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FANTASIA....MERYL....CHET....HUSTON.....PORKY'S....GABLE....BARBARA....

   FANTASIA 2000
A versão de 1940 é melhor. Vale lembrar que em 40 era uma ideia muito original, pegar música e construir imagens ou uma história. Clips antes do tempo. Disney sonhava popularizar a música erudita, mas o filme foi um fracasso. Em 2000 fizeram esta nova versão. O espírito de novidade já se fora, mas existem dois segmentos excelentes. A história sobre Rhapsody in Blue de George Gershwin é deliciosa. São cenas de NY nos anos 30. Além do que, a música de Gershwin é uma das 10 melhores coisas que já escutei. Melhor ainda são as imagens de baleias voadoras ( ver para crer ). Sobre a música de Respighi, imagens sensacionais de baleias que voam no mar, no gelo e nos céus. Temos ainda uma bela sequência de Saint-Saens e a reprise do Aprendiz de Feiticeiro, de Dukas. O resto é mais ou menos... Mas vale muito ver!!!! Nos extras um curta dos anos 50 de Ward Kimball. A História da música em sketches bem humorados. Muito bom!
   FLORENCE, QUEM É ESSA MULHER... de Stephen Frears com Meryl Streep, Hugh Grant e Simon Helberg.
Frears tem uma obra longa e no geral sempre interessante. Nos anos 80 ele fez instigantes filmes sobre o preconceito, comédias azedas, e o sucesso Ligações Perigosas. Talvez seu melhor filme seja The Hit. Nos anos 90 ele fez muita TV e se alternou entre filmes Pop e outros esquisitos. Neste século ele tem mergulhado em estranhas histórias reais ( A Rainha tem vários personagens estranhos... ). Incrível mas esta senhora Florence existiu. Uma milionária que amava a música, tinha sífilis, e queria ser cantora. O filme toca numa ferida funda: aqueles que amam a arte mas não possuem talento. Mais que isso: a diferença entre fazer e realizar. Alguns críticos reclamam da mistura de drama e comédia. Maus tempos estes, essa mistura não é um defeito, é um dom! O filme é muito bom! Divertido, me fez chorar, ridículo, bonito. Tem uma atuação contida e brilhante de Grant, um ator subestimado, revela o ótimo Simon Helberg e dá a Meryl mais uma grande atuação. Florence é patética, Meryl não. Adorei este filme!!!!
   BORN TO BE BLUE de Robert Budreau com Ethan Hawke e Carmen Ejogo.
A música é ótima e quando se ouve My Funny Valentine voce se arrepia. Ethan está bem, mas o filme é menos do que deveria ser. Jazz é joy!!!!! Uma boa fala: Chet diz que se droga porque é bom. Eu gostei do filme, mas penso que aqueles que não gostam de jazz irão achar ele banal. Tem boa fotografia.
   PORKY'S de Bob Clark
Enorme sucesso em 1981, é o pai dos filmes teen grosseiros. Fala de um bando de estudantes à procura de sexo, vingança e risos. Dá ainda pra rir, mas o roteiro é um quase nada. O elenco não vingou. O filme se passa em 1954, mas tudo parece com 1981 mesmo.
   MY GAL SAL de Irving Cummings com Victor Mature e Rita Hayworth.
A história de um compositor dos anos 1890. O filme é alegre, leve, divertido e bem bobo. Apenas mais um musical da Fox... Mature, famoso canastrão, não está mal.
   FOLIAS NA PRAIA de William Asher com Avalon e Funicello.
Buster Keaton, já bem velho, tem algumas cenas, boas. É o melhor filme da "turma da praia", e quem tem mais de 40 anos sabe do que falo. Um filme que é uma peça de pura saudade. Mundo de extrema inocência que não sei se um dia existiu. As músicas são OK.
   FUGA PARA A VITÓRIA de John Huston com Michael Caine, Sylvester Stallone e Pelé.
Num campo de prisioneiros, na segunda guerra, um general alemão ( Max Von Sydow ) , desafia um inglês, Caine, a formar um time de futebol e jogar contra os nazistas. O filme é bem pior do que parece. Huston estava bêbado e o que dizer de Stallone...Pelé atua bem melhor que ele! Juro! O roteiro é constrangedor...
   SONHAREI COM VOCÊ de Michael Curtiz com Danny Thomas e Doris Day.
A história do compositor Gus Kahn deu um filme OK da Warner. Doris Day está brilhante como sempre e Danny é o ator mais esquisito da história ( tem a cara do Luciano Huck ). Curtiz, diretor de Casablanca, leva tudo com a precisão de um relógio.
   SEIS DESTINOS de Julien Duvivier com Charles Boyer, Henry Fonda e vasto elenco.
Excelente filme que acompanha a história de um paletó. Primeiro com seu dono muito rico, até terminar numa favela de negros. Duvivier era um grande diretor francês que foi trabalhar nos EUA durante a guerra. Todas as 6 histórias são boas, algumas ótimas, e o clima é de alegria amarga. Há muito do cinema de Clair e de Carné aqui. Belo!!!!
   BABY FACE de Alfred E. Green com Barbara Stanwyck
Feito antes do invento da censura nos EUA ( 1934 ), o filme acompanha uma moça que transa com todos os homens  que encontra para subir na vida. E sobe, como ela sobe!!!! Stanwyck está sexy e esperta, o olhar de uma vulgaridade absoluta. Mas o filme, curto, não é muito mais que isso.
   ALMAS REBELDES de Frank Borzage com Clark Gable e Joan Crawford.
Um filme muito, muito estranho. Joan é uma prostituta num porto tropical. Gable um presidiário. Ele foge da prisão e ela se junta à ele. No caminho se juntam à um tipo de "Cristo", um fugitivo feito por Ian Hunter. O filme se torna então uma alegoria cristã. Gostar deste filme depende muito de seu espírito. Pode parecer ridículo ou sublime.
 

FRANK OZ- MERYL STREEP- HUGH JACKMAN- KIRK DOUGLAS- AL PACINO- PAN

   PAN de Joe Wright com Hugh Jackman, Amanda Seyfried, Rooney Mara...
Para que serve mais um Peter Pan: para nos deixar entediados. Joe Wright comete um enorme fiasco de bilheteria e uma chatice sem fim. O roteiro fala da segunda-guerra. Num orfanato onde vive Peter Pan, piratas raptam crianças...e por aí vai. Parece um desfile de escola de samba, nada faz muito sentido mas é colorido e se sacode sem parar. Difícil imaginar que alguém um dia tenha achado que isso pudesse funcionar! Joe corre o risco de jogar fora sua boa carreira. Jackman está over!
   RICKI AND THE FLASH, DE VOLTA PARA CASA de Jonathan Demme com Meryl Streep, Kevin Kline e Rick Springfield.
Ricki é uma cantora sessentona. Um dia, nos anos 80, ela lançou um LP de algum sucesso. Hoje ela vive tocando em botecos. A banda, velhos roqueiros como ela, toca bem, mas eles jamais sairão daquele bar. Para sobreviver ela é caixa de supermercado. Então descobrimos que ela tem um ex-marido, careta e rico, e 3 filhos que a odeiam. Ela os abandonou. Quando a filha entra em crise Ricki vai visitar sua ex-família. Ok. Não estamos mais nos anos 70, então não vamos esperar que esse niilismo dure muito tempo. Logo tudo começa a se acertar. Não é um filme de rock. É mais um pequeno filme sobre família. O roteiro é óbvio ( de Diablo Cody ) e Meryl está fora de lugar. Ela nunca convence como pobre. Na banda vemos Bernie Worrell e Steve Rosas. Os dois tocaram com George Clinton, Talking Heads e Los Lobos. Springfield foi um tipo de Springsteen australiano. Foi estrela sexy lá por 1981. Demme foi o mais poderoso diretor de Hollywood...nos tempos do Silêncio dos Inocentes...
   AUTOR EM FAMÍLIA  de Arthur Hiller com Al Pacino, Dyan Cannon e Tuesday Weld.
O filme começa e já sabemos: foi feito entre 1978-1982. O grande tema dessa época logo é revelado: gente tentando se encontrar. Um pai divorciado que cuida de um monte de jovens e ainda escreve peças. Tema em moda na época: o novo homem, o homem mãe. Mas o filme é bobo. E Pacino não ajuda. Nenhum grande ator é pior quando está ruim que Pacino. Em seus dias ruins ele é muito ruim! O namoro entre ele e Cannon é repugnante de tão artificial.
   MORTE NO FUNERAL de Frank Oz com Rupert Graves, Matthew MacFadyen, Ewen Bremmer
Oz, um ótimo diretor americano de humor, vai à Inglaterra e faz com equipe toda inglesa um filme de humor muito negro. Todo passado durante um enterro, tem anão gay, assassinato, vaidade, ciúmes e muito mal gosto. Longe de ser um bom filme, mas também não é ruim. Digamos que é o tipo de erro interessante...
   CACTUS JACK, O VILÃO de Hal Needham com Kirk Douglas, Ann Margret e Schwarzennegger.
O jovem Arnold é o fortão-burro que nesta comédia western faz com que o vilão feito por Kirk se dê sempre mal. É um dos mais vergonhosos filmes já feitos! Não tem graça e dá pena de ver Kirk e Ann em coisa tão desajeitada. Inacreditável de tão bobo!

DAVID FRANKEL/ GRACE KELLY/ WOODY/ FREARS/ BETTE DAVIS

   TODOS DIZEM EU TE AMO de Woody Allen com Alan Alda, Julia Roberts, Goldie Hawn, Edward Norton, Tim Roth, Natalie Portman
É sempre um prazer ver esse povo dos filmes de Woody Allen. São intelectuais bem de vida, com suas casas bem decoradas, suas roupas confortáveis e seus dramas sob controle. É gostoso ver esse povo espelhar aquilo que a gente pensa ser. Este é dos que mais gosto. Lembro que em 1999, na tv, ele me ajudou a superar uma grande dor de cotovelo. O filme tem belas cenas em Paris e Veneza. O elenco é deslumbrante. E eles cantam!!! As canções são ótimas. E no fim, em reveillon, eles cantam Hooray For Captain Spaulding, bela homenagem aos irmãos Marx. Nota 8.
   UM DIVÃ PARA DOIS ( HOPE SPRINGS ) de David Frankel com Meryl Streep, Tommy Lee Jones e Steve Carell.
O povo da Folha adorou este filme. Eu achei chato de doer! Frankel faz carreira sólida com filmes tipo nada. Fez o Prada, o Marley e agora este. Seu estilo é nojento, taca música pop em toda cena. O cara tá andando no mercado e lá vem vozinha com piano; o cara tá dirigindo e tome voz e violão...um saco! Usar música pop em filme adianta quando o diretor entende que a música é secundária, ela comenta, não carrega a cena nas costas. Ah, o filme fala de um casal de meia idade que não transa mais. Todo o filme são sessões de terapia. Meryl faz caricatura, está nada bem. Tommy está excelente, a hora em que ele se abre é a única cena boa do filme. Típico filme que tenta ser sério e adulto. Erra. Todo adolescente pensa que ser adulto é ser chato e triste. Frankel é um adolescente. Nota 1.
   OS GALHOFEIROS de Victor Heerman com Groucho, Chico, Harpo, Zeppo e mais Lilian Roth
Groucho é anunciado como o grande Capitão Spaulding. Sua entrada é digna do melhor de Bugs Bunny. Adoro este filme caótico! É o segundo da turma, e tem de bônus a adorável Lilian Roth. História? Tem alguma coisa a ver com roubo de pintura. Talvez seja meu filme favorito dos irmãos. Nota DEZ.
   O DOBRO OU NADA de Stephen Frears com Bruce Willis, Rebecca Hall, Catherine Zeta-Jones
Não dá pra dizer que Frears está em decadência, afinal, recentemente ele fez o ótimo A Rainha. Em seu crédito temos ainda Alta Fidelidade, Ligações Perigosas, Os Imorais, Minha Adorável Lavanderia; e meu favorito, The Hit. Mas neste seu mais recente filme, não sei se passou aqui este ano, ele erra feio. O filme não é ruim, é desinteressante. Fala de uma stripper que passa a trabalhar com um agenciador de jogatina. O filme não chega a irritar, Frears sabe dar ritmo, mas nenhum dos personagens importa. São mal escritos. O roteiro é muito, muito ruim. Bruce faz o seu tipo número dois, o "brega meio doido", Zeta-Jones está com um rosto irreconhecível e Hall, filha do grande Peter Hall, um dos maiores do teatro inglês, mostra ser muito boa atriz, mas pouco tem a fazer. O filme é vazio. Nota 2.
   UM BARCO PARA A ÍNDIA de Ingmar Bergman
É o terceiro filme do mestre, de 1947, tempo em que ele ainda aprendia. Bons tempos, um diretor novato podia aprender-fazendo. Bergman só encontrou seu estilo no sétimo filme. Mas aqui já está em semente todo o futuro do estilo Bergman de cinema: mar,  isolamento, conflito com pai, sexo. Neste filme, que em seu tempo jamais poderia ser feito em Hollywood, temos um filho que apanha e bate no pai, esse pai traz a amante para morar com a familia, o filho a rouba do pai. O filme é forte e lembra os amados filmes do realismo poético francês, filmes de Carné, de Vigo, que Ingmar via muito então. Sinto que ninguém sabe filmar praias como ele. Visualmente o filme é primoroso. Nota 7.
   O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE? de Robert Aldrich com Bette Davis, Joan Crawford e Victor Buono
Foi um imenso sucesso nos anos 60, e nos 70 passava muito na tv. Causou um choque em seu lançamento por seu mal-gosto. Hoje parece até elegante. Bette é irmã de Joan. Joan está presa a uma cadeira de rodas. Bette tortura Joan. Motivo? Joan fazia sucesso no cinema dos anos 30, Bette não. O filme é brilhante. Ficamos duas horas presos num misto de horror e admiração, prazer e medo. Aldrich, que logo depois faria a obra-prima The Dirty Dozen, faz miséria. O filme tem ritmo, tem ousadia e um humor hiper negro delicioso. Mas devemos dar vivas a grande, grande, grande Bette Davis. Mal maquiada, velha, suja, ela assusta com sua voz rouca, seu modo bêbado de andar, seus olhos esbugalhados. E melhor, percebemos o quanto ela se diverte em fazer aquilo. É um desempenho fascinante. Se Kate Hepburn foi a única a lhe fazer frente, devo dizer que Kate não conseguia fazer esses tipos tão vulgares. Tudo em Kate parece sempre "alta-classe", mesmo ao fazer gente pobre. Bette não, talvez por não ter a origem "nobre" de Kate, ela fazia mendigas, bebadas e prostitutas como ninguém. Este filme fica com voce. Repercute. Nota 9.
   O CISNE de Charles Vidor com Grace Kelly, Alec Guiness e Louis Jourdan
Na curta carreira de Kelly, este é de seus piores filmes. Em 1910, a mãe de Grace, tenta casa-la com o herdeiro da coroa. Filmado em belo palácio, claro que o filme é bom de se ver. Mas a história é chata, aborrecida, sem nenhuma atração. Guiness está ótimo. E Grace Kelly foi dentre as belas a mais bela das atrizes. Mas...o que fazer com roteiro tão perdido? Nota 2.

LEAN/ FREARS/ MALKOVICH/ LANG/ WOODY ALLEN/ POLLACK/ MERYL STREEP

   UM GATO EM PARIS de Felidoli e Bagnol
Melancólico. As crianças que assistirem esse desenho terão péssimas lembranças. Tem uma menina meia-muda que está deprê por causa da mãe, tem um ladrão de jóias meio down, tem um gato cool...Os traços do desenho são simples, esquisitos, feios. Este desenho parece servir apenas para preparar as crianças para os filmes que assistirão em sua vida adulta. Argh! Nota Zero.
   ADEUS, PRIMEIRO AMOR de Mia Hansen-Love
A jovem diretora francesa diz em entrevistas que Truffaut e Rhomer são seus mestres. De Rhomer não há nada em seu filme, de Truffaut há muito: delicadesa nas imagens, suavidade na edição, interesse genuíno pelos sentimentos. Na história simples e dolorida de um amor adolescente ( inocente ), há a constatação de que bom cinema é ainda possível. Bonito. Nota 7.
   LAWRENCE DA ARÁBIA de David Lean com Peter O'Toole, Omar Shariff, Alec Guiness, Anthony Quinn, Jack Hawkins
Qual o segredo de Lean? Este filme tinha tudo pra dar errado: um herói antipático, um enredo que fala de um momento histórico que poucos conhecem, excesso de metragem, pouca ação para um filme pop e caro. E milagrosamente tudo deu certo: o herói se faz um enigma, o roteiro diz o que quer com clareza, a duração do filme parece a exata, e a ação é percebida como ação-interior. Sucesso de público, sucesso de crítica, sucesso de premiação. A união de arte e entretenimento. A beleza plástica e boas atuações. Peter O'Toole era um desconhecido, aqui se tornou uma estrela ( e esse é outro procedimento que graças a Lawrence se tornou uma regra, fazer uma super produção com vasto elenco de astros, mas colocando um novato promissor no centro ), sua atuação é multi-facetada, complexa, por mais que o vejamos, menos o entendemos. Peter seria sempre um ator especialista em homens divididos, um grande ator. Nota MIL.
   AS LIGAÇÕES PERIGOSAS de Stephen Frears com Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer, Uma Thurman, Keanu Reeves
A trilha sonora de George Fenton é feita de belas fugas. A fotografia é do melhor fotógrafo de cinema dos últimos vinte anos, Philippe Rousselot, e o roteiro de Christopher Hampton ganhou todos os prêmios em todos os festivais. Este filme concorreu a vários Oscars, mas era o ano de Rain Man... De qualquer modo, revendo-o agora, após tanto tempo, seu impacto fica bastante diminuído. Em 1989 o considerei fascinante, hoje, após tantas obras-primas vistas em dvd, me parece apenas um bom filme. Glenn Close está maravilhosa em sua maldade, e na hora em que sente ciúmes, a transformação em seu rosto é fantástica. Malkovich não está tão bom. Seus olhos passam maldade, obsessão, mas não possuem a sedução que Valmont deve transparecer. Falta-lhe sexo envolvente, absorvente, o sexo que ele promete é frio e desinteressante. Michelle nunca foi tão bela ( poucas mulheres foram tão bonitas de um modo tão inocente ). O roteiro se baseia no famoso livro de Choderlos de Laclos, a história de um sedutor que é seduzido ( no livro, que é uma obra-prima, Valmont é muito mais cruel ), é o século XVIII, era de hiper racionalismo cínico, Valmont e sua amiga se divertem em seduzir e destruir. Stephen Frears continua a ser um dos mais interessantes dos diretores. Após este seu sucesso, ele voltaria ás produções pequenas ( por escolha pessoal ) e nos daria Os Imorais e Alta Fidelidade. Mas seu melhor filme é ainda The Hit, com Terence Stamp e John Hurt. Nota 7.
   O SEGREDO ATRÁS DA PORTA de Fritz Lang com Joan Bennett e Michael Redgrave
Uma milionária se casa com homem misterioso e passa a temer esse mesmo homem. Ele será um assassino? Este filme de suspense, que lembra dois ou três filmes de Hitchcock, não dá certo por vários motivos, os principais sendo o fraco roteiro e o desinteresse de Michael Redgrave. Ele é um excelente ator, às vezes mais que excelente, mas aqui dá pra perceber seu ar de tédio e sua expressão de sono. Joan se empenha, mas a mulher que ela faz é um cliché. Lang, é até ridiculo dizer, foi um dos grandes do cinema. Mas teve uma longa e irregular carreira. Ele era capaz de fazer uma obra-prima em janeiro e um lixo indesculpável em dezembro. Este não é um lixo, dá para se assistir até com algum prazer, mas não faz justiça a quem nele trabalhou. Nota 5.
   DESCONSTRUINDO HARRY de Woody Allen com Woody e mais Judy Davis, Billy Cristal, Tobey Maguire, Elizabeth Shue, Demi Moore, Paul Giamatti e Kirstie Alley
Quando o vi pela primeira vez, adorei. Mas ele não resiste a uma revisão. É enfadonho ( sou fã de Woody Allen, é triste dizer que ele é chato ), irritante até. Isso porque Allen nunca fez um "Woody Allen" tão sem graça. Ele passa do ponto e a história desse pequeno Dom Juan se torna um tipo de auto-elogio a uma alma atormentada. Quando ao final ele descobre que o culpado por seus fracassos afetivos não era ele, mas elas, a sensação que temos é de engodo. Ele era o culpado sim. Passamos hora e meia na companhia de um ser extremamente egoísta que nos entope com suas confissões nada interessantes. O pior lado de Woody Allen se mostra aqui: um hiper-narcisista que usa o cinema como sala de analista. Não me interessa sua dor, seu pessimismo. A familia que ele critica é um tiro pela culatra, eles parecem mais interessantes que ele mesmo. A relação com Shue chega a ser constrangedora. Judy Davis, grande atriz australiana, tenta e consegue dar vida ao fiapo de papel que lhe deram. Ela deveria ser Harry. Fujam!!!!! Nota 2.
   OUT OF AFRICA ( ENTRE DOIS AMORES ) de Sydney Pollack com Meryl Streep e Robert Redford
Os primeiros dez minutos anunciam uma obra-prima que ele não é. Nessas primeiras cenas há poesia e sentimento. Assim como no excelente final, digno de um grande filme. Mas as duas horas e meia que recheiam esses dois ótimos extremos, são "quase" grande cinema. Apesar de ter ganho um caminhão de prêmios, e de ter levado milhões de adultos ao cinema, Pollack erra em sua tentativa de fazer um filme à "David Lean". Pollack usa todos os ingredientes de Lean: uma longa história passada em lugar misterioso e exótico, ótimos atores, belíssima fotografia e trilha sonora grandiosa. Pontua tudo com cenas típicas de Lean, sol se pondo, um rio, um trem que passa. Mas porque, mesmo seguindo a receita, este filme nunca parece ser de David Lean? Qual o segredo de Sir David? Coragem. Pollack teme ser pouco pop e corta onde Lean deixaria alongar e alonga cenas que Lean cortaria. Quando Lean exibe uma paisagem ele se deixa relaxar, usufrui a beleza, nos faz entrar no filme. Pollack mostra a paisagem como quem exclama: -Olhem que bonito! E corta. Já Pollack estica diálogos sem interesse, cenas que Lean sempre interrompe para mostrar a vida lá fora. Bem...Pollack levou seu Oscar com este filme. Filme que se deixa ver, baseado em livro da grande Isak Dinesen, livro que conta sua experiência de plantadora de café na África. Meryl faz bem a escritora, mas há uma qualidade em Meryl que nunca mudou, a frieza. Admiramos Meryl Streep, não amamos. Redford é um caçador amigo e amante, homem radicalmente livre que adora ouvir as histórias que Dinesen lhe conta. Ele é a melhor coisa do filme. Redford é sempre bom de se ter numa produção. Nota 6.

UP! / JULIE E JULIA/ SIMPLESMENTE COMPLICADO/ DEAD END

GIMME SHELTER dos Irmãos Maysles
O inferno. E uma aula sobre o excesso dionisíaco. Dá pena dos Stones. Parecem bodes indo ao sacrifício. O documentário é exemplar : mostra tudo e entretém. Chance de ver os FLYING BURRITOS detonarem. O mundo enlouqueceu em 1968 ? Nota 9.
UP, ALTAS AVENTURAS
Um problema básico : o garoto é insuportável. Será que hoje todo menino de desenho tem de ser gordo e nerd ? Que saco ! O tema é legal, mas o desenho é chato. Nota 4.
THE ENFORCER de James Fargo com Clint Eastwood e Tyne Daly
Terceiro filme da série. Tem um problema, a auto-ironia. É quase uma comédia. Outro problema é a saída de Lalo Schifrin da trilha sonora. É um policial ok, mas é bem pior que os dois primeiros. Nota 6.
A CONVERSAÇÃO de Francis Ford Coppolla com Gene Hackman, John Cazale e Teri Garr
Feito logo após o Chefão, é um fracasso de bilheteria e um enorme sucesso de crítica. Há quem o considere melhor que os dois Chefões. Absurdo, o filme é chato pacas!!!!!! Acompanhamos Hackman ( grande atuação ) que é um tipo de detetive que coloca escutas para flagrar casais adúlteros. Ele é árido, um homem que não se envolve com nada. Assistimos sua derrocada. O filme é muito inteligente, mas é exibido demais, metido demais, passa do ponto. Nota 4.
DEAD END de William Wyler com Joel McCrea, Sylvia Sidney e Humphrey Bogart
Que cenário é este???? Absolutamente fascinante!!!!! Ruelas, becos, córregos, fachadas de cortiços, mansões. Um labirinto de sombras e pedra, água e luz suja. Fantástico!!!! O filme se centra em bando de meninos de rua, pequenos ladrões violentos e um gangster que foi como eles. O elenco é soberbo e é impressionante como Bogey já nos hipnotiza, mesmo ainda em papel coadjuvante. Um monstro. Roteiro esquerdista de Lilian Hellman e a direção de Wyler, o mais premiado diretor da América. Um filme perfeito para quem deseja começar a entender o cinema dos anos 30. ( o final feliz é meio forçado e evita que este filme seja uma obra-prima ). Nota 8.
JULIE E JULIA de Nora Ephron com Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci.
Um show de Meryl. Deve levar seu Oscar. Que figuraça ela cria aqui ! É caricata sim, mas e daí ? Essa atriz magnífica nos dá prazer, muito prazer. Sem ela este filme seria totalmente banal. Ephron sabe fazer comédias femininas, desde Harry e Sally ( que ela só escreveu ). Neste filme vemos o mundo de blogs e dureza de um jovem casal de hoje e a Paris dos anos 40/50 de Meryl e Tucci ( surpreendentemente bem ), uma cidade feita de beleza, prazer e muita comida ( o filme vai te dar muita fome ). Se assiste este filme com facilidade, nada nele ofende o gosto ou irrita a inteligência. Mas Meryl impressiona. Há alguma atriz nos últimos cinco anos com mais e melhores papéis que ela ? Nota 7.
SIMPLESMENTE COMPLICADO de Nancy Meyers com Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin
É um perfeito filme de Shopping Center. Você entra na sala com suas sacolas de compras, sua garota e suas pipocas. O filme vai exibir a casa que voce quer ter, o carro que voce precisa e as amigas de sua mulher. É um filme muito feminino. Indicado para patricinhas com mais de 35 anos. Ele é todo bonito, luxuosinho, romântico e engraçadinho. Os homens vão se irritar com tanta peruíce. Mas há algo de muito bom nele : Alec Baldwin. Incrível ! Ele está hilário. Domina o filme, torcemos por ele e é absurdo o que Meryl faz. Quanto a Steve Martin, ele morreu como ator. Foi atacado pela síndrome de Nicole Kidman. Seu rosto se parece com uma cara de boneco velho. Todo inchado, esticado, retocado. Ele está incapaz de ter qualquer tipo de expressão. Rosto congelado. Uma pena, ele era fantástico. O filme termina e voce e sua mulher ( que amou o filme ) vão jantar na noite de domingo. O filme é isso. Ah... tem uma cena com maconha que é muito boa ! Acho que ainda não estreou por aqui. Vai fazer sucesso. A diretora fez aquele filme com Diane Keaton e Jack Nicholson ( ALGUÉM TEM DE CEDER ). Nota 6.
SERÁ QUE ELE É? de Frank Oz com Kevin Kline, Matt Dillon e Tom Selleck
Um show de Kevin Kline ( num cinema ideal ele filmaria mais comédias ). E mais uma comédia maravilhosa de Oz. O cara sabe fazer rir sem apelar nunca. A história de um professor que vai se casar e numa cerimônia do Oscar vê um ex-aluno revelar para todo o mundo seu passado gay. O que rola depois disso é absolutamente hilário. E melhor, ficamos todo o tempo sem saber se Kline é realmente gay. Uma festa !!!!!!!!! Nota 8.

CARRIE/BETTE DAVIS/STEVE MCQUEEN

Tom Horn de William Wiard com Steve McQueen
o último filme de steve é um western de uma tristeza glacial. dá pra notar o avanço da doença que mataria o astro logo após o final das filmagens. ele tinha 50 anos, mas aparentava 70 naquela altura. é triste pensar no que ele poderia ter feito no futuro que não viveu. tinha carisma de sobra e um estilo calado e frio insuperável. mas este é apenas um filme pobre e de pouca razão de ser. 3.
Teu Nome é Mulher de Vincente Minelli com Gregory Peck e Lauren Bacall.
o roteiro de george wells ganhou o oscar daquele ano. é o avô das ditas comédias romanticas. aqui, feita com muita classe e diálogos adultos e leves. peck é um jornalista de beisebol e lauren uma snob designer. minelli leva com seu bom gosto de esteta. nota 7.
Domino de Tony Scott com Keira Knightley e Mickey Rourke.
foi scott, o irmão de ridley o culpado. foi ele quem nos anos 80 criou a mania de filmes cheios de truquezinhos de imagem. atores posando. camera dançando. ar de anuncio de tv. filmes como top gun, fome de viver, dias de trovão e maré vermelha. este filme é dos maiores lixos imagináveis. um monte de movimento que não vai a lugar nenhum, ação sem emoção, cores e sons que existem por existir. um vergonhoso retrato do quanto o cinema se tornou futil. Zero.
Mama Mia!!!!!!!!!!!! de Phyllida Lloyd com Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth, Julie Walters.
produzido por tom hanks. e isto é muito importante : o filme tem o astral de the wonders. que imenso prazer o de se ver meryl streep brincar. que delicia assistir pierce brosnan esbanjar charme adulto pela ilha encantada onde o filme existe. e que deplorávelmente ruim roteiro temos aqui ! será que não podiam criar um mínimo de emoção, um minimo de surpresas ? temos neste a prova do porque de os musicais atuais não funcionarem : os números de canto e dança são jogados na tela sem preparação. o roteiro não cria um gancho, um motivo poético para que a canção se inicie, ela vem de repente. de sopetão. mesmo assim eu senti afeto pelo filme. por meryl, pierce e colin, e por que não ? pela muito subestimada música do abba, que desde a década passada vive sua vingança contra aqueles que não enxergavam nos anos 70 que aqueles suecos eram os herdeiros de phil spector. nota 6.
Vitória Amarga de Edmund Goulding com Bette Davis, Ronald Reagan e Bogey.
bette é uma frívola milionária. adoece. cancer cerebral. dramalhão ? é. mas nada revoltante. o filme flui e bette estraçalha. só vivien leigh em e o vento levou poderia lhe tirar o oscar daquele ano- e tirou. bette mostra egoismo, vaidade, medo, culpa, dor e coragem, ensinando como iluminar a tela. quando ela está em cena o filme brilha. brilha muito. felizmente ela está em todas elas. 7.
Depois do Ensaio de Bergman com Lena Olin e Gunnar Bjorstrand.
é um dos filmes que o genio fez após sua "aposentadoria". conversas sobre teatro, existencia, tempo, morte. não é filme de cinema, é feito para a tv sueca. 5.
Carrie de Brian de Palma com Sissy Spaceck, William Katt, John Travolta e Piper Laurie.
As pessoas que odeiam os anos 70 são aquelas tímidas personalidades que abominam a exuberancia louca que havia então. tudo era super-big nos 70 : carros imensos, cabelões gigantescos, sapatos e lapelas colossais, filmes egocentricos!!! e que felicidade a de uma época que em 3 anos assistiu : O chefão e a conversação/ taxi driver e alice não mora mais aqui / tubarão e contatos imediatos/ guerra nas estrelas e american graffitti/ annie hall e manhattan e nashville com um estranho no ninho. e carrie. um filme do mais exagerado e anos 70 dos diretores: de palma. um diretor que sempre vai ao limite, que não teme o mal-gosto, o exagero e a falta de tato. neste filme, se uma pessoa morre, mais 20 morrem; se uma cena é cruel, mais crueldade é adicionada. o roteiro é péssimo, os atores ( com excessão da comovente sissy ) estão à deriva, a trilha sonora compromete, o papel da mãe é caricatural... mas, funciona! funciona como uma homenagem aos filmes ruins, como uma diversão pop, e para mim, é uma deliciosa comédia de saudável humor-negro. a cena da corda segurando o balde com sangue é puro hitchcock : brian segue a dica do mestre : se o balde apenas caísse sem sabermos que ele iria cair teríamos apenas um susto- mas sabemos que o balde cairá, e vemos a agonia de carrie lá embaixo e esperamos-quando irá cair???? carrie é um filme que feito hoje mostraria visceras e explosões, a camera rodopiaria pelo cenário e os alunos seriam deprimidos sórdidos. de palma tem muito mal gosto, mas filma bem demais. nota 8.
Appaloosa de Ed Harris com Ed Harris, Viggo Mortensen, Jeremy Irons e Renee Zelwegger.
primeiro: o que aconteceu? Jeremy irons surgiu em 81 como possivelmente um novo olivier. após seu oscar em 88 foi relegado a apenas um tipo : o vilão fino e gelado. se tornou um desses atores excelentes e sub-utilizados, como gary oldman, malkovich, willem dafoe, terence stamp. dito isso...o western, de todo tipo de filme é o que mais depende de carisma. trata-se de um tipo de filme que expõe o ator : é seu corpo se movendo. aumentado, isolado, observado. esse ator tem que ser magnético. como o foram wayne, cooper, stewart, clint ou burt lancaster. viris e magnéticos. esse tipo de ator não se forma estudando teatro ou assitindo tv- ele se forma na vida. para o western são necessárias cicatrizes, rugas e uma voz que transmita solidão e coragem moral. no western não existe um homem numa estrada correndo ao sol- no western é O homem correndo NA estrada debaixo DO sol. tudo é amplificado e exposto na sua mais profunda e última realidade. meninos não gostem de westerns. eles não têm celulares/ carrões e computadores. mas o principal é: ele mostra aquilo que seremos ou já somos. este é um faroeste do tipo anthony mann- crepuscular. existe ação e companheirismo. mas é tudo mudo, surdo, meio em vão. ed e principalmente viggo têm bons rostos para westerns, mas falta um pouco de brilho ( quem teria hoje ? ) mas há aquele relacionamento direto, tipo john ford e dá pra ver que todos os envolvidos amam o que estão a fazer. digno, honesto e preciso. 7.

depois da vida, la jetèe, pic nic...

DEPOIS DA VIDA de hirokazu kore-eda
lutei bravamente com este chatíssimo filme japonês. Algo sobre lembranças e vida após a morte. Longos planos que jamais terminam, câmera tremida ou não. Confesso que não entendo se é para ser levado a sério, se é uma homenagem ao cinema, não entendí nada ! Levei 3 dias para o assistir inteiro e não valeu a pena. 2.
OS DUELISTAS de ridley scott. com harvey keitel e keith carradine.
em termos de fotografia, raros filmes são mais bonitos. é a estréia de scott como diretor e talvez seja seu filme mais simples. trata da obsessão de um soldado em limpar sua honra. tudo filmado ao estilo "inglês" de longas tomadas de neblinas, chuvas, campos verdes e amanhecer radioso. 7.
UM ESPÍRITO BAIXOU EM MIM de carl reiner com steve martin e lily tomlin.
se a comédia não fosse o gênero de cinema ( e de teatro também ) mais subestimado, o maravilhoso steve martin teria já seus dois oscars e lily os teria ganhado também ( assim como william powell, cary grant, rosalind russel, jim carrey, gene wilder, carole lombard e tantos outros ). neste delicioso filme, steve abriga a alma de lily. passa não só a abrigar duas almas rivais, como se apaixona por seu lado mulher. façamos justiça a esse ator: quanto prazer ele nos deu! nota 7.
ASAS de william wellman com gary cooper e clara bow.
eis aqui o primeiro ganhador do oscar de melhor filme! as cenas aéreas são muito bonitas. 6.
ANNA CHRISTIE de rouben mamoulian com greta garbo
peça de eugene o'neil. e parece teatro. arrastado, chato, inconvincente. 3.
BLOOM de sean walsh com stephen rea.
creia, este filme é a adaptação para cinema de ulysses de james joyce!!!!! e erra em tudo. ulysses transforma nossa vida banal em epopéia. descreve a vida medíocre de um comum irlandês num mito universal. mostra o eterno no cotidiano, o mágico no real. o filme faz o inverso: mostra o casal do filme como pequenos seres, homenzinhos com seus probleminhas pequeninos. mesmo assim seus monólogos são tão fortes, seus atores tão competentes e tudo é levado com tanta paixão que o filme nos pega. nada a ver com joyce, mas funciona. nota 7.
DAQUI A CEM ANOS de william cameron menzies
este filme criou blade runner. todo filme que mostra o futuro como um lugar de destruição e sujeira, bebeu nesta fonte. é um dos mais desagradáveis filmes que assisti. 6.
FÉ DEMAIS NÃO CHEIRA BEM de richard pearce com steve martin, debra winger, liam neeson e philip seymour hoffman.
chaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaatoooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!! zero!
GET CARTER de mike hodges com michael caine.
se voce quer saber onde nasceu o filme inglês de sub-mundo, tipo "dois canos" ou "snatch", nasceu aqui, com carter. stallone o refilmou e quebrou a cara. este filme é sórdido!!!!! duro, cruel, espertíssimo e tem uma trilha sonora idêntica a dos filmes do soderbergh. e michael...sublime! foi o cara que mostrou ao mundo que nem todo britânico parecia saído de uma peça de noel coward. assiste correndo. 8.
O CÉU MANDOU ALGUÉM de john ford com john wayne.
desertos, cavalos, o sol se pondo...eis meu paraíso. quando wayne entra em cena eu penso : viva! um ford médio, tranquilo, calmo. dá pena quando termina... nota 8.
MR.SKEFFINGTON de vincent sherman com bette davis e claude rain.
novelona braba. o tipo de filme feito pra mulher dos anos 40 e que é molde para qualquer best-seller banal de hoje. bette está fantástica, mas quando ela não esteve? 4.
DAVID COPPERFIELD de george cukor com wc.fields e um enorme etc incluindo a lindíssima maureen o'sullivan.
transpor o clássico de dickens não é fácil. o livro tem milhares de personagens e centenas de fatos acontecendo todo o tempo. porém... surpresa...o filme se sai maravilhosamente bem! uma delícia de diversão boba, cheia de ação, romance, bons diálogos, atores carismáticos, bela fotografia e um cenário sublime. 8.
PIC NIC de joshua logan com william holden, kim novak, rosalind russell, arthur o'connel e susan strasberg.
um caroneiro-vagabundo chega a pequena cidade e com sua virilidade exuberante desestabiliza todas as relações estabelecidas. peça de imenso sucesso de william inge nesta linda versão ( fotografia do genial james wong-howe ) o elenco dá um show ( menos holden que é muito velho para o papel ). belo filme que tem em ruy castro um fã radical. 7.
O DIABO VESTE PRADA de david frankel com meryl streep e anne hathaway.
como anne é uma atriz muito querida pelos críticos americanos, resolvi finalmente ver este filme. bem...não se trata exatamente de cinema, é um video-clip. a música está sempre em mais evidência que os diálogos, a câmera não pára de girar e correr, os atores não têm nenhum tempo de desenvolver qualquer profundidade em suas atuações e toda cena é feita para agradar e parecer fofinha. quando ela abre mão de miranda pelo namorado insosso- só podemos pensar: vai plantar batatas!- o filme é tolo. nota 3. ( frankel dirigiu agora Marley e eu- dá pra adivinhar os executivo-aqueles caras que são contadores, jamais produtores- pensando: hey! este cara dirigiu um best seller! vamos chamar ele! )
KUNG FU PANDA
que belos cenários! e que saco de desenho irritante! o que faz de uma animação algo memorável é a simpatia de seu personagem central. esse panda é um gordinho-mala! 1.
O DELATOR de john ford com victor mclaglen
este foi o filme que deu o primeiro dos 4 oscars que ford tem. ( record que pensaram que spielberg iria quebrar ). um filme cruel sobre a revolução irlandesa. um show de mclaglen que levou o oscar de ator. escuro, dark até, bastante poético e forte. 7.
INDISCRETA de stanley donen com ingrid bergman e cary grant
olhar para cary e ingrid é sempre um prazer. mas o filme é só isso. os dois namorando numa londres mágica e em apartamentos belíssimos. 4.

MAMMA MIA!/MYRNA LOY/POWELL/PETER WEIR

Freeway de mathew bright
o que leva alguém a fazer tamanho lixo? feito por imbecis e recomendado a retardados.
Pic nic na montanha encantada de peter weir
primeiro filme da digna carreira de weir. e que filme! é de longe seu melhor trabalho e o assistí por recomendação do grande crítico roger ebbert. muita sensualidade ( sem nenhuma nudez ), na história de uma excursão escolar onde 3 alunas desaparecem. a austrália nunca foi filmada de modo mais bonito e mais assustador. o filme tem algo de muito oriental, muito ancestral, muito profundo mas é de uma simplicidade chocante. nota 8.
Ensaio sobre a cegueira de meirelles.
fui raptado e levado ao cinema para assistir esta coisa enfadonha. excelente sonífero de um diretor que se revela um grande chato. cidade de deus foi um acidente ( talvez seus méritos fossem unicamente a fotografia e a edição ). nota zero.
Linha de passe de walter salles.
o cinema de salles é extremamente conservador. ele faz filmes que remetem a de sica e o bunuel do méxico. em seu cinema nada surpreende, todos são bacanas e de coração puro ( mesmo os maus têm pureza ). ele é um disney dos estudantes de sociologia. nota 3.
Longe dela de sarah polley com julie christie.
maravilhoso. polley dirige com maestria este filme de tema tão duro e tratado de maneira sóbria e adulta. podem escrever : assim como previ que keira knightley era a nova meryl streep ( oscars certos no futuro próximo ) e que joe wright é um diretor que construirá uma grande obra; prevejo um futuro brilhante para esta ótima diretora. julie dá show, mas isto é o esperado. nota 7.
Mamma mia!!!! philida lloyd com meryl streep
que delícia! existir um filme como este é um atestado de que as pessoas ainda sabem sorrir. que prazer ver meryl atuar! como ela é maravilhosa, uma atriz que nos deu tanto!!! que bela banda pop o abba foi e que maravilhosa ironia eles serem tão cult enquanto rush, genesis e yes estão totalmente esquecidos. o filme é chacrinha em seus melhores dias. nota 7.
O centro do mundo de wayne wang
gosto muito dos filmes de wang. mas este... insuportávelmente maneiroso. nota 1.
Desejo voce de michael winterbotton com rachel weisz
este diretor tem algum talento, mas para seu mal ele carrega os piores vícios de sua ( minha ) geração: preguiça, pretensão, muita tv e pouco livro. este filme tem os primeiros 30 minutos muito bons, mas ele é tomado pela falta de convicção e naufraga em tédio mortal. nota 4.
Uma leitora particular de michel deville com miou-miou
afetadíssima fita de arte sobre o prazer erótico que há na leitura. nota 2.
Casado com minha noiva de jack conway com jean harlow, spencer tracy, clarck gable e myrna loy.
um jornalista inventa uma história falsa sobre herdeira. temendo o processo, ele faz com que essa falsa notícia se torne verdade. para isso contrata um malandro que deverá seduzir a herdeira. era este tipo de bobagem que roteiristas geniais transformavam em deliciosas comédias nos anos 30. tudo acontece em ritmo de correria, as falas são vomitadas como metralhadoras e os atores fazem aquilo que seus fâs esperam: harlow é bonita e burrinha, spencer é agressivo e frio, powell é fino e levemente alcoolizado e loy é linda e esperta. diversão garantida para quem procura escapismo inteligente. nota 8.
Contos de hoffmann de michael powell.
powell é o diretor que martin scorsese mais admira. e é, ao mesmo tempo, o menos parecido com martin. durante os anos 40/50, powell fez uma série de maravilhosos filmes fantasiosos na inglaterra. filmes caros, luxuosos, metidos a grande arte e que nos anos 60/70 se tornaram símbolo de tudo aquilo que o cinema não deveria ser: gigantesco. Na década de 80, scorsese promoveu uma mostra no moma de seus filmes e nasceu aí a recuperação do nome de michael powell. hoje ele é considerado um dos grandes e o melhor cineasta que a inglaterra já possuiu ( visto que hitchcock é apátrida ). este filme é a transposicção de uma estupenda ópera para a tela. sim! uma ópera. filmado em forma de sonho, com a fotografia maravilhosa que powell sempre apresenta, o filme é um longo poema sobre a dor de amar. nos dá um imenso prazer, uma euforia visual e a sensação de atemporalidade absoluta. lindo, antiquado, datado e arrogantemente metido. soberbo. nota dez.