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O ANO MAIS REVOLUCIONÁRIO DA MÚSICA - ANDREW GRANT JACKSON...LSD, BLACK MUSIC E SURREALISMO

   Esse cara escreve bem pra caramba! Ele consegue contar a história do ano de 1965 inteira abrangendo politica, guerra, revolução negra, sexo, as primeiras passeatas gays, cinema, e muita droga de uma forma leve e ao mesmo tempo completa. Cada capítulo abrange um momento e alguns são emocionantes. Andrew faz ainda uma comparação entre as drogas de 65 e as de 2015.
  Eu acho que o grande ano é 1972, mas o que dizer de um ano que nos deu a seguinte sequência de números 1 da Billboard: my girl, day tripper, help me rhonda, satisfaction, like a rolling stone, eve of destruction, in the midnight hour, i feel good, help, yesterday, get off of my cloud, sound of silence, respect, we can work it out e these boots are made for walking...
  As histórias são fantásticas! A turma de Ken Kesey, Timothy Leary, descrições de viagens de ácido, revoltas negras violentas, a ironia de Dylan, Martin Luther King, o desastre da guerra, como se fazia um disco na época, o pop negro, Warhol, a moda...
  Não vou ficar contando trechos do livro, ele é tão bom que teria que o reescrever. Mas não resisto a dizer que 1965 ecoa em seus sucessos e seus fracassos até hoje. Somos reflexo daquele tempo. Inclusive no modo como nos relacionamos com a internet. Warhol fotografava e filmava tudo obsessivamente, criava 15 minutos de fama para todo anônimo, exatamente como fazemos hoje.
  Leia, leia, leia.

BONITO, BONITO, BONITO...O SOM DOS ANOS INCRÍVEIS

   Simon and Garfunkel já foram tão famosos quanto Lennon e MacCartney. Juro que é verdade. Isso até mais ou menos 1980. Paul Simon chegou a participar de Annie Hall de Woody Allen como ele mesmo. Gostar dele era muito In. E Art Garfunkel foi ator de filmes de Mike Nichols. Ator protagonista. Mas eles foram perdendo popularidade por dois motivos: primeiro suas letras, hiper-intelectualizadas deixaram de fazer sentido para uma geração, a minha, que procurava no rock algo mais direto. E segundo, os dois puxaram o freio de mão, pararam de produzir, cansaram. Afinal, eles trabalhavam com música desde crianças. Nos anos 50 eles já eram profissionais. Detalhe: os dois são mais jovens que Lennon ou Jagger.
   O auge da dupla foi em 1967, com a trilha do filme A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM, o big hit de Mike Nichols que fez de Dustin Hoffman uma estrela. Esse foi o primeiro filme a usar canções pop como trilha sonora. Vendeu pacas!!! Mas antes, em 1965, eles já eram stars. Essa fase teria seu auge em 1970, com o sucesso absurdo de BRIDGE OVER TROUBLED WATER. Então veio o fim do duo e a brilhante carreria solo de Paul Simon.
   A música dos dois é sempre "bela". Voce não vai encontrar nada de torto, de mal feito neles. Até os Beatles ao lado dos dois parecem pouco polidos. A dupla procura a beleza todo o tempo, e felizmente, a atingem várias vezes. Canções como Scarborough Fair ou Bookends são das coisas mais lindas já feitas na história do rock, e The Boxer é uma maravilha de amargor-belo. Eles são tristes, delicados, suaves. Sim, parece que descrevo os artistinhas sensiveis de agora; bem, eles adorariam ser Simon ou Garfunkel.
   A série, histórica e sublime, ANOS INCRÍVEIS, usou muito de Simon e Garfunkel. Algumas das cenas inesquecíveis foram ao som dos dois. E o som da dupla é exatamente tudo aquilo que Kevin Arnold era e seria se adulto. Amores timidos, amores idealistas, liberdade, familia, sair de casa, tudo com citações de Pollock, Gertrude Stein, Norman Mailer e Lloyd-Wright. As músicas são cultas, informadas e informativas. É, com Joni Mitchell e o Steely Dan, aquilo que nos anos 70 se tornaria conhecido como "som universitário-adulto".
   Fazia muito tempo que não os ouvia. Talvez vinte anos. Reouvi hoje. E me lembrou dores de amores juvenis. E me surpreendeu a beleza das vozes e a criatividade dos arranjos.
   Posto alguns videos. Aproveite. E cantarole junto. É bonito bonito bonito....