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O TESTAMENTO DO TROVADOR - JAMES COWAN ( CÁTAROS )
O livro deveria ser maravilhoso, mas não é. O tema é um dos mais fascinantes, um inglês vai à Aquitânia, França, em 1998, para tomar posse de um velho pergaminho. Esse pergaminho tem o texto final de um poeta càtaro do século XII. Andando pela região francesa, o inglês vai desvendando a vida do poeta antigo e de sua Musa. --------------- Eis os ingredientes para um romance que me seduziria completamente. O tema, o gnosticismo da época, a dualidade entre carne e alma, o amor cortesão como modo de encontrar o Divino, me encanta faz décadas. Mas o livro não alça voo. Por que? Falta um personagem mais sedutor, falta vida, falta detalhe, falta arte. ----------------- Pesquiso e descubro que James Cowan, o autor do livro, viveu na Libia, no Egito, na Espanha, entre os aborígenes da Australia e na Argentina. Morto já neste século, Cowan, australiano, fez sucesso em seu país e em nações de língua inglesa. Irriquieto, suas histórias se passam em lugares que representam encruzilhadas. Um Bruce Chatwin menos complexo. Não me emocionou. PORÉM....tive uma epifania no meio da leitura e falo dela em post acima.
MERLIN E O MUNDO DIVIDIDO
Foi nos primeiros anos do século XIX que os irmãos Schlegel lançaram sua versão da vida de Merlin, o mago. Para isso eles seguiram a versão medieval de Boron, mas tomaram certas liberdades do romantismo alemão. Leio essa obra, mais uma vez, e percebo que toda a narrativa está imersa na filosofia dos gnósticos. ---------------- Merlin nasce de uma virgem devota de Deus, e da intervenção Diabo, que cruza com a virgem enquanto ela dorme. Satã imaginou poder assim desafiar a Deus, mas seu plano dá apenas 50% certo. Merlin terá o poder do Demônio e de Deus em si mesmo. Sua mãe, após ser constatado permanecer virgem mesmo após o parto, irá para um convento e Merlin, que aos 4 anos já fala como adulto e tem o poder de um gênio, irá usar o dom de ver o futuro para assim se tornar poderoso. Ao final de sua vida, Merlin será vencido pelo Mal. ---------------- Está aí, exposta nessa popularíssima saga, o poder duplo que um homem pode alcançar. O espiritual e o racional através de Deus, e o poder temporal e corporal via forças do Mal. Merlin usa os dois sem nenhum pudor. ---------------- Recebo um texto gnóstico onde se fala que a Cobra simboliza, na história de Adão e Eva, o poder da razão. Ao se deixar tocar pela cobra, Eva abre os olhos da razão e se distingue dos animais. Nesse momento ela entende ser outra que não um bicho. Ela adquire a consciência do tempo e portanto da morte. A maldição que se abate sobre ela é a tristeza da finitude. --------------- Como se dá esse contato? Como a Cobra despertou Eva? Várias versões são ditas, desde o fruto proibido ( um figo ou uma maçã ), até o veneno inoculado por uma mordida. A mais simbólica diz que a serpente penetrou Eva, entrou dentro de seu corpo e se fez parte dela. Assim, Eva seduziria Adão e através do sexo lhe deu a razão de se saber humano, mas também a finitude. ------------------- Não nos esqueçamos que nossa consciência da finitude nasce geralmente na puberdade, com o despertar do sexo. É como se ao adquirir o pleno uso do corpo, seja para gerar uma vida, seja para o gozo, encontrássemos também a certeza do fim. Saímos do mundo puramente espiritual-mágico-criativo e adentramos a realidade deste mundo corpóreo. É uma história maravilhosa, a de Eva, onde ela desperta Adão após ser despertada pela cobra, um falo de certo modo. Saiba que todos nós somos Adão e Eva, mesmo aqueles que lutam para jamais sair do estágio infantil da vida, mas muitos poucos são Merlin. ------------------- Pois Merlin já nasce adulto, portanto um não-criança, com a plena consciência do bem e do mal e tendo a seu alcance tudo que os dois mundos podem nos dar. Ele cura e protege, mas ele também destroi e ambiciona. É sempre dúbio, parece optar pelo mal, mas percebemos então que toda sua vida foi uma trama para construção da Ordem e da Justiça. Traído, nunca os medievais se esquecem que este mundo é do mal, Merlin perde ao fim.
GNOSTICISMO
Já aviso que não sei se creio naquilo que aqui vou escrever. Não há como saber a verdade. Mas acho esse modo de pensar muito sedutor. Ele se encaixa naquilo que o mundo "parece" ser. Platão já falava no mundo como ilusão, sombra, e Pitágoras criou uma teoria inescrutável para tentar entender o que não se pode entender. --------------------- Vou direto ao ponto: Não se obtém sucesso nesta vida sem o uso do Mal. E isso ocorre pelo fato de que este mundo e esta vida, a realidade física, sólida, visível, SER obra da maldade. Isso explica não só a existência da dor e da injustiça, como também o sucesso aparente e material da maldade. Para obter algum poder, para viver o que se pode viver no aqui e agora, é preciso conhecer o Mal e saber usa-lo. ----------------- Creio não ser preciso dar exemplos. Da política à guerra, da arte ao amor, o que observamos é a malícia, a mentira, o vício e a maldade absoluta tomarem o trono sempre. O Bem, quando surge, é facilmente destronado e tende a desaparecer. Estou sendo radical? Não, não estou. E explico melhor: nem toda pessoa com poder é absolutamente RUIM, mas todas sabem usar a maldade quando preciso for. Não é por acaso que toda pessoa BOA acaba se isolando da vida. Ou simplesmente desaparecendo. Olhe ao seu redor e observe. É duro constatar isso. Egoísmo-vaidade-cobiça e medo mandam neste mundo. ------------------- O BEM existe e dura mais que o MAL, mas ele não vence aqui e agora. A bondade vive na alma e nunca na carne. Ela observa o mal prevalecer e tenta, em dor, diminuir esse mal. A imagem medieval do anjo com uma espada, andando em meio às trevas, é o mais sublime resumo desta vida. O Inferno vive aqui, no tempo e no espaço. O Paraíso mora além. É atemporal. ------------------ Não se vence o mal com o bem, pois o mal ri do bem e é imune ao exemplo. A maldade ridiculariza o bem pois vê nele apenas fraqueza e ingenuidade. O mal compreende apenas a linguagem do corpo e sutilezas da alma lhe são invisíveis. Para vencer o Mal é preciso usar aquilo que todos nós temos: a própria Maldade. Por isso não se vence a injustiça com a paz, não se destroi o crime com a passividade, não se elimina o vício com o amor. A vitória, precária, do bem, precária mas precisa, se dá com o uso da força, da coragem, da astúcia, até mesmo com a mentira. Se for preciso uma bomba para vencer o MAL, que se use duas bombas. -------------- Falei que o bem é precário porque ele não pode ser dominante em mundo onde ele é estrangeiro. A maldade convencerá os fracos, seduzirá os cegos e eliminará os não aliados. Se alguns lutam contra o mal é porque nossa alma, feita pelo bem, não se conforma com esta prisão de tempo e carne. Anjos caídos e rancorosos construíram esta vida e este universo. Nossa alma intui isso e se ergue contra a realidade material. Ela sonha, cria, inventa, tenta se salvar. E perde. Sempre. Olha ao redor e vê a morte, a dor, o predador devorando a presa, o mal dominando a verdade. Como viver? Ir ao mosteiro e negar a vida? Ser um eunuco? Ou mergulhar no mal? -------------------- Volto à imagem do anjo com uma espada e se ela for muito distante de nós, pense em certos herois POP do século XX. O segredo é saber usar seu corpo e não ter pudor em ser um dos predadores. Se o corpo sou EU então ele é uma ferramenta para entrar e viver neste mundo e assim poder tomar parte do jogo da vida. A espada-falo, a armadura-carne. Salve sua alma e lute sua luta dentro da vida. Obtenha o poder que há nesta realidade AGORA e não tenha pudor em vencer o mal sendo mais astuto e maldoso que eles mesmos o são. Isso é imoral? Dúbio? Amoral? Sim, é. O mundo existe, voce existe e nunca negue isso. Se voce é seu corpo, satisfaça-o. Não o negue e não fuja da vida. Mate o mal e ao mesmo tempo devore a carne. Transe com a mulher e assuma todo seu desejo de homem ou de mulher. Beba o vinho e ambicione o poder. Mas preserve sua alma em meio a tudo isso. Esse o segredo do heroi. ---------------- Sim, uma vela para Deus e uma para o Diabo. Alma e carne. Assuma a dualidade. E saiba que as duas são inconciliáveis. Pois somos um campo de batalha. Por isso a inevitabilidade da guerra. ------------------- Basta! Se voce quer saber mais, breve outro post sobre isto. E nunca esqueça, talvez eu seja mau.
O PRÍNCIPE DAS TREVAS OU MONSIEUR- LAWRENCE DURRELL
Durrell foi um daqueles ingleses que odiavam a Inglaterra. E fugiam do país em busca de se encontrar. No caso dele, seus lugares eram Egito, Provence, India e Veneza. Amigo de Henry Miller, ele vai mais longe que Miller em seu texto cheio de palavras bem urdidas e gostos amargos. O que Durrell realmente pensava é dificil saber. O que podemos é imaginar o que ele não foi. Conformista.
Este livro teria problemas se escrito hoje. Voce logo saberá porque.
Um homem viaja num trem rumo à Avignon. Lá, ele tentará saber do porque do suicidio de seu amante, Piers. Piers tem uma irmã, Silvie, que está num hospício. Ela também é amante do narrador. Um triângulo feliz, apesar dos pesares. Então vamos na memória do narrador. Ele recorda uma viagem ao Egito. No deserto eles conhecem Akkad, mestre em gnosticismo. Navegam pelo Nilo. O livro dá um salto a Veneza e lá ficamos sabendo que agora quem narra é o verdadeiro autor, um muito solitário veterano cuja esposa o abandonou por uma mulher. Em mais um salto, vamos brevemente a Viena e depois de volta a Provence, onde quem narra é um autor de best-sellers. Bem...acredite-me, Durrell consegue orquestar todos esses pontos de vista sem nunca parecer confuso. Porque ele faz isso? Mero capricho? Não, a mudança de narrador, de estilo, de ponto de vista é o próprio livro, já que seu tema é a ilusão, o real e o irreal, o que somos e o que não somos.
Aprendi em linguistica que na verdade todos os livros ( e filmes ) têm sempre o mesmo tema: vida e morte. Durrell tenta ter uma unidade, ele fala da morte e não da vida. O livro pode ser entendido como a tentativa de se entender o que seja morrer. Não há uma resposta. Ainda bem...mas várias tentativas se fazem, e todas são terríveis. ( Um adendo: eu juro que o livro é alegre ).
Durrell teria problemas hoje por se arriscar a ser chamado de anti-semita. Akkad, o gnóstico, diz que Deus foi destronado e o mundo que conhecemos tem apenas um criador e mestre, o Diabo. Toda a realidade é obra dele e isso é fácil de perceber, pois a vida nada mais é que guerra, fome, dor e morte. E uma grande ilusão, as religiões. E a mais ilusória seria o judaísmo e tudo o que ela trouxe: catolicismo, protestantismo, islamismo, e até mesmo Marx e Freud que nada mais são que filhos da velha Biblia hebraica. Tudo isso sendo um mundo de materialismo, usura, ouro, falo, sede, repressão e dogmas.
Confesso ser dificil ler essa parte. Principalmente quando Akkad diz que ir contra essa obra do mal é não obedecer a vida. Não ter filhos, não lutar por nada, e morrer com alegria e de forma consciente. Perceber a ilusão que há nessa vida criada pelo mal e só pelo mal. Weeelllll..... Depois o livro dá seu golpe de classe. Ele próprio vai contra tudo o que falou. O novo narrador não pode crer nessa, segundo ele, "besteirada", ( mas deixa uma dúvida no ar ) e foge dessas questões. O que ele expõe é o massacre ocorrido no dia 13 de novembro de 1345, em que 5000 gnósticos da Europa foram presos, julgados e queimados, por ordem de Filipe, o Belo. Porque?
Apesar de tema tão dificil ( todas as cerimônias são cheias de drogas alucinógenas ), o livro é solar. Durrell descreve o mundo, nosso, condenado a destruição e dominado pelo mal absoluto, e ao mesmo tempo dá descrições soberbas da Lua, do Sol, dos animais e das estradas. O texto é belo, vitalista, há prazer em ler. Esse seu grande mérito, ele fala de coisas terríveis, mas jamais se faz um peso.
Após a leitura ficamos confusos. Qual a verdade? Quem nos controla? Deus, Jesus, os Santos...ilusões do mal? Ou Jesus seria alguém que tentou lutar contra as trevas ( sabendo serem elas invencíveis, e portanto sendo um gnóstico ao escolher sua morte ). Não há solução e nunca haverá. O que fica é a sensação do ridiculo da presunção científica ( respondem sem responder nada ) e um gosto de Matrix na boca, azedo.
Este livro teria problemas se escrito hoje. Voce logo saberá porque.
Um homem viaja num trem rumo à Avignon. Lá, ele tentará saber do porque do suicidio de seu amante, Piers. Piers tem uma irmã, Silvie, que está num hospício. Ela também é amante do narrador. Um triângulo feliz, apesar dos pesares. Então vamos na memória do narrador. Ele recorda uma viagem ao Egito. No deserto eles conhecem Akkad, mestre em gnosticismo. Navegam pelo Nilo. O livro dá um salto a Veneza e lá ficamos sabendo que agora quem narra é o verdadeiro autor, um muito solitário veterano cuja esposa o abandonou por uma mulher. Em mais um salto, vamos brevemente a Viena e depois de volta a Provence, onde quem narra é um autor de best-sellers. Bem...acredite-me, Durrell consegue orquestar todos esses pontos de vista sem nunca parecer confuso. Porque ele faz isso? Mero capricho? Não, a mudança de narrador, de estilo, de ponto de vista é o próprio livro, já que seu tema é a ilusão, o real e o irreal, o que somos e o que não somos.
Aprendi em linguistica que na verdade todos os livros ( e filmes ) têm sempre o mesmo tema: vida e morte. Durrell tenta ter uma unidade, ele fala da morte e não da vida. O livro pode ser entendido como a tentativa de se entender o que seja morrer. Não há uma resposta. Ainda bem...mas várias tentativas se fazem, e todas são terríveis. ( Um adendo: eu juro que o livro é alegre ).
Durrell teria problemas hoje por se arriscar a ser chamado de anti-semita. Akkad, o gnóstico, diz que Deus foi destronado e o mundo que conhecemos tem apenas um criador e mestre, o Diabo. Toda a realidade é obra dele e isso é fácil de perceber, pois a vida nada mais é que guerra, fome, dor e morte. E uma grande ilusão, as religiões. E a mais ilusória seria o judaísmo e tudo o que ela trouxe: catolicismo, protestantismo, islamismo, e até mesmo Marx e Freud que nada mais são que filhos da velha Biblia hebraica. Tudo isso sendo um mundo de materialismo, usura, ouro, falo, sede, repressão e dogmas.
Confesso ser dificil ler essa parte. Principalmente quando Akkad diz que ir contra essa obra do mal é não obedecer a vida. Não ter filhos, não lutar por nada, e morrer com alegria e de forma consciente. Perceber a ilusão que há nessa vida criada pelo mal e só pelo mal. Weeelllll..... Depois o livro dá seu golpe de classe. Ele próprio vai contra tudo o que falou. O novo narrador não pode crer nessa, segundo ele, "besteirada", ( mas deixa uma dúvida no ar ) e foge dessas questões. O que ele expõe é o massacre ocorrido no dia 13 de novembro de 1345, em que 5000 gnósticos da Europa foram presos, julgados e queimados, por ordem de Filipe, o Belo. Porque?
Apesar de tema tão dificil ( todas as cerimônias são cheias de drogas alucinógenas ), o livro é solar. Durrell descreve o mundo, nosso, condenado a destruição e dominado pelo mal absoluto, e ao mesmo tempo dá descrições soberbas da Lua, do Sol, dos animais e das estradas. O texto é belo, vitalista, há prazer em ler. Esse seu grande mérito, ele fala de coisas terríveis, mas jamais se faz um peso.
Após a leitura ficamos confusos. Qual a verdade? Quem nos controla? Deus, Jesus, os Santos...ilusões do mal? Ou Jesus seria alguém que tentou lutar contra as trevas ( sabendo serem elas invencíveis, e portanto sendo um gnóstico ao escolher sua morte ). Não há solução e nunca haverá. O que fica é a sensação do ridiculo da presunção científica ( respondem sem responder nada ) e um gosto de Matrix na boca, azedo.
COSMOS, NOSSO AMOR DESDE SEMPRE
Quanto mais longe a ciência chega, mais ela se vê obrigada a falar e reafirmar sua condição de "não religião". Chega a ser cômica a avidez com que eles correm a enfatizar isso. Fiquem tranquilos, todos sabemos que ciência se baseia na fé em hipóteses que deverão ser confirmadas empiricamente. A religião se baseia na fé em certezas que prescindem de confirmação. Ambas possuem dogmas e é por isso que as duas são repressoras. A religião exige obediência e a ausência de dúvida, a ciência exige o materialismo absoluto. Mas as fissuras se fazem.
Se voce falasse para um físico anterior a Einstein, que poderia existir uma partícula invisível, ele te chamaria de charlatão. Que essa partícula pudesse mudar de massa, de peso e de comportamento, ele te chamaria de louco. E se voce então afirmasse que essa partícula tem certa inteligência e que está fora do tempo e da gravidade, bem, ele diria que voce é um mistico. Mas Einstein, que não era religioso, mas era espiritualista, bagunçou o coreto, e foi tão longe que acabou por negar parte de sua obra por achá-la fantástica demais. E é essa parte que foi confirmada nesta semana.
Leio que há a possibilidade de que exista uma anti-matéria, de que tudo tenha sua cópia em negativo. Leio que essa nova partícula só passa a existir como matéria quando em choque com outras partúculas, que antes ela não é material. Então é o que? Espírito? Um Gasparzinho?
Milhares de anos atrás, um bando de ignorantes, aborígenes ou celtas, intuiu que havia dentro de nós algo vindo do céu. E que esse algo não podia ser visto. Era não sólido e não temporal. Lhe deram o nome de alma. Essa tribo intuiu que a vida começara na luz e que essa luz vinha do sol e que o sol nascera no éter. Eles desconheciam a roda, a escrita e até o fogo. Mas sentiam que era assim.
Séculos depois, após tanta gente genial, após tanta grana, descobrimos que em nós há a mesma matéria das estrelas. Que tudo que existe foi feito da mesma matéria. E que além dessa matéria existe uma não-matéria. Vejo na TV berçários de estrelas, as mais belas imagens já vistas, e penso imediatamente no "Fez-se a Luz", da Bíblia. As estrelas nascendo naquela luz e naquele calor e a fertilização lembrando tanto as estrelas que nascem. Nossa fertilização, os espermatozóides e os óvulos. E agora a hipótese de que temos dentro de nós essa partícula sem massa e sem tempo. Uma partícula de virtualidade pura.
Mas somos obrigados a reafirmar: Isto nada tem a ver com religião. É ciência puramente racional. Quem disse que não é?
A ciência ainda irá confirmar todas as intuições do homem. Porque eu creio firmemente que a mente é um Cosmos, que as estrelas nascem como pensamentos. E que a mente humana, sem cultura, sem ciência, sem história, sem passado, intui seu nascimento, sua morte, sua verdade.
Livre de toda baboseira que nos distrai, ela SABE desde sempre o que é a vida, o que é o Cosmos, o que significa existir. Quanto mais a ciência anda mais os aborigenes se tornam atuais.
Se voce falasse para um físico anterior a Einstein, que poderia existir uma partícula invisível, ele te chamaria de charlatão. Que essa partícula pudesse mudar de massa, de peso e de comportamento, ele te chamaria de louco. E se voce então afirmasse que essa partícula tem certa inteligência e que está fora do tempo e da gravidade, bem, ele diria que voce é um mistico. Mas Einstein, que não era religioso, mas era espiritualista, bagunçou o coreto, e foi tão longe que acabou por negar parte de sua obra por achá-la fantástica demais. E é essa parte que foi confirmada nesta semana.
Leio que há a possibilidade de que exista uma anti-matéria, de que tudo tenha sua cópia em negativo. Leio que essa nova partícula só passa a existir como matéria quando em choque com outras partúculas, que antes ela não é material. Então é o que? Espírito? Um Gasparzinho?
Milhares de anos atrás, um bando de ignorantes, aborígenes ou celtas, intuiu que havia dentro de nós algo vindo do céu. E que esse algo não podia ser visto. Era não sólido e não temporal. Lhe deram o nome de alma. Essa tribo intuiu que a vida começara na luz e que essa luz vinha do sol e que o sol nascera no éter. Eles desconheciam a roda, a escrita e até o fogo. Mas sentiam que era assim.
Séculos depois, após tanta gente genial, após tanta grana, descobrimos que em nós há a mesma matéria das estrelas. Que tudo que existe foi feito da mesma matéria. E que além dessa matéria existe uma não-matéria. Vejo na TV berçários de estrelas, as mais belas imagens já vistas, e penso imediatamente no "Fez-se a Luz", da Bíblia. As estrelas nascendo naquela luz e naquele calor e a fertilização lembrando tanto as estrelas que nascem. Nossa fertilização, os espermatozóides e os óvulos. E agora a hipótese de que temos dentro de nós essa partícula sem massa e sem tempo. Uma partícula de virtualidade pura.
Mas somos obrigados a reafirmar: Isto nada tem a ver com religião. É ciência puramente racional. Quem disse que não é?
A ciência ainda irá confirmar todas as intuições do homem. Porque eu creio firmemente que a mente é um Cosmos, que as estrelas nascem como pensamentos. E que a mente humana, sem cultura, sem ciência, sem história, sem passado, intui seu nascimento, sua morte, sua verdade.
Livre de toda baboseira que nos distrai, ela SABE desde sempre o que é a vida, o que é o Cosmos, o que significa existir. Quanto mais a ciência anda mais os aborigenes se tornam atuais.
EXILIO
"Tudo já foi dito, tudo já foi escrito, tudo já foi feito"- Foi o que Deus ouviu. E ainda não tinha criado o mundo, nem existia coisa alguma. "Também isso eu ouvi", Ele respondeu, do separado velho Nada. E pôs-se a obra.
Uma romena certa vez me cantou uma melodia popular que mais tarde reconheci incontáveis vezes, em várias obras de vários autores dos últimos quatrocentos anos. As coisas não começam, ninguém contesta isso. Ou pelo menos não começam no momento em que foram inventadas. O mundo foi inventado velho desde o começo.
Jorge Luis Borges.
Um mundo feito por um deus que não era deus. Um mundo onde estamos exilados. Essa é a crença profunda de todo artista. O exílio. O deus que cria Adão não é Deus. A criação do homem e deste universo já é uma queda, uma catástrofe. E todas as igrejas são ilusões. Perpetuação do erro. Jesus não ressuscitou. E os anjos existem apenas para nos confundir.
Se eu escrevesse isto em 1600 seria morto. Hoje, parece uma banal verdade. Um simples pessimismo. Mas para colocar as coisas em seus devidos lugares, devo completar o que escrevi.
Exilados na saudade do Deus que foi afastado de nós. Nostálgicos da união. Jesus era um viajante. Ressuscitou "antes" de morrer. São Paulo não nos fala de Jesus, fala de Paulo. A sensação que temos de termos sido enganados. A certeza de que já fomos melhores, maiores, livres. As tentativas de se estabelecer contato com a verdade. Somos eternos mas a morte existe. Renascer antes de morrer. Ninguém renasce após a morte, a coisa se decide agora. Encontrar a voce-mesmo e salvar Deus de seu exilio. Whitman, Rimbaud, Emerson, Huxley, Rilke, Melville, Shelley, Yeats, Lawrence, Borges. Os grandes "buscadores".
Eu não me impressionaria tanto com essas ideias se não as pensasse desde sempre. E sei que muito pensam e não falam. Ou não conseguem as expressar em pensamento coerente. Então fica mais fácil dizer: Bláh!!!
A ideia de Deus exilado é a mais dolorosa que se pode ter. Mas deve-se saber que uma fagulha da criação primeira ( antes da queda-criação ) ficou em nós. E é essa fagulha que nos faz procurar, indagar, estudar, viajar, penetrar na vida. Procuramos até percebermos que aquilo que procuramos sempre foi nosso. Mas não é dado ver a todos.
É por isso que amo os trovadores. E vi em cada amor a chance de transformação. É por isso que sofro da nostalgia dos homens grandes e do mundo grande. É por isso que sempre senti a urgência de salvar alguma coisa em mim e fora de mim.
Nascemos antes.
E se voce não sabe não cabe a mim dizê-lo.
Uma romena certa vez me cantou uma melodia popular que mais tarde reconheci incontáveis vezes, em várias obras de vários autores dos últimos quatrocentos anos. As coisas não começam, ninguém contesta isso. Ou pelo menos não começam no momento em que foram inventadas. O mundo foi inventado velho desde o começo.
Jorge Luis Borges.
Um mundo feito por um deus que não era deus. Um mundo onde estamos exilados. Essa é a crença profunda de todo artista. O exílio. O deus que cria Adão não é Deus. A criação do homem e deste universo já é uma queda, uma catástrofe. E todas as igrejas são ilusões. Perpetuação do erro. Jesus não ressuscitou. E os anjos existem apenas para nos confundir.
Se eu escrevesse isto em 1600 seria morto. Hoje, parece uma banal verdade. Um simples pessimismo. Mas para colocar as coisas em seus devidos lugares, devo completar o que escrevi.
Exilados na saudade do Deus que foi afastado de nós. Nostálgicos da união. Jesus era um viajante. Ressuscitou "antes" de morrer. São Paulo não nos fala de Jesus, fala de Paulo. A sensação que temos de termos sido enganados. A certeza de que já fomos melhores, maiores, livres. As tentativas de se estabelecer contato com a verdade. Somos eternos mas a morte existe. Renascer antes de morrer. Ninguém renasce após a morte, a coisa se decide agora. Encontrar a voce-mesmo e salvar Deus de seu exilio. Whitman, Rimbaud, Emerson, Huxley, Rilke, Melville, Shelley, Yeats, Lawrence, Borges. Os grandes "buscadores".
Eu não me impressionaria tanto com essas ideias se não as pensasse desde sempre. E sei que muito pensam e não falam. Ou não conseguem as expressar em pensamento coerente. Então fica mais fácil dizer: Bláh!!!
A ideia de Deus exilado é a mais dolorosa que se pode ter. Mas deve-se saber que uma fagulha da criação primeira ( antes da queda-criação ) ficou em nós. E é essa fagulha que nos faz procurar, indagar, estudar, viajar, penetrar na vida. Procuramos até percebermos que aquilo que procuramos sempre foi nosso. Mas não é dado ver a todos.
É por isso que amo os trovadores. E vi em cada amor a chance de transformação. É por isso que sofro da nostalgia dos homens grandes e do mundo grande. É por isso que sempre senti a urgência de salvar alguma coisa em mim e fora de mim.
Nascemos antes.
E se voce não sabe não cabe a mim dizê-lo.
A FÉ DOS ATEUS
"O homem está numa armadilha...e a bondade de nada lhe vale na nova ordem. Ninguém mais liga para isso. Bem e mal, pessimismo e otimismo- são uma questão de grupo sanguineo, não de disposição angélica. Quem algum dia se interessava e cuidava de nós, quem se preocupava com nosso destino e o do mundo, foi substituido por outro que se regozija com nossa servidão á matéria e às mais baixas partes de nossa natureza."
Lawrence Durrell.
Durrell foi um escritor terrível. Se voce não o conhece, não pense que se trata de um autor bonzinho. Ao contrário. Ele escrevia livros sobre o seco desespero, sobre sexo, sobre o absoluto vazio. Se quiser o conhecer leia "O Quarteto de Alexandria", saga composta de 4 livros. Foram escritos nos anos 40/50. Nesta nossa época de absoluta covardia, em que nossos escritores se conformaram com suas "questões miúdas", Durrell, como Bernanos e Camus, se dava questões espinhosas. Viajante incansável, ele procurava respostas. E tinha a grande consciência de que procurar essas respostas era a própria resposta.
Valentino foi um cristão herege do século III. Perseguido pela igreja, seus passos foram apagados da história no século VII. O dogma cristão não pode conviver com a tradição que Valentino revivia. Uma tradição que é a alma da religião do mundo de hoje. Mesmo os ateus a seguem sem o saber. Louca contradição, na época da tecnologia, tudo o que fazemos, sem saber, é nos aproximar da mais antiga das religiões do ocidente. O trágico é que por não ter consciência desse movimento, nossa aproximação é pobre. superficial, oca. Mas real, verdadeira e ansiosa. Vejamos.
Valentino falava de uma tradição que vinha de Zarathustra, figura histórica do Irã de cerca de 2000 a/c. O que Valentino disse que fez dele um herege foi que Deus não é anterior ao homem. Temos uma centelha divina que é eterna tanto como Deus. Ele não a criou, existe com ela. Em nós há uma alma que é tola como a carne, e esse "eu interior", eterno e personalisado, habitante do mais profundo centro de nosso ser, fagulha que justifica nossa existência.
Se voce é só um pouquinho esperto já notou onde está o pensamento que faz com que essa seja a fé desta nossa época. Tudo em nosso mundo é a procura dessa fagulha. E essa é uma particularidade que nasce na renascença e atinge seu apogeu agora. O homem olhando para dentro de si-mesmo, se fazendo cada vez mais solitário, entretido nessa busca por sentido, por razão, por luz. Empreendendo viagens de conhecimento, experimentos mentais, análises psiquicas, meditações, tentativas de se encontrar. Gente que não segue uma igreja, um dogma, um programa, mas que intuitivamente tateia a procura de algo dentro de si. É a religião dos intelectuais, dos insatisfeitos, e que existe até mesmo nos ateus. A vontade obssessiva de conhecimento, de um conhecimento que vive dentro e não fora daquele que procura. Nada de novo, esse desejo mistico sempre existiu, sempre foi arduamente combatido por todo dogma, e sempre sobreviveu oculto. Sim, desejo mistico, pois o que se procura é a verdade, o ser voce-mesmo, a paz final, o sentido das coisas e da vida. Em 2012, qual o pensador, seja filósofo, poeta, físico, médico ou vagabundo boêmio, que não ansia por isso? Que não passa a vida tentando chegar ao centro de seu interior e ver o que há nesse centro?
Mas não confunda as coisas. Se para encontrar esse centro voce usa os passos de algum outro caminhante, voce segue um dogma e na verdade não está saindo do lugar. O que Valentino dizia que mais irritou a igreja é que ninguém pode fazer o trajeto por ninguém. Cada um é único, ninguém faz parte de um rebanho ou de uma corrente. Cada descoberta é feita a seu modo, de seu estilo, com sua conduta. Individual. Fé de caráter elitista e individualista, ela tinha de ser perseguida pelas religiões que pregam o comum e o coletivo.
Bobamente então, viajamos ao Perú, a Indonésia ou viajamos em LSD, sem saber qual o sentido dessas viagens. Estudamos poesia, psicologia, religião, sem saber o porque desse estudo. Ficamos abstraídos em pensamentos confusos, sonhamos imagens simbólicas, nos fechamos em doida busca digital, sem saber o porque desses atos, desses sonhos, dessas ansias. E lemos tolices que prometem dar um caminho, vemos filmes que parecem dizer algo ( e nada falam porque temem se perder ), tentamos mergulhar em música, em sexo, em sentimentos "profundos"... tudo isso com um só objetivo: nos encontrar. Há algum outro objetivo na vida dos pensadores no último século e meio? Na arte moderna ou nas vidas dos homens privilegiados que não precisam pensar apenas em sobreviver?
Pois saiba que desde antes do judaísmo já havia esse sentimento. A busca do eu-verdadeiro, do eu que não pode morrer porque jamais foi criado.
Escrevo agora alguns pensamentos de Henry Corbin, o mais renomado estudioso dessa fé ( Sim, não tema a palavra fé. Sem ela voce não consegue nem mesmo atravessar a rua ).
A divisão mental entre abstração e razão tirou toda a possibilidade de se entender a vida. Já fomos capazes de ler tudo o que há na existência. Hoje só podemos ver aquilo a que fomos ensinados a perceber.
Se buscamos a nós-mesmos fora de nós-mesmos, encontramos a catástrofe. Catástrofe erótica, na forma de amores-paixóes fadados a insatisfação; e ideologias, onde tentamos nos ver naquilo que foi criado por outro.
A linguagem poética faz com que conheçamos aquilo que está dentro de nós. Cada grande poeta nos dá a possibilidade de um nascimento interior.
Religião individualista, fé daqueles que passam a vida atrás de conhecimento, crença em eu-interior que não pode deixar de ser, o caráter mais terrível dessa corrente mistica é a certeza de que toda a verdade existe desde sempre dentro daquele que a procura. Dessa forma, padres, guias, lideres, passam a ser supérfluos. Viver a vida que vale a pena é andar só e confiar apenas no seu interior.
Existe religião que seja mais a cara dos dias que agora vivemos?
Lawrence Durrell.
Durrell foi um escritor terrível. Se voce não o conhece, não pense que se trata de um autor bonzinho. Ao contrário. Ele escrevia livros sobre o seco desespero, sobre sexo, sobre o absoluto vazio. Se quiser o conhecer leia "O Quarteto de Alexandria", saga composta de 4 livros. Foram escritos nos anos 40/50. Nesta nossa época de absoluta covardia, em que nossos escritores se conformaram com suas "questões miúdas", Durrell, como Bernanos e Camus, se dava questões espinhosas. Viajante incansável, ele procurava respostas. E tinha a grande consciência de que procurar essas respostas era a própria resposta.
Valentino foi um cristão herege do século III. Perseguido pela igreja, seus passos foram apagados da história no século VII. O dogma cristão não pode conviver com a tradição que Valentino revivia. Uma tradição que é a alma da religião do mundo de hoje. Mesmo os ateus a seguem sem o saber. Louca contradição, na época da tecnologia, tudo o que fazemos, sem saber, é nos aproximar da mais antiga das religiões do ocidente. O trágico é que por não ter consciência desse movimento, nossa aproximação é pobre. superficial, oca. Mas real, verdadeira e ansiosa. Vejamos.
Valentino falava de uma tradição que vinha de Zarathustra, figura histórica do Irã de cerca de 2000 a/c. O que Valentino disse que fez dele um herege foi que Deus não é anterior ao homem. Temos uma centelha divina que é eterna tanto como Deus. Ele não a criou, existe com ela. Em nós há uma alma que é tola como a carne, e esse "eu interior", eterno e personalisado, habitante do mais profundo centro de nosso ser, fagulha que justifica nossa existência.
Se voce é só um pouquinho esperto já notou onde está o pensamento que faz com que essa seja a fé desta nossa época. Tudo em nosso mundo é a procura dessa fagulha. E essa é uma particularidade que nasce na renascença e atinge seu apogeu agora. O homem olhando para dentro de si-mesmo, se fazendo cada vez mais solitário, entretido nessa busca por sentido, por razão, por luz. Empreendendo viagens de conhecimento, experimentos mentais, análises psiquicas, meditações, tentativas de se encontrar. Gente que não segue uma igreja, um dogma, um programa, mas que intuitivamente tateia a procura de algo dentro de si. É a religião dos intelectuais, dos insatisfeitos, e que existe até mesmo nos ateus. A vontade obssessiva de conhecimento, de um conhecimento que vive dentro e não fora daquele que procura. Nada de novo, esse desejo mistico sempre existiu, sempre foi arduamente combatido por todo dogma, e sempre sobreviveu oculto. Sim, desejo mistico, pois o que se procura é a verdade, o ser voce-mesmo, a paz final, o sentido das coisas e da vida. Em 2012, qual o pensador, seja filósofo, poeta, físico, médico ou vagabundo boêmio, que não ansia por isso? Que não passa a vida tentando chegar ao centro de seu interior e ver o que há nesse centro?
Mas não confunda as coisas. Se para encontrar esse centro voce usa os passos de algum outro caminhante, voce segue um dogma e na verdade não está saindo do lugar. O que Valentino dizia que mais irritou a igreja é que ninguém pode fazer o trajeto por ninguém. Cada um é único, ninguém faz parte de um rebanho ou de uma corrente. Cada descoberta é feita a seu modo, de seu estilo, com sua conduta. Individual. Fé de caráter elitista e individualista, ela tinha de ser perseguida pelas religiões que pregam o comum e o coletivo.
Bobamente então, viajamos ao Perú, a Indonésia ou viajamos em LSD, sem saber qual o sentido dessas viagens. Estudamos poesia, psicologia, religião, sem saber o porque desse estudo. Ficamos abstraídos em pensamentos confusos, sonhamos imagens simbólicas, nos fechamos em doida busca digital, sem saber o porque desses atos, desses sonhos, dessas ansias. E lemos tolices que prometem dar um caminho, vemos filmes que parecem dizer algo ( e nada falam porque temem se perder ), tentamos mergulhar em música, em sexo, em sentimentos "profundos"... tudo isso com um só objetivo: nos encontrar. Há algum outro objetivo na vida dos pensadores no último século e meio? Na arte moderna ou nas vidas dos homens privilegiados que não precisam pensar apenas em sobreviver?
Pois saiba que desde antes do judaísmo já havia esse sentimento. A busca do eu-verdadeiro, do eu que não pode morrer porque jamais foi criado.
Escrevo agora alguns pensamentos de Henry Corbin, o mais renomado estudioso dessa fé ( Sim, não tema a palavra fé. Sem ela voce não consegue nem mesmo atravessar a rua ).
A divisão mental entre abstração e razão tirou toda a possibilidade de se entender a vida. Já fomos capazes de ler tudo o que há na existência. Hoje só podemos ver aquilo a que fomos ensinados a perceber.
Se buscamos a nós-mesmos fora de nós-mesmos, encontramos a catástrofe. Catástrofe erótica, na forma de amores-paixóes fadados a insatisfação; e ideologias, onde tentamos nos ver naquilo que foi criado por outro.
A linguagem poética faz com que conheçamos aquilo que está dentro de nós. Cada grande poeta nos dá a possibilidade de um nascimento interior.
Religião individualista, fé daqueles que passam a vida atrás de conhecimento, crença em eu-interior que não pode deixar de ser, o caráter mais terrível dessa corrente mistica é a certeza de que toda a verdade existe desde sempre dentro daquele que a procura. Dessa forma, padres, guias, lideres, passam a ser supérfluos. Viver a vida que vale a pena é andar só e confiar apenas no seu interior.
Existe religião que seja mais a cara dos dias que agora vivemos?
A GNOSE....POESIA, EXISTÊNCIA E TRANSCENDÊNCIA
Voce escravo do tempo. Que segue as horas em seu incessante antes e depois. Seguidor de dogmas e reduzindo tudo a explicações simples e simplórias. Pois voce só se sente confortável onde tudo é causa e efeito antevisto e testado, não é isso, my dear ?
Voce cientificista, que tem fé naquilo que parece sólido e domesticado em leis criadas por mentes sólidas e domesticadas. Não venha depois reclamar da vida cinzenta e cheia de coisas previsiveis. Esse é o mundo criado por vós a sua semelhança e segurança.
Voce ansioso desejante. Conquistando tudo aquilo que é fora de seu eu e portanto sem qualquer valor para voce-mesmo. Não sabe então que coisas exteriores serão sempre exteriores? Nada vindo de fora fará parte de voce-mesmo.
Transcendencia.
Momento fora do tempo e dentro do mais profundo de mim mesmo. Mas não a glorificação do eu vazio ou do eu maravilhoso ou do eu egoista. E também não o eu dogmático em comunhão com Deus.
Momento em que readquiro a doce certeza do primeiro eu no mundo: tudo como meu e eu como tudo. E então cresce em mim o eu. Cresce junto a vida e ligado a vida.
Livros escritos por poetas. Portas de entrada para esse encontro. Êxtases sentidos por outros e dados a conhecer através de palavras. Imaginação que é a realidade mais verdadeira e profunda. Pois é a verdade que independe do tempo e do lugar. É a última verdade do eu-mesmo.
Minha vida é justificada pelo caminho que partiu do centro e se perdeu no vazio. Com pavor tateou no escuro e temeu exatamente tudo aquilo que era um lembrete do que eu sou. Medo de qualquer dúvida, medo da transformação, medo do que vive dentro.
A certeza de que estão certos aqueles que nunca têm certeza.
Transcendencia.
O reencontro de mim com o eu que sempre fui. E a sensação, mágica, sempre mágica, pois não há outro nome, de ver o eu que é sempre. O eu que fora eu antes e será eu depois. A afirmação da inteligência mais inteligente por ser intuitiva. O discurso que é clareza e certeza. Uma religião de solidão e de criatividade, onde cada ser tem seu caminho único. Onde o eu que sou é diferente e igual ao eu que voce é. Igual por termos o mesmo fim, diferente por vivermos caminhos distintos. Sem dogma e sem igreja.
A língua dos poetas e a voz dos sabedores.
Eis o que é o gnosticismo: a certeza de Deus vive dentro do eu mais profundo. Ele em nós e nós nele. Ele é eu.
Mas neste mundo de nenhuma solidão consciente e procurada, de nenhuma criatividade original, onde toda expressão de intuição é criticada como ilusão ou vendida como new- age, onde ouvir essa voz do eu?
Ela está exatamente naquilo que voce mais teme.
Onde voce menos quer ir.
No lugar em que voce pensa poder se perder.
Pois esse voce que teme não é "voce".
É o "voce" que foi imposto a voce.
Onde mora o medo voce verá que mora o seu eu.
Onde voce se perde é onde te espera a verdade.
Onde voce não quer ir é onde seu eu lhe espera.
Falo porque temi e fui.
Falo porque senti e vi.
E esse é meu caminho e talvez não seja o seu.
Mas sua transcendencia passa pelo encontro solitário com a voz que sempre viveu dentro.
Poesia, sonho e estrada vazia podem te ajudar a achar. Ou melhor, a se deixar ser achado.
Eis o grande prazer.
É o que dura.
O que fica.
O que é.
Voce cientificista, que tem fé naquilo que parece sólido e domesticado em leis criadas por mentes sólidas e domesticadas. Não venha depois reclamar da vida cinzenta e cheia de coisas previsiveis. Esse é o mundo criado por vós a sua semelhança e segurança.
Voce ansioso desejante. Conquistando tudo aquilo que é fora de seu eu e portanto sem qualquer valor para voce-mesmo. Não sabe então que coisas exteriores serão sempre exteriores? Nada vindo de fora fará parte de voce-mesmo.
Transcendencia.
Momento fora do tempo e dentro do mais profundo de mim mesmo. Mas não a glorificação do eu vazio ou do eu maravilhoso ou do eu egoista. E também não o eu dogmático em comunhão com Deus.
Momento em que readquiro a doce certeza do primeiro eu no mundo: tudo como meu e eu como tudo. E então cresce em mim o eu. Cresce junto a vida e ligado a vida.
Livros escritos por poetas. Portas de entrada para esse encontro. Êxtases sentidos por outros e dados a conhecer através de palavras. Imaginação que é a realidade mais verdadeira e profunda. Pois é a verdade que independe do tempo e do lugar. É a última verdade do eu-mesmo.
Minha vida é justificada pelo caminho que partiu do centro e se perdeu no vazio. Com pavor tateou no escuro e temeu exatamente tudo aquilo que era um lembrete do que eu sou. Medo de qualquer dúvida, medo da transformação, medo do que vive dentro.
A certeza de que estão certos aqueles que nunca têm certeza.
Transcendencia.
O reencontro de mim com o eu que sempre fui. E a sensação, mágica, sempre mágica, pois não há outro nome, de ver o eu que é sempre. O eu que fora eu antes e será eu depois. A afirmação da inteligência mais inteligente por ser intuitiva. O discurso que é clareza e certeza. Uma religião de solidão e de criatividade, onde cada ser tem seu caminho único. Onde o eu que sou é diferente e igual ao eu que voce é. Igual por termos o mesmo fim, diferente por vivermos caminhos distintos. Sem dogma e sem igreja.
A língua dos poetas e a voz dos sabedores.
Eis o que é o gnosticismo: a certeza de Deus vive dentro do eu mais profundo. Ele em nós e nós nele. Ele é eu.
Mas neste mundo de nenhuma solidão consciente e procurada, de nenhuma criatividade original, onde toda expressão de intuição é criticada como ilusão ou vendida como new- age, onde ouvir essa voz do eu?
Ela está exatamente naquilo que voce mais teme.
Onde voce menos quer ir.
No lugar em que voce pensa poder se perder.
Pois esse voce que teme não é "voce".
É o "voce" que foi imposto a voce.
Onde mora o medo voce verá que mora o seu eu.
Onde voce se perde é onde te espera a verdade.
Onde voce não quer ir é onde seu eu lhe espera.
Falo porque temi e fui.
Falo porque senti e vi.
E esse é meu caminho e talvez não seja o seu.
Mas sua transcendencia passa pelo encontro solitário com a voz que sempre viveu dentro.
Poesia, sonho e estrada vazia podem te ajudar a achar. Ou melhor, a se deixar ser achado.
Eis o grande prazer.
É o que dura.
O que fica.
O que é.
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