mim, é uma deliciosa comédia de saudável humor-negro. a cena da corda segurando o balde com sangue é puro hitchcock : brian segue a dica do mestre : se o balde apenas caísse sem sabermos que ele iria cair teríamos apenas um susto- mas sabemos que o balde cairá, e vemos a agonia de carrie lá embaixo e esperamos-quando irá cair???? carrie é um filme que feito hoje mostraria visceras e explosões, a camera rodopiaria pelo cenário e os alunos seriam deprimidos sórdidos. de palma tem muito mal gosto, mas filma bem demais. nota 8.
Appaloosa de Ed Harris com Ed Harris, Viggo Mortensen, Jeremy Irons e Renee Zelwegger.
primeiro: o que aconteceu? Jeremy irons surgiu em 81 como possivelmente um novo olivier. após seu oscar em 88 foi relegado a apenas um tipo : o vilão fino e gelado. se tornou um desses atores excelentes e sub-utilizados, como gary oldman, malkovich, willem dafoe, terence stamp. dito isso...o western, de todo tipo de filme é o que mais depende de carisma. trata-se de um tipo de filme que expõe o ator : é seu corpo se movendo. aumentado, isolado, observado. esse ator tem que ser magnético. como o foram wayne, cooper, stewart, clint ou burt lancaster. viris e magnéticos. esse tipo de ator não se forma estudando teatro ou assitindo tv- ele se forma na vida. para o western são necessárias cicatrizes, rugas e uma voz que transmita solidão e coragem moral. no western não existe um homem numa estrada correndo ao sol- no western é O homem correndo NA estrada debaixo DO sol. tudo é amplificado e exposto na sua mais profunda e última realidade. meninos não gostem de westerns. eles não têm celulares/ carrões e computadores. mas o principal é: ele mostra aquilo que seremos ou já somos. este é um faroeste do tipo anthony mann- crepuscular. existe ação e companheirismo. mas é tudo mudo, surdo, meio em vão. ed e principalmente viggo têm bons rostos para westerns, mas falta um pouco de brilho ( quem teria hoje ? ) mas há aquele relacionamento direto, tipo john ford e dá pra ver que todos os envolvidos amam o que estão a fazer. digno, honesto e preciso. 7.