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DOM GIOVANNI NA SICÍLIA - VITALIANO BRANCATI
Vejo uma lista dos países mais importantes para a história do planeta. A Itália venceu Índia, Egito e Grécia, países que vêm a seguir. Ao contrário deles, a Itália teve dois apogeus, como Roma e depois por mais de duzentos anos, na Renascença. Não vou falar do porque dessa preponderância, vou focar em apenas um aspecto que todos repetem mas que poucos param para refletir sobre: o humanismo italiano. A arte e a filosofia do país, o povo na rua, a música, tudo é voltado para o homem, a mulher, o povo. O italiano gosta de gente e por isso se desnuda. Não há cinema que mostre mais despudoradamente o que é uma pessoa, seus medos, desejos, seu ridículo, sua força, seu drama e sua graça. Na literatura se sucede o mesmo. ------------------ Veja este livro de 1941. Sicília. Giovanni é um quarentão que vive com três irmãs. Ele dorme e fora isso, passa o tempo todo pensando em mulheres. Mas entenda, ele pensa tanto que foge delas. Duro, distante, frio, ele não consegue falar com as mulheres que sente amor. Transa com prostitutas e seus amigos, todos eles, sentem o mesmo que ele. ---------------- Até que um dia isso muda e casado com uma mulher bela e rica, ele se muda para Milano. Emagrece, se torna ativo, apressado, um novo homem. Mas continua sendo um siciliano: fechado, desconfiado, inseguro. O enredo é esse, e lendo o livro pensamos em filmes de Monicelli, Germi, Zurlini, Lattuada, Comencini. O Brasil onde cresci era território de filmes italianos e quem gostava de cinema via toneladas de filmes feitos na Itália. O romance faz algo que é muito made in Italy: os personagens são vivos, muito vivos e completamente banais. Russos quando desnudam uma personalidade nos fazem sentir que aquela alma é excepcional, ingleses nunca desnudam, sugerem, e franceses logo começam a divagar e esquecem do personagem. Italianos não! Todos aqui são comuns, vulgares, simples, nada de especial e por isso mesmo são INTERESSANTES, RESPIRAM, SÃO PROFUNDAMENTE CONVINCENTES. Giovanni é real como eu e como voce e ao mesmo tempo é único, como eu e voce. Ele nada tem de "cósmico", "dramático", "filosófico", ele é apenas ridículo, como todos nós o somos. ------------------- Voce lê com prazer sincero e se interessa pelo destino de todos aqueles seres tão familiares. Que delícia de leitura!!!!!
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