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NEW YORK DOLLS, OS ÚNICOS PAIS DO PUNK ROCK

Então voce lê que os MC5 são pais do punk rock. E ao escutar o Kick Out The Jams sente que aquilo é um bando de hippies berrando e fazendo barulho, mas sem nada que lembre o formato do punk rock. Outro crítico diz que os Stooges são os tais pais do punk. Então voce escuta Raw Power e ouve Iggy Pop exibir um tipo de hard rock cheio de heroína. Punk? Não. Depois um outro te fala que o punk rock começou em 1966, com o rock de garagem. Então voce ouve Question Mark, Count Five, Leaves, e sente que aquilo pode até ser new wave, mas punk jamais. Quando um outro escriba anuncia que Patti Smith é punk....bem....voce desiste. E começa a achar que o punk nasceu com os Ramones e os Pistols e fim de papo. ----------------- Pois eu te digo bebê que em 1973 os NEW YORK DOLLS inventaram o punk rock sozinhos. E foi sem querer. Eles tinham adrenalina, tocavam mal, e na verdade queriam ser um Rolling Stones mais explosivos. Sem querer criaram o som do Clash e dos Pistols. O primeiro disco abre com Personality Crisis e essa canção não é punk. Mas a segunda faixa, Looking for a Kiss, já é totalmente punk. Stranglers e Damned na veia. Robert Christgau, o crítico mais duro da época, disse que eles eram a maior banda do mundo em 73. Mas não adiantou. O disco não vendeu nada. Frankenstein é a invenção do rock indie de 1988. Creia, ela está 15 anos adiantada. E agora eu digo: essa banda foi um milagre. Trash é uma canção do Clash!!!! Juro!!!!! Tudo o que o Clash fez está aqui. Eles copiaram descaradamente! Vou postar a faixa pra voce conferir. O LP inteiro não tem uma só faixa que seja menos que sublime. Mas Jet Boy....é mais que sublime. É um clássico absoluto. E punk claro. Esse primeiro disco foi produzido por Todd Rundgren. Mal produzido aliás. Todd era um cara, genial, do Pop e do Prog. Não casou com a turma glitter de David Johansen, Syl Sylvain, Johnny Thunders, Arthur Kane e Jerry Nolan. ----------------- O segundo e último disco é de 1974. Se chama TOO MUCH TOO SOON. Eu o acho ainda melhor. Its Too Late tem acordes que lembram demais Sex Pistols!!!!! A seguinte, Puss and Boots é totalmente Never Mind dos Pistols. Os ingleses realmente copiaram alguns riffs daqui. Então vem Chatterbox, uma faixa que é totalmente 1981, pós punk. É incrível. E agora eu pergunto: por que diabos os DOLLS não têm a fama de Iggy Pop? Talvez por não ter tido um Bowie na vida...muito provável. Então o que posso fazer é dizer que eles são sim uma das maiores bandas da história do rock e os pais únicos do punk e da new wave. Eles tinham a atitude, o ruído, o kaos do punk. -------------------- Em 1975, portanto antes dos Pistols, Malcolm McLaren tentou os emrpresariar. Malcolm queria os politizar. Não deu certo. Na sequência Malcolm inventou os Pistols. Foi assim. Ouça os dois discos.

MALCOLM MCLAREN - PARIS

No começo dos anos 90, ser chique era escutar coisas como Galliano, Incognito, Brand New Heavies, Swing Out Sister e principalmente Soul II Soul. Chamavam de acid jazz ou de new jazz, mas de jazz tinha nada e de acid pouco se sabe. Eu ouvia muito. Era minha praia. Uma doce mistura de soul music tipo Cutis Mayfield com rap e Barry White. Tudo com um banho de teclados moderninhos e baterias digitais. PARIS de Malcolm McLaren é o disco em que o "famoso por ser famoso" tenta se dar bem no estilo ultra plus chic. Se deu mal. O disco não vendeu e a crítica ignorou. ------- São duas horas de som. CD duplo. Duas absurdas, pretensiosas, longas horas. As letras são primárias. Mas servem pra uma coisa: nos lembrar de como todos nós eramos tolos em 1988 ou no caso, 1994. ------------ Mc Laren narra sobre as músicas. Ele conta, em seu modo mais narcisistico, sua vida em relação a Paris. Desde sua meninice, em que ele já sonhava com a cidade, até os anos 90, em que ele anda pelas ruas e se sente feliz. A tolice nasce desse amor bobo. Paris descrita como a cidade dos filósofos, Beauvoir, Grecco, BB, jazz etc etc etc. Chavões. Clichés. O pior dos anos 80: citar nomes como se fossem um tipo de reza. Exalar erudição de bula. McLaren não esquece nem de exaltar a sua roupa preta. So What? ---------- Ele ama Paris porque ele se vê nela. Nos anos 80 todo cara chique era assim. A gente era pretensioso pacas. E tinha a certeza de ser especial. Só porque, como faz McLaren, conhecermos Cocteau e Satie. ------------ Por outro lado: o som é bom. A música é uma soul music interessante e gostosa. Macia e suave. Mas, QUE COISA, a voz de Malcolm incomoda. Para narrar histórias e sentimentos sobre uma base sonora, o cara precisa ter uma voz sugestiva. Ser um Lou Reed, um Leonard Cohen, um Paolo Conte. A voz deve conter autoridade, história e ser instigante. De preferência timbre grave, rouco, potente. Pois bem, a voz de Malcolm parece a de um pato sem vitaminas. É fraca, é juvenil, é boba. Soa como a voz de uma pessoa burra. Isso é imperdoável. ----------------------------- Malcolm McLaren foi um dos primeiros caras a ser famoso por ser famoso. Ele era um empresário atrapalhado, um dono de loja sem função e depois um músico sem música. DUCK ROCK de 1982 foi um grande disco. Ele teve a esperteza de usar RAP e música africana antes de virarem mainstream. Depois não fez mais nada de valor real. ( Não vou falar do modo como ele fodeu os Sex Pistols....voce já sabe disso não é? ). ------------ Dos vários pecados de PARIS, este disco, a pior é botar numa faixa o nome de MILES DAVIS e ouvirmos um trompete que soa como....Clifford Brown. Miles tocando hot e não cool é como Bowie cantando RAP. Nada a ver. Qual a intenção? O solo é o mais anti Miles possível. Há mais, uma faixa chamada Satie que tem um monte de som. E Catherine Deneuve narrando uma coisa qualquer. A versão de Je Taime, do Serge é medíocre. Aliás, eis um cara com voz interessante: Gainsbourg. ------ Mesmo assim o disco é divertido. Dá pra ouvir comendo morangos. Bebendo Pastis. Carregando uma baguete no sovaco. Moral da história: SEMPRE DESCONFIE DE UM INGLÊS QUE DIZ AMAR A FRANÇA.