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DOSTOIEVSKI - NOITES BRANCAS
O filme de Visconti é lindo e não há como ler esta novela sem lembrar do rosto de Mastroianni. Nunca houve no cinema alguém que interpretasse um homem frágil de modo mais perfeito. Marcello conseguia ser vulnerável sem deixar de ser bonito, e sua triateza nunca era repgunante. Ele não apelava às lágrimas, era melancólico sem ser, nunca, fake. ----------------- Então leio Dostoievski, autor que amei aos 15 anos mas que desde os 30 eu não engulo. E logo lembro o porque.... Se Tolstoi é a voz do idealismo russo e Gogol da alma original do país, Dostoievski é o escritor que nos lembra da tristeza russa. E isso me dá desejos de matar o autor de Noites Brancas. Dostoievski dá sempre a impressão de estar escrevendo e chorando ao mesmo tempo. Tudo nele é fragilidade, dor, lágrima, falta de vontade, derrota. Eu sei que ele foi um gênio etc etc etc. Mas eu realmente o acho um mal. ----------------------- O que me dá pena, porque sempre leio Dostoievski querendo muito o amar. Foi um bom homem e no mundo de 2023 ele tem sido desvalorizado, isso porque ele acreditava em Deus. O mundo atual valoriza muito mais um autor russo semi esquecido que os mitos Tolstoi e Dostoievski. O mundo atual não suporta personalidades muito grandes, e mesmo que eu não suporte ler Dostoievski, é lógico que sinto o quanto ele era grande. ----------------------- Noites Brancas descreve um tímido romântico à perfeição. E é trágico o modo como ele, que é só bondade, se auto ilude. Para meu gosto pessoal, o autor estraga tudo por lamber as feridas do homem tímido. Ele sempre se comporta, Dostoievski, como um enfermeiro. O mundo era para ele um imenso hospital. Estou errado? Provável. Mas seria fácil eu tecer elogios ao humanismo de Dostoievski, sua sensibilidade, seu amor às pessoas. Mas não. O que vejo é um homem que sente pena de seus personagens. E isso me é insuportável. ------------------ Pois eu amo a fria narração de Henry James, a ausência de partido de Proust, a não simpatia de Nabokov. Todo texto de Dostoievski parece pedir por ser amado. Não, não amo não. É isso.
STEVE MCQUEEN/ MITCHUM/ MARK WATERS/ PAUL MACCARTNEY/ SCHWARZA/ VISCONTI
LIVE AND LET DIE de Guy Hamilton com Roger Moore e Jane Seymour
Para o primeiro filme de Moore como Bond chamou-se Paul MacCartney para fazer a música de abertura. Obra-prima ( a canção ), uma brincadeira sem inspiração ( o filme ). Mesmo assim não é tão ruim como A Pistola de Ouro. As cenas de perseguição, onde se usam carros e lanchas, antecipam o futuro da série, ação sem fim e sem motivo. Mas são boas cenas. Vejo nos extras que a cena em que ele pisa nos jacarés é real ( os jacarés, Bond é um double ). Jane é a mais boazinha das Bondgirls. Destaque para a trilha sonora. John Barry sai e assume George Martin ( o próprio ). A trilha chega a constranger. Mas temos a canção de Paul para salvar as coisas. Roger Moore faz humor. Nota 4.
HOW THE WEST WAS WON de John Ford, Henry Hathaway e George Marshall
Um filme com mais de 3 horas que em Cinerama ( tipo de tela gigante ), conta a conquista do oeste. Cada diretor pegou um segmento. O elenco é all star: James Stewart, Gregory Peck, John Wayne e vasto etc. A fotografia é deslumbrante. Há tanto para se olhar, tantos detalhes, tanta gente se movendo ao mesmo tempo, que ficamos zonzos. Nas salas de cinema devia ser uma experiência incrível. Assisti em 51 polegadas. OK. A melhor história é sobre os indios e os búfalos. Há outras sobre o rio Mississipi, a guerra civil e a ferrovia. Não é um filme ruim. Nota 5.
A RAPOSA DO ESPAÇO de Dick Powell com Robert Mitchum, Robert Wagner e May Britt
Pilotos americanos na base do Japão durante a guerra da Coréia. Foi a primeira guerra a usar aviões a jato. Isso dá interesse ao enredo. Mas o filme se prende a caso de piloto veterano-cool com esposa de piloto problema. O primeiro arquiteto do ator cool moderno: Robert Mitchum, o cara nem aí pra nada. Ele salva o filme do melô. A sueca Britt era muito bonita mas não deu certo. A Fox não conseguiu fazer dela uma estrela. Cenas aéreas muito boas. Nota 6.
O ÚLTIMO DESAFIO de Kim-Jee Woom com Arnold Schwarzenegger, Forrest Whitaker, Rodrigo Santoro e Luis Guzmán
É alguma coisa sobre um xerife de cidadezinha que está na rota de fuga de um traficante chicano. Arnold está lento, pesado e tenta ser um tipo de Clint Eastwood mais gordo. Não consegue. Se salvam ótimas cenas na estrada. O roteiro é previsível, banal, todo cheio de clichés sobre clichés. Rodrigo faz um latino sexy. Rouba o filme. Nota 1.
LUDWIG de Luchino Visconti
Em 1973 Visconti fez este absurdo. O que ele queria ao fazer esta coisa flácida, pretensiosa e morta? Visconti crê que Ludwig, rei da Baviera, era um tipo de ingênuo-romântico. Um chato. Fraco, e até meio burrinho. Nem mesmo a fotografia se salva. O filme não tem rumo e nunca diz o que quer. Vago. Visconto se perdeu entre 1964-1974, este filme o prova. Sem Nota.
O AMANTE DA GUERRA de Philip Leacock com Steve McQueen e Robert Wagner
Um dos piores papéis da vida de McQueen. Deveria ser um tipo de hedonista-hiper-agressivo que se põe a prova na segunda-guerra mundial. Um ás da aviação, agressivo, destrutivo. Mas nada disso fica claro. Tudo é feito sem porque, de forma gratuita e a gente percebe que McQueen não tem material para dar alguma força ao personagem. O anti-herói se torna um tipo de chato-birrento. Visualmente é um bom filme, pena que tão mal escrito. É o único filme de McQueen em que não me senti fascinado por ele. Nota 3.
MINHAS ADORÁVEIS EX-NAMORADAS de Mark Waters com Mathew McConaughey, Jennifer Garner e Michael Douglas
Um fotógrafo mulherengo vai ao casamento do irmão nerd. Lá ele recebe a visita do tio que fez dele o que é. Calcado no Conto de Natal de Dickens, o filme é a coisa mais pró-casamento imaginável. Quem não se casa é do mal, tem algum problema e queimará no inferno da solidão. São tempos repressivos, em 1973 o homem casado era o tolo da história. O conquistador solteiro era o anti-herói a ser admirado. Tiro pela culatra do filme: a única boa cena ( e que faz rir ) traz o excelente Michael Douglas dando conselhos a seu sobrinho sobre a forma de ganhar as mulheres. Waters já fez bons filmes. Este não é um deles. Jennifer tá magra demais!!!!!! Nota ZERO.
Para o primeiro filme de Moore como Bond chamou-se Paul MacCartney para fazer a música de abertura. Obra-prima ( a canção ), uma brincadeira sem inspiração ( o filme ). Mesmo assim não é tão ruim como A Pistola de Ouro. As cenas de perseguição, onde se usam carros e lanchas, antecipam o futuro da série, ação sem fim e sem motivo. Mas são boas cenas. Vejo nos extras que a cena em que ele pisa nos jacarés é real ( os jacarés, Bond é um double ). Jane é a mais boazinha das Bondgirls. Destaque para a trilha sonora. John Barry sai e assume George Martin ( o próprio ). A trilha chega a constranger. Mas temos a canção de Paul para salvar as coisas. Roger Moore faz humor. Nota 4.
HOW THE WEST WAS WON de John Ford, Henry Hathaway e George Marshall
Um filme com mais de 3 horas que em Cinerama ( tipo de tela gigante ), conta a conquista do oeste. Cada diretor pegou um segmento. O elenco é all star: James Stewart, Gregory Peck, John Wayne e vasto etc. A fotografia é deslumbrante. Há tanto para se olhar, tantos detalhes, tanta gente se movendo ao mesmo tempo, que ficamos zonzos. Nas salas de cinema devia ser uma experiência incrível. Assisti em 51 polegadas. OK. A melhor história é sobre os indios e os búfalos. Há outras sobre o rio Mississipi, a guerra civil e a ferrovia. Não é um filme ruim. Nota 5.
A RAPOSA DO ESPAÇO de Dick Powell com Robert Mitchum, Robert Wagner e May Britt
Pilotos americanos na base do Japão durante a guerra da Coréia. Foi a primeira guerra a usar aviões a jato. Isso dá interesse ao enredo. Mas o filme se prende a caso de piloto veterano-cool com esposa de piloto problema. O primeiro arquiteto do ator cool moderno: Robert Mitchum, o cara nem aí pra nada. Ele salva o filme do melô. A sueca Britt era muito bonita mas não deu certo. A Fox não conseguiu fazer dela uma estrela. Cenas aéreas muito boas. Nota 6.
O ÚLTIMO DESAFIO de Kim-Jee Woom com Arnold Schwarzenegger, Forrest Whitaker, Rodrigo Santoro e Luis Guzmán
É alguma coisa sobre um xerife de cidadezinha que está na rota de fuga de um traficante chicano. Arnold está lento, pesado e tenta ser um tipo de Clint Eastwood mais gordo. Não consegue. Se salvam ótimas cenas na estrada. O roteiro é previsível, banal, todo cheio de clichés sobre clichés. Rodrigo faz um latino sexy. Rouba o filme. Nota 1.
LUDWIG de Luchino Visconti
Em 1973 Visconti fez este absurdo. O que ele queria ao fazer esta coisa flácida, pretensiosa e morta? Visconti crê que Ludwig, rei da Baviera, era um tipo de ingênuo-romântico. Um chato. Fraco, e até meio burrinho. Nem mesmo a fotografia se salva. O filme não tem rumo e nunca diz o que quer. Vago. Visconto se perdeu entre 1964-1974, este filme o prova. Sem Nota.
O AMANTE DA GUERRA de Philip Leacock com Steve McQueen e Robert Wagner
Um dos piores papéis da vida de McQueen. Deveria ser um tipo de hedonista-hiper-agressivo que se põe a prova na segunda-guerra mundial. Um ás da aviação, agressivo, destrutivo. Mas nada disso fica claro. Tudo é feito sem porque, de forma gratuita e a gente percebe que McQueen não tem material para dar alguma força ao personagem. O anti-herói se torna um tipo de chato-birrento. Visualmente é um bom filme, pena que tão mal escrito. É o único filme de McQueen em que não me senti fascinado por ele. Nota 3.
MINHAS ADORÁVEIS EX-NAMORADAS de Mark Waters com Mathew McConaughey, Jennifer Garner e Michael Douglas
Um fotógrafo mulherengo vai ao casamento do irmão nerd. Lá ele recebe a visita do tio que fez dele o que é. Calcado no Conto de Natal de Dickens, o filme é a coisa mais pró-casamento imaginável. Quem não se casa é do mal, tem algum problema e queimará no inferno da solidão. São tempos repressivos, em 1973 o homem casado era o tolo da história. O conquistador solteiro era o anti-herói a ser admirado. Tiro pela culatra do filme: a única boa cena ( e que faz rir ) traz o excelente Michael Douglas dando conselhos a seu sobrinho sobre a forma de ganhar as mulheres. Waters já fez bons filmes. Este não é um deles. Jennifer tá magra demais!!!!!! Nota ZERO.
O LEOPARDO, de GIUSEPPE TOMASI DI LAMPEDUSA
Um dia eu teria de escrever sobre essa obra-prima. É um dos grandes romances do século XX e deixou embasbacados os leitores ao ser editado em 1954. Quem era esse tal de Lampedusa?
Nobre italiano, Giuseppe Tomasi di Lampedusa viveu a realidade de seu personagem central. O empobrecimento da nobresa européia e a consequente mudança de valores. Escreveu pouco. Apenas este livro, editado já postumamente, e um volume de contos ( excelentes ).
Salinas é esse inesquecível personagem. Poderoso, rico, viril, ele foi educado para existir num mundo sólido, ordenado, imutável. Mas o que ele verá será bem diferente. Revoluções fazem do mundo algo de cambaleante e a classe dos mercadores assume o poder financeiro. Mas não o poder sobre as mentes. Aliam-se então. Vem a famosa frase de Lampedusa : " Ceder os anéis para não perder os dedos, ou melhor, mudar tudo para não mudar nada."
O livro vale por tratado de sociologia, de história e de costumes. Dói em Salinas perceber a falta de cultura e de sabedoria da nova classe dirigente. E esses mercadores sabem, têm consciência de sua vulgaridade. Unem-se. Toda a melancolia explode no enredo. Por mais que os vulgares novos-ricos admirem o nobre Salinas, ele se encontra em posição subalterna. Olha suas coisas, suas terras, sua vida com a consciência de que é um mundo condenado. O que ele simboliza vira mito. A única verdade passa a ser a do dinheiro, não a do berço.
A prosa de Lampedusa é magnífica. Simples e rica. Amamos o nobre e ao mesmo tempo vemos o quão duro ele é. Um pavão, um touro reprodutor. E pouco a pouco percebemos sua queda. Ele afunda em meio a herdeiros ambiciosos e inseguros e a alianças vergonhosas. Tudo tomba e afunda em cada página sublime.
Eu amo este livro. Tanto quanto O Morro dos Ventos Uivantes ou Anna Karenina, ele demonstra e escancara alguma coisa que me é muitocara: a amarga e viciante beleza da decadência.
PS: O filme de Visconti consegue algo de muitíssimo raro: ser tão bom quanto o livro, sendo igual e diferente. Burt Lancaster é Salinas. Seus olhares transmitem toda a dor perplexa do personagem. Ele tem autoridade, savoir faire e também uma humilhante impotência. E há a cena do baile, uma das sequências mais lindas da história da arte. São 50 minutos em que cada frame é pleno de significado, drama e sentido. E de esfuziante e acachapante beleza. Jóia de imenso requinte, junto ao Oliver Twist de David Lean e Os Mortos de Huston, é dos raros filmes que não decepcionam os amantes de seus livros originais.
Nobre italiano, Giuseppe Tomasi di Lampedusa viveu a realidade de seu personagem central. O empobrecimento da nobresa européia e a consequente mudança de valores. Escreveu pouco. Apenas este livro, editado já postumamente, e um volume de contos ( excelentes ).
Salinas é esse inesquecível personagem. Poderoso, rico, viril, ele foi educado para existir num mundo sólido, ordenado, imutável. Mas o que ele verá será bem diferente. Revoluções fazem do mundo algo de cambaleante e a classe dos mercadores assume o poder financeiro. Mas não o poder sobre as mentes. Aliam-se então. Vem a famosa frase de Lampedusa : " Ceder os anéis para não perder os dedos, ou melhor, mudar tudo para não mudar nada."
O livro vale por tratado de sociologia, de história e de costumes. Dói em Salinas perceber a falta de cultura e de sabedoria da nova classe dirigente. E esses mercadores sabem, têm consciência de sua vulgaridade. Unem-se. Toda a melancolia explode no enredo. Por mais que os vulgares novos-ricos admirem o nobre Salinas, ele se encontra em posição subalterna. Olha suas coisas, suas terras, sua vida com a consciência de que é um mundo condenado. O que ele simboliza vira mito. A única verdade passa a ser a do dinheiro, não a do berço.
A prosa de Lampedusa é magnífica. Simples e rica. Amamos o nobre e ao mesmo tempo vemos o quão duro ele é. Um pavão, um touro reprodutor. E pouco a pouco percebemos sua queda. Ele afunda em meio a herdeiros ambiciosos e inseguros e a alianças vergonhosas. Tudo tomba e afunda em cada página sublime.
Eu amo este livro. Tanto quanto O Morro dos Ventos Uivantes ou Anna Karenina, ele demonstra e escancara alguma coisa que me é muitocara: a amarga e viciante beleza da decadência.
PS: O filme de Visconti consegue algo de muitíssimo raro: ser tão bom quanto o livro, sendo igual e diferente. Burt Lancaster é Salinas. Seus olhares transmitem toda a dor perplexa do personagem. Ele tem autoridade, savoir faire e também uma humilhante impotência. E há a cena do baile, uma das sequências mais lindas da história da arte. São 50 minutos em que cada frame é pleno de significado, drama e sentido. E de esfuziante e acachapante beleza. Jóia de imenso requinte, junto ao Oliver Twist de David Lean e Os Mortos de Huston, é dos raros filmes que não decepcionam os amantes de seus livros originais.
OLIVIER/ VISCONTI/ RAY/ RENOIR/ CLAUDIA/ HUXLEY/ STAMP
ORGULHO E PRECONCEITO de Robert Z. Leonard com Greer Garson, Laurence Olivier, Maureen O'Sullivan e Edmund Gwenn
Olivier compõe um excelente Mr.Darcy. Sua mistura de timidez com altivez atinge a medida certa. O roteiro deste belo exemplo de produção MGM, ou seja, muito luxo, é de Aldous Huxley. Sim jovens, houve um tempo em que gente como Huxley, Faulkner e Hecht trabalhavam para Hollywood. O roteiro consegue condensar o romance de Austen em duas movimentadas horas. Não senti falta de nenhuma cena. Há uma versão recente deste livro igualmente boa. Nota 8.
VAGAS ESTRELAS DA URSA de Luchino Visconti com Claudia Cardinale, Jean Sorel e Michael Craig
Logo após o soberbo O Leopardo, Visconti fez este pesado drama sobre casal de irmãos que tem relação dúbia ( incesto? ). Claudia, estranhamente feia, é uma recém casada que leva o marido inglês a mansão onde ela e irmão cresceram. O irmão, meio doido, logo tenta voltar aos tempos de contato íntimo com a irmã. O filme não flui. Visconti tenta se renovar, pega alguns tiques da nouvelle-vague e se perde. O visual é estranho, às vezes se parece com tv. A questão é: quem se interessa por personagens tão vazios? Nota 4.
MORTE EM VENEZA de Luchino Visconti com Dirk Bogarde
Dificil falar desse filme. Porque? Por ser um dos mais esquizos filmes já feitos. E também por ser exemplo de um tipo de filme velho, morto, mumificado. Vamos aos porques. Ele é esquizo por ser ao mesmo tempo ruim e excelente. Excelente são as roupas de Piero Tosi, figurinista mais famoso do mundo. Um desfile de detalhes, cores, requinte, soberba. Excelente são os cenários e a fotografia de Pasqualino de Santis. Veneza no explendor. A produção reformou e restaurou um hotel de verdade para filmar o luxo de 1911. Excelente a trilha sonora de Mahler, de tristeza cósmica. Então a gente fica meio hipnotizado ( se voce for um esteta ) admirando o visual e escutando a trilha sonora. Mas por outro lado, o filme em si é risivel. Discussões filosóficas sobre arte, pedantes e redundantes; movimentos de câmera irritantes e atores conduzidos como zumbis empaturrados. O efebo é anódino e Bogarde interpreta Thomas Mann como um entediado burguês. Detalhe: é um filme com som à Jacques Tati: diálogos que não se ouvem e muito som ambiente, o que ressalta seu caráter visual, de turismo em Veneza. Não é um filme, é uma coleção de souvenirs de uma viagem de um velho. Fofocas: Visconti era tão perfeccionista, que na obra-prima O Leopardo, ele atrasou a filmagem em horas para que em cena as champagnes estivessem na temperatura exata. E observe em como Dirk Bogarde tem o rosto de Johnny Depp!!!!!!! Nota 5.
BILLY BUDD de Peter Ustinov com Terence Stamp, Peter Ustinov, Robert Ryan, Melvyn Douglas e Paul Rogers
Navios ao mar. Preto e branco fantástico de Robert Krasker. Um marujo ingênuo é recrutado para a guerra. No navio ele se verá em conflito com o mal nada ingênuo. Stamp faz um retrato preciso, seu marujo é exemplo do bem e do bronco, é tolo e é angelical. O filme jamais filosofa por nós. Ryan é o mal, e o mal vence. Uma aula de cinema. Nossa mente fica completamente ligada ao filme, ele diverte e faz pensar. O final é digno de grandes filmes, exato. Nota 9.
O ATALHO de Kelly Richardt com Michelle Willians, Bruce Greenwood e Paul Dano
Western de arte. Argh!!! Para mostar três meninas cruzando um riacho são gastos vários minutos. Há quem confunda arte com fazer sofrer. É o pensamento do jeca: se voce quer arte, sofra de tédio. Imagens escuras, múrmurios, ação lentíssima, pseudo-profundo. Um porre!!!! Pra que fazer isso? Nota ZEEEEEEERO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A SALA DE MÚSICA de Satyajit Ray
Um nobre empobrecido. Um palácio sujo. Um rio vasto. E muita música. Com poucos elementos Ray faz um imenso filme. É cheio de falhas. Algumas cenas são excessivas e outras chegam perto da caricatura. Mas perto do valor de seu todo é uma obra de poesia cósmica e original. Cinema atemporal, belo e sincero. Nota 9.
O SEGREDO DO PÂNTANO de Jean Renoir com Dana Andrews, Walter Huston, Anne Baxter, Walter Brennan, Ward Bond
Pântanos. Belas imagens da água e lodo. Um jovem atrás de seu cão conhece condenado que lá se esconde. A história corre através dessa relação e da relação do jovem com seu pai e com sua vila. Renoir fugiu da França nazista e fez alguns filmes americanos. São bons filmes, mas não procure o estilo Renoir neles. São impessoais. Nota 6.
Olivier compõe um excelente Mr.Darcy. Sua mistura de timidez com altivez atinge a medida certa. O roteiro deste belo exemplo de produção MGM, ou seja, muito luxo, é de Aldous Huxley. Sim jovens, houve um tempo em que gente como Huxley, Faulkner e Hecht trabalhavam para Hollywood. O roteiro consegue condensar o romance de Austen em duas movimentadas horas. Não senti falta de nenhuma cena. Há uma versão recente deste livro igualmente boa. Nota 8.
VAGAS ESTRELAS DA URSA de Luchino Visconti com Claudia Cardinale, Jean Sorel e Michael Craig
Logo após o soberbo O Leopardo, Visconti fez este pesado drama sobre casal de irmãos que tem relação dúbia ( incesto? ). Claudia, estranhamente feia, é uma recém casada que leva o marido inglês a mansão onde ela e irmão cresceram. O irmão, meio doido, logo tenta voltar aos tempos de contato íntimo com a irmã. O filme não flui. Visconti tenta se renovar, pega alguns tiques da nouvelle-vague e se perde. O visual é estranho, às vezes se parece com tv. A questão é: quem se interessa por personagens tão vazios? Nota 4.
MORTE EM VENEZA de Luchino Visconti com Dirk Bogarde
Dificil falar desse filme. Porque? Por ser um dos mais esquizos filmes já feitos. E também por ser exemplo de um tipo de filme velho, morto, mumificado. Vamos aos porques. Ele é esquizo por ser ao mesmo tempo ruim e excelente. Excelente são as roupas de Piero Tosi, figurinista mais famoso do mundo. Um desfile de detalhes, cores, requinte, soberba. Excelente são os cenários e a fotografia de Pasqualino de Santis. Veneza no explendor. A produção reformou e restaurou um hotel de verdade para filmar o luxo de 1911. Excelente a trilha sonora de Mahler, de tristeza cósmica. Então a gente fica meio hipnotizado ( se voce for um esteta ) admirando o visual e escutando a trilha sonora. Mas por outro lado, o filme em si é risivel. Discussões filosóficas sobre arte, pedantes e redundantes; movimentos de câmera irritantes e atores conduzidos como zumbis empaturrados. O efebo é anódino e Bogarde interpreta Thomas Mann como um entediado burguês. Detalhe: é um filme com som à Jacques Tati: diálogos que não se ouvem e muito som ambiente, o que ressalta seu caráter visual, de turismo em Veneza. Não é um filme, é uma coleção de souvenirs de uma viagem de um velho. Fofocas: Visconti era tão perfeccionista, que na obra-prima O Leopardo, ele atrasou a filmagem em horas para que em cena as champagnes estivessem na temperatura exata. E observe em como Dirk Bogarde tem o rosto de Johnny Depp!!!!!!! Nota 5.
BILLY BUDD de Peter Ustinov com Terence Stamp, Peter Ustinov, Robert Ryan, Melvyn Douglas e Paul Rogers
Navios ao mar. Preto e branco fantástico de Robert Krasker. Um marujo ingênuo é recrutado para a guerra. No navio ele se verá em conflito com o mal nada ingênuo. Stamp faz um retrato preciso, seu marujo é exemplo do bem e do bronco, é tolo e é angelical. O filme jamais filosofa por nós. Ryan é o mal, e o mal vence. Uma aula de cinema. Nossa mente fica completamente ligada ao filme, ele diverte e faz pensar. O final é digno de grandes filmes, exato. Nota 9.
O ATALHO de Kelly Richardt com Michelle Willians, Bruce Greenwood e Paul Dano
Western de arte. Argh!!! Para mostar três meninas cruzando um riacho são gastos vários minutos. Há quem confunda arte com fazer sofrer. É o pensamento do jeca: se voce quer arte, sofra de tédio. Imagens escuras, múrmurios, ação lentíssima, pseudo-profundo. Um porre!!!! Pra que fazer isso? Nota ZEEEEEEERO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A SALA DE MÚSICA de Satyajit Ray
Um nobre empobrecido. Um palácio sujo. Um rio vasto. E muita música. Com poucos elementos Ray faz um imenso filme. É cheio de falhas. Algumas cenas são excessivas e outras chegam perto da caricatura. Mas perto do valor de seu todo é uma obra de poesia cósmica e original. Cinema atemporal, belo e sincero. Nota 9.
O SEGREDO DO PÂNTANO de Jean Renoir com Dana Andrews, Walter Huston, Anne Baxter, Walter Brennan, Ward Bond
Pântanos. Belas imagens da água e lodo. Um jovem atrás de seu cão conhece condenado que lá se esconde. A história corre através dessa relação e da relação do jovem com seu pai e com sua vila. Renoir fugiu da França nazista e fez alguns filmes americanos. São bons filmes, mas não procure o estilo Renoir neles. São impessoais. Nota 6.
LOSEY/ VISCONTI/ BURT LANCASTER/ OLIVIER/ HITCHCOCK/ HELEN MIRREN/ JACK NICHOLSON
EVA de Joseph Losey com Jeanne Moreau, Laurence Harvey e Virna Lisi Se eu gostasse tanto de Moreau como Losey parece gostar, o filme seria melhor. A trilha sonora de Michel Legrand é fascinante e a fotografia de Gianni di Venanzo faz deste um dos mais elegantes filmes já feitos. Fala de uma relação completamente vazia entre um homem poderoso, confiante e uma mulher sem alma. Ele sucumbirá. Filme bom de se olhar, mas tão árido quanto seu tema. Losey fugiu do MacCarthismo e se deu bem na Europa. Tem vários filmes maravilhosos, este não é um deles. Nota 5.//////// RUMO A FELICIDADE de Ingmar Bergman com Maj-Britt Nilsson, Stig Olin e Victor Sjostrom Bergman é uma alegria em minha vida. Toda a dor que ele mostra em seus filmes ( e que deprime alguns ) me dá força, paz e confiança. Porque? Pela magnifica beleza que existe em seu mundo. Cada close, cada tomada, todo ator em cena, a escolha das músicas, tudo é digno, claro, hipnótico, belo sem ser tolo ou piegas. Este é seu último filme antes da entrada em sua fase genial, fase de inigualável sequencia de obras-primas ( entre 1951/1982 ). Este fala de jovem casal que não consegue ser feliz. O egoismo dele tudo aniquila. Um filme simples, um ensaio para coisas maiores. Nota 6. ////////HAMLET de Laurence Olivier com Olivier e Jean Simmons Não preciso falar da excelencia dos atores. Este foi o primeiro filme ingles a ganhar o Oscar de melhor filme ( em ano muito forte, basta dizer que venceu Sierra Madre ). Já foi meu filme favorito, o que confirma a tese de Paul Valery de que crescemos todo o tempo com a prática da apreciação artistica. O filme é ainda maravilhoso, mas com esse texto e esses atores que filme não seria? Shakespeare tem alguns bons filmes no cinema, mas o melhor não é este ( é RAN de Kurosawa, baseado em Rei Lear ). O cenário é feito de escadas em espiral, fumaça e escuridão, e Simmons é a Ofelia mais bela possível, mas a direção de Olivier se perde as vezes num excesso de freudianismo ( sim, este é Hamlet sob a ótica de Édipo ). De qualquer modo é um espetáculo nobre e que deve ser sempre visto e revisto ( é minha sexta apreciada ). Hoje um filme tão elevado ganharia o prêmio? Nota 9.//////////// O AGENTE SECRETO de Alfred Hitchcock com John Gielgud e Madeleine Carrol Hitch na Inglaterra fez filmes melhores que nos EUA? Ele próprio pensava que não, mas fica bem para um certo tipo de esnobe dizer que sim. Tolice! Embora na Inglaterra ele tenha feito algumas obras-primas, é nos EUA que ele atinge o cume dos cumes. Este é um suspense médio que serve para mostrar Gielgud, o melhor ator ingles de teatro ( é dele o maior dos Hamlets ), e que jamais deu certo nas telas. Nota 6. ////////////SABOTAGEM de Hitchcock com Silvya Sidney e Oskar Homolka Um belo Hitch da fase inglesa. Cheio de ação e com um clima opressivo, sórdido, cruel até. Lemos em entrevistas que ele não gostava do filme, mas é incompreensível: é uma obra invulgar. Destaque para a cena no ônibus e a da sala de cinema, Hitchcock já sendo um mestre absoluto. Nota 7. ////////////////A ÚLTIMA ESTAÇÃO de Michael Hoffman com Helen Mirren, Christopher Plummer e Paul Giamatti Só agora é lançado este filme que assisti um ano atrás!!!! Escrevi sobre ele na época e o registro novamente. Se voce quer saber algo sobre o gênio Tolstoi nada vai saber vendo o filme. Mas se voce quer ver dois atores dando aulas de magia e carisma, aqui está. Helen Mirren é a melhor atriz viva, Plummer não desaparece ao seu lado. O filme é bastante melancólico ( existe algum filme "artisitico" feito hoje que não o seja? ), e está longe de ser do tamanho que o tema merecia. Mas é bem superior a 99% daquilo que voce pode ver agora. Nota 6. /////////////////VIOLÊNCIA E PAIXÃO de Luchino Visconti com Burt Lancaster e Helmut Berger Citando Valery outra vez, se voce tem já alguma intimidade com grandes filmes corra ao Cinesesc e se dê o privilégio de ver esta obra-prima. Se voce ainda está naquela ração de lançamentos da semana, fuja. Visconti é o contrário de tudo o que se faz em cinema agora ( quase tudo ), ele é titânico. Seu tema nunca é modesto, tudo é sempre grande, vasto, operistico. Este adorável filme me toca profundamente por falar de meu tema favorito: decadencia. Vemos a vulgarização do mundo de um esteta, o assassinato da aristocracia de gostos e de gestos. O filme exibe a vitória da vulgaridade, do espalhafato, da grosseria. Quando os novos inquilinos chegam, vemos a barbárie rica e pretensamente chic tomar o poder. Impotente, só resta ao aristocrata assistir estoicamente o fim de seu mundo. Lancaster brilha intensamente. Cada olhar que ele nos dá é um testamento de nobre pensamento. O filme é inesquecível. Nota DEZ!!!!!!!!!! O MÁGICO de Sylvain Chomet Que decepção!!!! Este desenho homenagem a Jacques Tati ( parece que ele deixou um esboço de roteiro que foi aqui usado ) é tudo o que Tati nunca foi: chato. Os traços são maravilhosos, as ruas de Londres e de Edimburgo estão belas como em sonho, mas o desenho é de uma melancolia que parece forçada, poética demais. Há que se comentar um fato: por que os desenhos feitos a mão parecem mais humanos? Sem saudosismo, os digitais são mais perfeitos, mas um desenho como este sempre tem mais "autoria", mais calor. Mas o roteiro, sobre um mágico modesto, é enfadonho! Nota 4.////////////////// HEAD de Bob Rafelson com Monkees, Jack Nicholson, Frank Zappa e Victor Mature Jack Nicholson e Rafelson, amigos até hoje, se encheram de ácido e escreveram o roteiro desta viagem psicodélica. Entregaram tudo aos Monkees, que após o fim de seu seriado de sucesso na NBC, se despediam da fama com este fracasso. O filme é um caleidoscópico dia na vida da banda. Mas é dificil resumir a história ( que história? ). A trilha é fascinante e o filme, que hoje é hiper-cult, acaba sendo uma diversão bastante instigante. Para se ter uma idéia do filme, há uma cena com Zappa puxando uma vaca e outra com os Monkees presos num secador de cabelos. Foram meus primeiros ídolos, eu os amava apaixonadamente aos 7, 8 anos de idade. Ainda sinto algo quando os vejo. Nota 6.
WOODY/ COPPOLLA/ VISCONTI/ YIMOU/ DE SICA/ HAWKS
VOCE VAI CONHECER O HOMEM DOS SEUS SONHOS de Woody Allen com Brolin, Banderas, Watts, Hopkins e Jones
Um dos mais amargos filmes de Woody. O filme serve como um lembrete das diferenças do Allen de 1976 e do Woody de 2010. Antes seus filmes eram centrados em politica, pretensões intelectuais e um saudável hedonismo. Hoje ele fala básicamente de dinheiro, poder e ambição. É como se Woody Allen não se sentisse mais a vontade neste mundo, seus filmes parecem tortos, desconfortáveis e pior, eles têm personagens chatos. Essa chatice é sintoma do não-afeto que Allen sente por eles ( neste filme a única excessão é a divorciada "crente". ) Quando vemos qualquer filme dele pré 1998, há um transbordamento de simpatia por seus personagens, ele ama cada um deles. Vendo este filme tenho a impressão de que Allen os abomina. O filme, mais um fiasco, é completamente desinteressante. Nota 3.
O ESTRANGEIRO de Luchino Visconti com Marcello Mastroianni e Anna Karina
Existem livros que são pegos pelo diretor errado. O Estrangeiro de Camus é um livro soberbo e Visconti é um dos mais cultos e talentosos diretores da história. Mas o estilo dos dois não combina. Camus pede um diretor muito mais seco, distante, frio; Visconti é sensível, exagerado, politico. O filme acaba não sendo nem Camus e nem Visconti. Marcello faz o que pode, mas todo o projeto nasceu errado. Nota 4.
UMBERTO D de Vittorio de Sica
Eis o mais triste filme já feito. Acompanhamos o cotidiano de um velho solitário e pobre. O filme é de uma realidade que beira o insuportável. De Sica inclusive nos mostra um velho nada simpático. Nenhuma cena é feita para chorar, nada é bonitinho ou meloso, o velho, sem casa e sem nenhuma esperança tenta se matar, e nesse momento, em que ele desiste do suicidio ao olhar para seu cão ( que nunca é um cão à Disney ), o filme chega a seu limite: nenhum filme me fez sentir tão triste. Ele é de uma tristeza não-poética, é uma melancolia desagradável, de rua quente, de fome e de solidão absoluta. Vittorio de Sica era além de um gênio, um anjo. O nascimento de um diretor como ele hoje ( e bem que os iranianos tentam ) é impossível. Ele crê no homem, ele ama o homem, ele conhece o que é a vida. Nota DEZ.
HATARI! de Howard Hawks com John Wayne e Elsa Martinelli
Um bando de homens recebe, na Africa, a visita de fotógrafa italiana. E é isso: Hawks filma esses homens bebendo, tomando café, caçando animais para zoos e paquerando a garota. Nada de importante acontece. É o misterioso estilo de Hawks, voce fica vendo o nada e se sentindo bem, como se voce fosse um convidado daqueles caras. Quando o filme termina não há nada para se dizer, mas voce se sente um deles. Hawks era ainda mais despretensioso que Ford, seus filmes parecem fáceis de fazer, parecem uma brincadeira. Ninguém nunca brincou tão bem. Não é a toa que todos os diretores o adoram, quem se interessa pela feitura de um filme sabe como é trabalhoso ser tão fácil. Nota DEZ.
O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS de Zhang Yimou
O diretor se empolgou após o excelente Herói e cometeu este filme frouxo. Trata-se de uma aventura que deveria ser empolgante e comovente, ela é fria e muito mal desenvolvida. O romance não nos importa e as lutas se parecem com ensaios. Pior, notamos que os atores não sabem nada de artes marciais. Uma desilusão. Nota 2.
TETRO de Coppolla com Vincent Gallo
Vendo este filme percebemos o quanto o preto e branco nos dá. A foto em P/B é mais densa, o filme se torna irreal e ao mesmo tempo muito mais urgente. Além do que, é chic! Coppolla não perdeu sua genialidade para enquadrar e criar clima, mas, infelizmente, o roteiro ( dele ) é apenas uma muito longa sessão de auto-expiação. Ele vomita dores, mas o que nos interessa aquilo? Tetro não é um personagem interessante, ele nada tem de brilhante, de original, de cativante. É como ser obrigado a assistir um filme bonito sobre um Fiat 174 qualquer. Todos dizem que Tetro é isso, Tetro é aquilo, mas o que vemos é um chato cheio de auto-piedade. De maravilhoso as cenas de filmes de Michael Powell ( nada hoje é mais in que amar Powell. Com justiça, o homem foi um dos maiores. ) Se servir para alguém sentir desejo de assistir um filme de Michael Powell já valeu. Nota 3.
Um dos mais amargos filmes de Woody. O filme serve como um lembrete das diferenças do Allen de 1976 e do Woody de 2010. Antes seus filmes eram centrados em politica, pretensões intelectuais e um saudável hedonismo. Hoje ele fala básicamente de dinheiro, poder e ambição. É como se Woody Allen não se sentisse mais a vontade neste mundo, seus filmes parecem tortos, desconfortáveis e pior, eles têm personagens chatos. Essa chatice é sintoma do não-afeto que Allen sente por eles ( neste filme a única excessão é a divorciada "crente". ) Quando vemos qualquer filme dele pré 1998, há um transbordamento de simpatia por seus personagens, ele ama cada um deles. Vendo este filme tenho a impressão de que Allen os abomina. O filme, mais um fiasco, é completamente desinteressante. Nota 3.
O ESTRANGEIRO de Luchino Visconti com Marcello Mastroianni e Anna Karina
Existem livros que são pegos pelo diretor errado. O Estrangeiro de Camus é um livro soberbo e Visconti é um dos mais cultos e talentosos diretores da história. Mas o estilo dos dois não combina. Camus pede um diretor muito mais seco, distante, frio; Visconti é sensível, exagerado, politico. O filme acaba não sendo nem Camus e nem Visconti. Marcello faz o que pode, mas todo o projeto nasceu errado. Nota 4.
UMBERTO D de Vittorio de Sica
Eis o mais triste filme já feito. Acompanhamos o cotidiano de um velho solitário e pobre. O filme é de uma realidade que beira o insuportável. De Sica inclusive nos mostra um velho nada simpático. Nenhuma cena é feita para chorar, nada é bonitinho ou meloso, o velho, sem casa e sem nenhuma esperança tenta se matar, e nesse momento, em que ele desiste do suicidio ao olhar para seu cão ( que nunca é um cão à Disney ), o filme chega a seu limite: nenhum filme me fez sentir tão triste. Ele é de uma tristeza não-poética, é uma melancolia desagradável, de rua quente, de fome e de solidão absoluta. Vittorio de Sica era além de um gênio, um anjo. O nascimento de um diretor como ele hoje ( e bem que os iranianos tentam ) é impossível. Ele crê no homem, ele ama o homem, ele conhece o que é a vida. Nota DEZ.
HATARI! de Howard Hawks com John Wayne e Elsa Martinelli
Um bando de homens recebe, na Africa, a visita de fotógrafa italiana. E é isso: Hawks filma esses homens bebendo, tomando café, caçando animais para zoos e paquerando a garota. Nada de importante acontece. É o misterioso estilo de Hawks, voce fica vendo o nada e se sentindo bem, como se voce fosse um convidado daqueles caras. Quando o filme termina não há nada para se dizer, mas voce se sente um deles. Hawks era ainda mais despretensioso que Ford, seus filmes parecem fáceis de fazer, parecem uma brincadeira. Ninguém nunca brincou tão bem. Não é a toa que todos os diretores o adoram, quem se interessa pela feitura de um filme sabe como é trabalhoso ser tão fácil. Nota DEZ.
O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS de Zhang Yimou
O diretor se empolgou após o excelente Herói e cometeu este filme frouxo. Trata-se de uma aventura que deveria ser empolgante e comovente, ela é fria e muito mal desenvolvida. O romance não nos importa e as lutas se parecem com ensaios. Pior, notamos que os atores não sabem nada de artes marciais. Uma desilusão. Nota 2.
TETRO de Coppolla com Vincent Gallo
Vendo este filme percebemos o quanto o preto e branco nos dá. A foto em P/B é mais densa, o filme se torna irreal e ao mesmo tempo muito mais urgente. Além do que, é chic! Coppolla não perdeu sua genialidade para enquadrar e criar clima, mas, infelizmente, o roteiro ( dele ) é apenas uma muito longa sessão de auto-expiação. Ele vomita dores, mas o que nos interessa aquilo? Tetro não é um personagem interessante, ele nada tem de brilhante, de original, de cativante. É como ser obrigado a assistir um filme bonito sobre um Fiat 174 qualquer. Todos dizem que Tetro é isso, Tetro é aquilo, mas o que vemos é um chato cheio de auto-piedade. De maravilhoso as cenas de filmes de Michael Powell ( nada hoje é mais in que amar Powell. Com justiça, o homem foi um dos maiores. ) Se servir para alguém sentir desejo de assistir um filme de Michael Powell já valeu. Nota 3.
VIGO/MEL BROOKS/BECKETT FAVORITO DO REI
L'ATALANTE de jean vigo com dita parlo, jean dasté, michel simon e louis lefebvre
todo grande filme é mais que cinema ( mas nunca deixa de ser cinemático ). desse modo visconti ou david lean são também história; fellini e ophuls são pintura; bergman e kurosawa são filosofia e aqui temos vigo- que é poesia. o filme é o mais livre do cinema. o mais poético. possívelmente seja o grande filme da história. nota dez.
JAMAICA INN de alfred hitchcock com maureen o'hara e charles laughton
o mestre fez este filme às pressas. havia assinado com selznick e estava com malas prontas rumo à américa. dá pra notar sua falta de interesse. nota 4.
THE PARADINE CASE de alfred hitchcock com gregory peck, alida valli e louis jourdan
aqui, sete anos depois, o mestre se vê diante de uma briga com selznick. o filme sofre com a interferencia do produtor no roteiro e na própria filmagem. nota 2.
PS- CHAMO HITCHCOCK DE MESTRE PORQUE NÃO EXISTE DIRETOR MAIS PRECISO, MAIS PERFEITO E COM TÃO GRANDE QUANTIDADE DE FILMES DE GÊNIO.
LA TERRA TREMA de luchino visconti com pescadores reais da sicilia.
o chavão comunista está ultrapassado. mas sobrevivem as belas imagens de um mundo passado. nota 6.
ALTA ANSIEDADE de mel brooks com mel brooks, madeline kahn.
o início já avisa : o filme é uma homenagem ao mestre alfred hitchcock ( mais uma ). o que vemos são citações de vários filmes do gênio. tudo encaixado habilmente na história de um psiquiatra que assume a direção de um hospital de pessoas muito nervosas. vertigo e intriga internacional são os mais citados, e é pena não terem achado onde encaixar janela indiscreta. a cena que cita psicose é uma das mais hilariantes e bem filmadas que já tive o prazer de assistir. nota 7.
SILENT MOVIE de mel brooks com o prórpio, marty feldman e vários atores famosos.
no auge do sucesso, de ego muito inflado, mel dá seu famoso tiro no pé : resolve fazer um filme totalmente mudo ! e infelizmente erra. o filme não funciona, e talvez seu motivo principal seja o desacerto da trilha sonora. mesmo assim, passamos todo o filme torcendo por mel, querendo ver se ele consegue renovar o filme silencioso. não consegue. o filme fracassou em seu lançamento mesmo tendo burt reynolds, paul newman e liza minelli em seu elenco ( a participação de burt é muito engraçada ). nota 5.
BECKETT de peter glenville e jean anouilh e hal wallis com peter o'toole, richard burton e john gielgud.
primeiro beckett foi peça de grande sucesso com olivier e anthony quinn. o diretor da peça, glenville, resolveu dirigí-la no cinema. dirigiu sem esforço nenhum- simplesmente ligou a camera e deixou que os atores entonassem o maravilhoso texto de anouilh.
o texto : trata da amizade do muito hedonista rei henrique II e do muito misterioso thomas beckett. os diálogos enfeitiçam qualquer pessoa com um minimo de bom senso/ bom gosto/ sensibilidade. eles voam, dizem tudo objetivamente e têm uma estranha poesia.
a produção : geofrey unsworth cuidou da fotografia, mas é a trilha sonora de laurence rosenthal que impressiona. que coisa maravilhosa ! uma mistura de canto gregoriano e música sinfônica irresistível. uma trilha absolutamente perfeita.
a duração : adiei sua apreciação. o filme tem 3 horas e eu sentia preguiça.--´pois bem- o filme alça vôo. são horas que passam com rapidez e que surpresa- após as 3 horas voce deseja mais !
os atores : richard burton diz suas falas com sua voz costumeira- perfeita. mas o papel de beckett não lhe oferece a dor descontrolada, que é onde ele brilha mais. burton se contém.
mas peter... Deus do céu... que gratidão eu sinto com o que esse ator nos dá ! Que desempenho fascinante!!! vemos em nossa frente um rei- feliz, fanfarrão, mulherengo- ir, pouco à pouco se consumindo em dor. ele ama seu amigo beckett, e é traído por esse amigo. a cena em que o rei percebe a traição é de uma genialidade sublime : vemos o rosto de peter criar nuvens de escuridão, os olhos se apagam em dor e a voz reflete uma imensa agonia. se isso não for pura genialidade, não existe ator genial.
peter teve o enorme azar de concorrer nesse excepcional ano com rex harrison fazendo higgins em my fair lady e perdeu seu oscar certo. qual dos dois é melhor ? quem sabe ? eu premiaria ambos.
beckett é um tipo de filme que deixou de existir : o filme culto ( não de arte, culto. o que é outra coisa. ) um filme que necessita ter um público de bom gosto, adulto, sério, refinado.
fazem 40 anos que alardeiam o fim do western e do musical. bem... os dois continuam por aí. mas este tipo de cinema acabou. com o fim do público adulto, e a queda na qualidade de ensino, ninguém mais tem a sensibilidade de apreciar um filme que pede atenção, conhecimento, detalhismo e alguma erudição. feito hoje, encheriam o filme de batalhas, feitiços e talvez até algum monstrengo medieval.
minha alegria é saber que este filme sobreviverá.
se voce tem alguma curiosidade intelectual, se voce consegue usar mais de dois neuronios, se voce compreende aquilo que escuta... corra e assista este filme.
e aplauda o sublime peter o'toole.
todo grande filme é mais que cinema ( mas nunca deixa de ser cinemático ). desse modo visconti ou david lean são também história; fellini e ophuls são pintura; bergman e kurosawa são filosofia e aqui temos vigo- que é poesia. o filme é o mais livre do cinema. o mais poético. possívelmente seja o grande filme da história. nota dez.
JAMAICA INN de alfred hitchcock com maureen o'hara e charles laughton
o mestre fez este filme às pressas. havia assinado com selznick e estava com malas prontas rumo à américa. dá pra notar sua falta de interesse. nota 4.
THE PARADINE CASE de alfred hitchcock com gregory peck, alida valli e louis jourdan
aqui, sete anos depois, o mestre se vê diante de uma briga com selznick. o filme sofre com a interferencia do produtor no roteiro e na própria filmagem. nota 2.
PS- CHAMO HITCHCOCK DE MESTRE PORQUE NÃO EXISTE DIRETOR MAIS PRECISO, MAIS PERFEITO E COM TÃO GRANDE QUANTIDADE DE FILMES DE GÊNIO.
LA TERRA TREMA de luchino visconti com pescadores reais da sicilia.
o chavão comunista está ultrapassado. mas sobrevivem as belas imagens de um mundo passado. nota 6.
ALTA ANSIEDADE de mel brooks com mel brooks, madeline kahn.
o início já avisa : o filme é uma homenagem ao mestre alfred hitchcock ( mais uma ). o que vemos são citações de vários filmes do gênio. tudo encaixado habilmente na história de um psiquiatra que assume a direção de um hospital de pessoas muito nervosas. vertigo e intriga internacional são os mais citados, e é pena não terem achado onde encaixar janela indiscreta. a cena que cita psicose é uma das mais hilariantes e bem filmadas que já tive o prazer de assistir. nota 7.
SILENT MOVIE de mel brooks com o prórpio, marty feldman e vários atores famosos.
no auge do sucesso, de ego muito inflado, mel dá seu famoso tiro no pé : resolve fazer um filme totalmente mudo ! e infelizmente erra. o filme não funciona, e talvez seu motivo principal seja o desacerto da trilha sonora. mesmo assim, passamos todo o filme torcendo por mel, querendo ver se ele consegue renovar o filme silencioso. não consegue. o filme fracassou em seu lançamento mesmo tendo burt reynolds, paul newman e liza minelli em seu elenco ( a participação de burt é muito engraçada ). nota 5.
BECKETT de peter glenville e jean anouilh e hal wallis com peter o'toole, richard burton e john gielgud.
primeiro beckett foi peça de grande sucesso com olivier e anthony quinn. o diretor da peça, glenville, resolveu dirigí-la no cinema. dirigiu sem esforço nenhum- simplesmente ligou a camera e deixou que os atores entonassem o maravilhoso texto de anouilh.
o texto : trata da amizade do muito hedonista rei henrique II e do muito misterioso thomas beckett. os diálogos enfeitiçam qualquer pessoa com um minimo de bom senso/ bom gosto/ sensibilidade. eles voam, dizem tudo objetivamente e têm uma estranha poesia.
a produção : geofrey unsworth cuidou da fotografia, mas é a trilha sonora de laurence rosenthal que impressiona. que coisa maravilhosa ! uma mistura de canto gregoriano e música sinfônica irresistível. uma trilha absolutamente perfeita.
a duração : adiei sua apreciação. o filme tem 3 horas e eu sentia preguiça.--´pois bem- o filme alça vôo. são horas que passam com rapidez e que surpresa- após as 3 horas voce deseja mais !
os atores : richard burton diz suas falas com sua voz costumeira- perfeita. mas o papel de beckett não lhe oferece a dor descontrolada, que é onde ele brilha mais. burton se contém.
mas peter... Deus do céu... que gratidão eu sinto com o que esse ator nos dá ! Que desempenho fascinante!!! vemos em nossa frente um rei- feliz, fanfarrão, mulherengo- ir, pouco à pouco se consumindo em dor. ele ama seu amigo beckett, e é traído por esse amigo. a cena em que o rei percebe a traição é de uma genialidade sublime : vemos o rosto de peter criar nuvens de escuridão, os olhos se apagam em dor e a voz reflete uma imensa agonia. se isso não for pura genialidade, não existe ator genial.
peter teve o enorme azar de concorrer nesse excepcional ano com rex harrison fazendo higgins em my fair lady e perdeu seu oscar certo. qual dos dois é melhor ? quem sabe ? eu premiaria ambos.
beckett é um tipo de filme que deixou de existir : o filme culto ( não de arte, culto. o que é outra coisa. ) um filme que necessita ter um público de bom gosto, adulto, sério, refinado.
fazem 40 anos que alardeiam o fim do western e do musical. bem... os dois continuam por aí. mas este tipo de cinema acabou. com o fim do público adulto, e a queda na qualidade de ensino, ninguém mais tem a sensibilidade de apreciar um filme que pede atenção, conhecimento, detalhismo e alguma erudição. feito hoje, encheriam o filme de batalhas, feitiços e talvez até algum monstrengo medieval.
minha alegria é saber que este filme sobreviverá.
se voce tem alguma curiosidade intelectual, se voce consegue usar mais de dois neuronios, se voce compreende aquilo que escuta... corra e assista este filme.
e aplauda o sublime peter o'toole.
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