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RED RIVER. UM DOS MAIORES FILMES DA HISTÓRIA.
Diz a lenda que Howard Hawks não move a câmera. Que ele monta a cena e pede sempre que o cinegrafista grave sem se mover. Há também outra lenda que fala que Hawks nunca pensava em fazer dois filmes parecidos ( isso até 1959 ). A segunda é fato, mas a primeira é desmentida por Red River. Feito em 1947, ele tem dois movimentos de câmera que ainda hoje, época da steady cam, são raros: um giro de 360 graus, onde todo o set e todo o grupo de atores é mostrado; e uma travessia de rio, onde vemos a ação de dentro de uma carroça. São dois momentos "não hawksianos" em um filme, brilhante e majestoso, onde toda a filosofia é 100% Hawks. Thanks God.
John Wayne abandona uma caravana para se estabelecer no Texas. Há um salto de 12 anos, e agora, dono de um rebanho imenso, ele tem de levar o gado até St. Louis, 1.600 km de distância. No caminho ele começa a ficar muito agressivo, e seu pupilo, Montgomery Clift, entra em atrito com ele. Mais não conto, embora vontade não falte.
A maioria dos leigos acha que "o novo modo de atuar" nasceu com Brando ou Dean. Na verdade nasceu com Montgomery Clift, aqui. Observe como ele nunca atua como Wayne. Assim como Marlon faria, ele emite as falas enquanto enrola um cigarro, brinca com o chapéu, pega algo do chão. Sua voz está sempre um tom abaixo, ele se esforça para não parecer atuar. Caso voce não saiba, Monty ainda tem um fã clube imenso, era amado por Brando e Dean, e teve sua carreira destruída pelo álcool e seus conflitos sexuais. Trabalhou com todos os grandes: Hitchcock, Kazan, George Stevens, John Huston, Zinneman, William Wyler, George Cukor. Em sua época, apenas John Ford e Billy Wilder nunca o usaram. Uma carreira de apenas 15 anos. Em 1963 ele já estaria destruído.
Estranhamos no começo sua presença. Monty era pequeno, delicado, suave demais para um western. Parece que Hawks errou na escolha. Mas aos poucos percebemos o acerto. Nenhum ator da época era mais anti John Wayne que Clift. Inclusive no modo de atuar. O filme pedia por essa oposição. Hawks acertou no alvo. Wayne é pura força, virilidade, expansão, raiva explosiva; Monty é educado, completamente educado. Observa o modo como ele atira. A arma em sua mão é quase como uma raquete de tênis ou melhor, um florete. A mesma arma na mão de Wayne é um canhão.
Dizem que John Ford tinha inveja de Hawks. Por causa deste filme, o único western que não era de Ford que Ford queria ter feito. Mais ainda: Ford dizia que John Wayne aprendera a atuar com Hawks e não com ele. Há fontes que dizem que ao assistir Red River, Ford comentou: " O filha da puta sabr atuar! ". Rastros de Ódio só existe porque Red River existiu antes.
Muita gente diz, e eu mesmo já falei isso, que os filmes de Hawks passam a sensação de que apenas se conversa, de que não há ação física de fato. Por isso Tarantino sempre o cita como diretor apreciado. Mas em RED RIVER a verdade fica mais evidente: A ação acontece, há muito movimento sim, mas os personagens são tão bem desenvolvidos e os diálogos são tão bons, que temos a sensação de que a ação não é tão importante. O que mais lembramos são dos tipos, dos caracteres, dos homens lá envolvidos. O filme tem estouro de boiada, ataque de índios, duelos, surras, correrias, travessias. Mas o que fica é Wayne esbravejando, Walter Brennan comentando a ação, Monty sendo diplomático com a troupe, e todo o resto, cada um com sua alma muito bem definida.
Há bom humor em todo o filme. Hawks amava viver e ele é incapaz de ser pessimista. O filme não passa nem perto de ser uma comédia, porém ele crê no homem, faz fé em amizades, entende que o bem sempre dá um jeito de retornar. O final do filme não poderia ser melhor. Sorrimos com ele.
Termino falando do feminismo real de Hawks. Até em seus westerns Hawks enfia uma mulher na história. E elas são sempre fortes, independentes, bocudas, e resolvem as bobagens onde os homens se perdem. Nenhum diretor explicita melhor o poder de civilizar que a mulher tem.
Outro fato é a diferença entre os westerns de Ford e Hawks. Ford parece ter estado lá. Hawks é urbano, um gentleman. Ford é portanto muito mais crente, duro, machista, poético, ele crê no que filma. Para Ford um western é a vida real. Hawks é o contrário. Ele é sempre irônico, leve, democrático, nunca poético, evita o aspecto de saga naquilo que filma. Para ele, um western é um espelho da vida.
RED RIVER é um filme imenso.
John Wayne abandona uma caravana para se estabelecer no Texas. Há um salto de 12 anos, e agora, dono de um rebanho imenso, ele tem de levar o gado até St. Louis, 1.600 km de distância. No caminho ele começa a ficar muito agressivo, e seu pupilo, Montgomery Clift, entra em atrito com ele. Mais não conto, embora vontade não falte.
A maioria dos leigos acha que "o novo modo de atuar" nasceu com Brando ou Dean. Na verdade nasceu com Montgomery Clift, aqui. Observe como ele nunca atua como Wayne. Assim como Marlon faria, ele emite as falas enquanto enrola um cigarro, brinca com o chapéu, pega algo do chão. Sua voz está sempre um tom abaixo, ele se esforça para não parecer atuar. Caso voce não saiba, Monty ainda tem um fã clube imenso, era amado por Brando e Dean, e teve sua carreira destruída pelo álcool e seus conflitos sexuais. Trabalhou com todos os grandes: Hitchcock, Kazan, George Stevens, John Huston, Zinneman, William Wyler, George Cukor. Em sua época, apenas John Ford e Billy Wilder nunca o usaram. Uma carreira de apenas 15 anos. Em 1963 ele já estaria destruído.
Estranhamos no começo sua presença. Monty era pequeno, delicado, suave demais para um western. Parece que Hawks errou na escolha. Mas aos poucos percebemos o acerto. Nenhum ator da época era mais anti John Wayne que Clift. Inclusive no modo de atuar. O filme pedia por essa oposição. Hawks acertou no alvo. Wayne é pura força, virilidade, expansão, raiva explosiva; Monty é educado, completamente educado. Observa o modo como ele atira. A arma em sua mão é quase como uma raquete de tênis ou melhor, um florete. A mesma arma na mão de Wayne é um canhão.
Dizem que John Ford tinha inveja de Hawks. Por causa deste filme, o único western que não era de Ford que Ford queria ter feito. Mais ainda: Ford dizia que John Wayne aprendera a atuar com Hawks e não com ele. Há fontes que dizem que ao assistir Red River, Ford comentou: " O filha da puta sabr atuar! ". Rastros de Ódio só existe porque Red River existiu antes.
Muita gente diz, e eu mesmo já falei isso, que os filmes de Hawks passam a sensação de que apenas se conversa, de que não há ação física de fato. Por isso Tarantino sempre o cita como diretor apreciado. Mas em RED RIVER a verdade fica mais evidente: A ação acontece, há muito movimento sim, mas os personagens são tão bem desenvolvidos e os diálogos são tão bons, que temos a sensação de que a ação não é tão importante. O que mais lembramos são dos tipos, dos caracteres, dos homens lá envolvidos. O filme tem estouro de boiada, ataque de índios, duelos, surras, correrias, travessias. Mas o que fica é Wayne esbravejando, Walter Brennan comentando a ação, Monty sendo diplomático com a troupe, e todo o resto, cada um com sua alma muito bem definida.
Há bom humor em todo o filme. Hawks amava viver e ele é incapaz de ser pessimista. O filme não passa nem perto de ser uma comédia, porém ele crê no homem, faz fé em amizades, entende que o bem sempre dá um jeito de retornar. O final do filme não poderia ser melhor. Sorrimos com ele.
Termino falando do feminismo real de Hawks. Até em seus westerns Hawks enfia uma mulher na história. E elas são sempre fortes, independentes, bocudas, e resolvem as bobagens onde os homens se perdem. Nenhum diretor explicita melhor o poder de civilizar que a mulher tem.
Outro fato é a diferença entre os westerns de Ford e Hawks. Ford parece ter estado lá. Hawks é urbano, um gentleman. Ford é portanto muito mais crente, duro, machista, poético, ele crê no que filma. Para Ford um western é a vida real. Hawks é o contrário. Ele é sempre irônico, leve, democrático, nunca poético, evita o aspecto de saga naquilo que filma. Para ele, um western é um espelho da vida.
RED RIVER é um filme imenso.
ADEUS JOHN WAYNE ( PORQUÊ O NAZISMO VENCEU )VOLTAIRE!
Uma comissão na cidade de Orange County vai retirar a estátua de John Wayne. Ela ficará num porão. Eis um assunto difícil de falar.
Cresci em um mundo cultural com espaço. Espaço é a palavra. Havia espaço para Eliot e para Marianne Moore. Para James Baldwin e para Mishima. O que se amava era a excelência. Podia-se lamentar a posição de Ezra Pound durante a guerra, podia-se odiar o que Elia Kazan fez, mas JAMAIS se imaginava censurar ou apagar da história alguém que tivesse contribuído para a diversidade cultural do planeta. Desde 1960 John Wayne era chamado, injustamente, de fascista. Mas seus filmes passavam normalmente na TV, ele era homenageado em festivais e respeitado por seu legado. Isso não poderia ser apagado, pois apagar a cultura seria como empobrecer nosso espírito. Porém, a partir dos anos 80 esse amor se perdeu.
Uso a palavra amor de forma bastante apropriada. O amor pela cultura faz com que eu ame Acossado, mesmo odiando a posição política de Godard. Faz com que eu leia Heminguay, mesmo sabendo que eu o detestaria como pessoa. Esse amor a cultura morreu e não estou sendo exagerado ao dizer isso. Os fariseus tomaram o museu e compraram a editora. Eles não amam a cultura, eles amam o seu PRÓPRIO ESPELHO e esse espelho não aceita nada que não seja ele mesmo.
Perversamente a diversidade está matando a....diversidade. Essa diversidade, made in 2020, é uma festa entre iguais, inclusive no modo de vestir e falar. Penso que eles estão tão profundamente condicionados que perderam a capacidade de perceber essa armadilha. Diversidade pequena, limitada, diversidade que tem pauta, censura, manual de bom comportamento. Uma festa que não permite a entrada de quem foge a seus ditames, e pior, uma festa que expulsa fantasmas.
Aldous Huxley já dizia em 1930 que a pior opressão parte de quem diz defender o bem. Vegetarianos, pacifistas, naturistas, liberais, além de oprimir com suas regras, nos fazem mal por nos legarem a culpa. Se eles são bons, então somos o mal. Eles produzem o mesmo efeito do cristianismo que dizem odiar. Erguem o nariz arrotando sua superioridade. São anjos. E têm má digestão.
Agora, neste exato momento, eles estão limpando a história do mundo. Desinfetam páginas e páginas do passado, tudo em nome do bem e da justiça. Desde a inquisição não se via tamanho fanatismo. Não é coincidência usarem a fogueira. O que os move é o ódio. Eles não compreendem o passado, não entendem a arte fora do utilitarismo político e por isso vivem em ressentimento. Discursam contra o racismo, mas dão cor à todo espírito e toda arte. Para eles um ser humano se resume a cor de sua pele. A raça condiciona toda arte que podemos produzir, tudo o que podemos falar. Segundo eles, não há como escapar do seu condicionamento racial. Se voce é branco voce só pode produzir arte de branco. Eles negam a alma, sem cor e sem sexo, e se prendem ao conceito que dizem exterminar. Bem...desde Hitler não se vê e ouve nada tão estúpido. Não à toa nazistas também se viam como puros.
Alguns anos atrás eu li alguém que dizia que na verdade os nazis venceram a guerra. Leio dois livros por semana e é difícil lembrar todo autor, baby. Mas ele dizia que depois da guerra vivemos em um mundo armado, vigiado e desencantado, e por isso os nazis haviam vencido por terem mudado o mundo. Pois agora a coisa piorou. O modo nazi, inconsciente, toma conta da diversidade perversa. O ódio ao diferente é absoluto, e pior, é visto como O BEM.
Não, não estou exagerando e explico mais um pouco.
Sim, voce sempre teve sua turma. Vamos a chamar de turma da Vila Madalena. Ou galera do Baixo Leblon. Ou jovens de Greenwich Village. Voce odiava, digamos, os caras da Mooca, ou da Barra, ou de Boston. Havia um atrito. Uma discussão. Mas não havia a tentativa de fazer com que a Barra deixasse de existir. Voce odiava Roberto Carlos ou o general Geisel, mas não pensava em queimar seus discos ou apagar seus anos de governo da história. Pois é isso que agora se apresenta. A absoluta negação da cultura. Pois cultura é história e história é passado.
Roger Scrutton diz que o conservadorismo se resume a amar as coisas do passado e lutar para as preservar. Nunca na história recente, a civilização, que eu amo, aquela criada por judeus e gregos, romanos e celtas, foi tão atacada. Há um plano óbvio de a cancelar.
Não é a primeira vez que isso ocorre. Crises culturais cíclicas, em que todo o mundo cultural parece afundar, são inevitáveis. Houve isso nas invasões bárbaras, na crise da reforma, na guerra contra os nazistas. A diferença é que agora é uma guerra não declarada, uma guerra sem batalhas, de guerrilha, de pequenas e constantes destruições.
Eu defenderei sempre o direito de voce assistir o filme que voce quiser. Mesmo que eu o deteste.
Isso é Voltaire.
E ontem vandalizaram sua estátua em Paris. Nela escreveram: Racista.
Meu amor chora.
Cresci em um mundo cultural com espaço. Espaço é a palavra. Havia espaço para Eliot e para Marianne Moore. Para James Baldwin e para Mishima. O que se amava era a excelência. Podia-se lamentar a posição de Ezra Pound durante a guerra, podia-se odiar o que Elia Kazan fez, mas JAMAIS se imaginava censurar ou apagar da história alguém que tivesse contribuído para a diversidade cultural do planeta. Desde 1960 John Wayne era chamado, injustamente, de fascista. Mas seus filmes passavam normalmente na TV, ele era homenageado em festivais e respeitado por seu legado. Isso não poderia ser apagado, pois apagar a cultura seria como empobrecer nosso espírito. Porém, a partir dos anos 80 esse amor se perdeu.
Uso a palavra amor de forma bastante apropriada. O amor pela cultura faz com que eu ame Acossado, mesmo odiando a posição política de Godard. Faz com que eu leia Heminguay, mesmo sabendo que eu o detestaria como pessoa. Esse amor a cultura morreu e não estou sendo exagerado ao dizer isso. Os fariseus tomaram o museu e compraram a editora. Eles não amam a cultura, eles amam o seu PRÓPRIO ESPELHO e esse espelho não aceita nada que não seja ele mesmo.
Perversamente a diversidade está matando a....diversidade. Essa diversidade, made in 2020, é uma festa entre iguais, inclusive no modo de vestir e falar. Penso que eles estão tão profundamente condicionados que perderam a capacidade de perceber essa armadilha. Diversidade pequena, limitada, diversidade que tem pauta, censura, manual de bom comportamento. Uma festa que não permite a entrada de quem foge a seus ditames, e pior, uma festa que expulsa fantasmas.
Aldous Huxley já dizia em 1930 que a pior opressão parte de quem diz defender o bem. Vegetarianos, pacifistas, naturistas, liberais, além de oprimir com suas regras, nos fazem mal por nos legarem a culpa. Se eles são bons, então somos o mal. Eles produzem o mesmo efeito do cristianismo que dizem odiar. Erguem o nariz arrotando sua superioridade. São anjos. E têm má digestão.
Agora, neste exato momento, eles estão limpando a história do mundo. Desinfetam páginas e páginas do passado, tudo em nome do bem e da justiça. Desde a inquisição não se via tamanho fanatismo. Não é coincidência usarem a fogueira. O que os move é o ódio. Eles não compreendem o passado, não entendem a arte fora do utilitarismo político e por isso vivem em ressentimento. Discursam contra o racismo, mas dão cor à todo espírito e toda arte. Para eles um ser humano se resume a cor de sua pele. A raça condiciona toda arte que podemos produzir, tudo o que podemos falar. Segundo eles, não há como escapar do seu condicionamento racial. Se voce é branco voce só pode produzir arte de branco. Eles negam a alma, sem cor e sem sexo, e se prendem ao conceito que dizem exterminar. Bem...desde Hitler não se vê e ouve nada tão estúpido. Não à toa nazistas também se viam como puros.
Alguns anos atrás eu li alguém que dizia que na verdade os nazis venceram a guerra. Leio dois livros por semana e é difícil lembrar todo autor, baby. Mas ele dizia que depois da guerra vivemos em um mundo armado, vigiado e desencantado, e por isso os nazis haviam vencido por terem mudado o mundo. Pois agora a coisa piorou. O modo nazi, inconsciente, toma conta da diversidade perversa. O ódio ao diferente é absoluto, e pior, é visto como O BEM.
Não, não estou exagerando e explico mais um pouco.
Sim, voce sempre teve sua turma. Vamos a chamar de turma da Vila Madalena. Ou galera do Baixo Leblon. Ou jovens de Greenwich Village. Voce odiava, digamos, os caras da Mooca, ou da Barra, ou de Boston. Havia um atrito. Uma discussão. Mas não havia a tentativa de fazer com que a Barra deixasse de existir. Voce odiava Roberto Carlos ou o general Geisel, mas não pensava em queimar seus discos ou apagar seus anos de governo da história. Pois é isso que agora se apresenta. A absoluta negação da cultura. Pois cultura é história e história é passado.
Roger Scrutton diz que o conservadorismo se resume a amar as coisas do passado e lutar para as preservar. Nunca na história recente, a civilização, que eu amo, aquela criada por judeus e gregos, romanos e celtas, foi tão atacada. Há um plano óbvio de a cancelar.
Não é a primeira vez que isso ocorre. Crises culturais cíclicas, em que todo o mundo cultural parece afundar, são inevitáveis. Houve isso nas invasões bárbaras, na crise da reforma, na guerra contra os nazistas. A diferença é que agora é uma guerra não declarada, uma guerra sem batalhas, de guerrilha, de pequenas e constantes destruições.
Eu defenderei sempre o direito de voce assistir o filme que voce quiser. Mesmo que eu o deteste.
Isso é Voltaire.
E ontem vandalizaram sua estátua em Paris. Nela escreveram: Racista.
Meu amor chora.
PARAÍSO INFERNAL ( ONLY ANGELS HAVE WINGS ), O MUNDO DE HOWARD HAWKS
Em dois minutos de filme estamos dentro do mundo de Howard Hawks: vemos um país fictício, uma praia que existe só em Hollywood, gente que não se parece com gente de lugar nenhum e um navio que chega ao porto, um navio que traz mais gente de ficção ao país da imaginação. Esse é o mundo do Howard Hawks maduro, aquele dos últimos vinte anos de vida. Este filme, de 1939, foi feito muito antes dessa fase em sua carreira, mas ele já anuncia o que seria o mais constante Hawks style.
Uma americana desce do navio. Jean Arthur. E ela faz a típica mulher Hawksiana: Tem um passado meio marginal. É forte e independente. Fala o que pensa. E está sempre alegre, apesar da sombra que lhe faz companhia. Essa mulher conhece um grupo de homens. Neste filme, um grupo de aviadores. Eles arriscam a vida entregando cartas numa rota perigosa. É o mundo do melhor livro de Saint Exupéry, Correio Sul. Temos então mais outra marca de Hawks: o grupo de amigos que enfrenta o perigo estoicamente. E por ser um filme típico desse diretor, o filme não terá um alvo. Ele meio que se espalha em pequenos acontecimentos do dia a dia. Um dia a dia excepcional, mas é cotidiano para aqueles homens. Mundo masculino, porém sacudido por uma mulher tão forte quanto eles. Dentro desse mundo há um veterano em decadência física, Thomas Mitchel, um piloto acusado de covardia que deverá se redimir, Richard Barthelmess ( soberbo ), a esposa sexy desse piloto, Rita Hayworth ( nunca mais tão bonita ), e o chefe do grupo, o mais estoico e mais amargo entre eles, Cary Grant ( num papel pouco Cary Grant, e atuando de uma forma contida que convence e muito ).
Se eu contar o que acontece no filme irei falar várias coisas. Mas nenhuma delas poderei chamar de o centro do filme. Howard Hawks não faz filmes com um centro. Rio Lobo, Rio Bravo, Red River, Hatari!, todos são filmes sem um centro, sem um enredo central. Todos são sobre grupos de homens. Todos são tratados sublimes sobre a amizade e a lealdade. John Ford, o diretor que mais invejava e admirava Hawks, tem sempre O Tema. Rastros de Ódio é sobre um cowboy indo resgatar uma menina. E assim são todos os seus filmes. Por isso Tarantino lembra tanto Hawks em modo de pensar um roteiro: ele também não tem um tema definido. São temas. Ou, para quem não gosta, é um monte de papo furado.
Fala-se muito nos filmes de Hawks. Ele ama o diálogo. E essas falas não carregam mensagem alguma. É conversa. Apenas conversa. O sentido não está no que se fala. Ele está em como se fala e com quem se fala. O sentido é o ato de falar, não a palavra. Por isso eu amo tanto seus filmes. Ele não explicita nada, mas também não esconde. Seus filmes são o que vemos e só o que vemos. E que prazer eu sinto em os ver!
A maior beleza é poder ver aquelas pessoas existirem. Alguém disse que em Hatari! sentimos amor por um café da manhã. A melhor cena do filme é ver John Wayne e seus amigos tomando café todas as manhãs. Concordo plenamente. Somos convidados àquele grupo. E nos sentimos bem dentro dele.
Eu seria desonesto se falasse que Hawks nos ensina a ter coragem, a ser viril, a ter estoicismo. Isso é para Ford ou Huston. Hawks não quer ensinar, ele quer deixar um testemunho. Esses aviadores nos apaixonam. Antes o apaixonaram.
Durante o filme, foi a segunda vez que o vi, a cópia é perfeita, cheguei a pensar: Que coisa! Este talvez seja agora meu filme favorito! Nenhum filme de Hawks será o favorito de ninguém. Isso porque eles não são SENSACIONAIS. Mas vários filmes dele estarão entre os mais queridos. Pois eles são um remédio. Nos fazem bem.
Eu realmente amo esse diretor.
Uma americana desce do navio. Jean Arthur. E ela faz a típica mulher Hawksiana: Tem um passado meio marginal. É forte e independente. Fala o que pensa. E está sempre alegre, apesar da sombra que lhe faz companhia. Essa mulher conhece um grupo de homens. Neste filme, um grupo de aviadores. Eles arriscam a vida entregando cartas numa rota perigosa. É o mundo do melhor livro de Saint Exupéry, Correio Sul. Temos então mais outra marca de Hawks: o grupo de amigos que enfrenta o perigo estoicamente. E por ser um filme típico desse diretor, o filme não terá um alvo. Ele meio que se espalha em pequenos acontecimentos do dia a dia. Um dia a dia excepcional, mas é cotidiano para aqueles homens. Mundo masculino, porém sacudido por uma mulher tão forte quanto eles. Dentro desse mundo há um veterano em decadência física, Thomas Mitchel, um piloto acusado de covardia que deverá se redimir, Richard Barthelmess ( soberbo ), a esposa sexy desse piloto, Rita Hayworth ( nunca mais tão bonita ), e o chefe do grupo, o mais estoico e mais amargo entre eles, Cary Grant ( num papel pouco Cary Grant, e atuando de uma forma contida que convence e muito ).
Se eu contar o que acontece no filme irei falar várias coisas. Mas nenhuma delas poderei chamar de o centro do filme. Howard Hawks não faz filmes com um centro. Rio Lobo, Rio Bravo, Red River, Hatari!, todos são filmes sem um centro, sem um enredo central. Todos são sobre grupos de homens. Todos são tratados sublimes sobre a amizade e a lealdade. John Ford, o diretor que mais invejava e admirava Hawks, tem sempre O Tema. Rastros de Ódio é sobre um cowboy indo resgatar uma menina. E assim são todos os seus filmes. Por isso Tarantino lembra tanto Hawks em modo de pensar um roteiro: ele também não tem um tema definido. São temas. Ou, para quem não gosta, é um monte de papo furado.
Fala-se muito nos filmes de Hawks. Ele ama o diálogo. E essas falas não carregam mensagem alguma. É conversa. Apenas conversa. O sentido não está no que se fala. Ele está em como se fala e com quem se fala. O sentido é o ato de falar, não a palavra. Por isso eu amo tanto seus filmes. Ele não explicita nada, mas também não esconde. Seus filmes são o que vemos e só o que vemos. E que prazer eu sinto em os ver!
A maior beleza é poder ver aquelas pessoas existirem. Alguém disse que em Hatari! sentimos amor por um café da manhã. A melhor cena do filme é ver John Wayne e seus amigos tomando café todas as manhãs. Concordo plenamente. Somos convidados àquele grupo. E nos sentimos bem dentro dele.
Eu seria desonesto se falasse que Hawks nos ensina a ter coragem, a ser viril, a ter estoicismo. Isso é para Ford ou Huston. Hawks não quer ensinar, ele quer deixar um testemunho. Esses aviadores nos apaixonam. Antes o apaixonaram.
Durante o filme, foi a segunda vez que o vi, a cópia é perfeita, cheguei a pensar: Que coisa! Este talvez seja agora meu filme favorito! Nenhum filme de Hawks será o favorito de ninguém. Isso porque eles não são SENSACIONAIS. Mas vários filmes dele estarão entre os mais queridos. Pois eles são um remédio. Nos fazem bem.
Eu realmente amo esse diretor.
FILME NOIR E WESTERN
CHISUM de Andrew V. McLaglen com John Wayne
Wayne defende suas terras de um "barão de terras". Surpreendentemente bom, visto que o diretor se tornou famoso por estragar boas produções. O filme é de 1970, da fase final de Wayne, quando ele fazia 3 ou até 4 filmes por ano para pagar suas contas ( ele falira em 1960 ). Pode ver este, ele é bem bom.
A QUADRILHA MALDITA de Andre de Toth com Robert Ryan e Tina Louise.
Lembra de Os Oito Odiados do Tarantino? Pois é, aqui está ele. Dentro de um barracão-hotel, no fim do mundo, entre sujeira e gelo, um cara do bem tenta livrar o lugar de um bando de estupradores e ladrões imbecis. Eu não gostei do filme, mas talvez esteja errado. Ele é muito crú e não parece ser um filme de 1959, tem cara de 1979. Robert Ryan é talvez o maior ator americano de seu tempo...e o menos lembrado.
UM PECADO EM CADA ALMA de Rudolph Maté com Glenn Ford e Barbara Stanwyck
Um pacato dono de terras resolve vender sua propriedade para um vizinho rico e ganancioso. Mas muda de ideia e organiza um bando para não ser "convencido" a vender. Maté, dinamarquês, foi diretor de fotografia de Dreyer. Nos EUA, se tornou um dos grandes diretores de imagens do cinema, mas apenas um diretor de filmes ok. A gente adora odiar Stanwyck.
À BORDA DA MORTE de Richard D. Webb com Robert Ryan e Jeffrey Hunter
Numa cidade corrupta, um xerife tem de lutar mesmo sofrendo de crises de cegueira. Cá está o grande Ryan em mais um western. E, tenho certeza, voce vai se deixar envolver pela sua dureza frágil. Um western médio, daqueles que eram feitos às centenas para lotar os cinemas de bairro e do interior. Hoje a gente tem saudade deles.
HOMENS INDOMÁVEIS de Allan Dwan com John Payne, Lizabeth Scott e Dan Dureya.
Um dos motivos do fim do filme de faroeste foi a TV. Mas o principal foi o limite claro que existe no gênero. Assim como o filme de HQ, o western tem pouca chance de criação. Ele possui um número restrito de temas, de ambientes e de assuntos. Quando deixa isso tudo de lado não é mais um western, vira outra coisa. Com o filme noir isso não aconteceu e por isso ele sobrevive até hoje. Os temas e os ambientes do noir podem ser modificados à vontade, já o western não. Este é um filme ruim.
A RENEGADA de Allan Dwan com Audrey Totter e John Lund.
Críticos franceses descobriram Dwan nos anos 50. Ele é apenas ruim. Um diretor de muita ambição e pouca realização. Detestei este filme.
UM PREÇO PARA CADA CRIME de Bretaigne Windust com Humphrey Bogart
Bogey é um promotor que vê suas testemunhas sendo eliminadas. Zero Mostel é sua última chance e ele não pode deixar que ele morra ou desista de testemunhar. Muito bom. Bogey está frio como aço e a fotografia é linda, sombras numa cidade úmida. Um noir dos bons.
SOMBRAS DO MAL de Jules Dassin com Richard Widmark
Já tendo fugido para a Inglaterra, Dassin chama Widmark e filme este triste drama noir. Widmark é um pequeno malandro que sonha em dar um grande golpe. Mas ele falha e o filme é de um pessimismo total. Tudo funciona aqui: Londres, as ruas, os atores, a trilha sonora.
A MALETA FATÍDICA de Jacques Tourneur com Aldo Ray e Brian Keith
Uma maleta cheia de dinheiro cai na mão de um cara. Mas esse dinheiro é da máfia. Ele passa a ser caçado. Tourneur sabia fazer qualquer tipo de filme. Só musical ele não fez. Filme de guerra, piratas, westerns, noirs, comédia, filme de terror...Este é dos bons.
DO LODO BROTOU UMA FLOR de Robert Montgomery com ele e Wanda Hendrix
Montgomery, ator famoso desde os anos 30, vai ao Mexico fazer este filme estranho. E belo. O tema é a chantagem e o azar. Como ator, Montgomery brilha em sua frieza desiludida, como diretor, ele funciona: o filme é diferente.
MERCADO HUMANO de Anthony Mann com Ricardo Montalban
Anthony Mann, um grande diretor, dos maiores, começa sua carreira no filme noir. Este fala dos mexicanos que cruzam a fronteira como ilegais. Um agente americano se infiltra nos grupos de chicanos para tentar descobrir os vendedores de passagens. Um tema ainda atual. O filme é quase um documentário.
PRECIPÍCIOS D'ALMA de David Butler com Joan Crawford, Jack Palance e Gloria Grahame
Mio Dio!!! O filme começa como um inacreditável novelão com um canastríssimo Palance. Ele é um ator que se casa com uma famosa escritora. Mas então...o filme muda e vira um noir em que ele tenta a matar. Gloria, sempre sexy, faz a amante. Um filme muuuuito esquisito e meio doentio.
NA NOITE DO CRIME de Norman Foster com Ann Sheridan e Dennis O'Keefe
Um cara foge em San Fran. Apenas isso. E que "isso"! Um pequeno filme noir com excelente direção e clima de sobra. O legal dessas caixas de filme é que, como já estamos na caixa 8, os filme óbvios já foram editado e agora surgem as surpresas. Como este, que estava completamente esquecido.
A CICATRIZ de Steve Sekely com Paul Henreid e Joan Bennett.
Nunca na vida ouvi falar deste diretor! Mas conheço bem os atores e o fotógrafo, John Alton. Um ex prisioneiro, após cumprir pena parte para o crime. E para isso, ele toma o lugar de um psiquiatra parecido com ele. O tema é o duplo, o roteiro é inverossímil, mas é daí...o filme tem suspense e é bom pacas!
TRÁGICO DESTINO de John Farrow com Robert Mitchum e Claude Rains.
Uma obra prima! O grande ator do noir, Bob Mitchum, é um médico que sem querer, se envolve no mundo do crime. Faith Domergue, uma atriz ruim, aqui faz a mulher fatal, e está ótima! O filme se parece com um pesadelo. É uma diversão cruel.
A MORTE RONDA O CAIS de Phil Karlson com John Payne
A esposa de um taxista é morta pelo amante. O marido é dado como suspeito e foge da policia. Excelente filme B. Rápido e ágil, ficamos envolvidos pelo destino do pobre "trouxa". Veja!!!
Wayne defende suas terras de um "barão de terras". Surpreendentemente bom, visto que o diretor se tornou famoso por estragar boas produções. O filme é de 1970, da fase final de Wayne, quando ele fazia 3 ou até 4 filmes por ano para pagar suas contas ( ele falira em 1960 ). Pode ver este, ele é bem bom.
A QUADRILHA MALDITA de Andre de Toth com Robert Ryan e Tina Louise.
Lembra de Os Oito Odiados do Tarantino? Pois é, aqui está ele. Dentro de um barracão-hotel, no fim do mundo, entre sujeira e gelo, um cara do bem tenta livrar o lugar de um bando de estupradores e ladrões imbecis. Eu não gostei do filme, mas talvez esteja errado. Ele é muito crú e não parece ser um filme de 1959, tem cara de 1979. Robert Ryan é talvez o maior ator americano de seu tempo...e o menos lembrado.
UM PECADO EM CADA ALMA de Rudolph Maté com Glenn Ford e Barbara Stanwyck
Um pacato dono de terras resolve vender sua propriedade para um vizinho rico e ganancioso. Mas muda de ideia e organiza um bando para não ser "convencido" a vender. Maté, dinamarquês, foi diretor de fotografia de Dreyer. Nos EUA, se tornou um dos grandes diretores de imagens do cinema, mas apenas um diretor de filmes ok. A gente adora odiar Stanwyck.
À BORDA DA MORTE de Richard D. Webb com Robert Ryan e Jeffrey Hunter
Numa cidade corrupta, um xerife tem de lutar mesmo sofrendo de crises de cegueira. Cá está o grande Ryan em mais um western. E, tenho certeza, voce vai se deixar envolver pela sua dureza frágil. Um western médio, daqueles que eram feitos às centenas para lotar os cinemas de bairro e do interior. Hoje a gente tem saudade deles.
HOMENS INDOMÁVEIS de Allan Dwan com John Payne, Lizabeth Scott e Dan Dureya.
Um dos motivos do fim do filme de faroeste foi a TV. Mas o principal foi o limite claro que existe no gênero. Assim como o filme de HQ, o western tem pouca chance de criação. Ele possui um número restrito de temas, de ambientes e de assuntos. Quando deixa isso tudo de lado não é mais um western, vira outra coisa. Com o filme noir isso não aconteceu e por isso ele sobrevive até hoje. Os temas e os ambientes do noir podem ser modificados à vontade, já o western não. Este é um filme ruim.
A RENEGADA de Allan Dwan com Audrey Totter e John Lund.
Críticos franceses descobriram Dwan nos anos 50. Ele é apenas ruim. Um diretor de muita ambição e pouca realização. Detestei este filme.
UM PREÇO PARA CADA CRIME de Bretaigne Windust com Humphrey Bogart
Bogey é um promotor que vê suas testemunhas sendo eliminadas. Zero Mostel é sua última chance e ele não pode deixar que ele morra ou desista de testemunhar. Muito bom. Bogey está frio como aço e a fotografia é linda, sombras numa cidade úmida. Um noir dos bons.
SOMBRAS DO MAL de Jules Dassin com Richard Widmark
Já tendo fugido para a Inglaterra, Dassin chama Widmark e filme este triste drama noir. Widmark é um pequeno malandro que sonha em dar um grande golpe. Mas ele falha e o filme é de um pessimismo total. Tudo funciona aqui: Londres, as ruas, os atores, a trilha sonora.
A MALETA FATÍDICA de Jacques Tourneur com Aldo Ray e Brian Keith
Uma maleta cheia de dinheiro cai na mão de um cara. Mas esse dinheiro é da máfia. Ele passa a ser caçado. Tourneur sabia fazer qualquer tipo de filme. Só musical ele não fez. Filme de guerra, piratas, westerns, noirs, comédia, filme de terror...Este é dos bons.
DO LODO BROTOU UMA FLOR de Robert Montgomery com ele e Wanda Hendrix
Montgomery, ator famoso desde os anos 30, vai ao Mexico fazer este filme estranho. E belo. O tema é a chantagem e o azar. Como ator, Montgomery brilha em sua frieza desiludida, como diretor, ele funciona: o filme é diferente.
MERCADO HUMANO de Anthony Mann com Ricardo Montalban
Anthony Mann, um grande diretor, dos maiores, começa sua carreira no filme noir. Este fala dos mexicanos que cruzam a fronteira como ilegais. Um agente americano se infiltra nos grupos de chicanos para tentar descobrir os vendedores de passagens. Um tema ainda atual. O filme é quase um documentário.
PRECIPÍCIOS D'ALMA de David Butler com Joan Crawford, Jack Palance e Gloria Grahame
Mio Dio!!! O filme começa como um inacreditável novelão com um canastríssimo Palance. Ele é um ator que se casa com uma famosa escritora. Mas então...o filme muda e vira um noir em que ele tenta a matar. Gloria, sempre sexy, faz a amante. Um filme muuuuito esquisito e meio doentio.
NA NOITE DO CRIME de Norman Foster com Ann Sheridan e Dennis O'Keefe
Um cara foge em San Fran. Apenas isso. E que "isso"! Um pequeno filme noir com excelente direção e clima de sobra. O legal dessas caixas de filme é que, como já estamos na caixa 8, os filme óbvios já foram editado e agora surgem as surpresas. Como este, que estava completamente esquecido.
A CICATRIZ de Steve Sekely com Paul Henreid e Joan Bennett.
Nunca na vida ouvi falar deste diretor! Mas conheço bem os atores e o fotógrafo, John Alton. Um ex prisioneiro, após cumprir pena parte para o crime. E para isso, ele toma o lugar de um psiquiatra parecido com ele. O tema é o duplo, o roteiro é inverossímil, mas é daí...o filme tem suspense e é bom pacas!
TRÁGICO DESTINO de John Farrow com Robert Mitchum e Claude Rains.
Uma obra prima! O grande ator do noir, Bob Mitchum, é um médico que sem querer, se envolve no mundo do crime. Faith Domergue, uma atriz ruim, aqui faz a mulher fatal, e está ótima! O filme se parece com um pesadelo. É uma diversão cruel.
A MORTE RONDA O CAIS de Phil Karlson com John Payne
A esposa de um taxista é morta pelo amante. O marido é dado como suspeito e foge da policia. Excelente filme B. Rápido e ágil, ficamos envolvidos pelo destino do pobre "trouxa". Veja!!!
JOHN WAYNE- KENNETH BRANAGH- HELEN MIRREN- RUSSELL CROWE
CHISUM de Andrew V. McLaglen com John Wayne e Ben Johnson
Voce fica um tempo sem ver um filme de Wayne e se assusta quando revê sua presença. Ele surge com autoridade, força, carisma, com o tamanho de um gigante, o que ele é. John Wayne nunca foi um ator, como Gary Cooper ou James Stewart, ele foi um tipo de aparição, ícone, interpretando sem nenhum esforço, fazendo com que os heróis se adaptem a seu tamanho. Aqui o vemos, já em fim de carreira, num roteiro digno, interessante. Ele é o dono de vasto território no Novo Mexico, que se vê desafiado por um competidor desonesto. McLaglen nunca foi bom diretor, mas teve a sorte de ser filho de Victor McLaglen, e por isso, crescer no clã de John Ford. Dirigiu toneladas de filmes, e este talvez seja seu melhor. Tem ação, tem humor, tem drama. Atenção: seus primeiros minutos são fracos, mas ele cresce cada vez mais. Merle Haggard canta a música título.
ADEUS, CHRISTOPHER ROBIN de Simon Curtis com Margot Robin e Domhall Gleeson.
A vida, muito triste, do criador do ursinho Puff. O filme, passado entre 1919-1945, mostra o autor como um neurótico de guerra, distante do filho, e o usando como modelo de Robin, o menino de 100 Acres, o mundo de Pooh e Tigrão. Não é um grande filme, mas tem algo de revelador aqui: o nascimento de um certo platonismo que rege nosso mundo. Veja e entenda o que digo. PS: os atores são um tipo de anti-John Wayne, uma presença nula.
ASSASSINATO NO EXPRESSO ORIENTE de Kenneth Branagh com Penelope Cruz, Willem Dafoe, Michelle Pfeiffer, Johnny Depp, Judi Dench...
O que dizer de um filme em que o melhor desempenho é de Johnny Depp? Em 1974 Sidney Lumet fez um luxuoso filme sobre este mesmo livro de Agatha Christie. Tinha Sean Connery, Ingrid Bergman e até Lauren Bacall. Branagh, um pavão sempre, usa um bigode que destrói o filme. A gente fica olhando para seus dois quilos de pelos e se esquece do filme. O filme de 74 já era uma decepção, este é ainda pior. Não tem o menor traço de suspense, de mistério, de nada.
A ODISSÉIA de Jerome Sálle
Este filme conseguiu um milagre!!!! Fazer da vida de Jacques Cousteau um tédio! Que mais posso dizer? Claro que a fotografia é linda, mas qual o filme que na era digital não tem boa fotografia?
A LUTA PELA ESPERANÇA de Ron Howard com Russell Crowe e Renée Zellweger.
Acredite, houve um tempo em que Crowe era um ator. Este história interessante, sobre um boxeador que dá a volta por cima, tem tudo o que um filme precisa: drama, bons atores e cenas emocionantes. Claro que voce já viu tudo isso antes, mas so what? São duas horas de competência total.
O COZINHEIRO, O LADRÃO, A MULHER E O AMANTE de Peter Greenway com Helen Mirren, Michael Gambom e Alan Howard.
É a última chance que dou a Greenway. Queridinho da crítica nos anos 80, hoje está merecidamente esquecido. Seu estilo é teatral, barroco, exagerado, cheio de sexo, nudez, raiva dos ricos, mensagens toscas, pretensão exagerada, breguice chique. Não vou falar da história boba desta coisa. Helen Mirren está desperdiçada.
A MANSÃO MACABRA de Dan Curtis com Karen Black e Oliver Reed.
Uma família se hospeda numa mansão e a esposa começa a ficar doida. Funciona sim. O filme é sem sentido, tosco e previsível, mas a gente assiste, nem que seja para odiar Karen Black e xingar Oliver Reed por ser tão bundão.
Voce fica um tempo sem ver um filme de Wayne e se assusta quando revê sua presença. Ele surge com autoridade, força, carisma, com o tamanho de um gigante, o que ele é. John Wayne nunca foi um ator, como Gary Cooper ou James Stewart, ele foi um tipo de aparição, ícone, interpretando sem nenhum esforço, fazendo com que os heróis se adaptem a seu tamanho. Aqui o vemos, já em fim de carreira, num roteiro digno, interessante. Ele é o dono de vasto território no Novo Mexico, que se vê desafiado por um competidor desonesto. McLaglen nunca foi bom diretor, mas teve a sorte de ser filho de Victor McLaglen, e por isso, crescer no clã de John Ford. Dirigiu toneladas de filmes, e este talvez seja seu melhor. Tem ação, tem humor, tem drama. Atenção: seus primeiros minutos são fracos, mas ele cresce cada vez mais. Merle Haggard canta a música título.
ADEUS, CHRISTOPHER ROBIN de Simon Curtis com Margot Robin e Domhall Gleeson.
A vida, muito triste, do criador do ursinho Puff. O filme, passado entre 1919-1945, mostra o autor como um neurótico de guerra, distante do filho, e o usando como modelo de Robin, o menino de 100 Acres, o mundo de Pooh e Tigrão. Não é um grande filme, mas tem algo de revelador aqui: o nascimento de um certo platonismo que rege nosso mundo. Veja e entenda o que digo. PS: os atores são um tipo de anti-John Wayne, uma presença nula.
ASSASSINATO NO EXPRESSO ORIENTE de Kenneth Branagh com Penelope Cruz, Willem Dafoe, Michelle Pfeiffer, Johnny Depp, Judi Dench...
O que dizer de um filme em que o melhor desempenho é de Johnny Depp? Em 1974 Sidney Lumet fez um luxuoso filme sobre este mesmo livro de Agatha Christie. Tinha Sean Connery, Ingrid Bergman e até Lauren Bacall. Branagh, um pavão sempre, usa um bigode que destrói o filme. A gente fica olhando para seus dois quilos de pelos e se esquece do filme. O filme de 74 já era uma decepção, este é ainda pior. Não tem o menor traço de suspense, de mistério, de nada.
A ODISSÉIA de Jerome Sálle
Este filme conseguiu um milagre!!!! Fazer da vida de Jacques Cousteau um tédio! Que mais posso dizer? Claro que a fotografia é linda, mas qual o filme que na era digital não tem boa fotografia?
A LUTA PELA ESPERANÇA de Ron Howard com Russell Crowe e Renée Zellweger.
Acredite, houve um tempo em que Crowe era um ator. Este história interessante, sobre um boxeador que dá a volta por cima, tem tudo o que um filme precisa: drama, bons atores e cenas emocionantes. Claro que voce já viu tudo isso antes, mas so what? São duas horas de competência total.
O COZINHEIRO, O LADRÃO, A MULHER E O AMANTE de Peter Greenway com Helen Mirren, Michael Gambom e Alan Howard.
É a última chance que dou a Greenway. Queridinho da crítica nos anos 80, hoje está merecidamente esquecido. Seu estilo é teatral, barroco, exagerado, cheio de sexo, nudez, raiva dos ricos, mensagens toscas, pretensão exagerada, breguice chique. Não vou falar da história boba desta coisa. Helen Mirren está desperdiçada.
A MANSÃO MACABRA de Dan Curtis com Karen Black e Oliver Reed.
Uma família se hospeda numa mansão e a esposa começa a ficar doida. Funciona sim. O filme é sem sentido, tosco e previsível, mas a gente assiste, nem que seja para odiar Karen Black e xingar Oliver Reed por ser tão bundão.
O VENDEDOR DE ILUSÕES ( THE MUSIC MAN ) de Morton da Costa com Robert Preston, Shirley Jones e Hermione Gingold.
Um malandro, em 1910, chega à uma pequena cidade de Iowa e consegue vender para todas as pessoas instrumentos musicais. Um detalhe: ele não sabe nada de música e se diz professor e maestro. O filme é maravilhoso. Grande sucesso na Broadway, tiveram a sabedoria de manter Preston como estrela. Ele dá uma interpretação cativante. Amamos esse malandro. As canções são cantadas numa espécie de fala, um rap antes do tempo. Técnica difícil, letras elaboradas, uma coleção de grandes músicas de Meredith Wilson. ( Uma delas foi até regravada pelos Beatles ). O filme, com 3 horas de duração, é uma delicia todo o tempo. Festa para olhos e para o coração.
FOMOS OS SACRIFICADOS de John Ford com Robert Montgomery e John Wayne.
Comprei um box com filmes da segunda guerra. Este é um John Ford que ainda não havia saído em dvd no Brasil. Fala a história de um bando de marujos nas Filipinas que provam a utilidade das lanchas torpedeiras. Wayne faz o tipo impulsivo e Montgomery o ponderado. Não é um dos grandes filmes de John Ford. A impressão é que ele tenta fazer uma aventura ao estilo de Hawks e não consegue.
48 HORAS! de Alberto Cavalcanti com Leslie Banks e Elizabeth Allan.
Cavalcanti era brasileiro. Rico, foi para a Europa nos anos 20 fazer cinema. Primeiro na França e depois na Inglaterra, conseguiu se tornar um conceituado diretor. Voltou ao Brasil nos anos 50 para ajudar na Vera Cruz. Quando viu que a companhia paulista era um buraco, voltou à Europa, mas já sem a mesma pegada. Ainda pode ser considerado o diretor brasileiro de mais importância a trabalhar fora daqui. Ele tem clássicos feitos na França, na Inglaterra ( seu país favorito ) e na Alemanha. Este conta a invasão de uma cidadezinha inglesa por uma tropa de nazis disfarçados de soldados ingleses. A própria população irá descobrir a farsa. É um daqueles filmes que exalta a bravura do inglês comum em plena luta contra Hitler. É um bom filme.
THE STORY OF G.I. JOE de William Wellman com Robert Mitchum e Burgess Meredith
É uma obra-prima. Wellman serviu na primeira guerra na esquadrilha Lafayette, ou seja, ele pilotou contra o Barão Vermelho. Quando voltou aos EUA, sem ter o que fazer, entediado, foi fazer filmes. Se tornou um dos melhores diretores do cinema. Aqui ele tece o elogio ao soldado de infantaria, o cara que faz a parte mas suja, dura e cruel de uma guerra. Enquanto o piloto da aeronáutica morre limpo e como herói, o soldado vive na lama e morre na sujeira. É uma aventura suja, triste, cruel. Cheia de dor, lama, soldados que enlouquecem, chuva, e camaradagem. Wellman não alivia e faz uma obra tão corajosa como os melhores filmes neo realistas da época. Ele odeia a guerra e ama os soldados. O filme tem de ser visto e o considero um dos 5 melhores filmes sobre o assunto já feitos. Mitchum, bem jovem, está brilhante como um soldado desiludido.
PROIBIDO! de Samuel Fuller
Na Alemanha que se rende, o romance proibido entre um soldado americano e uma alemã. Em 1945 era proibido o contato entre soldados e a população alemã. Todo alemão era considerado um nazista. Eu não gosto de Fuller. Os franceses o chama de gênio desde os anos 50. Eu o acho exibido, exagerado, chato.
AMARGO TRIUNFO de Nicholas Ray com Richard Burton e Curt Jurgens.
Ray, o diretor de clássicos de James Dean e de Bogart, filma uma aventura no deserto da Libia. Burton é um soldado intelectual e cínico. Jurgens é um oficial que esconde sua covardia. Os dois amam a mesma mulher e partem para uma missão. Eles se odeiam e um tenta destruir o outro. Mais que os alemães, eles são seus inimigos. É um filme tenso, bastante cruel, amargo até o fim. Burton está ótimo em seu papel de pessimista. Jurgens rouba o filme. O comandante é ridículo sem ser caricato. A fotografia é ótima!
MERCENÁRIOS SEM GLÓRIA de Andre de Toth com Michael Caine e Nigel Davenport.
Que bela surpresa!!! Eis um filme de 1968 que brinca com os filmes dos anos 60 que mostravam equipes legais em missões perigosas. Aqui a equipe é suja, sem charme e feita por um bando de ladrões baratos. Menos Caine, que faz o elegante certinho, que segue a ética. A missão é suicida, claro, mas a conclusão é uma surpresa. O filme nada tem de engraçado, ele é sórdido. Andre de Toth foi um diretor americano que fez de tudo. Filmes de ficção científica que se tornaram clássicos, faroestes excelentes, policiais ótimos e até filmes de piratas. Nunca vi um filme seu que não fosse bom. E ele fez dúzias e dúzias. Este é mais que bom. É ótimo.
Um malandro, em 1910, chega à uma pequena cidade de Iowa e consegue vender para todas as pessoas instrumentos musicais. Um detalhe: ele não sabe nada de música e se diz professor e maestro. O filme é maravilhoso. Grande sucesso na Broadway, tiveram a sabedoria de manter Preston como estrela. Ele dá uma interpretação cativante. Amamos esse malandro. As canções são cantadas numa espécie de fala, um rap antes do tempo. Técnica difícil, letras elaboradas, uma coleção de grandes músicas de Meredith Wilson. ( Uma delas foi até regravada pelos Beatles ). O filme, com 3 horas de duração, é uma delicia todo o tempo. Festa para olhos e para o coração.
FOMOS OS SACRIFICADOS de John Ford com Robert Montgomery e John Wayne.
Comprei um box com filmes da segunda guerra. Este é um John Ford que ainda não havia saído em dvd no Brasil. Fala a história de um bando de marujos nas Filipinas que provam a utilidade das lanchas torpedeiras. Wayne faz o tipo impulsivo e Montgomery o ponderado. Não é um dos grandes filmes de John Ford. A impressão é que ele tenta fazer uma aventura ao estilo de Hawks e não consegue.
48 HORAS! de Alberto Cavalcanti com Leslie Banks e Elizabeth Allan.
Cavalcanti era brasileiro. Rico, foi para a Europa nos anos 20 fazer cinema. Primeiro na França e depois na Inglaterra, conseguiu se tornar um conceituado diretor. Voltou ao Brasil nos anos 50 para ajudar na Vera Cruz. Quando viu que a companhia paulista era um buraco, voltou à Europa, mas já sem a mesma pegada. Ainda pode ser considerado o diretor brasileiro de mais importância a trabalhar fora daqui. Ele tem clássicos feitos na França, na Inglaterra ( seu país favorito ) e na Alemanha. Este conta a invasão de uma cidadezinha inglesa por uma tropa de nazis disfarçados de soldados ingleses. A própria população irá descobrir a farsa. É um daqueles filmes que exalta a bravura do inglês comum em plena luta contra Hitler. É um bom filme.
THE STORY OF G.I. JOE de William Wellman com Robert Mitchum e Burgess Meredith
É uma obra-prima. Wellman serviu na primeira guerra na esquadrilha Lafayette, ou seja, ele pilotou contra o Barão Vermelho. Quando voltou aos EUA, sem ter o que fazer, entediado, foi fazer filmes. Se tornou um dos melhores diretores do cinema. Aqui ele tece o elogio ao soldado de infantaria, o cara que faz a parte mas suja, dura e cruel de uma guerra. Enquanto o piloto da aeronáutica morre limpo e como herói, o soldado vive na lama e morre na sujeira. É uma aventura suja, triste, cruel. Cheia de dor, lama, soldados que enlouquecem, chuva, e camaradagem. Wellman não alivia e faz uma obra tão corajosa como os melhores filmes neo realistas da época. Ele odeia a guerra e ama os soldados. O filme tem de ser visto e o considero um dos 5 melhores filmes sobre o assunto já feitos. Mitchum, bem jovem, está brilhante como um soldado desiludido.
PROIBIDO! de Samuel Fuller
Na Alemanha que se rende, o romance proibido entre um soldado americano e uma alemã. Em 1945 era proibido o contato entre soldados e a população alemã. Todo alemão era considerado um nazista. Eu não gosto de Fuller. Os franceses o chama de gênio desde os anos 50. Eu o acho exibido, exagerado, chato.
AMARGO TRIUNFO de Nicholas Ray com Richard Burton e Curt Jurgens.
Ray, o diretor de clássicos de James Dean e de Bogart, filma uma aventura no deserto da Libia. Burton é um soldado intelectual e cínico. Jurgens é um oficial que esconde sua covardia. Os dois amam a mesma mulher e partem para uma missão. Eles se odeiam e um tenta destruir o outro. Mais que os alemães, eles são seus inimigos. É um filme tenso, bastante cruel, amargo até o fim. Burton está ótimo em seu papel de pessimista. Jurgens rouba o filme. O comandante é ridículo sem ser caricato. A fotografia é ótima!
MERCENÁRIOS SEM GLÓRIA de Andre de Toth com Michael Caine e Nigel Davenport.
Que bela surpresa!!! Eis um filme de 1968 que brinca com os filmes dos anos 60 que mostravam equipes legais em missões perigosas. Aqui a equipe é suja, sem charme e feita por um bando de ladrões baratos. Menos Caine, que faz o elegante certinho, que segue a ética. A missão é suicida, claro, mas a conclusão é uma surpresa. O filme nada tem de engraçado, ele é sórdido. Andre de Toth foi um diretor americano que fez de tudo. Filmes de ficção científica que se tornaram clássicos, faroestes excelentes, policiais ótimos e até filmes de piratas. Nunca vi um filme seu que não fosse bom. E ele fez dúzias e dúzias. Este é mais que bom. É ótimo.
JUDE LAW JUDI DENCH HELEN MIRREN JOHN WAYNE ROGER MOORE EWAN MCGREGOR COLIN FIRTH NICOLE KIDMAN
O MESTRE DOS GÊNIOS de Michael Grandage com Colin Firth, Jude Law, Nicole Kidman, Laura Linney e Guy Pearce.
Baseado no livro que conta a história de Max Perkins, o editor da Scribner and Sons que lançou Fitzgerald, Heminguay, Caldwell entre muitos outros. Seu favorito era Thomas Wolfe e é ele que o filme retrata. Primeiro devemos dizer que um editor nos EUA nada tem a ver com um editor daqui. Ele pega um texto e o adapta, muda título, corta, modifica. Claro que com a ajuda do autor, que pode ou não aceitar as sugestões. Perkins cortava. Colin Firth é um muito grande ator. Que está sendo requisitado demais para fazer tipos reprimidos. Esse papel ele tira de letra. Jude Law está brilhante. Ele faz Thomas Wolfe sem jamais cair no artificial. O que seria fácil, já que Wolfe parecia uma caricatura viva. Ele falava sem parar e seus livros chegavam a ter 5000 páginas!!! Perkins cortava e cortava e então os editava com um tamanho decente. O filme é a história dessa relação de amizade e de dependência. Se o filme cai às vezes na chatice é graças a personalidade de Wolfe, um chato completo. Guy Pearce faz um Fitzgerald delicado e muito real, e é um alivio a hora em que surge Heminguay. Em 3 minutos somos cativados por uma personalidade que parece vitalista, forte e adulta. Engraçado....vemos um filme sobre Wolfe e saímos dele querendo reler Heminguay... Eu li Thomas Wolfe uns 20 anos atrás. E lembro que pensei: Eis um gênio! E também: Eis um tolo! O filme fala de gente criativa num estilo quadrado, esse um problema comum do cinema atual. Mas é um filme que deve ser visto. E é obrigatório para quem ama livros. Nicole Kidman faz o papel da esposa de Wolfe. Fácil pra ela: a esposa de Wolfe se parece com Nicole Kidman.
007 CONTRA O FOGUETE DA MORTE de Lewis Gilbert com Roger Moore e Lois Chiles.
Um dos mais debochados 007. É aquele que tem cenas no Rio, no carnaval de 1978. Um bandidão rouba ônibus espacial para destruir a Terra e começar uma nova raça. Roger Moore era impagável. Ele leva tudo na brincadeira, um cara inteligente que sabe todo o tempo que aquilo tudo é uma gostosa bobagem. E nos faz participar do brinquedo. Não é um dos bons 007, é um dos mais sem sal, mas Roger quase salva o filme. Quase.
SEXO, DROGAS E JINGLE BELLS de Jonathan Levin com Joseph Gordon-Levitt, Seth Rogen e Anthony Mackie.
Reencontro de amigos na véspera do Natal. Um fica doidão demais, outro é o bonzinho que reencontra amor perdido e o outro é um ricaço que se humaniza. Comédia que não faz rir apesar de apelar a tudo o que seria "engraçado". O humor acontece quando a coisa nos pega de surpresa, riso está ligado a inesperado. Aqui tudo é esperado.
ÚLTIMOS DIAS NO DESERTO de Rodrigo Garcia com Ewan McGregor, Ciaran Hinds
Sim, Ewan faz Jesus Cristo em seus dias de solidão no deserto, momento em que Ele se lança ao sacrifício. É um dos piores filmes do ano e tem uma das piores atuações da história do cinema. O pobre Ewan parece o tempo todo um britânico bem louco vagando pelo deserto à procura de uma rave. O texto é pobre, as imagens são banais e a mensagem é nula. Tenta ser Terrance Malick e é apenas mais um filme lento sobre nada com coisa nenhuma.
O GRANDE AMOR DE NOSSAS VIDAS de David Swift com Hayley Mills, Maureen O ´Hara e Brian Keith.
Um filme Disney de 1961. E é uma delicia de filme fofo. Hayley faz dois papéis, duas irmãs que nunca se viram. As duas se encontram num camping de verão, se odeiam, se tornam amigas e descobrem serem irmãs. Uma foi criada pelo pai, a outra pela mãe, e agora farão de tudo para unir os pais novamente. Esse argumento, que tem tudo para ser um desastre, dá maravilhosamente certo. Dá certo porque os atores são adoráveis, e principalmente porque em 61 ainda se podia crer num filme deste tipo. É filme família, daqueles que nos deixam de bem com a vida.
DESBRAVANDO O OESTE de Andrew V. McLaglen com Kirk Douglas, Robert Mitchum, Sally Field, Richard Widmark.
Algumas pessoas gostam de dizer que McLaglen só fez tantos filmes por ser filho de um ator muito querido. Vendo este lixo se dá razão a esses caras. Uma mixórdia sem sentido onde todos os personagens agem sem um motivo e a ação sempre aparece fake e frouxa. Se voce quiser saber o que é uma direção ruim veja este filme. O elenco, que não poderia ser melhor, apenas está lá, a cabeça longe daquela bagunça toda.
A LONGA VIAGEM DE VOLTA de John Ford com John Wayne, Thomas Mitchell, Ian Hunter
Escrevi abaixo sobre Ford e este filme. Talvez seja seu melhor. Ele pega 3 contos de Eugene O'Neill, todos sobre o mar, e os une em uma história de amizade, dor e luta pela vida. Difícil falar de algo tão sublime. Gregg Toland fez a fotografia e é uma das mais inspiradas de todo o cinema. Conto um fato: Orson Welles foi convidado pela RKO para fazer um filme. Orson já era famoso aos 24 anos, no rádio e no teatro, chamado de gênio da mídia. Ele foi para Hollywood então, sem nenhuma experiência em filmes. Se trancou numa sala e assistiu 'A Longa Viagem de Volta", e só ele, várias vezes. Saiu da sala e disse: " Pronto, já sei tudo o que se deve saber sobre cinema". Esperto, Orson chamou Gregg Toland para fotografar Kane e o resto é lenda. Este filme tem as sombras, as angulações e o clima de Kane, mas ao mesmo tempo é completamente diferente, é melhor. Uma obra-prima irretocável, sem nem um segundo de tédio ou de bobagem.
GAROTAS DO CALENDÁRIO de Nigel Cole com Helen Mirren e Julie Walters
Um filme bem inglês, ou seja, pequeno, simples, engraçadinho e meio bobinho. E nada ruim. E com grandes atores. Adoro Helen, e aqui ela se diverte fazendo uma senhora meio maluquinha que tem a ideia de fazer um calendário para dar dinheiro ao hospital da cidade. Um calendário de senhoras nuas. Nada glamorosas. ( Apesar dela ser muito glamorosa ). O filme não é grande coisa porque a história é curta e o filme se alonga. Mas é ok.
SRA. HENDERSON APRESENTA de Stephen Frears com Judi Dench, Bob Hoskins e Kelly Reilly, Christopher Guest.
Um bom filme sobre uma história real, do tipo que Frears adora. Nos anos 30 uma entediada milionária, sem ter o que fazer, compra um teatro. Contrata um gerente e resolve fazer um show de nús. Na época não se podia mostrar mulheres nuas nos palcos ingleses, só se fossem como estátuas, e é o que ela faz. Convence um ministro e vai adiante. O filme mostra isso e mais a segunda-guerra, pois o local é bombardeado, a relação difícil entre ela e o gerente e as meninas nuas e seus problemas. Judi está ótima, vulnerável e fútil e Hoskins tem mais um papel nervosinho e agitado. Christopher Guest quase rouba o filme como o ministro que é sempre enrolado por Miss Henderson. Veja.
Baseado no livro que conta a história de Max Perkins, o editor da Scribner and Sons que lançou Fitzgerald, Heminguay, Caldwell entre muitos outros. Seu favorito era Thomas Wolfe e é ele que o filme retrata. Primeiro devemos dizer que um editor nos EUA nada tem a ver com um editor daqui. Ele pega um texto e o adapta, muda título, corta, modifica. Claro que com a ajuda do autor, que pode ou não aceitar as sugestões. Perkins cortava. Colin Firth é um muito grande ator. Que está sendo requisitado demais para fazer tipos reprimidos. Esse papel ele tira de letra. Jude Law está brilhante. Ele faz Thomas Wolfe sem jamais cair no artificial. O que seria fácil, já que Wolfe parecia uma caricatura viva. Ele falava sem parar e seus livros chegavam a ter 5000 páginas!!! Perkins cortava e cortava e então os editava com um tamanho decente. O filme é a história dessa relação de amizade e de dependência. Se o filme cai às vezes na chatice é graças a personalidade de Wolfe, um chato completo. Guy Pearce faz um Fitzgerald delicado e muito real, e é um alivio a hora em que surge Heminguay. Em 3 minutos somos cativados por uma personalidade que parece vitalista, forte e adulta. Engraçado....vemos um filme sobre Wolfe e saímos dele querendo reler Heminguay... Eu li Thomas Wolfe uns 20 anos atrás. E lembro que pensei: Eis um gênio! E também: Eis um tolo! O filme fala de gente criativa num estilo quadrado, esse um problema comum do cinema atual. Mas é um filme que deve ser visto. E é obrigatório para quem ama livros. Nicole Kidman faz o papel da esposa de Wolfe. Fácil pra ela: a esposa de Wolfe se parece com Nicole Kidman.
007 CONTRA O FOGUETE DA MORTE de Lewis Gilbert com Roger Moore e Lois Chiles.
Um dos mais debochados 007. É aquele que tem cenas no Rio, no carnaval de 1978. Um bandidão rouba ônibus espacial para destruir a Terra e começar uma nova raça. Roger Moore era impagável. Ele leva tudo na brincadeira, um cara inteligente que sabe todo o tempo que aquilo tudo é uma gostosa bobagem. E nos faz participar do brinquedo. Não é um dos bons 007, é um dos mais sem sal, mas Roger quase salva o filme. Quase.
SEXO, DROGAS E JINGLE BELLS de Jonathan Levin com Joseph Gordon-Levitt, Seth Rogen e Anthony Mackie.
Reencontro de amigos na véspera do Natal. Um fica doidão demais, outro é o bonzinho que reencontra amor perdido e o outro é um ricaço que se humaniza. Comédia que não faz rir apesar de apelar a tudo o que seria "engraçado". O humor acontece quando a coisa nos pega de surpresa, riso está ligado a inesperado. Aqui tudo é esperado.
ÚLTIMOS DIAS NO DESERTO de Rodrigo Garcia com Ewan McGregor, Ciaran Hinds
Sim, Ewan faz Jesus Cristo em seus dias de solidão no deserto, momento em que Ele se lança ao sacrifício. É um dos piores filmes do ano e tem uma das piores atuações da história do cinema. O pobre Ewan parece o tempo todo um britânico bem louco vagando pelo deserto à procura de uma rave. O texto é pobre, as imagens são banais e a mensagem é nula. Tenta ser Terrance Malick e é apenas mais um filme lento sobre nada com coisa nenhuma.
O GRANDE AMOR DE NOSSAS VIDAS de David Swift com Hayley Mills, Maureen O ´Hara e Brian Keith.
Um filme Disney de 1961. E é uma delicia de filme fofo. Hayley faz dois papéis, duas irmãs que nunca se viram. As duas se encontram num camping de verão, se odeiam, se tornam amigas e descobrem serem irmãs. Uma foi criada pelo pai, a outra pela mãe, e agora farão de tudo para unir os pais novamente. Esse argumento, que tem tudo para ser um desastre, dá maravilhosamente certo. Dá certo porque os atores são adoráveis, e principalmente porque em 61 ainda se podia crer num filme deste tipo. É filme família, daqueles que nos deixam de bem com a vida.
DESBRAVANDO O OESTE de Andrew V. McLaglen com Kirk Douglas, Robert Mitchum, Sally Field, Richard Widmark.
Algumas pessoas gostam de dizer que McLaglen só fez tantos filmes por ser filho de um ator muito querido. Vendo este lixo se dá razão a esses caras. Uma mixórdia sem sentido onde todos os personagens agem sem um motivo e a ação sempre aparece fake e frouxa. Se voce quiser saber o que é uma direção ruim veja este filme. O elenco, que não poderia ser melhor, apenas está lá, a cabeça longe daquela bagunça toda.
A LONGA VIAGEM DE VOLTA de John Ford com John Wayne, Thomas Mitchell, Ian Hunter
Escrevi abaixo sobre Ford e este filme. Talvez seja seu melhor. Ele pega 3 contos de Eugene O'Neill, todos sobre o mar, e os une em uma história de amizade, dor e luta pela vida. Difícil falar de algo tão sublime. Gregg Toland fez a fotografia e é uma das mais inspiradas de todo o cinema. Conto um fato: Orson Welles foi convidado pela RKO para fazer um filme. Orson já era famoso aos 24 anos, no rádio e no teatro, chamado de gênio da mídia. Ele foi para Hollywood então, sem nenhuma experiência em filmes. Se trancou numa sala e assistiu 'A Longa Viagem de Volta", e só ele, várias vezes. Saiu da sala e disse: " Pronto, já sei tudo o que se deve saber sobre cinema". Esperto, Orson chamou Gregg Toland para fotografar Kane e o resto é lenda. Este filme tem as sombras, as angulações e o clima de Kane, mas ao mesmo tempo é completamente diferente, é melhor. Uma obra-prima irretocável, sem nem um segundo de tédio ou de bobagem.
GAROTAS DO CALENDÁRIO de Nigel Cole com Helen Mirren e Julie Walters
Um filme bem inglês, ou seja, pequeno, simples, engraçadinho e meio bobinho. E nada ruim. E com grandes atores. Adoro Helen, e aqui ela se diverte fazendo uma senhora meio maluquinha que tem a ideia de fazer um calendário para dar dinheiro ao hospital da cidade. Um calendário de senhoras nuas. Nada glamorosas. ( Apesar dela ser muito glamorosa ). O filme não é grande coisa porque a história é curta e o filme se alonga. Mas é ok.
SRA. HENDERSON APRESENTA de Stephen Frears com Judi Dench, Bob Hoskins e Kelly Reilly, Christopher Guest.
Um bom filme sobre uma história real, do tipo que Frears adora. Nos anos 30 uma entediada milionária, sem ter o que fazer, compra um teatro. Contrata um gerente e resolve fazer um show de nús. Na época não se podia mostrar mulheres nuas nos palcos ingleses, só se fossem como estátuas, e é o que ela faz. Convence um ministro e vai adiante. O filme mostra isso e mais a segunda-guerra, pois o local é bombardeado, a relação difícil entre ela e o gerente e as meninas nuas e seus problemas. Judi está ótima, vulnerável e fútil e Hoskins tem mais um papel nervosinho e agitado. Christopher Guest quase rouba o filme como o ministro que é sempre enrolado por Miss Henderson. Veja.
TRUMBO- BRYAN CRANSTON-HELEN MIRREN-SCOTT-COOPER-WOODY
TRUMBO de Jay Roach com Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren e John Goodman.
Jazz vibrante no começo e o filme consegue ir nesse ritmo. Para quem, como eu, conhece o cinema dos anos 50, o filme é uma delicia. O diretor, Jay Roach, jamais faz dramalhão, o filme é direto, não enrola, e conta sua bela história. Uma história que parece ficção de tão incrível. Mas é real. Foi assim. Dalton Trumbo era um dos vinte roteiristas mais bem sucedidos de Hollywood. Então acontece a lista negra e tudo desaba. O filme conta tudo de forma correta, darei apenas alguns esclarecimentos. Sam Wood, o diretor direitista do começo do filme foi um grande diretor. Bem mais importante do que o filme sugere. John Wayne era aquilo mesmo. E eu não o culpo. Wayne foi vítima do tempo e do meio em que foi criado. Ele lutava para ser o John Wayne das telas. Era um homem bastante complexo. Reagan fez mesmo o papel lamentável e espertalhão que o filme mostra. Ao contrário de Wayne, ele sempre soube quem era e o que queria. Edward G. Robinson foi uma estrela da Warner. Fraquejou e dedurou. E sua carreira depois disso nunca mais foi a mesma. Antes era um ator exuberante. Depois se tornou uma figura encolhida, amarga. O diretor de Roman Holiday, o poderoso William Wyler, não aparece no filme. Ele sabia que o roteiro era de Trumbo. Sua coragem merecia ser citada. E sim, Roman Holiday é o famoso A Princesa e o Plebeu, um dos mais deliciosos filmes, e que lançou Audrey Hepburn ao mundo. Muito bom ver Otto Preminger no filme. Otto foi o mais corajoso dos diretores. Quebrou vários tabus nos anos 50 e pouco se lixou para a lista negra. Era famoso, duro, e o retrato no filme é fascinante. Você já deve ter visto algum filme dele. De Bom Dia Tristeza à O Homem com o Braço de Ouro, seus filmes estão sempre na TV. Kirk Douglas sempre foi aquele cara direto que o filme mostra. Uma pena Michael não ter mais a idade para ter feito seu pai. Kirk era muito mais bonito que o ator que o faz. E temos Hedda Hopper. Na Hollywood de então, 3 fofoqueiras-jornalistas tinham o poder de erguer ou destruir uma estrela. Elas eram uma mistura de crítica de filmes, cronista de festas e relações públicas. Nada hoje tem nem de perto o poder que elas tinham. Jornais, revistas e rádio, esses seus veículos. Helen Mirren quase rouba o filme. Se sua Hedda parece caricata é porque na vida real ela era uma caricatura. E é fato, os grandes produtores de Hollywood se acovardaram porque temiam a divulgação de suas raízes judaicas. Era um mundo extremamente anti semita. Aliás, Edward G. Robinson também era judeu. E por ironia, Kirk Douglas também. No livro de Sinatra se diz que Frank odiava Hedda Hopper. E ela prejudicou muito Sinatra. Os Kennedy varreram esse tipo de coisa do mapa. E Reagan nos anos 80 trouxe de volta. Bryan Cranston ficaria bem com um Oscar. Ele é ótimo sem nunca apelar. Nada de emocionalismos baratos. Trumbo não é um coitadinho. Por fim, aqui no Brasil, nessa guerrinha ridícula entre vermelhos e verde-amarelos, se deveria assistir o filme e perceber o tipo de ridículo em que podemos às vezes cair. Não se deve apostar tudo em nada. E é bom ver tudo com o distanciamento do tempo que passa. Ah sim! Jay Roach, o diretor, fez os filmes de Austin Powers...bela carreira hem.... Nota 8.
SOBRE AMIGOS, AMOR E VINHO de Eric Lavaine com Lambert Wilson, Sophie Duez.
Um francês de meia idade, bonito e bem sucedido, sofre um infarte. De volta à vida, ele resolve viver de um modo melhor. Mas esse melhor talvez seja,,,pior. O filme é agradável. Tem toques de comédia, às vezes vira drama, mas nada em exagero. É um tipo de episódio de série cool. Os personagens tentam ser "gente como a gente", mas não são. São personagens. O bom é que passam simpatia. É um filme legal para se ver no fim de tarde bebendo vinho branco gelado. Nota 6.
PEGANDO FOGO de John Wells com Bradley Cooper, Sienna Miller e Omar Sy.
Um chefe de cozinha junkie tenta dar a volta por cima e ganhar mais uma estrela no Michelin. Que estranho! É um filme sobre cozinha que não desperta a fome! Na verdade o foco é todo na ambição e no excesso de trabalho. Eu já trabalhei nesse ambiente e sei que na vida real é ainda pior. Gritos, ansiedade e pressa. Sempre. O filme tem momentos bem bobos, mas depois melhora. E acaba sendo ok. O elenco é bacaninha. Em tempo de atores pouco interessantes com menos de 40 anos, Cooper acaba fazendo sua carreira sem grandes sustos. Nota 6.
PERDIDO EM MARTE de Ridley Scott com Matt Damon
Hmm....que dizer...é tão....tolo! O cara fica só em Marte e calmamente passa o tempo cultivando batatas...Esse é mais um Robinson Crusoé, mas uma versão da história do cara que sobrevive numa ilha. No caso, Marte. Ok, as cenas com Damon são divertidas, mas todas as cenas na NASA são apenas propaganda. Chatas e dispensáveis. E são muitas! Se o filme fosse apenas Damon em Marte seria melhor. É um filme com muitos momentos beeem chatos...Nota 4.
UM MISTERIOSO ASSASSINATO EM MANHATTAN de Woody Allen com Diane Keaton
Aff....que saco!!!! este filme de 1993 era o único Woody que eu nunca tinha visto. Que pena, é um pé no saco. Sem graça, vemos Keaton tentando febrilmente provar que seu vizinho viúvo é um killer. E temos um monte de diálogos cruzados, Allen em seu papel de bobo balbuciante, Diane histérica e por aí vai...chato de doer! Nota 1.
Jazz vibrante no começo e o filme consegue ir nesse ritmo. Para quem, como eu, conhece o cinema dos anos 50, o filme é uma delicia. O diretor, Jay Roach, jamais faz dramalhão, o filme é direto, não enrola, e conta sua bela história. Uma história que parece ficção de tão incrível. Mas é real. Foi assim. Dalton Trumbo era um dos vinte roteiristas mais bem sucedidos de Hollywood. Então acontece a lista negra e tudo desaba. O filme conta tudo de forma correta, darei apenas alguns esclarecimentos. Sam Wood, o diretor direitista do começo do filme foi um grande diretor. Bem mais importante do que o filme sugere. John Wayne era aquilo mesmo. E eu não o culpo. Wayne foi vítima do tempo e do meio em que foi criado. Ele lutava para ser o John Wayne das telas. Era um homem bastante complexo. Reagan fez mesmo o papel lamentável e espertalhão que o filme mostra. Ao contrário de Wayne, ele sempre soube quem era e o que queria. Edward G. Robinson foi uma estrela da Warner. Fraquejou e dedurou. E sua carreira depois disso nunca mais foi a mesma. Antes era um ator exuberante. Depois se tornou uma figura encolhida, amarga. O diretor de Roman Holiday, o poderoso William Wyler, não aparece no filme. Ele sabia que o roteiro era de Trumbo. Sua coragem merecia ser citada. E sim, Roman Holiday é o famoso A Princesa e o Plebeu, um dos mais deliciosos filmes, e que lançou Audrey Hepburn ao mundo. Muito bom ver Otto Preminger no filme. Otto foi o mais corajoso dos diretores. Quebrou vários tabus nos anos 50 e pouco se lixou para a lista negra. Era famoso, duro, e o retrato no filme é fascinante. Você já deve ter visto algum filme dele. De Bom Dia Tristeza à O Homem com o Braço de Ouro, seus filmes estão sempre na TV. Kirk Douglas sempre foi aquele cara direto que o filme mostra. Uma pena Michael não ter mais a idade para ter feito seu pai. Kirk era muito mais bonito que o ator que o faz. E temos Hedda Hopper. Na Hollywood de então, 3 fofoqueiras-jornalistas tinham o poder de erguer ou destruir uma estrela. Elas eram uma mistura de crítica de filmes, cronista de festas e relações públicas. Nada hoje tem nem de perto o poder que elas tinham. Jornais, revistas e rádio, esses seus veículos. Helen Mirren quase rouba o filme. Se sua Hedda parece caricata é porque na vida real ela era uma caricatura. E é fato, os grandes produtores de Hollywood se acovardaram porque temiam a divulgação de suas raízes judaicas. Era um mundo extremamente anti semita. Aliás, Edward G. Robinson também era judeu. E por ironia, Kirk Douglas também. No livro de Sinatra se diz que Frank odiava Hedda Hopper. E ela prejudicou muito Sinatra. Os Kennedy varreram esse tipo de coisa do mapa. E Reagan nos anos 80 trouxe de volta. Bryan Cranston ficaria bem com um Oscar. Ele é ótimo sem nunca apelar. Nada de emocionalismos baratos. Trumbo não é um coitadinho. Por fim, aqui no Brasil, nessa guerrinha ridícula entre vermelhos e verde-amarelos, se deveria assistir o filme e perceber o tipo de ridículo em que podemos às vezes cair. Não se deve apostar tudo em nada. E é bom ver tudo com o distanciamento do tempo que passa. Ah sim! Jay Roach, o diretor, fez os filmes de Austin Powers...bela carreira hem.... Nota 8.
SOBRE AMIGOS, AMOR E VINHO de Eric Lavaine com Lambert Wilson, Sophie Duez.
Um francês de meia idade, bonito e bem sucedido, sofre um infarte. De volta à vida, ele resolve viver de um modo melhor. Mas esse melhor talvez seja,,,pior. O filme é agradável. Tem toques de comédia, às vezes vira drama, mas nada em exagero. É um tipo de episódio de série cool. Os personagens tentam ser "gente como a gente", mas não são. São personagens. O bom é que passam simpatia. É um filme legal para se ver no fim de tarde bebendo vinho branco gelado. Nota 6.
PEGANDO FOGO de John Wells com Bradley Cooper, Sienna Miller e Omar Sy.
Um chefe de cozinha junkie tenta dar a volta por cima e ganhar mais uma estrela no Michelin. Que estranho! É um filme sobre cozinha que não desperta a fome! Na verdade o foco é todo na ambição e no excesso de trabalho. Eu já trabalhei nesse ambiente e sei que na vida real é ainda pior. Gritos, ansiedade e pressa. Sempre. O filme tem momentos bem bobos, mas depois melhora. E acaba sendo ok. O elenco é bacaninha. Em tempo de atores pouco interessantes com menos de 40 anos, Cooper acaba fazendo sua carreira sem grandes sustos. Nota 6.
PERDIDO EM MARTE de Ridley Scott com Matt Damon
Hmm....que dizer...é tão....tolo! O cara fica só em Marte e calmamente passa o tempo cultivando batatas...Esse é mais um Robinson Crusoé, mas uma versão da história do cara que sobrevive numa ilha. No caso, Marte. Ok, as cenas com Damon são divertidas, mas todas as cenas na NASA são apenas propaganda. Chatas e dispensáveis. E são muitas! Se o filme fosse apenas Damon em Marte seria melhor. É um filme com muitos momentos beeem chatos...Nota 4.
UM MISTERIOSO ASSASSINATO EM MANHATTAN de Woody Allen com Diane Keaton
Aff....que saco!!!! este filme de 1993 era o único Woody que eu nunca tinha visto. Que pena, é um pé no saco. Sem graça, vemos Keaton tentando febrilmente provar que seu vizinho viúvo é um killer. E temos um monte de diálogos cruzados, Allen em seu papel de bobo balbuciante, Diane histérica e por aí vai...chato de doer! Nota 1.
WESTERNS- KATE WINSLET- JOHN WAYNE-WAJDA- JOHN FORD
UM POUCO DE CAOS de Alan Rickman com Kate Winslet, Mathias Schoenaerts, Alan Rickman e Stanley Tucci.
Novo filme de Kate e creio ser o primeiro dirigido pelo ótimo ator Rickman. Na França de 1690, o rei sol resolve fazer Versailles. Kate é uma jardineira que tem um projeto ousado para um dos recantos do jardim. O filme tem dois sérios problemas: lentidão e uma absurda falta de detalhe nesse projeto. Como jamais o vemos deixamos de nos envolver pela luta da personagem. Há um interesse romântico, ela se envolve com o projetista-líder. As melhores cenas são todas com o rei. Rickman faz desse personagem, que poderia ser cômico ou tolo, dramático. Nota 4.
ZARAK de Terence Young com Victor Mature e Anita Ekberg.
Durante décadas Victor e Anita foram sinônimo de canastrão. A nova geração sabe disso...Este filme, que fala de rebeldes afegãos de 1890, é inacreditavelmente ruim. Nada faz sentido, as coisas mudam por mudar e a ação, incessante, é desastrada. Um dos piores filmes da história do cinema.
CINZAS E DIAMANTES de Andrzej Wajda com Zbignew Cybulski
É o filme que transformou Wajda em diretor conhecido. Trata do momento em que a segunda guerra termina. A Polônia, que deveria ter paz agora, sofre a luta entre comunistas e socialistas, liberais e anarquistas. O filme é exemplar. Tenso, absurdo, belo e incrivelmente fatalista. A morte do personagem principal é uma das mais realistas. O ator, Cybulski foi chamado de "James Dean" do leste. Morreu jovem em desastre... Um filme diferente. Nota 8.
AUDAZES E MALDITOS ( SGT RUTLEDGE ) de John Ford com Jeffrey Hunter e Woody Strode.
Saiu uma caixa com 6 filmes de western. Este é um Ford de 1960 que demorou para sair aqui. Fala de racismo. Um sargento negro é acusado de estupro. Conforme o julgamento acontece ficamos vendo em flash back tudo o que houve. Ford mistura suspense, drama e comédia. O filme tem vários daqueles toques de humor grosso irlandês que muitos detestam. Corajoso, é um filme adiante de seu tempo. O roteiro tem furos, mas é bom, emocionante e nobre. Nota 7.
O HOMEM QUE LUTA SÓ de Budd Boetticher com Randolph Scott
Boetticher foi um dos maiores diretores de westerns dos anos 50. Aqui Scott é um caçador de recompensas. Ele captura assassino e o leva para ser julgado. Mas as coisas mudam...Com pouco dinheiro se faz um belo filme. Apesar da imagem, que não foi restaurada, está desbotada, emociona. Seco, simples e muito verdadeiro. Nota 7.
ALMAS EM FÚRIA de Anthony Mann com Barbara Stanwyck e Walter Huston
O pior filme da caixa é este drama do grande Anthony Mann. Uma coisa indigesta, teatral, sobre pai e filha, ruins e vaidosos, que dominam todos que chegam por perto. Chato. Nota 1.
COMANDO NEGRO de Raoul Walsh com John Wayne, Claire Trevor e Brian Donlevy.
O mais velho, 1940, é o melhor da caixa. Wayne é um cowboy bronco, Donlevy um professor. Os dois disputam a vaga de xerife e ao mesmo tempo a mesma mulher. Ação orquestrada pelo especialista Walsh. Wayne, jovem, domina tudo com imenso magnetismo. Ele é natural, calmo, único. Um mito. O filme é delicioso. Nota 8.
PAIXÃO SELVAGEM de Jacques Tourneur com Dana Andrews, Susan Hayward e Brian Donlevy
Um belo filme. Andrews é um comerciante na região mineira do oeste. Hayward é sua amiga, noiva de Donlevy. Tudo se complica com índios ferozes, traições e muitas mortes. Tourneur foi um grande diretor. Fez grandes filmes noir, excelentes westerns e ainda filmes de guerra e de piratas. Esta é uma diversão séria, urgente, há um forte clima de destino aqui. Nota 7.
REINADO DO TERROR de Joseph H. Lewis com Sterling Hayden.
Um filme muito original ! Lewis foi um diretor de filmes classe B que tinha ideias de filmes de arte. Ingênuo, ele filmava com rapidez e cheio de ideais. Este filme, estranho, triste, muito original, se parece com os filmes pessimistas dos anos 70 ( ele é de 1959 ). Um dono de terras usa um assassino de aluguel para dominar terras cheias de petróleo. Hayden é um marinheiro sueco que vem ao enterro do pai e para enfrentar o assassino. O filme se tornou um cult. Alterna cenas pobres e artificiais com outras de grande brilho. Absolutamente diferente!
Novo filme de Kate e creio ser o primeiro dirigido pelo ótimo ator Rickman. Na França de 1690, o rei sol resolve fazer Versailles. Kate é uma jardineira que tem um projeto ousado para um dos recantos do jardim. O filme tem dois sérios problemas: lentidão e uma absurda falta de detalhe nesse projeto. Como jamais o vemos deixamos de nos envolver pela luta da personagem. Há um interesse romântico, ela se envolve com o projetista-líder. As melhores cenas são todas com o rei. Rickman faz desse personagem, que poderia ser cômico ou tolo, dramático. Nota 4.
ZARAK de Terence Young com Victor Mature e Anita Ekberg.
Durante décadas Victor e Anita foram sinônimo de canastrão. A nova geração sabe disso...Este filme, que fala de rebeldes afegãos de 1890, é inacreditavelmente ruim. Nada faz sentido, as coisas mudam por mudar e a ação, incessante, é desastrada. Um dos piores filmes da história do cinema.
CINZAS E DIAMANTES de Andrzej Wajda com Zbignew Cybulski
É o filme que transformou Wajda em diretor conhecido. Trata do momento em que a segunda guerra termina. A Polônia, que deveria ter paz agora, sofre a luta entre comunistas e socialistas, liberais e anarquistas. O filme é exemplar. Tenso, absurdo, belo e incrivelmente fatalista. A morte do personagem principal é uma das mais realistas. O ator, Cybulski foi chamado de "James Dean" do leste. Morreu jovem em desastre... Um filme diferente. Nota 8.
AUDAZES E MALDITOS ( SGT RUTLEDGE ) de John Ford com Jeffrey Hunter e Woody Strode.
Saiu uma caixa com 6 filmes de western. Este é um Ford de 1960 que demorou para sair aqui. Fala de racismo. Um sargento negro é acusado de estupro. Conforme o julgamento acontece ficamos vendo em flash back tudo o que houve. Ford mistura suspense, drama e comédia. O filme tem vários daqueles toques de humor grosso irlandês que muitos detestam. Corajoso, é um filme adiante de seu tempo. O roteiro tem furos, mas é bom, emocionante e nobre. Nota 7.
O HOMEM QUE LUTA SÓ de Budd Boetticher com Randolph Scott
Boetticher foi um dos maiores diretores de westerns dos anos 50. Aqui Scott é um caçador de recompensas. Ele captura assassino e o leva para ser julgado. Mas as coisas mudam...Com pouco dinheiro se faz um belo filme. Apesar da imagem, que não foi restaurada, está desbotada, emociona. Seco, simples e muito verdadeiro. Nota 7.
ALMAS EM FÚRIA de Anthony Mann com Barbara Stanwyck e Walter Huston
O pior filme da caixa é este drama do grande Anthony Mann. Uma coisa indigesta, teatral, sobre pai e filha, ruins e vaidosos, que dominam todos que chegam por perto. Chato. Nota 1.
COMANDO NEGRO de Raoul Walsh com John Wayne, Claire Trevor e Brian Donlevy.
O mais velho, 1940, é o melhor da caixa. Wayne é um cowboy bronco, Donlevy um professor. Os dois disputam a vaga de xerife e ao mesmo tempo a mesma mulher. Ação orquestrada pelo especialista Walsh. Wayne, jovem, domina tudo com imenso magnetismo. Ele é natural, calmo, único. Um mito. O filme é delicioso. Nota 8.
PAIXÃO SELVAGEM de Jacques Tourneur com Dana Andrews, Susan Hayward e Brian Donlevy
Um belo filme. Andrews é um comerciante na região mineira do oeste. Hayward é sua amiga, noiva de Donlevy. Tudo se complica com índios ferozes, traições e muitas mortes. Tourneur foi um grande diretor. Fez grandes filmes noir, excelentes westerns e ainda filmes de guerra e de piratas. Esta é uma diversão séria, urgente, há um forte clima de destino aqui. Nota 7.
REINADO DO TERROR de Joseph H. Lewis com Sterling Hayden.
Um filme muito original ! Lewis foi um diretor de filmes classe B que tinha ideias de filmes de arte. Ingênuo, ele filmava com rapidez e cheio de ideais. Este filme, estranho, triste, muito original, se parece com os filmes pessimistas dos anos 70 ( ele é de 1959 ). Um dono de terras usa um assassino de aluguel para dominar terras cheias de petróleo. Hayden é um marinheiro sueco que vem ao enterro do pai e para enfrentar o assassino. O filme se tornou um cult. Alterna cenas pobres e artificiais com outras de grande brilho. Absolutamente diferente!
REX HARRISON/ MIKE LEIGH/ RUPERT EVERETT/ GRETA GARBO/ GUINESS
A CASA DA COLINA de Will Malone com Geoffrey Rush e Famke Janssen.
Grupo de pessoas ficam uma noite numa casa assombrada para ganhar um prêmio. William Castle fez esse filme em 1960. Já era ruim. Hoje é pior. Pra que refazer tanto filme? zero.
O VALENTE TREME TREME, de Norman Z. McLeod com Bob Hope e Jane Russell.
Um dentista medroso se casa com Calamity Jane e assim se envolve em missão junto aos índios. Hope é ótimo, mas é Jane quem domina o filme. Frank Tashlin escreveu o roteiro e detestou o resultado. Foi um big sucesso, visto hoje é apenas OK. Nota cinco.
GUN CRAZY de Joseph H. Lewis, com Peggy Cummins e John Dahl.
Rapaz que sempre foi boa pessoa, mas amante de armas, vira bandido ao conhecer uma garota de circo ambiciosa. O filme é um dos grandes cults da história. Muito adiante de seu tempo, quando lançado fracassou, mas era visto pelo pessoal do cinema com admiração. Tem duas cenas antológicas: o assalto visto de dentro do carro, com diálogos improvisados, e o final, no pântano. Um filme que lembra Godard. Ainda moderno. Nota 9.
THE LAST HOLIDAY de Henry Casa com Alec Guiness
Encantador. Um humano filme inglês sobre um homem simples que tem uma doença rara. Sabendo que vai morrer, gasta suas economias em hotel de luxo. Vários personagens bem desenvolvidos, bem humano sem ser meloso. E Guiness numa atuação mágica. Nota 7.
FARSA DIABÓLICA, de Bryan Forbes com Kim Stanley e Richard Attenborough.
Na época causou impressão. Forbes parecia um novo mestre. Mas em dez anos ele cairia na rotina. Mas este é um grande pequeno filme. Ele nos faz entrar na mente de uma mulher muito perturbada. Ela é uma vidente, o marido é um capacho. Sequestram uma menina. O casal é magnifico! O filme, lento e desagradável, feio de se olhar, é inesquecível. Nota 8.
TOPSY TURVY de Mike Leigh com Jim Broadbent, Allan Corduner, Timothy Spall.
Brilhante! Delicioso! Poucos filmes conseguiram retratar de forma tão perfeita a Londres vitoriana. Gilbert e Sullivan foram Lennon e MacCartney de 1880. Um era fechado e ponderado, o outro ambicioso e farrista. Os atores são tocantes. O filme, dirigido com amor, é quase perfeito. Delicioso. Nota Dez!
O MARIDO IDEAL de Oliver Parker com Rupert Everett, Julianne Moore, Cate Blanchett, Minnie Driver e Jeremy Northam.
Oscar Wilde no cinema é sempre um show. E Rupert nasceu para recitar as frases do irlandês. Mas...Julianne estraga as cenas. O rosto choroso dessa atriz melancólica não combina com o wit de Wilde. De todo modo, é OK. Nota 6.
WITHOUT RESERVATIONS de Mervyn LeRoy com Claudette Colbert e John Wayne.
Uma autora de de best seller cruza os EUA com dois soldados. Ela cai de amores por um deles. Hollywood hiper profissional. Eis o filme bem feito padrão de então. Nada tolo, fantasioso e com atores excelentes. Colbert está very hot, Wayne super boa gente. Bela diversão. Nota 7.
SUSAN LENOX, de Robert Z. Leonard, com Greta Garbo e Clark Gable.
Garbo nunca esteve tão frágil. Ela nos apaixona neste melodrama onde uma garota pobre e abusada em casa foge. Ela se envolve com vários homens, mas Gable é o cara. Os primeiros trinta minutos têm altura de obra prima. Expressionistas e belos. Depois cai um pouco, mas é um filme forte. Gable bem jovem, nota 7.
TODOS OS IRMÃOS ERAM VALENTES de Richard Thorpe com Robert Taylor e Stewart Granger.
Uma aventura perfeita. Tem rivalidade entre irmãos, caça à baleia, motim, romance, ilhas, reviravoltas. É diversão que nunca cessa. Excelente! Nota 9.
ODEIO-TE MEU AMOR de Preston Sturges com Rex Harrison e Linda Darnell.
Foi o primeiro fracadsofracasso de Sturges, hoje está reabilitado. Rex dá um show como o maestro que desconfia da esposa mais jovem. Escutar Rex atuar é um dos grandes prazeres do cinema. O filme é criativo e eu o adoro. Humor negro. Nota Dez.
Grupo de pessoas ficam uma noite numa casa assombrada para ganhar um prêmio. William Castle fez esse filme em 1960. Já era ruim. Hoje é pior. Pra que refazer tanto filme? zero.
O VALENTE TREME TREME, de Norman Z. McLeod com Bob Hope e Jane Russell.
Um dentista medroso se casa com Calamity Jane e assim se envolve em missão junto aos índios. Hope é ótimo, mas é Jane quem domina o filme. Frank Tashlin escreveu o roteiro e detestou o resultado. Foi um big sucesso, visto hoje é apenas OK. Nota cinco.
GUN CRAZY de Joseph H. Lewis, com Peggy Cummins e John Dahl.
Rapaz que sempre foi boa pessoa, mas amante de armas, vira bandido ao conhecer uma garota de circo ambiciosa. O filme é um dos grandes cults da história. Muito adiante de seu tempo, quando lançado fracassou, mas era visto pelo pessoal do cinema com admiração. Tem duas cenas antológicas: o assalto visto de dentro do carro, com diálogos improvisados, e o final, no pântano. Um filme que lembra Godard. Ainda moderno. Nota 9.
THE LAST HOLIDAY de Henry Casa com Alec Guiness
Encantador. Um humano filme inglês sobre um homem simples que tem uma doença rara. Sabendo que vai morrer, gasta suas economias em hotel de luxo. Vários personagens bem desenvolvidos, bem humano sem ser meloso. E Guiness numa atuação mágica. Nota 7.
FARSA DIABÓLICA, de Bryan Forbes com Kim Stanley e Richard Attenborough.
Na época causou impressão. Forbes parecia um novo mestre. Mas em dez anos ele cairia na rotina. Mas este é um grande pequeno filme. Ele nos faz entrar na mente de uma mulher muito perturbada. Ela é uma vidente, o marido é um capacho. Sequestram uma menina. O casal é magnifico! O filme, lento e desagradável, feio de se olhar, é inesquecível. Nota 8.
TOPSY TURVY de Mike Leigh com Jim Broadbent, Allan Corduner, Timothy Spall.
Brilhante! Delicioso! Poucos filmes conseguiram retratar de forma tão perfeita a Londres vitoriana. Gilbert e Sullivan foram Lennon e MacCartney de 1880. Um era fechado e ponderado, o outro ambicioso e farrista. Os atores são tocantes. O filme, dirigido com amor, é quase perfeito. Delicioso. Nota Dez!
O MARIDO IDEAL de Oliver Parker com Rupert Everett, Julianne Moore, Cate Blanchett, Minnie Driver e Jeremy Northam.
Oscar Wilde no cinema é sempre um show. E Rupert nasceu para recitar as frases do irlandês. Mas...Julianne estraga as cenas. O rosto choroso dessa atriz melancólica não combina com o wit de Wilde. De todo modo, é OK. Nota 6.
WITHOUT RESERVATIONS de Mervyn LeRoy com Claudette Colbert e John Wayne.
Uma autora de de best seller cruza os EUA com dois soldados. Ela cai de amores por um deles. Hollywood hiper profissional. Eis o filme bem feito padrão de então. Nada tolo, fantasioso e com atores excelentes. Colbert está very hot, Wayne super boa gente. Bela diversão. Nota 7.
SUSAN LENOX, de Robert Z. Leonard, com Greta Garbo e Clark Gable.
Garbo nunca esteve tão frágil. Ela nos apaixona neste melodrama onde uma garota pobre e abusada em casa foge. Ela se envolve com vários homens, mas Gable é o cara. Os primeiros trinta minutos têm altura de obra prima. Expressionistas e belos. Depois cai um pouco, mas é um filme forte. Gable bem jovem, nota 7.
TODOS OS IRMÃOS ERAM VALENTES de Richard Thorpe com Robert Taylor e Stewart Granger.
Uma aventura perfeita. Tem rivalidade entre irmãos, caça à baleia, motim, romance, ilhas, reviravoltas. É diversão que nunca cessa. Excelente! Nota 9.
ODEIO-TE MEU AMOR de Preston Sturges com Rex Harrison e Linda Darnell.
Foi o primeiro fracadsofracasso de Sturges, hoje está reabilitado. Rex dá um show como o maestro que desconfia da esposa mais jovem. Escutar Rex atuar é um dos grandes prazeres do cinema. O filme é criativo e eu o adoro. Humor negro. Nota Dez.
MASAYUKI SUO/ KATE WINSLET/ MICHAEL DOUGLAS/ LANG/ KEVIN KLINE
ATRÁS DO CANDELABRO de Steven Soderbergh com Michael Douglas, Matt Damon, Debbie Reynolds e Rob Lowe
Soderbergh consegue algo muito dificil, pegar um tema "brega", exagerado, over, e fazer com que ele jamais caia na ironia, na comédia. Nem drama, nem comédia, jamais frio ou boring. Escrevi sobre o filme abaixo, Liberace foi um superstar queridinho da direita americana. O fato de seu público jamais suspeitar de sua homossexualidade é um mistério. Michael Douglas consegue ser Liberace sem parecer fake. Liberace já era uma caricatura natural, Douglas faz um milagre, consegue deixar Liberace humano sem deixar de ser "Liberace". Damon está ótimo. Natural, não forçado. Na verdade até Lowe está ótimo. Debbie Reynolds está de volta, a mítica estrela adorável de Cantando na Chuva, é a mãe de Liberace. Soderbergh diz que cansou de mendingar dinheiro a produtores idiotas. Será? Vale aqui um adendo: Produtores sempre brigaram com diretores. Ninguém gosta de perder dinheiro. A diferença é que Jack Warner ou Irving Thalberg adoravam filmes. Só sabiam viver de cinema, amavam salas de exibição, atrizes, roteiros, sets. Hoje os produtores mal viram um filme de Hitchcock. É gente que entra no ramo como forma de fazer dois bilhões. Pouco se importam com os filmes, têem outros investimentos, cinema é um entre muitos. Isso faz toda a diferença. São inacessíveis para quem não fala de capital e de dividendos. Mataram o filme médio. Investem em produções caras e jogam esmolas para filminhos minúsculos. O filme médio, aquele tipo de filme que era feito por Hitchcock ou Ford, esse morreu.... Quanto a Liberace, eis um bom filme médio. Nota 7.
CASAMENTO PROIBIDO de Fritz Lang com Sylvia Sidney e George Raft
Raras vezes vi um filme tão esquisito. Lang diz numa entrevista que tentou fazer um filme educativo, como as peças de Brecht. Usou Kurt Weill neste filme. Fala de uma loja onde trabalham ex-presidiários. O filme fala de segunda chance. Daí vemos um casal que se ama e se casa. Mas ela esconde dele seu passado, foi uma detenta. O marido volta às más companhias e tenta assaltar a loja. Ela demonstra aos bandidos como roubar não dá lucros. Numa lousa ela mostra por a mais b que o lucro de um assalto é muito baixo. E o filme é isso: comédia? drama? lição? O que é? Nenhum diretor icônico errou tanto como o grande Fritz Lang. Morreu correndo riscos, sempre. Este é um de seus maiores erros. Nota 3.
PARKER de Taylor Hackford com Jason Statham, Jennifer Lopez e Nick Nolte
Será que o veterano diretor de "Ray" consegue fazer um filme de ação? Este começa mal. Sangue demais e nenhum humor. Statham é um ladrão. Traído pelos comparsas ele parte para a vingança. O filme encontra seu tom quando Jennifer entra em cena. Aí ele cresce e se torna mais leve e mais esperto. Ela é uma corretora de imóveis que é envolvida sem querer. Bonita, Jennifer Lopez sofre a maldição das cantoras que querem ser atrizes, é subestimada. Não é pior que René Zellweger ou que Sandra Bullock, mas Sandra e René não cantam, são atrizes "de verdade". Ela traz humor ao filme. A ação melhora, Jason se humaniza. O filme, que era ruim, fica bom. Hackford é competente. Nota 5.
OS CHACAIS DO OESTE de Burt Kennedy com John Wayne, Ann Margret, Rod Taylor
Wayne em fim de carreira e mais um de seus westerns humorísticos. Bom passatempo numa história que conta a busca por dinheiro roubado. Boa fotografia e quase nada de trama. Nota 5.
RAÇA BRAVA de Andrew V. McLaglen com James Stewart, Maureen O'Hara, Brian Keith e Juliet Mills
Keith dá um show como um escocês criador de gado no Texas. O filme fala de um boi de raça inglesa, que uma viúva tenta implantar nos EUA. Parece um tema bobo, ele é. Mas levado com bom-humor se torna um gostoso e divertido filme. Stewart se diverte fazendo seu tipo padrão. O caipira bom de cintura. Nota 6.
LIFE AS A HOUSE de Irwin Winkler com Kevin Kline, Kristin Scott Thomas, Jena Malone
Um homem a morte resolve antes de se ir construir a casa de seus sonhos. Sim, lembra "Viver!" a obra-prima de Kurosawa sobre a morte. E é claro que não chega perto. Mas não é ruim. Kline é sempre um bom ator e aqui ele faz uma bela composição. Seu personagem é um desajeitado, um perdedor, mas nunca chorão. O filme é meio frio. Winkler é um grande produtor veterano que às vezes resolve brincar de ser diretor. Nunca acertou um grande filme, mas também não comete asneiras. Nota 6.
IRIS de Richard Eyre com Judi Dench, Jim Broadbent e Kate Winslet
Sim, ela é a grande Iris Murdoch, uma das melhores autoras inglesas. A vemos aqui em dois momentos: na velhice, com parkinson, e na faculdade, descobrindo a filosofia de sua vida. Nos dois estágios ela é sempre confiante, radiante e corajosa. Judi Dench brilha intensamente. Nunca sentimos pena de Iris. Ela tem tanta vida que vive a doença. Kate Winslet está muito bem. Sua Iris é uma egocêntrica sonhadora. Jim Broadbent está a altura de Judi. O filme na verdade é todo dele. Emocionante. Nota 7.
HOLY SMOKE de Jane Campion com Kate Winslet e Harvey Keitel
O pior filme de Kate ( e ela tem muitos ruins ) e o pior de Harvey ( que tem toneladas de lixos ). Ela é uma doidona que é tratada pelo esquisito Keitel. Jane Campion dirige mais doida que os dois, o filme não faz sentido. Se voce quer ver Kate Winslet urinar de pé, este é seu filme. Nota ZERO.
O SEGREDO DE ROAN INISH de John Sayles
Filmado na costa oeste da Irlanda, em meio aos pescadores, este filme lento fala de uma menina que visita seus avôs. Irá conhecer as lendas do lugar. Quase nada acontece. Mas é bom de ver. E tem uma linda trilha sonora. Nota 6.
VEM DANÇAR COMIGO de Masayuki Suo
É considerado um dos melhores filmes japoneses dos anos 90. Eu o considero uma obra-prima. Simples, triste, leve, fala de um funcionário de escritório, casado e timido, que resolve ter aulas de dança de salão. Ele e a professora têm um flerte, mas que dá em nada. Ele continua com a esposa. Tudo isso contado de forma velada, secreta, emocionante. É uma obra sobre os amores reprimidos, sobre vidas não vividas, ou então sobre o espírito da beleza e a delicadeza dos sentimentos. No final, há um concurso de danças, momento hilário que casa com a delicadeza do resto. Voce vai se apaixonar pelo filme e pelos personagens. É um filme inesquecível !!!! Nota DEZ!!!!!!!!
HAMLET/ CROENENBERG/ VIVIEN LEIGH/ BUDD BOETTICHER/ KILLER JOE/ ROCK HUDSON
KILLER JOE de William Friedkin com Mathew McConaughey, Emile Hirsch, Thomas Haden Church, Juno Temple e Gina Gershon
Maravilhoso prazer. Uma comédia hiper violenta ou um policial noir irônico? Hirsch quer matar a mãe e contrata o matador Mathew. Mas não tem como pagar e dá a irmã como prêmio. Amoral, macho e auto-gozador, este é um filme que começa ameaçando imitar Tarantino. Mas vai além. É o filme que Tarantino faria se fosse mais adulto. Mathew está excelente, assim como Gina e Haden Church. Friedkin estourou em 1971 com os Oscars de filme e direção para Operação França, o filme que inventou o moderno policial. Filme que é imitado até hoje. Depois Friedkin fez O Exorcista. Daí enlouqueceu de cocaina. Para homenagear O Salário do Medo, de Clouzot, gastou tanto na refilmagem que quase faliu a produtora. Desde então ele é um diretor de pequenos filmes invulgares. Freidkin aparece muito em entrevistas. Sua cara entrega seus problemas com Hollywood: É hiper-arrogante. Este filme tem a cena mais sexy que os EUA apresentam em anos. Ficou pouco tempo em cartaz, claro. Corra e veja. É muito bom. Nota DEZ.
DURO DE MATAR 5 de John Moore com Bruce Willis
Acho que vi esse filme. Acho que vi porque as cenas de ação são tão editadas, tão desfocadas e tão tremidas, que voce pensa ter visto, mas nada viu. Na verdade o filme joga em sua cara um monte de flashs de explosões e pedaços de coisas. Boa maneira de NÂO se exibir a pobreza de cenários e a falsidade de atores em virtual. No futuro seremos todos cegos. E surdos. Só teremos sensibilidade para o muito alto e para imagens em movimento. Bruce está ausente, nada tem a fazer. O roteiro é banal. Pior Duro de Matar de longe. Nota ZERO.
MÚSICA E LÁGRIMAS de George Sidney com Tyrone Power e Kim Novak
Datado, velho e cansado. Esse é o Cinemão dos anos 50, um tipo de cinema que morreu. Tudo é hiper-exagerado, limpo demais, lustroso. Conta a história do pianista Eddy Duchin, seu sucesso e suas tragédias. Foi um grande sucesso. Kim nunca foi tão linda e Tyrone é uma estrela. Mas é absolutamente nostálgico. Aconselho a que fujam. Nota 2.
A PONTE DE WATERLOO de Mervyn LeRoy com Vivien Leigh e Robert Taylor
Clássico atemporal do cinema romântico. Quer saber o que é o tal Amor? Veja este filme. Num P/B cintilante, conta a história de soldado que se apaixona por bailarina. Mas a guerra os separa, ela passa necessidades e vira prostituta. O reencontro, anos depois, é maravilhosamente bem dirigido. O filme corta seu coração e apesar de tudo nunca parece apelativo. O final é digno do belo filme que é. Vivien, a Scarlet de ...E O Vento Levou, a então esposa de Olivier, está lindíssima. O rosto magnífico e a voz, talvez a mais bela voz do cinema. Compõe o personagem com delicadeza infinita. Filme imperdível. Nota DEZ!
UM FIO DE ESPERANÇA de William Wellman com John Wayne, Robert Stack e Claire Trevor
Começa muito ruim. Uma forçada apresentação dos personagens no balcão do aeroporto. Esta filme inaugurou um novo gênero de cinema, o filme sobre acidentes. Aqui é um avião que perde o motor e tem de atravessar o Pacífico com seus passageiros. Wayne, contido, discreto, é o co-piloto. O crítico Leonard Maltin nos extras do dvd diz: Um novo público vai estranhar. A ênfase aqui vai para se contar a história e não para as sensações e os efeitos. Well, essa é a chave de todo o cinema clássico. Antes se contava uma história, hoje se corre atrás de uma sensação sensacional. Este filme depois se acerta, Wellman nos faz aceitar as várias histórias de cada passageiro. Um filme de sucesso em seu tempo que visto agora é ainda ok. Nota 6.
SEMINOLE de Budd Boetticher com Rock Hudson, Anthony Quinn e Richard Carlson
E não é que funciona? Promete pouco, parece um western de rotina em que Hudson faz um oficial começando a servir na Flórida. Mas então a coisa pega quando entra em cena seu chefe, um major que odeia todos os índios. Vem então uma travessia pelos pântanos brilhante. Passamos a odiar o tal major. Odiar muito! Hudson defende os índios e é considerado traidor... Rock Hudson está ótimo. Se Vivien Leigh tem a melhor voz do cinema, talvez Hudson tivesse a melhor voz masculina. Boetticher nunca deixou de ser um diretor classe B. Hoje tem um grande fã-clube. Nota 7.
ENCONTRANDO FORRESTER de Gus Van Sant com Sean Connery, Anna Paquin e F. Murray Abraham
Antigamente Sant ainda fazia alguns filmes mais normais. Conseguia contar histórias. Este filme, em que Connery é um escritor solitário, é dos seus mais simples. Ninguém é doente e Sant não tenta provar nada. Agradável, tem um Connery esbanjando autoridade. Carisma puro. Nota 5.
A MOSCA de David Croenenberg com Jeff Goldblum e Geena Davis
Revejo este divertido filme da melhor fase de David. Não é tão bom quanto o original, de 1958, mas mantém algum suspense. Goldblum é um ponto fraco. Geena um ponto forte. David adora mostrar coisas nojentas. Pra quê? Nota 6.
HAMLET de Kenneth Branagh com Kenneth Branagh, Julie Christie, Kate Winslet, Derek Jacobi, Charlton Heston, Gerard Depardieu, Jack Lemmon, Robin Willians, Billy Crystal, Richard Attenborough e John Gielgud.
Talvez seja o mais exuberante elenco já reunido. Mas está longe de ser um grande filme. Branagh, no auge da vaidade, fez o único dos inúmeros filmes sobre Hamlet, em que todo o texto está preservado. Ou seja, são 3 horas e meia de filme. A versão de Olivier é muito, muito, muito melhor. E mesmo o Hamlet de Zeffirelli em que Mel Gibson ousa fazer Shakespeare é melhor. Claro que é legal ver Julie como a mãe e Kate de Ofélia. Mas devo dizer, a vaidade de Kenneth cansa. Nota 5.
SOPHIA LOREN/ BILL MURRAY/ DASSIN/ BORZAGE/ ZINNEMANN/ HENRY KING
UM FIM DE SEMANA NO HYDE PARK de Roger Michell com Bill Murray, Laura Linney, Samuel West e Olivia Colman
Que filme esquisito!!! Fala de um final de semana em que o rei da Inglaterra vem aos EUA com a rainha a fim de visitar o presidente Roosevelt. O rei deseja convencer os EUA a entrar na guerra. Adendo histórico: até então a politica americana era toda isolacionista. O país pouco ligava para a Europa. É aqui que o mundo muda e a América passa a se envolver com o planeta. O encontro é cômico. Roosevelt os recebe na casa de sua mãe, no campo. A realeza é abrigada em quarto comum e vão a pic nic. Esperteza de Roosevelt, assim a opinião pública americana, que odiava reis e Europeus, passa a ver o rei como "gente". O filme é esquisito por ser um misto de drama e comédia, poesia e arte. É bonito de ver e tem ótimas atuações. Murray tem aqui seu melhor papel. Faz um presidente humano, simpático e mulherengo. Ele mantém um harém ao seu redor. O ator Samuel West faz o mesmo rei que Firth fez no ótimo Discurso do Rei. West está excelente. Hesitante, assustado, reprimido. Uma das amantes de Roosevelt morreu aos 100 anos e foi só então que encontraram esta história com ela. O filme é contado por seu ponto de vista. Aviso que ele começa meio chato e de repente te pega. Nota 6.
O ÍDOLO DE CRISTAL de Henry King com Gregory Peck e Deborah Kerr
Uma chatice sobre Scott Fitzgerald e sua namorada Sheila Graham. Peck, que não está mal, bebe e bebe e bebe. Kerr é a amante que tenta o salvar. O filme é flácido, embolado, tolo. Nota 1.
O CASTELO SINISTRO de George Marshall com Bob Hope e Paulette Goddard
Sátira aos filmes de horror. Tem um belo clima e é agradável. O humor de Hope envelheceu mal, o filme é alegre mas não nos faz rir. Dá pra ver. Nota 5.
UMA AVENTURA EM PARIS de Jules Dassin com Joan Crawford, John Wayne e Philip Dorn
Assisti a caixa com seis filmes sobre a segunda-guerra. Dois deles são tão ruins que não consegui ver. Portanto não falo deles aqui. Este é bom. Mostra a Paris ocupada. Wayne é um piloto que tenta sair da cidade. Crawford ama um 'traidor". Dassin se tornaria depois um diretor maravilhoso. Aqui ele entrega um filme que se deixa ver. Há um belo suspense ao final. Nota 6.
TEMPESTADES D'ALMA de Frank Borzage com James Stewart e Margaret Sullavan
Este é quase uma obra-prima. Na Alemanha, no começo do nazismo, vemos uma familia ser destruída. Filhos se tornam nazistas, crêem em Hitler e passam a perseguir amigos e vizinhos. Há um pai que é expulso da faculdade onde dava aula e acaba morto em campo de concentração. Stewart, sempre ótimo, é um vizinho que foge do país. Ele volta para salvar sua namorada. O final é bem triste. É um lindo filme. Borzage foi um dos grandes diretores do começo do cinema falado e do fim do silencioso. Nota 8.
HORAS DE TORMENTA de Herman Shumlin com Bette Davis e Paul Lukas
Roteiro de Dashiell Hammet baseado em peça de Lillian Hellman. Paul Lukas ganhou um absurdo Oscar de melhor ator, batendo Bogey em Casablanca. O filme se passa na América e fala de refugiados. Lukas é um guerrilheiro anti-fascismo que é chantageado por canalha. O filme tem cena forte em que o canalha é morto a sangue-frio. Mas está longe de ser um grande filme. Nota 5.
A SÉTIMA CRUZ de Fred Zinnemann com Spencer Tracy
Zinnemann sabia do que falava. Ele acabara de fugir do nazismo quando fez este filme. O futuro de Fred seria brilahnte: Julia, Um Passo Para a Eternidade, Matar ou Morrer... Tracy foge de campo de concentração com companheiros e tenta sobreviver. Todos são pegos e executados, ele não. Um achado do filme é mostrar sua reumanização. Algumas pessoas lhe ajudam e ele vai recuperando a fé nos homens. É um belo filme. Nota 6.
A CIDADE DOS DESILUDIDOS de Vincente Minelli com Kirk Douglas, Edward G.Robinson, Cyd Charisse e Dahlia Lavi
Kirk é um ex-astro que está em clínica psiquiátrica. Tem alta e volta a ativa, Vai a Roma fazer filme com diretor americano decadente. O filme é tétrico. Todos são fracassados, destrutivos, amargos e vazios. Minelli via que seu tempo passara e faz um tipo de auto-retrato cruel. Estranho porque ele sempre foi um diretor amado pelo sistema que ele cospe em cima. Nota 3.
JOÃO E MARIA CAÇADORES DE VAMPIROS de Tommy Wirkola com Jeremy Renner
Já esqueci deste filme. É um samba do crioulo doido. Se passa na idade média mas tem metralhadoras e roupas à Matrix. Eles NÂO caçam vampiros, são bruxas! Nota 2.
SUAVE É A NOITE de Henry King com Jennifer Jones, Jason Robards e Joan Fontaine
Henry King novamente no mundo de Fitzgerald. É o último trabalho deste grande diretor. Robards faz o Dr. Diver que se destrói ao salvar Nicole da loucura. O filme se passa entre os muito ricos, hedonistas, futeis. A tragédia de Diver é lutar contra esse mundo, não aceitar o dinherio de sua esposa muito rica. O filme passa longe do romantismo de Scott, mas tem alguns momentos belos, fortes. Bons atores. Nota 7.
PENA QUE SEJA UMA CANALHA de Alessandro Blasetti com Sophia Loren, Marcello Mastroianni e Vittorio de Sica
Marcello é um taxista. Sophia uma ladra e Vittorio o pai que rouba malas na estação de trens. Apesar de ser sempre feito de trouxa por Sophia, Marcello não consegue a odiar e cai irremediávelmente em suas artimanhas, sempre. O filme é alegre, leve, bom de ver. Atinge magnificência no trabalho dos atores. Sophia, muito jovem, está linda e atua de modo tão fácil, tão prazeroso que faz com que sua arte pareça a coisa mais simples do mundo. O esforço é o que diferencia o talento do gênio. O talento demonstra esforço, o gênio faz o grande com facilidade, como a brincar. Sophia é genial. Assim como Marcello. Que estupendo bobo é esse taxista! Ele passa todo o filme resmungando contra Sophia, tentando se livrar dela, mas sempre volta, vencido, ingenuo, absurdo. Amamos Mastroianni. E há De Sica, o malandro veterano, playboy, fino e mentiroso. O filme mostra uma Itália onde todos são ladrões e todos são feitos de bobos por uma bela mulher. Verdade? Nota 7.
Que filme esquisito!!! Fala de um final de semana em que o rei da Inglaterra vem aos EUA com a rainha a fim de visitar o presidente Roosevelt. O rei deseja convencer os EUA a entrar na guerra. Adendo histórico: até então a politica americana era toda isolacionista. O país pouco ligava para a Europa. É aqui que o mundo muda e a América passa a se envolver com o planeta. O encontro é cômico. Roosevelt os recebe na casa de sua mãe, no campo. A realeza é abrigada em quarto comum e vão a pic nic. Esperteza de Roosevelt, assim a opinião pública americana, que odiava reis e Europeus, passa a ver o rei como "gente". O filme é esquisito por ser um misto de drama e comédia, poesia e arte. É bonito de ver e tem ótimas atuações. Murray tem aqui seu melhor papel. Faz um presidente humano, simpático e mulherengo. Ele mantém um harém ao seu redor. O ator Samuel West faz o mesmo rei que Firth fez no ótimo Discurso do Rei. West está excelente. Hesitante, assustado, reprimido. Uma das amantes de Roosevelt morreu aos 100 anos e foi só então que encontraram esta história com ela. O filme é contado por seu ponto de vista. Aviso que ele começa meio chato e de repente te pega. Nota 6.
O ÍDOLO DE CRISTAL de Henry King com Gregory Peck e Deborah Kerr
Uma chatice sobre Scott Fitzgerald e sua namorada Sheila Graham. Peck, que não está mal, bebe e bebe e bebe. Kerr é a amante que tenta o salvar. O filme é flácido, embolado, tolo. Nota 1.
O CASTELO SINISTRO de George Marshall com Bob Hope e Paulette Goddard
Sátira aos filmes de horror. Tem um belo clima e é agradável. O humor de Hope envelheceu mal, o filme é alegre mas não nos faz rir. Dá pra ver. Nota 5.
UMA AVENTURA EM PARIS de Jules Dassin com Joan Crawford, John Wayne e Philip Dorn
Assisti a caixa com seis filmes sobre a segunda-guerra. Dois deles são tão ruins que não consegui ver. Portanto não falo deles aqui. Este é bom. Mostra a Paris ocupada. Wayne é um piloto que tenta sair da cidade. Crawford ama um 'traidor". Dassin se tornaria depois um diretor maravilhoso. Aqui ele entrega um filme que se deixa ver. Há um belo suspense ao final. Nota 6.
TEMPESTADES D'ALMA de Frank Borzage com James Stewart e Margaret Sullavan
Este é quase uma obra-prima. Na Alemanha, no começo do nazismo, vemos uma familia ser destruída. Filhos se tornam nazistas, crêem em Hitler e passam a perseguir amigos e vizinhos. Há um pai que é expulso da faculdade onde dava aula e acaba morto em campo de concentração. Stewart, sempre ótimo, é um vizinho que foge do país. Ele volta para salvar sua namorada. O final é bem triste. É um lindo filme. Borzage foi um dos grandes diretores do começo do cinema falado e do fim do silencioso. Nota 8.
HORAS DE TORMENTA de Herman Shumlin com Bette Davis e Paul Lukas
Roteiro de Dashiell Hammet baseado em peça de Lillian Hellman. Paul Lukas ganhou um absurdo Oscar de melhor ator, batendo Bogey em Casablanca. O filme se passa na América e fala de refugiados. Lukas é um guerrilheiro anti-fascismo que é chantageado por canalha. O filme tem cena forte em que o canalha é morto a sangue-frio. Mas está longe de ser um grande filme. Nota 5.
A SÉTIMA CRUZ de Fred Zinnemann com Spencer Tracy
Zinnemann sabia do que falava. Ele acabara de fugir do nazismo quando fez este filme. O futuro de Fred seria brilahnte: Julia, Um Passo Para a Eternidade, Matar ou Morrer... Tracy foge de campo de concentração com companheiros e tenta sobreviver. Todos são pegos e executados, ele não. Um achado do filme é mostrar sua reumanização. Algumas pessoas lhe ajudam e ele vai recuperando a fé nos homens. É um belo filme. Nota 6.
A CIDADE DOS DESILUDIDOS de Vincente Minelli com Kirk Douglas, Edward G.Robinson, Cyd Charisse e Dahlia Lavi
Kirk é um ex-astro que está em clínica psiquiátrica. Tem alta e volta a ativa, Vai a Roma fazer filme com diretor americano decadente. O filme é tétrico. Todos são fracassados, destrutivos, amargos e vazios. Minelli via que seu tempo passara e faz um tipo de auto-retrato cruel. Estranho porque ele sempre foi um diretor amado pelo sistema que ele cospe em cima. Nota 3.
JOÃO E MARIA CAÇADORES DE VAMPIROS de Tommy Wirkola com Jeremy Renner
Já esqueci deste filme. É um samba do crioulo doido. Se passa na idade média mas tem metralhadoras e roupas à Matrix. Eles NÂO caçam vampiros, são bruxas! Nota 2.
SUAVE É A NOITE de Henry King com Jennifer Jones, Jason Robards e Joan Fontaine
Henry King novamente no mundo de Fitzgerald. É o último trabalho deste grande diretor. Robards faz o Dr. Diver que se destrói ao salvar Nicole da loucura. O filme se passa entre os muito ricos, hedonistas, futeis. A tragédia de Diver é lutar contra esse mundo, não aceitar o dinherio de sua esposa muito rica. O filme passa longe do romantismo de Scott, mas tem alguns momentos belos, fortes. Bons atores. Nota 7.
PENA QUE SEJA UMA CANALHA de Alessandro Blasetti com Sophia Loren, Marcello Mastroianni e Vittorio de Sica
Marcello é um taxista. Sophia uma ladra e Vittorio o pai que rouba malas na estação de trens. Apesar de ser sempre feito de trouxa por Sophia, Marcello não consegue a odiar e cai irremediávelmente em suas artimanhas, sempre. O filme é alegre, leve, bom de ver. Atinge magnificência no trabalho dos atores. Sophia, muito jovem, está linda e atua de modo tão fácil, tão prazeroso que faz com que sua arte pareça a coisa mais simples do mundo. O esforço é o que diferencia o talento do gênio. O talento demonstra esforço, o gênio faz o grande com facilidade, como a brincar. Sophia é genial. Assim como Marcello. Que estupendo bobo é esse taxista! Ele passa todo o filme resmungando contra Sophia, tentando se livrar dela, mas sempre volta, vencido, ingenuo, absurdo. Amamos Mastroianni. E há De Sica, o malandro veterano, playboy, fino e mentiroso. O filme mostra uma Itália onde todos são ladrões e todos são feitos de bobos por uma bela mulher. Verdade? Nota 7.
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TERRENCE MALICK/ FORD/ O DITADOR/ HANYO/ MORGAN FREEMAN/ JOHN WAYNE
A DIFICIL VINGANÇA de Terry Miles com Christian Slater e Donald Sutherland
Dificil este modesto western passar aqui. Continuam insistindo em fazer faroestes sem ter nenhum conhecimento sobre a mitologia do gênero. Os atores não têm tipos fisicos para o assunto e sua linguagem cheia de Fuck é toda de LA 2012 e não de Dakota 1885. Nota 1.
NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS de John Ford com John Wayne, Claire Trevor, Thomas Mitchell e John Carradine
O Homero da América ( Ford ) e seu filme Odisséia. Uma diligência cruza território hostil. Nela vão os personagens icônicos do país: o jogador, o comerciante, o banqueiro-ladrão, a prostituta, uma esposa fiel, o bêbado e o fora da lei. Wayne tem seu famoso close, uma apresentação à eternidade como jamais outro ator mereceu. É uma aventura, é suspense e é um filme-mito. O elenco explode em carisma e Ford filma como quem narra uma saga cantada. É o mais americano dos filmes. Minha professora de literatura diz que gênio é o homem que capta todo o insconsciente de uma país e o traduz em linguagem. É o homem que traduz e batiza uma nação que não se conhecia e não se reconhecia. No cinema é John Ford esse homem. Ele captou a América de 1776 até 1976. Depois de então o mundo de Ford permanece como sonho perdido de uma ideal de país que não mais existe no mundo sólido, mas que se faz eterno e mitológico no universo do desejo. Um filme que não é o melhor de Ford, mas que é insecapável. Nota DEZ.
A MOCIDADE É ASSIM MESMO de Clarence Brown com Elizabeth Taylor, Mickey Rooney e Donald Crisp
Quem criou este mundo? Tudo aqui é um tipo de paraíso: as casas, as pessoas, até mesmo as dores parecem paradisíacas. Eis o mundo que o século XX, sofrido, desencantado, pobre em sonhos, tolo, sonhou. Como cada vez mais descreio de criações vindas do nada, deve ter havido um dia um mundo parecido com este. Onde e quando eu não sei. Com certeza não em 1948. Liz tinha quinze anos então, exagera um pouco no choro. O filme fala de um cavalo e do sonho de uma menina em vencer um derby. Rooney está ótimo como um ex-jockey. É do tempo em que animais eram filmados como animais e não como pseudo-humanos. Nota 7.
CREPÚSCULO DAS ÁGUIAS de John Guillermin com George Peppard, James Mason e Ursula Andress
E não é que é bom? Uma surpresa! A história fala de um ex-soldado de infantaria, que na primeira guerra entra para a aviação alemã. Ora, em 1915 aviação era coisa de nobres, de esnobes. Ele não é aceito e passa todo o filme quebrando regras de cavalheiros, sendo ambicioso e afoito, tentando se vingar do despeito com que é tratado. As cenas nos céus, com aviões de época, são maravilhosas. Nuvens, tiros, piruetas, quedas. Chegam a hipnotizar. Uma diversão correta, com belo estudo de um "herói" ruim, egoista e destrutivo. A fotografia de Douglas Slocombe é de arrasar. O diretor prometia bela carreira, mas se perdeu em filmes tolos. Este é ótimo. Nota 7.
HANYO de Ki-Young Kim
É considerado um clássico do cinema coreano. Um casal contrata uma empregada. Ela seduz o patrão e a vida de todos vira um pesadelo. Um dos filmes mais desagradáveis que vi. Todos são cruéis, brutos, estúpidos. Pequenas violências se acumulam. O filme não é bom. Mal filmado e com atores muito ruins. Mas tem originalidade e em seu país é o equivalente ao que para nós é Glauber Rocha, fundador de novo caminho. Nota 4.
UM VERÃO MÁGICO de Rob Reiner com Morgan Freeman e Virginia Madsen
Um escritor alcoólatra vai passar um verão na praia. Lá conhece familia de divorciada. Se aproxima das crianças e tudo acaba bem. Reiner teve seu momento ( Harry e Sally ), esse momento passou. Lançado este ano, duvido que passe por aqui, deve ir direto para dvd. Tudo é previsivel, todos se tornam bons com facilidade, tudo se resolve. Mas sei lá, às vezes a gente precisa desses filmes do bem. Relaxa ficar vendo essa gente legal vivendo de um modo legal e tendo um destino legal. Sei lá, de repente a vida é mais isto que um cara se entupindo de drogas e comendo mulheres modernetes na noite. Bem, pelo menos o meu mundo está, felizmente, mais perto disto. Nota 5.
THE THIN RED LINE de Terrence Malick com Jim Caviezel, Sean Penn e John Cusak
Um amigo me fala que este é um dos filmes recentes do cinema que Pondé mais gosta. Então o revejo. Tinha a lembrança de ser um filme chato. Ele é. De ser apelativamente cruel, e é. Mas agora percebo algo que antes não percebera. Malick é um cristão no sentido medieval e "puro" do termo. O mundo é um horror, os homens se matam, se comem, e em nada mais conseguem crer, Acreditam apenas na força e na dor. Então vivem uma realidade de força e de dor. Um mundo de gemidos, sangue, tiros e solidão extrema. Mas, para quem ainda quer ver, existe a folha que balança, um raio de sol na água, bichos olhando distanciados, praias e crianças. Caviezel ainda pode ver. O mundo dele é o mundo do espirito. Ele não se deixa engolir, não se deixa perder. Para Malick, o que podemos fazer é conquistar nossa alma, ela é nossa potencialmente, cabe a cada um a merecer. Caviezel a possui. Penn talvez um dia a obtenha. O comandante feito pot Nick Nolte é a carne absoluta. Todos os filmes de Malick repetem esse mesmo tom. Este, talvez o mais crú, é o mais dificil. Com certeza foi por este papel que Caviezel se tornou o Jesus de Gibson. Nota 8.
O DITADOR de Larry Charles com Sacha Coen
Não é cinema. É um programa de Tv. Engraçado? Poucas vezes. Tem a fluência atravancada de Austin Powers. Mas Powers era mais engraçado. Humor rasteiro, de amigos bêbados, fácil de fazer. Basta atirar pra todo lado e pensar que o público é idiota. Tão ruim quanto Borat, ele faz humor sem alegria, risos sem celebração. É o humor pesado, o anti-humor segundo Comte-Sponville. Nota 2.
Dificil este modesto western passar aqui. Continuam insistindo em fazer faroestes sem ter nenhum conhecimento sobre a mitologia do gênero. Os atores não têm tipos fisicos para o assunto e sua linguagem cheia de Fuck é toda de LA 2012 e não de Dakota 1885. Nota 1.
NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS de John Ford com John Wayne, Claire Trevor, Thomas Mitchell e John Carradine
O Homero da América ( Ford ) e seu filme Odisséia. Uma diligência cruza território hostil. Nela vão os personagens icônicos do país: o jogador, o comerciante, o banqueiro-ladrão, a prostituta, uma esposa fiel, o bêbado e o fora da lei. Wayne tem seu famoso close, uma apresentação à eternidade como jamais outro ator mereceu. É uma aventura, é suspense e é um filme-mito. O elenco explode em carisma e Ford filma como quem narra uma saga cantada. É o mais americano dos filmes. Minha professora de literatura diz que gênio é o homem que capta todo o insconsciente de uma país e o traduz em linguagem. É o homem que traduz e batiza uma nação que não se conhecia e não se reconhecia. No cinema é John Ford esse homem. Ele captou a América de 1776 até 1976. Depois de então o mundo de Ford permanece como sonho perdido de uma ideal de país que não mais existe no mundo sólido, mas que se faz eterno e mitológico no universo do desejo. Um filme que não é o melhor de Ford, mas que é insecapável. Nota DEZ.
A MOCIDADE É ASSIM MESMO de Clarence Brown com Elizabeth Taylor, Mickey Rooney e Donald Crisp
Quem criou este mundo? Tudo aqui é um tipo de paraíso: as casas, as pessoas, até mesmo as dores parecem paradisíacas. Eis o mundo que o século XX, sofrido, desencantado, pobre em sonhos, tolo, sonhou. Como cada vez mais descreio de criações vindas do nada, deve ter havido um dia um mundo parecido com este. Onde e quando eu não sei. Com certeza não em 1948. Liz tinha quinze anos então, exagera um pouco no choro. O filme fala de um cavalo e do sonho de uma menina em vencer um derby. Rooney está ótimo como um ex-jockey. É do tempo em que animais eram filmados como animais e não como pseudo-humanos. Nota 7.
CREPÚSCULO DAS ÁGUIAS de John Guillermin com George Peppard, James Mason e Ursula Andress
E não é que é bom? Uma surpresa! A história fala de um ex-soldado de infantaria, que na primeira guerra entra para a aviação alemã. Ora, em 1915 aviação era coisa de nobres, de esnobes. Ele não é aceito e passa todo o filme quebrando regras de cavalheiros, sendo ambicioso e afoito, tentando se vingar do despeito com que é tratado. As cenas nos céus, com aviões de época, são maravilhosas. Nuvens, tiros, piruetas, quedas. Chegam a hipnotizar. Uma diversão correta, com belo estudo de um "herói" ruim, egoista e destrutivo. A fotografia de Douglas Slocombe é de arrasar. O diretor prometia bela carreira, mas se perdeu em filmes tolos. Este é ótimo. Nota 7.
HANYO de Ki-Young Kim
É considerado um clássico do cinema coreano. Um casal contrata uma empregada. Ela seduz o patrão e a vida de todos vira um pesadelo. Um dos filmes mais desagradáveis que vi. Todos são cruéis, brutos, estúpidos. Pequenas violências se acumulam. O filme não é bom. Mal filmado e com atores muito ruins. Mas tem originalidade e em seu país é o equivalente ao que para nós é Glauber Rocha, fundador de novo caminho. Nota 4.
UM VERÃO MÁGICO de Rob Reiner com Morgan Freeman e Virginia Madsen
Um escritor alcoólatra vai passar um verão na praia. Lá conhece familia de divorciada. Se aproxima das crianças e tudo acaba bem. Reiner teve seu momento ( Harry e Sally ), esse momento passou. Lançado este ano, duvido que passe por aqui, deve ir direto para dvd. Tudo é previsivel, todos se tornam bons com facilidade, tudo se resolve. Mas sei lá, às vezes a gente precisa desses filmes do bem. Relaxa ficar vendo essa gente legal vivendo de um modo legal e tendo um destino legal. Sei lá, de repente a vida é mais isto que um cara se entupindo de drogas e comendo mulheres modernetes na noite. Bem, pelo menos o meu mundo está, felizmente, mais perto disto. Nota 5.
THE THIN RED LINE de Terrence Malick com Jim Caviezel, Sean Penn e John Cusak
Um amigo me fala que este é um dos filmes recentes do cinema que Pondé mais gosta. Então o revejo. Tinha a lembrança de ser um filme chato. Ele é. De ser apelativamente cruel, e é. Mas agora percebo algo que antes não percebera. Malick é um cristão no sentido medieval e "puro" do termo. O mundo é um horror, os homens se matam, se comem, e em nada mais conseguem crer, Acreditam apenas na força e na dor. Então vivem uma realidade de força e de dor. Um mundo de gemidos, sangue, tiros e solidão extrema. Mas, para quem ainda quer ver, existe a folha que balança, um raio de sol na água, bichos olhando distanciados, praias e crianças. Caviezel ainda pode ver. O mundo dele é o mundo do espirito. Ele não se deixa engolir, não se deixa perder. Para Malick, o que podemos fazer é conquistar nossa alma, ela é nossa potencialmente, cabe a cada um a merecer. Caviezel a possui. Penn talvez um dia a obtenha. O comandante feito pot Nick Nolte é a carne absoluta. Todos os filmes de Malick repetem esse mesmo tom. Este, talvez o mais crú, é o mais dificil. Com certeza foi por este papel que Caviezel se tornou o Jesus de Gibson. Nota 8.
O DITADOR de Larry Charles com Sacha Coen
Não é cinema. É um programa de Tv. Engraçado? Poucas vezes. Tem a fluência atravancada de Austin Powers. Mas Powers era mais engraçado. Humor rasteiro, de amigos bêbados, fácil de fazer. Basta atirar pra todo lado e pensar que o público é idiota. Tão ruim quanto Borat, ele faz humor sem alegria, risos sem celebração. É o humor pesado, o anti-humor segundo Comte-Sponville. Nota 2.
INTOCÁVEIS/ TIM BURTON/ MIB III/ JOHN WAYNE/ LANG
SOMBRAS DA NOITE de Tim Burton com Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Eva Green, Helena Bonham-Carter
Dificil falar deste filme. Foi injustamente desprezado. Não é ruim e não é nada bom. Ele é tolo, inacreditávelmente infantilóide e sem graça. Mas ao mesmo tempo há algo nele que convida a diversão. Talvez seja o belo visual gótico-cafona, talvez uma atuação tão ruim de Depp que se torne interessante. O roteiro, péssimo, fala de um homem enfeitiçado e que séculos depois volta como vampiro. Boa lembrança de Burton em abrir o filme com o Moody Blues e sua nights in white satin. Um dos filmes mais mal feitos de Burton....E com tudo isso, eu ainda assim gostei. Nota 6.
UM parênteses: Zero-ridiculo, 1-péssimo, 2-fraco, 3-medíocre, 4- uma pena, 5- razoável, 6-médio, 7- bom, 8-um ótimo filme, 9 grande!, 10- sensacional, Obra-Prima- único.
UM GOSTO DE MEL de Tony Richardson com Rita Tushingham
Adorei. Num p/b muito cinzento, vemos a história ( ou apenas um flash ), na vida de uma mocinha pobre, feia e sem graça. O que a redime é sua raiva e sua juventude. É a Londres que já tinha os Beatles, mas ainda não sabia disso. 1961. Ando vendo sites de cinema, e num deles há uma critica em que um idiota chama este filme de "chatice desinteressante". Nunca vi respostas tão iradas dos leitores. O tal critico não tolerou a exibição de um passado inglês que não casa com aquilo que ele quer imaginar ser sua história. É uma Londres feia, suja e de gente que discute todo o tempo. Escrevi mais sobre este filme logo abaixo. Destaque para a trilha esquisita de John Addison. Nota 7.
MAN HUNT de Fritz Lang com Walter Pigeon e Joan Bennet
O filme foi feito em plena segunda-guerra, antes da entrada dos EUA na guerra. Temos um inglês que é pego na Alemanha no momento em que ia atirar em Hitler. Ele foge e na Inglaterra, agentes alemães tentam trazê-lo de volta. O filme começa muito bem, mas tem um problema, o roteiro. Dificil aceitar a facilidade com que os agentes nazistas trabalham em Londres. Lang era um excelente diretor, às vezes genial, mas não era Hitchcock. Inexiste suspense. Nota 5.
OS COMANCHEROS de Michael Curtiz com John Wayne e Stuart Whitman
No começo dos anos 60, John Wayne era o astro mais famoso do mundo. Mas não era um dos de maior prestigio. A crítica preferia Lancaster, Peck, Newman, Quinn ou Brando. E pior que isso, Wayne estava falido. Chegou a fazer cinco filmes em um ano para tentar se reerguer. E já com o câncer que o levaria quase vinte anos depois. Este é o último filme de Curtiz, diretor mítico de Casablanca e dos hits de Erroll Flynn. É um western cômico, sobre caçador de recompensas e vendedores de armas mexicanos. Nada de especial, mas nada que envergonhe a carreira de Wayne. Nota 5.
HOMENS DE PRETO III de Barry Levinson com Will Smith, Tommy Lee Jones e Josh Brolin
O primeiro foi maravilhoso. O segundo muito chato. Este é irregular. Toda a primeira parte é sem ritmo, sem humor, parece forçada. Melhora depois graças ao bom tipo de Josh Brolin. Smith volta a 1969 para salvar seu amigo Lee Jones. Estranho, foi-se o bom humor. O filme chega a ser triste. O contraste de 69 com 2012 não é explorado. Temos a impressão de que nada havia de diferente então ( a não ser o tamanho maior dos gadgets ). Nota 4
WATCHMEN de Zack Snyder
Comprei esse dvd a séculos mas não me animara a ver. Ei-lo. Começa prometendo muito. Um visual deslumbrante e um clima de filme noir anos 40. Além do bom uso da música de Dylan. Mas logo se revela seu problema número um: a falta de um bom herói. Não há ninguém que nos interesse. E depois nasce mais um problema, vemos que toda aquela complicação é só para disfarçar a mensagem simplória: a América é um lixo. Mais uma dessas peças que tratam dos males do país ao mesmo tempo em que vendem o modo de vida americano. Ele fala mal da América sendo hiper-americano. Uma contradição, um golpe de publicidade como tanto se faz. Se voce quer ser anti-americano, tenha a coragem de criar ou seguir um estilo não-hollywoodiano. Machismo, violência, crime, tudo glamurizado. Nota 1.
INTOCÁVEIS de Toledano e Nakache com Omar Sy e François Cluzet
Cássio Starling escreveu na Folha que este filme trata o negro como macaco. Mentira! Omar Sy dá um show como um africano da periferia de Paris. Um homem que começa como um malandro desajustado e que aos poucos percebe que dá pra tentar se dar bem sendo um cara do bem. O filme é antiquado, conservador e banal. Essa história de homem rico e triste que descobre a alegria com alguém pobre é velha como um filme de Julia Roberts. Mas há um mérito não desprezível aqui: o filme evita a chantagem melô. Nada de ceninhas pra chorar. É triste, mas não é chorão. Aliás, podiam ter tirado a péssima trilha de pianinho tipícamente noveleiro. Fenômeno na França, parece que vai bem aqui. Filme comum que com certeza será refilmado e destruído em Hollywood. Nota 5.
PARAÍSOS ARTIFICIAIS de Marcos Prado
Poucos filmes tem personagens tão babacas. Tudo aqui é um porre de classe média em seu pior aspecto. Ele é falso, vazio, sem porque e mal intencionado. Todas as cenas chegam a constranger. O diretor parece ter o dom de sempre escolher o pior enquadramento. O tipo de filme que deseja ser moderno e acaba sendo apenas um péssimo produto. Zerão!
Dificil falar deste filme. Foi injustamente desprezado. Não é ruim e não é nada bom. Ele é tolo, inacreditávelmente infantilóide e sem graça. Mas ao mesmo tempo há algo nele que convida a diversão. Talvez seja o belo visual gótico-cafona, talvez uma atuação tão ruim de Depp que se torne interessante. O roteiro, péssimo, fala de um homem enfeitiçado e que séculos depois volta como vampiro. Boa lembrança de Burton em abrir o filme com o Moody Blues e sua nights in white satin. Um dos filmes mais mal feitos de Burton....E com tudo isso, eu ainda assim gostei. Nota 6.
UM parênteses: Zero-ridiculo, 1-péssimo, 2-fraco, 3-medíocre, 4- uma pena, 5- razoável, 6-médio, 7- bom, 8-um ótimo filme, 9 grande!, 10- sensacional, Obra-Prima- único.
UM GOSTO DE MEL de Tony Richardson com Rita Tushingham
Adorei. Num p/b muito cinzento, vemos a história ( ou apenas um flash ), na vida de uma mocinha pobre, feia e sem graça. O que a redime é sua raiva e sua juventude. É a Londres que já tinha os Beatles, mas ainda não sabia disso. 1961. Ando vendo sites de cinema, e num deles há uma critica em que um idiota chama este filme de "chatice desinteressante". Nunca vi respostas tão iradas dos leitores. O tal critico não tolerou a exibição de um passado inglês que não casa com aquilo que ele quer imaginar ser sua história. É uma Londres feia, suja e de gente que discute todo o tempo. Escrevi mais sobre este filme logo abaixo. Destaque para a trilha esquisita de John Addison. Nota 7.
MAN HUNT de Fritz Lang com Walter Pigeon e Joan Bennet
O filme foi feito em plena segunda-guerra, antes da entrada dos EUA na guerra. Temos um inglês que é pego na Alemanha no momento em que ia atirar em Hitler. Ele foge e na Inglaterra, agentes alemães tentam trazê-lo de volta. O filme começa muito bem, mas tem um problema, o roteiro. Dificil aceitar a facilidade com que os agentes nazistas trabalham em Londres. Lang era um excelente diretor, às vezes genial, mas não era Hitchcock. Inexiste suspense. Nota 5.
OS COMANCHEROS de Michael Curtiz com John Wayne e Stuart Whitman
No começo dos anos 60, John Wayne era o astro mais famoso do mundo. Mas não era um dos de maior prestigio. A crítica preferia Lancaster, Peck, Newman, Quinn ou Brando. E pior que isso, Wayne estava falido. Chegou a fazer cinco filmes em um ano para tentar se reerguer. E já com o câncer que o levaria quase vinte anos depois. Este é o último filme de Curtiz, diretor mítico de Casablanca e dos hits de Erroll Flynn. É um western cômico, sobre caçador de recompensas e vendedores de armas mexicanos. Nada de especial, mas nada que envergonhe a carreira de Wayne. Nota 5.
HOMENS DE PRETO III de Barry Levinson com Will Smith, Tommy Lee Jones e Josh Brolin
O primeiro foi maravilhoso. O segundo muito chato. Este é irregular. Toda a primeira parte é sem ritmo, sem humor, parece forçada. Melhora depois graças ao bom tipo de Josh Brolin. Smith volta a 1969 para salvar seu amigo Lee Jones. Estranho, foi-se o bom humor. O filme chega a ser triste. O contraste de 69 com 2012 não é explorado. Temos a impressão de que nada havia de diferente então ( a não ser o tamanho maior dos gadgets ). Nota 4
WATCHMEN de Zack Snyder
Comprei esse dvd a séculos mas não me animara a ver. Ei-lo. Começa prometendo muito. Um visual deslumbrante e um clima de filme noir anos 40. Além do bom uso da música de Dylan. Mas logo se revela seu problema número um: a falta de um bom herói. Não há ninguém que nos interesse. E depois nasce mais um problema, vemos que toda aquela complicação é só para disfarçar a mensagem simplória: a América é um lixo. Mais uma dessas peças que tratam dos males do país ao mesmo tempo em que vendem o modo de vida americano. Ele fala mal da América sendo hiper-americano. Uma contradição, um golpe de publicidade como tanto se faz. Se voce quer ser anti-americano, tenha a coragem de criar ou seguir um estilo não-hollywoodiano. Machismo, violência, crime, tudo glamurizado. Nota 1.
INTOCÁVEIS de Toledano e Nakache com Omar Sy e François Cluzet
Cássio Starling escreveu na Folha que este filme trata o negro como macaco. Mentira! Omar Sy dá um show como um africano da periferia de Paris. Um homem que começa como um malandro desajustado e que aos poucos percebe que dá pra tentar se dar bem sendo um cara do bem. O filme é antiquado, conservador e banal. Essa história de homem rico e triste que descobre a alegria com alguém pobre é velha como um filme de Julia Roberts. Mas há um mérito não desprezível aqui: o filme evita a chantagem melô. Nada de ceninhas pra chorar. É triste, mas não é chorão. Aliás, podiam ter tirado a péssima trilha de pianinho tipícamente noveleiro. Fenômeno na França, parece que vai bem aqui. Filme comum que com certeza será refilmado e destruído em Hollywood. Nota 5.
PARAÍSOS ARTIFICIAIS de Marcos Prado
Poucos filmes tem personagens tão babacas. Tudo aqui é um porre de classe média em seu pior aspecto. Ele é falso, vazio, sem porque e mal intencionado. Todas as cenas chegam a constranger. O diretor parece ter o dom de sempre escolher o pior enquadramento. O tipo de filme que deseja ser moderno e acaba sendo apenas um péssimo produto. Zerão!
PAYNE/ KEN RUSSELL/ JAMES STEWART/ JOHN WAYNE/ CORMAN/ LAURENCE OLIVIER/ MARILYN
SIDEWAYS de Alexander Payne com Paul Giamamtti e Thomas Haden Church
Podem me xingar á vontade: não gosto de Paul Giamatti. Ele tem cara de quem está prestes a vomitar e esse enjôo passa pra mim. E quando não me faz sentir náuseas ele me faz dormir. O filme poderia ser bem melhor sem ele. Em compensação, gosto de Church. Merecia melhor carreira. Desde a tv que o acompanho. O filme é o mais fraco de Payne, dos poucos diretores atuais que não confunde arte com nojeira. Seu melhor filme ainda é ELEIÇÃO. Aqui é a história de amigos que partem para uma viagem atrás de vinhos. Encontram amor ( claro, é Hollywood ). Nota 5
DELÍRIO DE AMOR de Ken Russell com Richard Chamberlain e Glenda Jackson
Eu estava meio sem pique com cinema e a revisão deste filme me fez voltar a sentir a paixão pela tela. Ken Russell nunca fez ou tentou fazer "bom cinema". Seu interesse era o carnaval. Temos aqui Tchaikovski como um gay que insiste em tentar ser hetero. E ele sofre como um São Sebastião do pau oco. O filme, com uma foto espetacular de Douglas Slocombe, tem aquele exagero de cor e de movimento que é o estilo sem pudor de Russell. Glenda Jackson, estrela de gênio, se expõe numa patética cena de sexo. Nós não sabemos se é pra rir ou pra chorar...adoramos e nos divertimos à farta. Russell sacrifica verossimilhança ou sobriedade por cenas de furor e frenesi. O filme é um tipo de "Russia em Nilópolis by Joãozinho Trinta". Nada tem de real ou de simbólico, é somente imagem e som. Odiado em seu tempo, fracasso de público, hoje, em tempos menos exigentes, está reabilitado. Quando o assisti na tv em 1978 mudou minha vida. Lembro que pensei: "Cinema pode ser assim? " Falseando a vida e o cinema Ken Russell nos dá prazer. Escrevi critica sobre este filme abaixo, procure. Nota 8.
O VÔO DO FÊNIX de Robert Aldrich com James Stewart, Richard Attenborough, Peter Finch, Ernest Borgnine e George Kennedy
Um grupo de soldados de várias partes do mundo, viajando de avião sobre o Sahara, se vê preso no deserto quando o avião sofre pane. O que vemos é o conflito entre esses homens em desespero. Stewart faz um muito antipático piloto americano, que tem preconceito contra um engenheiro alemão. Finch é um rigido comandante inglês. Aldrich, como disse Inácio Araújo esta semana, é um excelente diretor. Um cineasta que sabia criar conflito, drama, tensão e que era dono de um estilo nada afetado, viril. É dele o genial THE DIRTY DOZEN. Precisa dizer mais o que? Este filme foi refeito a dois anos com Dennis Quaid no lugar de Stewart. James Stewart rouba o filme, ele é ao mesmo tempo ruim, covarde, turrão e determinado. Belo filme. Nota 7.
O CASTELO ASSOMBRADO de Roger Corman com Vincent Price e Debra Paget
Todos sabem que Corman foi o diretor classe B que sabia fazer filmes decentes com um nada de recursos. Mas o que lhe garantiu a memória é o fato de ter sido ele quem ajudou Coppolla, Bogdanovich e De Palma em seus começos. Aqui temos um filme que usa contos de Poe e de Lovecraft. É sobre um herdeiro que ao visitar o castelo abandonado da familia se vê possuído pelo fantasma de seu tataravô, um feiticeiro que foi queimado. Filmes de terror são os que envelhecem mais rápido. O que pode mantê-los vivos é seu clima e seu engenho, o medo logo se vai. Este tem algum clima de "nevoeiro com túmulos".... Price nasceu pra fazer esse tipo de canastrão do mal. Nota 4
O CÉU MANDOU ALGUÉM de John Ford com John Wayne, Pedro Armendariz e Harry Carey Jr.
Ford ia pro deserto do Arizona. Ia com seus amigos acampar. E por acaso esses amigos eram atores e técnicos de cinema. Então ele aproveitava e fazia filmes por lá. Simples assim. Afetação zero. Este fala de 3 ladrões de banco que ao fugir pelo deserto encontram um bebê em caravana que foi dizimada. Se tornam os padrinhos desse bebê. Wayne é um dos ladrões e aqui ele mostra mais uma vez o grande ator que foi. Passa da maldade para a falta de jeito, do humor ao drama sem qualquer esforço aparente. O filme, cheio de areia, vento e muito sol faz com que nos sintamos parte do ambiente. Simples, puro, é exemplo do dominio absoluto de Ford sobre sua arte. Nota 7
UM HOMEM CHAMADO CAVALO de Ellot Silverstein com Richard Harris
Um inglês que está caçando nos EUA de 1830 é capturado pelos sioux. Tratado com imensa crueldade, ele vai sobrevivendo e se impondo na ordem social da tribo. O filme, que é hoje um cult e que em seu tempo foi tratado como lixo, tem dois méritos: mostra a cultura do sioux sem romantizar e é ao mesmo tempo uma simples e ritmada diversão. O indio é mostrado aqui como ele era. Nada de nobre, nada de bandido. Eles possuem uma regra geral: só o que provém da dor tem valor. A vida só nasce pela dor, voce só cresce pela dor. Então o que vemos são várias cenas de auto-mutilação, sangue e a impressionante cerimônia do sol. Silverstein não está a altura de seu roteiro, dirige de forma conservadora. Mas é um filme invulgar, feito em momento ( 1971 ) de plena coragem no cinema popular. Nota 7
SETE DIAS COM MARILYN de Simon Curtis com Michelle Williams, Kenneth Branagh e Judi Dench
Em 1955 Monroe foi a Londres filmar com o maior ator do século, Laurence Olivier. Olivier estava otimista com o filme que ele dirigiria e interpretaria, mas a experiência foi um desastre. Ele fazia parte da velha tradição inglesa de atuar, a tradição do "Vá lá e faça"; já Marilyn seguia o estilo novo, de New York, o estilo em que o ator deve se sentir o personagem, compreendê-lo, entender sua motivação. O choque se fez. A estrela falta a filmagens, se atrasa, se droga, esquece as falas. Mas ao final, em bela cena, Olivier diz que ela é uma grande estrela, nasceu para a tela, faz com que ele pareça pequeno. O filme concorreu a Oscars em 2012, perdeu todos. Michelle está ok. Frágil, confusa, cercada por bando de puxa-sacos e de pseudo intelectuais. O filme condena Arthur Miller. Já Branagh dá um show. Sua voz lembra muito a de Olivier e seus trejeitos são homenagem ao gênio de Laurence. Único senão: Olivier era bonito, Ken não. O filme cresce com sua presença. Judi Dench faz Sybil Thorndike, grande atriz que estava na filme e que entendeu Monroe. Aliás, para cinéfilos há a emoção de ver a recriação dos estúdios Pinewood e até colocaram um ator para fazer o grande Jack Cardiff, diretor de fotografia soberbo. Na vida real o filme que resultou foi responsável pelo fim das ilusões de Olivier com o cinema. Após esse fracasso ele se atiraria de vez ao teatro. Assisti esse filme algumas vezes quando criança, ele era exibido na Sessão da Tarde. Me apaixonava por Marilyn ao ver o filme e me irritava com Olivier. Eu devia ter no máximo 12 anos. Preciso o rever. Deixo de propósito de dizer que este filme é centrado no amor de um jovem diretor de terceira unidade pela estrela solitária. É uma história que dá tédio. Chatinha. O pouco dos bastidores do filme é tudo que importa. Nota 4.
Podem me xingar á vontade: não gosto de Paul Giamatti. Ele tem cara de quem está prestes a vomitar e esse enjôo passa pra mim. E quando não me faz sentir náuseas ele me faz dormir. O filme poderia ser bem melhor sem ele. Em compensação, gosto de Church. Merecia melhor carreira. Desde a tv que o acompanho. O filme é o mais fraco de Payne, dos poucos diretores atuais que não confunde arte com nojeira. Seu melhor filme ainda é ELEIÇÃO. Aqui é a história de amigos que partem para uma viagem atrás de vinhos. Encontram amor ( claro, é Hollywood ). Nota 5
DELÍRIO DE AMOR de Ken Russell com Richard Chamberlain e Glenda Jackson
Eu estava meio sem pique com cinema e a revisão deste filme me fez voltar a sentir a paixão pela tela. Ken Russell nunca fez ou tentou fazer "bom cinema". Seu interesse era o carnaval. Temos aqui Tchaikovski como um gay que insiste em tentar ser hetero. E ele sofre como um São Sebastião do pau oco. O filme, com uma foto espetacular de Douglas Slocombe, tem aquele exagero de cor e de movimento que é o estilo sem pudor de Russell. Glenda Jackson, estrela de gênio, se expõe numa patética cena de sexo. Nós não sabemos se é pra rir ou pra chorar...adoramos e nos divertimos à farta. Russell sacrifica verossimilhança ou sobriedade por cenas de furor e frenesi. O filme é um tipo de "Russia em Nilópolis by Joãozinho Trinta". Nada tem de real ou de simbólico, é somente imagem e som. Odiado em seu tempo, fracasso de público, hoje, em tempos menos exigentes, está reabilitado. Quando o assisti na tv em 1978 mudou minha vida. Lembro que pensei: "Cinema pode ser assim? " Falseando a vida e o cinema Ken Russell nos dá prazer. Escrevi critica sobre este filme abaixo, procure. Nota 8.
O VÔO DO FÊNIX de Robert Aldrich com James Stewart, Richard Attenborough, Peter Finch, Ernest Borgnine e George Kennedy
Um grupo de soldados de várias partes do mundo, viajando de avião sobre o Sahara, se vê preso no deserto quando o avião sofre pane. O que vemos é o conflito entre esses homens em desespero. Stewart faz um muito antipático piloto americano, que tem preconceito contra um engenheiro alemão. Finch é um rigido comandante inglês. Aldrich, como disse Inácio Araújo esta semana, é um excelente diretor. Um cineasta que sabia criar conflito, drama, tensão e que era dono de um estilo nada afetado, viril. É dele o genial THE DIRTY DOZEN. Precisa dizer mais o que? Este filme foi refeito a dois anos com Dennis Quaid no lugar de Stewart. James Stewart rouba o filme, ele é ao mesmo tempo ruim, covarde, turrão e determinado. Belo filme. Nota 7.
O CASTELO ASSOMBRADO de Roger Corman com Vincent Price e Debra Paget
Todos sabem que Corman foi o diretor classe B que sabia fazer filmes decentes com um nada de recursos. Mas o que lhe garantiu a memória é o fato de ter sido ele quem ajudou Coppolla, Bogdanovich e De Palma em seus começos. Aqui temos um filme que usa contos de Poe e de Lovecraft. É sobre um herdeiro que ao visitar o castelo abandonado da familia se vê possuído pelo fantasma de seu tataravô, um feiticeiro que foi queimado. Filmes de terror são os que envelhecem mais rápido. O que pode mantê-los vivos é seu clima e seu engenho, o medo logo se vai. Este tem algum clima de "nevoeiro com túmulos".... Price nasceu pra fazer esse tipo de canastrão do mal. Nota 4
O CÉU MANDOU ALGUÉM de John Ford com John Wayne, Pedro Armendariz e Harry Carey Jr.
Ford ia pro deserto do Arizona. Ia com seus amigos acampar. E por acaso esses amigos eram atores e técnicos de cinema. Então ele aproveitava e fazia filmes por lá. Simples assim. Afetação zero. Este fala de 3 ladrões de banco que ao fugir pelo deserto encontram um bebê em caravana que foi dizimada. Se tornam os padrinhos desse bebê. Wayne é um dos ladrões e aqui ele mostra mais uma vez o grande ator que foi. Passa da maldade para a falta de jeito, do humor ao drama sem qualquer esforço aparente. O filme, cheio de areia, vento e muito sol faz com que nos sintamos parte do ambiente. Simples, puro, é exemplo do dominio absoluto de Ford sobre sua arte. Nota 7
UM HOMEM CHAMADO CAVALO de Ellot Silverstein com Richard Harris
Um inglês que está caçando nos EUA de 1830 é capturado pelos sioux. Tratado com imensa crueldade, ele vai sobrevivendo e se impondo na ordem social da tribo. O filme, que é hoje um cult e que em seu tempo foi tratado como lixo, tem dois méritos: mostra a cultura do sioux sem romantizar e é ao mesmo tempo uma simples e ritmada diversão. O indio é mostrado aqui como ele era. Nada de nobre, nada de bandido. Eles possuem uma regra geral: só o que provém da dor tem valor. A vida só nasce pela dor, voce só cresce pela dor. Então o que vemos são várias cenas de auto-mutilação, sangue e a impressionante cerimônia do sol. Silverstein não está a altura de seu roteiro, dirige de forma conservadora. Mas é um filme invulgar, feito em momento ( 1971 ) de plena coragem no cinema popular. Nota 7
SETE DIAS COM MARILYN de Simon Curtis com Michelle Williams, Kenneth Branagh e Judi Dench
Em 1955 Monroe foi a Londres filmar com o maior ator do século, Laurence Olivier. Olivier estava otimista com o filme que ele dirigiria e interpretaria, mas a experiência foi um desastre. Ele fazia parte da velha tradição inglesa de atuar, a tradição do "Vá lá e faça"; já Marilyn seguia o estilo novo, de New York, o estilo em que o ator deve se sentir o personagem, compreendê-lo, entender sua motivação. O choque se fez. A estrela falta a filmagens, se atrasa, se droga, esquece as falas. Mas ao final, em bela cena, Olivier diz que ela é uma grande estrela, nasceu para a tela, faz com que ele pareça pequeno. O filme concorreu a Oscars em 2012, perdeu todos. Michelle está ok. Frágil, confusa, cercada por bando de puxa-sacos e de pseudo intelectuais. O filme condena Arthur Miller. Já Branagh dá um show. Sua voz lembra muito a de Olivier e seus trejeitos são homenagem ao gênio de Laurence. Único senão: Olivier era bonito, Ken não. O filme cresce com sua presença. Judi Dench faz Sybil Thorndike, grande atriz que estava na filme e que entendeu Monroe. Aliás, para cinéfilos há a emoção de ver a recriação dos estúdios Pinewood e até colocaram um ator para fazer o grande Jack Cardiff, diretor de fotografia soberbo. Na vida real o filme que resultou foi responsável pelo fim das ilusões de Olivier com o cinema. Após esse fracasso ele se atiraria de vez ao teatro. Assisti esse filme algumas vezes quando criança, ele era exibido na Sessão da Tarde. Me apaixonava por Marilyn ao ver o filme e me irritava com Olivier. Eu devia ter no máximo 12 anos. Preciso o rever. Deixo de propósito de dizer que este filme é centrado no amor de um jovem diretor de terceira unidade pela estrela solitária. É uma história que dá tédio. Chatinha. O pouco dos bastidores do filme é tudo que importa. Nota 4.
HUGO/ SPIELBERG/ KIRK DOUGLAS/ JOHN WAYNE/ MUPPETS
A INVENÇÃO DE HUGO CABRET de Martin Scorsese com Ben Kingsley
São os mais belos cenários digitais da história. E Martin demonstra um amor inocente ao cinema. O filme é um imenso cartão postal para Georges Méliés. E tem cenas comoventes com Buster Keaton. Mas eu duvido que alguém vá gostar do cinema que Martin homenageia só por ter gostado deste filme. O público que predomina nas salas de hoje está pouco se lixando para o que seja a tal "arte cinematográfica". Se lixa menos ainda para o que seja sua história, sua origem. Eles querem emoções simples, rasteiras e óbvias. De agora. Mas devo dizer que com toda essa beleza e nobres intenções, é um filme com miolo enjoativo, cheio de momentos chatos. De qualquer modo seu terço final é bastante bom. Para cinéfilos é fascinante ver a recriação dos estúdios de Méliés e dos bastidores de seus filmes. Nota 7.
O CAVALO BRANCO de Albert Lamorisse
Curta de diretor que depois se tornaria famoso com O Balão Vermelho. Aqui ele fala de garoto que tenta domar cavalo selvagem. De melhor há a paisagem da Camargue, região do estuário do rio Rône. Um pântano sem fim, plano e muito agreste. Nota 5.
TINTIM de Steven Spielberg
Se voce gosta de Hergé, fuja. Nada há aqui do visual limpo, elegante, solar do desenhista belga. Pior que isso, o capitão Haddock se tornou um patético alcoólatra. O filme nem sequer usa suas blasfêmias. Em tempos moralistas, fizeram de um bêbado simpático, um doente chato. O filme é barulhento, histérico, excessivo. A ação nunca consegue empolgar, o filme não tem humor e não tem suspense. Pior que tudo, o roteiro acaba por se revelar mal cosido. Nota 2 por algumas belas paisagens.
GIGANTES EM LUTA de Burt Kennedy com Kirk Douglas e John Wayne
Já foi feito no ocaso do western. É sobre um plano de assalto a diligência. Wayne e Kirk são ex-inimigos que resolvem agir juntos. O filme é ok. Tem ação e tem leveza. Mas tem principalmente a verve safada de Kirk Douglas. Ele adora fazer esse tipo de mulherengo sujo, mentiroso e sorridente. Gostamos de vê-lo na tela. Wayne está cansado. Deixa que o filme fuja de suas mãos. Apenas está lá, sendo o mito da velha América. Para quem ama westerns é uma bela diversão. Nota 6.
OS MUPPETS de James Bobin
É o recente filme dos geniais bonecos de Jim Henson. E este filme prova o dom único de Jim. Caco é comandado por outra pessoa, Henson já morreu. E juro que dá pra notar que não é ele. Caco perde em humanidade, os movimentos estão mais duros, a mão se move com menos precisão. O filme em si é muito fraco. O problema não é o fato das novas gerações não conhecerem os bonecos, o problema é o roteiro muito ruim. Nota 1.
O CAÇADOR de Daniel Nettheim com Willem Dafoe
Como cinema é banal. Filmado sem emoção e sem criatividade. Mas ele tem duas coisas que o notabilizam: o cenário e o tema. É filmado na Tasmânia, um lugar que não se parece com nehum outro do planeta. E fala de um caçador que é contratado por uma corporação cientifica para matar o último Tigre da Tasmânia e recolher suas vísceras e sangue para pesquisas. O que vemos é toda a caçada desse homem calado, e sua súbita tomada de consciência. O final é bem triste. O tema mexeu bastante comigo. É o tipo de filme comum ( mas nada ruim ), que dá margem a horas de conversa. Nota 5.
QUASE FAMOSOS de Cameron Crowe
Não gosto de pensar neste filme e revê-lo foi uma experiência ruim. Ele me dói. Fico louco de saudades daquilo que fui, daquilo que presenciei e daquilo que a gente perdeu. A inocência só se perde uma vez. O mundo nunca mais será ingênuo. Restam as músicas, a trilha do filme é covardia, tá tudo aqui, de Neil Young à Thin Lizzy. Absolutamente deslumbrante. Mas me dá uma tristeza cruel.... Nota 9.
JOVEM NO CORAÇÃO de Richard Wallace com Janet Gaynor, Douglas Fairbanks Jr e Paulette Goddard
Uma familia que vive de golpes malandros, envolve uma velhinha solitária em suas tramóias. Os atores são excelentes e fazem tudo aquilo que dele se espera. Temos Douglas sendo jovial, Janet como uma doce mulher e ainda Roland Young fazendo seu ótimo tipo excêntrico. É gostoso de ver, mas às vezes cai num melô forçado. A senhora solitária é boazinha demais. Nota 5.
São os mais belos cenários digitais da história. E Martin demonstra um amor inocente ao cinema. O filme é um imenso cartão postal para Georges Méliés. E tem cenas comoventes com Buster Keaton. Mas eu duvido que alguém vá gostar do cinema que Martin homenageia só por ter gostado deste filme. O público que predomina nas salas de hoje está pouco se lixando para o que seja a tal "arte cinematográfica". Se lixa menos ainda para o que seja sua história, sua origem. Eles querem emoções simples, rasteiras e óbvias. De agora. Mas devo dizer que com toda essa beleza e nobres intenções, é um filme com miolo enjoativo, cheio de momentos chatos. De qualquer modo seu terço final é bastante bom. Para cinéfilos é fascinante ver a recriação dos estúdios de Méliés e dos bastidores de seus filmes. Nota 7.
O CAVALO BRANCO de Albert Lamorisse
Curta de diretor que depois se tornaria famoso com O Balão Vermelho. Aqui ele fala de garoto que tenta domar cavalo selvagem. De melhor há a paisagem da Camargue, região do estuário do rio Rône. Um pântano sem fim, plano e muito agreste. Nota 5.
TINTIM de Steven Spielberg
Se voce gosta de Hergé, fuja. Nada há aqui do visual limpo, elegante, solar do desenhista belga. Pior que isso, o capitão Haddock se tornou um patético alcoólatra. O filme nem sequer usa suas blasfêmias. Em tempos moralistas, fizeram de um bêbado simpático, um doente chato. O filme é barulhento, histérico, excessivo. A ação nunca consegue empolgar, o filme não tem humor e não tem suspense. Pior que tudo, o roteiro acaba por se revelar mal cosido. Nota 2 por algumas belas paisagens.
GIGANTES EM LUTA de Burt Kennedy com Kirk Douglas e John Wayne
Já foi feito no ocaso do western. É sobre um plano de assalto a diligência. Wayne e Kirk são ex-inimigos que resolvem agir juntos. O filme é ok. Tem ação e tem leveza. Mas tem principalmente a verve safada de Kirk Douglas. Ele adora fazer esse tipo de mulherengo sujo, mentiroso e sorridente. Gostamos de vê-lo na tela. Wayne está cansado. Deixa que o filme fuja de suas mãos. Apenas está lá, sendo o mito da velha América. Para quem ama westerns é uma bela diversão. Nota 6.
OS MUPPETS de James Bobin
É o recente filme dos geniais bonecos de Jim Henson. E este filme prova o dom único de Jim. Caco é comandado por outra pessoa, Henson já morreu. E juro que dá pra notar que não é ele. Caco perde em humanidade, os movimentos estão mais duros, a mão se move com menos precisão. O filme em si é muito fraco. O problema não é o fato das novas gerações não conhecerem os bonecos, o problema é o roteiro muito ruim. Nota 1.
O CAÇADOR de Daniel Nettheim com Willem Dafoe
Como cinema é banal. Filmado sem emoção e sem criatividade. Mas ele tem duas coisas que o notabilizam: o cenário e o tema. É filmado na Tasmânia, um lugar que não se parece com nehum outro do planeta. E fala de um caçador que é contratado por uma corporação cientifica para matar o último Tigre da Tasmânia e recolher suas vísceras e sangue para pesquisas. O que vemos é toda a caçada desse homem calado, e sua súbita tomada de consciência. O final é bem triste. O tema mexeu bastante comigo. É o tipo de filme comum ( mas nada ruim ), que dá margem a horas de conversa. Nota 5.
QUASE FAMOSOS de Cameron Crowe
Não gosto de pensar neste filme e revê-lo foi uma experiência ruim. Ele me dói. Fico louco de saudades daquilo que fui, daquilo que presenciei e daquilo que a gente perdeu. A inocência só se perde uma vez. O mundo nunca mais será ingênuo. Restam as músicas, a trilha do filme é covardia, tá tudo aqui, de Neil Young à Thin Lizzy. Absolutamente deslumbrante. Mas me dá uma tristeza cruel.... Nota 9.
JOVEM NO CORAÇÃO de Richard Wallace com Janet Gaynor, Douglas Fairbanks Jr e Paulette Goddard
Uma familia que vive de golpes malandros, envolve uma velhinha solitária em suas tramóias. Os atores são excelentes e fazem tudo aquilo que dele se espera. Temos Douglas sendo jovial, Janet como uma doce mulher e ainda Roland Young fazendo seu ótimo tipo excêntrico. É gostoso de ver, mas às vezes cai num melô forçado. A senhora solitária é boazinha demais. Nota 5.
CARY GRANT/ AUDREY/ MUPPETS/ DOUGLAS SIRK/ GEORGE CLOONEY/ NICHOLAS RAY/ JOHN WAYNE/ GINA, ELKE, VIRNA, MONICA VITTI
SANGUE DE REBELDE de Douglas Sirk com Rock Hudson
O alemão Sirk ( ídolo de Fassbinder e Almodovar ), tornou-se cult graças a série de dramas que fez nos anos 50 na Universal. São filmes exagerados, barrocos, que não temem a emoção e os fatos esquisitos da vida. Mas ao mesmo tempo, Sirk fez outros tipos de filmes, inclusive western. Este é uma aventura que fala da Irlanda revolucionária. Hudson, que sempre foi bom ator com Sirk, é um impulsivo irlandês procurado pela lei. O filme, todo feito em locações reais é muito bom. Tem suspense, tem ação, e tem muito clima. Fica a certeza de que Sirk foi um belo diretor em mais de um tipo de filme. Nota 7.
A VIDA ÍNTIMA DE UMA MULHER de Nicholas Ray com Maureen O'Hara, Gloria Grahame e Melvyn Douglas
Ray, chamado de gênio por Godard e Truffaut, é dos mais irregulares dos diretores. Se é capaz de fazer filmes belos como Rebel Without a Cause ou Johnny Guitar, é capaz de coisas mal realizadas e capengas como este muito desagradável drama policial. Maureen tenta matar Gloria e assume a culpa. Porque, se tudo leva a crer que não foi ela? Gloria Grahame, que não era bonita, foi uma das mais sexys atrizes da América. Há algo nela de perverso, de doido, de proibido. Na vida real ela foi casada com Ray, que era homossexual, e se envolveu em escândalos sexuais na época. Este filme é quase salvo da vulgaridade por sua presença magnética. Mas na verdade é mais um irritante e mal feito filme do superestimado Ray. 3.
TUDO PELO PODER de George Clooney com Paul Giamati
Clooney surgiu no meio dos anos 90 como a promessa de um novo Cary Grant. Ele tinha o dom de ser engraçado e de misturar esse humor a um charme raro. Mas a partir do século XXI ele começou a querer ser "mais", e se embrenhou na senda dos filmes "relevantes e úteis". Bem, um filme como este pode ser útil, e é bem dirigido. Mas não consigo me envolver com personagens que não me interessam e situações que nunca me comovem. Recordo de "Bom dia Boa Sorte" ( era esse o nome? ), uma das coisas mais insuportáveis que já vi. Há um tipo de filme feito hoje que bebe tudo no estilo que Lumet e Pakula faziam nos anos 70 ( década em que Clooney foi teen ), filmes tipo "Todos Os Homens do Presidente" ou " Network". Não consigo gostar. ( Apesar de Network ser uma obra-prima ). Nota 4.
CHARADA de Stanley Donen com Audrey Hepburn, Cary Grant, Walter Mathau, James Coburn
Da primeira a última cena, este é um filme delicioso. A música de Henry Mancini começa nos coloridos letreiros de abertura, vem uma cena nos Alpes nevados e Audrey recebe um close em seu Givenchy. Cary entra em cena, rabugento e então... pronto! O filme te leva numa trama hitchcockiana sobre marido morto e montes de bandidos atrás da viúva. Todo mundo mente neste filme, e as cenas sempre misturam policial com humor, romance e suspense. Donen começou dirigindo musicais ( Cantando na Chuva, Sete Noivas Para Sete Irmãos ), e depois se tornou um grande diretor de filmes sofisticados. Ele faz com que as cenas dancem. Cary se achava velho demais para o papel ( era 25 anos mais velho que Audrey ) e isso acabou por dar um charme extra ao filme, acompanhamos Audrey tentando o seduzir e ele sempre a lembrando de sua idade e resistindo. Com a excessão de My Fair Lady, é este o filme onde ela está mais bonita e há ainda uma galeria de vilões espetaculares, todos originais e muito bem feitos por atores que se tornariam estrelas em seguida. Neste século ele foi refilmado por Johnathan Demme com Mark Wahlberg fazendo Cary e Thandie Newton em lugar de Audrey.... preciso dizer no que deu? Com suas cenas de uma Paris noturna, seus improvisos entre Audrey e Cary, seu clima chic, é um dos meus mais queridos filmes. Desde que o descobri, na verdade foi meu irmão que o viu antes e me deu a dica, é um caso de amor eterno e bem resolvido que tenho: entre eu e um filme chamado Charada. Nota Dez, claro.
WONDER BAR de Lloyd Bacon com Al Jolson e Dolores del Rio
Ah....os anos 30....eis aqui um tipico produto pop da época: tolo, futil, vazio....e tingido de ouro. Esquecemos que a década de 30 é a década da grande depressão, então Hollywood fazia filmes para tentar curar essa deprê. E valia tudo. Aqui temos piadas, dança, sexo, música, romance e uma exagerada e encantadora breguice. Busby Bekerley coreografou dois números que são uma viagem de LSD cafona. No primeiro moças desfilam em formações geométricas, tudo com muito prata e plumas; no outro ( bastante racista ), um negro pobre morre e vai pro céu. Mas é um céu de negros, onde eles comem costelas de porco, jogam dados e dançam. Bem...nos EUA de hoje essa cena é censurada, mas não vi nada que Mussum ou Macalé não fizessem. Se a gente deixar isso pra lá, é um filme doido, ebuliente, mal interpretado, picareta e absolutamente delicioso!!!! Todo passado numa boate francesa, tem gigolôs, dançarinas, maridos em férias e etc etc etc. Dolores del Rio foi uma das piores atrizes do mundo, e ao mesmo tempo é uma das mais bonitas e sensuais já filmadas. Suas cenas com Ricardo Cortez ( adoro esses nomes ) são aulas de sexy camp. Relaxe e se divirta!!!! Nota.... sem nota.
IWO JIMA de Allan Dwan com John Wayne
É o filme que deu a primeira indicação de ator para Wayne ( ele só teve duas. A segunda só em 1969, que foi quando venceu. O fato de não ter sido indicado por Rastros de Ódio e Red River demonstra o preconceito de Hollywood com o western ). Aqui ele é um sargento durão, do tipo odioso, que treina jovens soldados para a guerra no Pacifico. Em seu gênero ele é OK. As cenas de guerra são muito boas, cheias de imagens da guerra real ( documentários misturados a cenas de ficção ). É sempre bom ver John Wayne nesse tipo de papel, o durão seco que tem um lado humano escondido. É neste filme que se filma a lenda: os soldados erguendo a bandeira em Iwo Jima, tema de filme de Clint. Nota 6.
MAN OF THE WORLD de Richard Wallace com William Powell e Carole Lombard
Os filmes sonoros em seu começo foram combatidos por causa de filmes como este. Enquanto os filmes silenciosos tinham uma fluidez mágica ( como demonstra Aurora ), os falados, em seu primeiro ano, eram parados, sem movimento, congelados. Isso se devia ao problema de captar o som e ao equipamento pesado. Peter Bogdanovich diz que o som veio no pior momento, pois em 1929 o filme silencioso atingia seu auge. Powell é aqui um golpista que se apaixona por vitima de seu golpe. O filme é amargo, de final nada feliz. Mas está longe de ser bom, vale só como curiosidade. Nota 2.
AS BONECAS de Dino Risi, Luigi Comencini, Franco Rossi e Mauro Bolginini com Virna Lisi, Elke Sommer, Monica Vitti e Gina Lollobrigida
No auge de seu cinema ( anos 40/70 ), a Itália, além de seus mestres tinha uma segunda divisão de diretores muito famosos. Gente como Lattuada, Campanille, Zampa, Petri e Indovina. E principalmente esses quatro citados acima. Essa segunda divisão está hoje esquecida, então se tem a impressão de que o cinema da época era só Fellini, Antonioni, Monicelli, De Sica, Pasolini, Visconti, Zurlini e Rosselini. Moda na época era a de fazer filme em episódios. Voce contava quatro histórias, totalmente independentes, com direção e elenco diferentes. Neste tipico exemplo do estilo, temos quatro histórias cujo tema seria o sexo. E quatro simbolos sexuais são escalados. O filme é, visto hoje, ingênuo. Pior, pouco engraçado. Na época já era um filme tolo, e o tempo o piorou. Virna Lisi foi das primeiras atrizes que idolatrei. Eu a achava a coisa mais linda do mundo. Vista agora mantenho a opinião, ela era belíssima! Elke Sommer, que era outra que eu adorava, já nem tanto. E Gina, a mais famosa dentre elas, continua o que sempre foi, bella!!! Mas é Monica Vitti que surpreende. Seu segmento é o melhor ( tem um ator que imita Brando que é impagável ) e ela é a mais bonita. Antonioni, que foi casado com ela, sempre conseguiu a deixar mais feia em seus filmes. Aqui, longe de seu marido, vemos o rosto de Monica como eu o recordava: magnificamente belo, uma perfeição de cabelos, olhos e boca. O rosto dela é o melhor desse filme tão chato. Nota 2.
MUPPETS, O FILME de James Frawley
Atenção!!!! Não é o novo filme! Este é o primeiro, de 1979. Tem participações de Steve Martin, Orson Welles, Bob Hope, James Coburn, Telly Savallas, Mel Brooks e Richard Pryor. Caco é achado no pântano por um caçador de talentos. Vai para Hollywood, e no caminho vai se unindo a todo o grupo Muppet. As canções, excelentes e emocionantes, são de Paul Willians, uma delas ganhou o Oscar. Jim Henson criou a coisa toda e Frank Oz, hoje um grande diretor de comédias, o ajudou. O filme é deliciosamente on the road, Caco indo estrada afora até Hollywood.
Jim Henson foi um gênio. Revi o filme ontem. Ele pegava um pedaço de pano verde, enfiava a mão dentro, e só com isso conseguia nos fazer crer que aquilo era vivo, tinha personalidade e pensava. Na simplicidade em que ele trabalhava, os olhos dos bonecos não se movem, uma das mãos é paralisada, e mesmo desse jeito a gente embarca naquilo. Isso é genialidade! É o cara que pega um pedaço de madeira e um pincel e cria vida. Um cara que pega papel e pena e faz um universo. E é Henson, que pegava alguns metros de tecido e fazia um ser vivo. Cresci vendo Vila Sésamo. Recordo em detalhes a estréia no Brasil. Eu voltei correndo da escola pra não perder e quando terminou fiquei contando as horas pra ver o próximo. Quando Muppet Show estreiou aqui, cinco anos depois, eu já me achava grande demais para Henson ( tinha 13 ). Minha paixão por ele é via Vila Sésamo. Os Muppets vim a descobrir já adulto, em vhs e em reprises na TV. Jim Henson sabia tudo sobre crianças, sobre o que elas pensam, querem e sentem. Sua morte fez com que o mundo ficasse muito mais pobre.
Todos aparecem aqui. Gonzo é meu favorito e até os dois velhos estão presentes. Emocione-se!
O alemão Sirk ( ídolo de Fassbinder e Almodovar ), tornou-se cult graças a série de dramas que fez nos anos 50 na Universal. São filmes exagerados, barrocos, que não temem a emoção e os fatos esquisitos da vida. Mas ao mesmo tempo, Sirk fez outros tipos de filmes, inclusive western. Este é uma aventura que fala da Irlanda revolucionária. Hudson, que sempre foi bom ator com Sirk, é um impulsivo irlandês procurado pela lei. O filme, todo feito em locações reais é muito bom. Tem suspense, tem ação, e tem muito clima. Fica a certeza de que Sirk foi um belo diretor em mais de um tipo de filme. Nota 7.
A VIDA ÍNTIMA DE UMA MULHER de Nicholas Ray com Maureen O'Hara, Gloria Grahame e Melvyn Douglas
Ray, chamado de gênio por Godard e Truffaut, é dos mais irregulares dos diretores. Se é capaz de fazer filmes belos como Rebel Without a Cause ou Johnny Guitar, é capaz de coisas mal realizadas e capengas como este muito desagradável drama policial. Maureen tenta matar Gloria e assume a culpa. Porque, se tudo leva a crer que não foi ela? Gloria Grahame, que não era bonita, foi uma das mais sexys atrizes da América. Há algo nela de perverso, de doido, de proibido. Na vida real ela foi casada com Ray, que era homossexual, e se envolveu em escândalos sexuais na época. Este filme é quase salvo da vulgaridade por sua presença magnética. Mas na verdade é mais um irritante e mal feito filme do superestimado Ray. 3.
TUDO PELO PODER de George Clooney com Paul Giamati
Clooney surgiu no meio dos anos 90 como a promessa de um novo Cary Grant. Ele tinha o dom de ser engraçado e de misturar esse humor a um charme raro. Mas a partir do século XXI ele começou a querer ser "mais", e se embrenhou na senda dos filmes "relevantes e úteis". Bem, um filme como este pode ser útil, e é bem dirigido. Mas não consigo me envolver com personagens que não me interessam e situações que nunca me comovem. Recordo de "Bom dia Boa Sorte" ( era esse o nome? ), uma das coisas mais insuportáveis que já vi. Há um tipo de filme feito hoje que bebe tudo no estilo que Lumet e Pakula faziam nos anos 70 ( década em que Clooney foi teen ), filmes tipo "Todos Os Homens do Presidente" ou " Network". Não consigo gostar. ( Apesar de Network ser uma obra-prima ). Nota 4.
CHARADA de Stanley Donen com Audrey Hepburn, Cary Grant, Walter Mathau, James Coburn
Da primeira a última cena, este é um filme delicioso. A música de Henry Mancini começa nos coloridos letreiros de abertura, vem uma cena nos Alpes nevados e Audrey recebe um close em seu Givenchy. Cary entra em cena, rabugento e então... pronto! O filme te leva numa trama hitchcockiana sobre marido morto e montes de bandidos atrás da viúva. Todo mundo mente neste filme, e as cenas sempre misturam policial com humor, romance e suspense. Donen começou dirigindo musicais ( Cantando na Chuva, Sete Noivas Para Sete Irmãos ), e depois se tornou um grande diretor de filmes sofisticados. Ele faz com que as cenas dancem. Cary se achava velho demais para o papel ( era 25 anos mais velho que Audrey ) e isso acabou por dar um charme extra ao filme, acompanhamos Audrey tentando o seduzir e ele sempre a lembrando de sua idade e resistindo. Com a excessão de My Fair Lady, é este o filme onde ela está mais bonita e há ainda uma galeria de vilões espetaculares, todos originais e muito bem feitos por atores que se tornariam estrelas em seguida. Neste século ele foi refilmado por Johnathan Demme com Mark Wahlberg fazendo Cary e Thandie Newton em lugar de Audrey.... preciso dizer no que deu? Com suas cenas de uma Paris noturna, seus improvisos entre Audrey e Cary, seu clima chic, é um dos meus mais queridos filmes. Desde que o descobri, na verdade foi meu irmão que o viu antes e me deu a dica, é um caso de amor eterno e bem resolvido que tenho: entre eu e um filme chamado Charada. Nota Dez, claro.
WONDER BAR de Lloyd Bacon com Al Jolson e Dolores del Rio
Ah....os anos 30....eis aqui um tipico produto pop da época: tolo, futil, vazio....e tingido de ouro. Esquecemos que a década de 30 é a década da grande depressão, então Hollywood fazia filmes para tentar curar essa deprê. E valia tudo. Aqui temos piadas, dança, sexo, música, romance e uma exagerada e encantadora breguice. Busby Bekerley coreografou dois números que são uma viagem de LSD cafona. No primeiro moças desfilam em formações geométricas, tudo com muito prata e plumas; no outro ( bastante racista ), um negro pobre morre e vai pro céu. Mas é um céu de negros, onde eles comem costelas de porco, jogam dados e dançam. Bem...nos EUA de hoje essa cena é censurada, mas não vi nada que Mussum ou Macalé não fizessem. Se a gente deixar isso pra lá, é um filme doido, ebuliente, mal interpretado, picareta e absolutamente delicioso!!!! Todo passado numa boate francesa, tem gigolôs, dançarinas, maridos em férias e etc etc etc. Dolores del Rio foi uma das piores atrizes do mundo, e ao mesmo tempo é uma das mais bonitas e sensuais já filmadas. Suas cenas com Ricardo Cortez ( adoro esses nomes ) são aulas de sexy camp. Relaxe e se divirta!!!! Nota.... sem nota.
IWO JIMA de Allan Dwan com John Wayne
É o filme que deu a primeira indicação de ator para Wayne ( ele só teve duas. A segunda só em 1969, que foi quando venceu. O fato de não ter sido indicado por Rastros de Ódio e Red River demonstra o preconceito de Hollywood com o western ). Aqui ele é um sargento durão, do tipo odioso, que treina jovens soldados para a guerra no Pacifico. Em seu gênero ele é OK. As cenas de guerra são muito boas, cheias de imagens da guerra real ( documentários misturados a cenas de ficção ). É sempre bom ver John Wayne nesse tipo de papel, o durão seco que tem um lado humano escondido. É neste filme que se filma a lenda: os soldados erguendo a bandeira em Iwo Jima, tema de filme de Clint. Nota 6.
MAN OF THE WORLD de Richard Wallace com William Powell e Carole Lombard
Os filmes sonoros em seu começo foram combatidos por causa de filmes como este. Enquanto os filmes silenciosos tinham uma fluidez mágica ( como demonstra Aurora ), os falados, em seu primeiro ano, eram parados, sem movimento, congelados. Isso se devia ao problema de captar o som e ao equipamento pesado. Peter Bogdanovich diz que o som veio no pior momento, pois em 1929 o filme silencioso atingia seu auge. Powell é aqui um golpista que se apaixona por vitima de seu golpe. O filme é amargo, de final nada feliz. Mas está longe de ser bom, vale só como curiosidade. Nota 2.
AS BONECAS de Dino Risi, Luigi Comencini, Franco Rossi e Mauro Bolginini com Virna Lisi, Elke Sommer, Monica Vitti e Gina Lollobrigida
No auge de seu cinema ( anos 40/70 ), a Itália, além de seus mestres tinha uma segunda divisão de diretores muito famosos. Gente como Lattuada, Campanille, Zampa, Petri e Indovina. E principalmente esses quatro citados acima. Essa segunda divisão está hoje esquecida, então se tem a impressão de que o cinema da época era só Fellini, Antonioni, Monicelli, De Sica, Pasolini, Visconti, Zurlini e Rosselini. Moda na época era a de fazer filme em episódios. Voce contava quatro histórias, totalmente independentes, com direção e elenco diferentes. Neste tipico exemplo do estilo, temos quatro histórias cujo tema seria o sexo. E quatro simbolos sexuais são escalados. O filme é, visto hoje, ingênuo. Pior, pouco engraçado. Na época já era um filme tolo, e o tempo o piorou. Virna Lisi foi das primeiras atrizes que idolatrei. Eu a achava a coisa mais linda do mundo. Vista agora mantenho a opinião, ela era belíssima! Elke Sommer, que era outra que eu adorava, já nem tanto. E Gina, a mais famosa dentre elas, continua o que sempre foi, bella!!! Mas é Monica Vitti que surpreende. Seu segmento é o melhor ( tem um ator que imita Brando que é impagável ) e ela é a mais bonita. Antonioni, que foi casado com ela, sempre conseguiu a deixar mais feia em seus filmes. Aqui, longe de seu marido, vemos o rosto de Monica como eu o recordava: magnificamente belo, uma perfeição de cabelos, olhos e boca. O rosto dela é o melhor desse filme tão chato. Nota 2.
MUPPETS, O FILME de James Frawley
Atenção!!!! Não é o novo filme! Este é o primeiro, de 1979. Tem participações de Steve Martin, Orson Welles, Bob Hope, James Coburn, Telly Savallas, Mel Brooks e Richard Pryor. Caco é achado no pântano por um caçador de talentos. Vai para Hollywood, e no caminho vai se unindo a todo o grupo Muppet. As canções, excelentes e emocionantes, são de Paul Willians, uma delas ganhou o Oscar. Jim Henson criou a coisa toda e Frank Oz, hoje um grande diretor de comédias, o ajudou. O filme é deliciosamente on the road, Caco indo estrada afora até Hollywood.
Jim Henson foi um gênio. Revi o filme ontem. Ele pegava um pedaço de pano verde, enfiava a mão dentro, e só com isso conseguia nos fazer crer que aquilo era vivo, tinha personalidade e pensava. Na simplicidade em que ele trabalhava, os olhos dos bonecos não se movem, uma das mãos é paralisada, e mesmo desse jeito a gente embarca naquilo. Isso é genialidade! É o cara que pega um pedaço de madeira e um pincel e cria vida. Um cara que pega papel e pena e faz um universo. E é Henson, que pegava alguns metros de tecido e fazia um ser vivo. Cresci vendo Vila Sésamo. Recordo em detalhes a estréia no Brasil. Eu voltei correndo da escola pra não perder e quando terminou fiquei contando as horas pra ver o próximo. Quando Muppet Show estreiou aqui, cinco anos depois, eu já me achava grande demais para Henson ( tinha 13 ). Minha paixão por ele é via Vila Sésamo. Os Muppets vim a descobrir já adulto, em vhs e em reprises na TV. Jim Henson sabia tudo sobre crianças, sobre o que elas pensam, querem e sentem. Sua morte fez com que o mundo ficasse muito mais pobre.
Todos aparecem aqui. Gonzo é meu favorito e até os dois velhos estão presentes. Emocione-se!
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