CARRIE/BETTE DAVIS/STEVE MCQUEEN

Tom Horn de William Wiard com Steve McQueen
o último filme de steve é um western de uma tristeza glacial. dá pra notar o avanço da doença que mataria o astro logo após o final das filmagens. ele tinha 50 anos, mas aparentava 70 naquela altura. é triste pensar no que ele poderia ter feito no futuro que não viveu. tinha carisma de sobra e um estilo calado e frio insuperável. mas este é apenas um filme pobre e de pouca razão de ser. 3.
Teu Nome é Mulher de Vincente Minelli com Gregory Peck e Lauren Bacall.
o roteiro de george wells ganhou o oscar daquele ano. é o avô das ditas comédias romanticas. aqui, feita com muita classe e diálogos adultos e leves. peck é um jornalista de beisebol e lauren uma snob designer. minelli leva com seu bom gosto de esteta. nota 7.
Domino de Tony Scott com Keira Knightley e Mickey Rourke.
foi scott, o irmão de ridley o culpado. foi ele quem nos anos 80 criou a mania de filmes cheios de truquezinhos de imagem. atores posando. camera dançando. ar de anuncio de tv. filmes como top gun, fome de viver, dias de trovão e maré vermelha. este filme é dos maiores lixos imagináveis. um monte de movimento que não vai a lugar nenhum, ação sem emoção, cores e sons que existem por existir. um vergonhoso retrato do quanto o cinema se tornou futil. Zero.
Mama Mia!!!!!!!!!!!! de Phyllida Lloyd com Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth, Julie Walters.
produzido por tom hanks. e isto é muito importante : o filme tem o astral de the wonders. que imenso prazer o de se ver meryl streep brincar. que delicia assistir pierce brosnan esbanjar charme adulto pela ilha encantada onde o filme existe. e que deplorávelmente ruim roteiro temos aqui ! será que não podiam criar um mínimo de emoção, um minimo de surpresas ? temos neste a prova do porque de os musicais atuais não funcionarem : os números de canto e dança são jogados na tela sem preparação. o roteiro não cria um gancho, um motivo poético para que a canção se inicie, ela vem de repente. de sopetão. mesmo assim eu senti afeto pelo filme. por meryl, pierce e colin, e por que não ? pela muito subestimada música do abba, que desde a década passada vive sua vingança contra aqueles que não enxergavam nos anos 70 que aqueles suecos eram os herdeiros de phil spector. nota 6.
Vitória Amarga de Edmund Goulding com Bette Davis, Ronald Reagan e Bogey.
bette é uma frívola milionária. adoece. cancer cerebral. dramalhão ? é. mas nada revoltante. o filme flui e bette estraçalha. só vivien leigh em e o vento levou poderia lhe tirar o oscar daquele ano- e tirou. bette mostra egoismo, vaidade, medo, culpa, dor e coragem, ensinando como iluminar a tela. quando ela está em cena o filme brilha. brilha muito. felizmente ela está em todas elas. 7.
Depois do Ensaio de Bergman com Lena Olin e Gunnar Bjorstrand.
é um dos filmes que o genio fez após sua "aposentadoria". conversas sobre teatro, existencia, tempo, morte. não é filme de cinema, é feito para a tv sueca. 5.
Carrie de Brian de Palma com Sissy Spaceck, William Katt, John Travolta e Piper Laurie.
As pessoas que odeiam os anos 70 são aquelas tímidas personalidades que abominam a exuberancia louca que havia então. tudo era super-big nos 70 : carros imensos, cabelões gigantescos, sapatos e lapelas colossais, filmes egocentricos!!! e que felicidade a de uma época que em 3 anos assistiu : O chefão e a conversação/ taxi driver e alice não mora mais aqui / tubarão e contatos imediatos/ guerra nas estrelas e american graffitti/ annie hall e manhattan e nashville com um estranho no ninho. e carrie. um filme do mais exagerado e anos 70 dos diretores: de palma. um diretor que sempre vai ao limite, que não teme o mal-gosto, o exagero e a falta de tato. neste filme, se uma pessoa morre, mais 20 morrem; se uma cena é cruel, mais crueldade é adicionada. o roteiro é péssimo, os atores ( com excessão da comovente sissy ) estão à deriva, a trilha sonora compromete, o papel da mãe é caricatural... mas, funciona! funciona como uma homenagem aos filmes ruins, como uma diversão pop, e para mim, é uma deliciosa comédia de saudável humor-negro. a cena da corda segurando o balde com sangue é puro hitchcock : brian segue a dica do mestre : se o balde apenas caísse sem sabermos que ele iria cair teríamos apenas um susto- mas sabemos que o balde cairá, e vemos a agonia de carrie lá embaixo e esperamos-quando irá cair???? carrie é um filme que feito hoje mostraria visceras e explosões, a camera rodopiaria pelo cenário e os alunos seriam deprimidos sórdidos. de palma tem muito mal gosto, mas filma bem demais. nota 8.
Appaloosa de Ed Harris com Ed Harris, Viggo Mortensen, Jeremy Irons e Renee Zelwegger.
primeiro: o que aconteceu? Jeremy irons surgiu em 81 como possivelmente um novo olivier. após seu oscar em 88 foi relegado a apenas um tipo : o vilão fino e gelado. se tornou um desses atores excelentes e sub-utilizados, como gary oldman, malkovich, willem dafoe, terence stamp. dito isso...o western, de todo tipo de filme é o que mais depende de carisma. trata-se de um tipo de filme que expõe o ator : é seu corpo se movendo. aumentado, isolado, observado. esse ator tem que ser magnético. como o foram wayne, cooper, stewart, clint ou burt lancaster. viris e magnéticos. esse tipo de ator não se forma estudando teatro ou assitindo tv- ele se forma na vida. para o western são necessárias cicatrizes, rugas e uma voz que transmita solidão e coragem moral. no western não existe um homem numa estrada correndo ao sol- no western é O homem correndo NA estrada debaixo DO sol. tudo é amplificado e exposto na sua mais profunda e última realidade. meninos não gostem de westerns. eles não têm celulares/ carrões e computadores. mas o principal é: ele mostra aquilo que seremos ou já somos. este é um faroeste do tipo anthony mann- crepuscular. existe ação e companheirismo. mas é tudo mudo, surdo, meio em vão. ed e principalmente viggo têm bons rostos para westerns, mas falta um pouco de brilho ( quem teria hoje ? ) mas há aquele relacionamento direto, tipo john ford e dá pra ver que todos os envolvidos amam o que estão a fazer. digno, honesto e preciso. 7.