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PRES AND HIS CABINET - LESTER YOUNG
Disco raro da Verve de 1956. Meu saxofonista favorito, Lester Young, o rei do toque suave, do ritmo pensativo, é acompanhado por um grupo de gênios musicais e fazem juntos uma festa de puro prazer. ---------------- A guitarra de Barney Kessel brilha em Just You Just Me, faixa 1. Já aqui notamos que o album é um segredo de prazer e isso se confirma na faixa 2: Lester Leaps In. O baterista Jo Jones estraçalha e a canção, ao vivo, é quase uma festa pagã. O fogo explode nessa orgia de instrumentos em gozo dionisíaco. Não temo dizer que é um dos melhores momentos em jazz que escutei na vida. Harry Edison e seu trompete uivante se destaca na faixa seguinte, They Can't Take That Away From Me, uma das mais belas canções da América. Red Boy Blues é embelezada pelos dedos de Oscar Peterson e a seguinte tem a batera de Buddy Rich. Ao final Gigantic Blues, uma obra prima completa. ---------------- Lester Young se destacou nos anos de 1930, na bande de Count Basie e nos grupos de Billie Holiday. Ele fazia parte da gangue que circulava nas ruas de Kansas City e depois New York, com Billie, Jo Jones e Walter Page. Quando as bandas de swing sairam de moda Lester se adaptou e tocou em grupos menores. É um dos cinco pilares dos sopros em jazz e nunca saiu de moda. Ele é atemporal por ser o máximo em elegância cool.
LESTER YOUNG, O REI DO COOL
Lester Young tocava sax. E tinha um chapéu tipo "porky pie". Foi da orquestra de Count Basie, e Basie é meu pianista favorito. O piano de Basie tem poucas notas, apenas as necessárias. Ele não floreia como Oscar Peterson ou Teddy Wilson ou Art Tatum. Basie toca uma nota e isso é exatamente o que faz a diferença. Pouco. E o bastante. Thelonious Monk, meu outro pianista favorito tem o mesmo modo de deixar silêncios nos solos. Eu não gosto de música que não usa o silêncio. Quem enche o espaço de sons tem de saber tudo sobre o silêncio. Repare em Basie, há espaços vazios que dizem tudo. Ele faz um milagre: o silêncio tem ritmo!!!!! -------------------- Lester Young faz o mesmo no sax. E o saxofone é às vezes uma voz que fala demais. Dizem que o sax moderno foi inventado por dois caras: Lester Young e Coleman Hawkins. Hawkins abriu o caminho para o sax que fala muito, que floreia, que vai até o limite; Lester criou o sax que fala menos e fala suave. É a versão em sopro do piano de Basie. -------------------- Quando ele começa a tocar voce logo sabe, é Lester Young, Pres para os amigos. O toque é mínimo, o volume é suave, ele volteia sem ferir, e o principal: Lester toca fácil, nada parece requerer esforço físico. Ele não transpira, ele não ameaça perder o fôlego. Ele toca como quem joga gelo no copo. É simples, é discreto e é absolutamente perfeito. O saxofone na boca de Pres parece um instrumento que só existe para ele mesmo. Há o sax e há o sax de Lester Young. ---------------- Ele define o cool. Fazer muito fazendo quase nada. Chamar a atenção não querendo chamar nada. Intrigar sem querer ser notado. O cool em música passa sempre por Lester. É a voz contida, que nunca se esforça, que faz o mínimo, que mantém a frieza discreta, nunca afetada, simples e sem igual. Depois de Lester veio Ben Webster, Miles, e então o cool virou moda. -------------- Hoje nada é cool porque nada é discreto. Tudo vira hype ou desaparece. ----------------- Lester era amigo de Billie Holiday. E tocou muito com ela. Depois fez alguns discos com grupos pequenos. Ele é, como Bud Powell ou Eric Dolphy, heroi de quem conhece jazz. Escute.
JAMMIN WITH THE BLUES- LESTER YOUNG, DEZ MINUTOS DE COOL
O fotógrafo é Robert Burks. O ano é 1944. O som é blues. Jazz. Lester Young e mais...
A modernidade do clip impressiona muito. Mais que moderno, atemporalidade. Todo chique aspira, desde 1944, a ser assim. As sombras, as roupas cool, a fumaça, o p/b brilhante, os cortes. Aqui temos o máximo do cool, mas por ser cool negro, nunca é fake, gelado, sem emoção. Aqui é aquilo que Bogey chamou de pressão sob controle. Esses caras são netos de escravos! O salto que eles dão é inimaginável. Da pré-história de uma cultura iletrada eles saltam e atingem o top do seu tempo e do nosso tempo. Isso é um milagre!
Burks foi descoberto depois adivinhe por quem? Hitchcock! Foi Robert Burks o fotógrafo de Vertigo, de Intriga Internacional, de Janela Indiscreta....o favorito de Hitch é o cara que aqui faz essa mágica com luz. Clima. Ele entendeu a coisa.
A cantora tem a voz quente e o trompete eleva a alma. A bateria de jazz é isso, ritmo, ritmo sem esforço aparente. Em jazz não tem essa do rock. No rock a maioria faz cara de quem está dando tudo, morrendo, suando, é a procura pelo êxtase todo o tempo. No jazz não. Tudo tem de parecer relax, sem esforço, natural, simples, sempre cool. O truque é brincar, to play, sem teatrinho.
Esses dez minutos são o máximo do máximo. E tem Lester. O sopro mais natural do sax, o suave, o soft, o sexy, o let it loose....assista....
A modernidade do clip impressiona muito. Mais que moderno, atemporalidade. Todo chique aspira, desde 1944, a ser assim. As sombras, as roupas cool, a fumaça, o p/b brilhante, os cortes. Aqui temos o máximo do cool, mas por ser cool negro, nunca é fake, gelado, sem emoção. Aqui é aquilo que Bogey chamou de pressão sob controle. Esses caras são netos de escravos! O salto que eles dão é inimaginável. Da pré-história de uma cultura iletrada eles saltam e atingem o top do seu tempo e do nosso tempo. Isso é um milagre!
Burks foi descoberto depois adivinhe por quem? Hitchcock! Foi Robert Burks o fotógrafo de Vertigo, de Intriga Internacional, de Janela Indiscreta....o favorito de Hitch é o cara que aqui faz essa mágica com luz. Clima. Ele entendeu a coisa.
A cantora tem a voz quente e o trompete eleva a alma. A bateria de jazz é isso, ritmo, ritmo sem esforço aparente. Em jazz não tem essa do rock. No rock a maioria faz cara de quem está dando tudo, morrendo, suando, é a procura pelo êxtase todo o tempo. No jazz não. Tudo tem de parecer relax, sem esforço, natural, simples, sempre cool. O truque é brincar, to play, sem teatrinho.
Esses dez minutos são o máximo do máximo. E tem Lester. O sopro mais natural do sax, o suave, o soft, o sexy, o let it loose....assista....
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