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UM POST RICO: WELLS, DVORAK, BEETHOVEN, BORGES E O FUTURO

Jorge Luis Borges amava escritores que sabiam contar histórias. Daí seu amor por Stevenson e Conrad. E por Wells. Quando voce lê Julio Verne, por exemplo, a decepção é flagrante. Verne não é bom narrador. Seu sucesso se deve ao tema. Ele criou um tipo de sci fi plausível. Excetuando VIAGEM AO CENTRO DA TERRA, nada que ele escreveu é muito criativo. Como já disseram, Verne é mais um professor que um fabulista. Wells não. O inglês tem fantasia. E escreve claro sem ser didático. O que ele inventa é invenção pura. Mas com alguma possível plausibilidade. Borges queria que suas histórias fossem mais poéticas, mais sonhadoras. Caro Borges....se assim o fossem ele não seria Wells. ---------------- A MÁQUINA DO TEMPO foi relido por mim agora. É uma história, uma narrativa, um conto. Como ocorre em Borges, a psicologia do personagem não importa e aquilo que acontece fora da consciência do heroi também é ignorado. Wells pega seu tema com os dentes e o leva avante. Nada fora desse tema importa. O filme feito em 1960 por George Pal é uma das 3 melhores adaptações literárias já feitas ( OS INOCENTES e O SOL POR TESTEMUNHA são os outros ). Isso porque nada que há no conto ficou de fora do filme. Ver o filme é como ler o livro, e isso é um elogio aos dois. --------------- Citam muito Huxley, Kafka e Orwell como os caras que acertaram várias previsões sobre o futuro. Huxley acertou na ditadura do prazer e na química como lei da vida. Kafka previu a burocracia do mundo moderno e suas leis sem sentido ( quem pensou nas máscaras? ). Já Orwell previu a uniformização da vida, a abolição do individualismo. Pois Wells deveria ser citado como o autor que previu, aqui, o fim da virilidade. Por não haver mais necessidade de força física e de coragem, o homem, como espécie, se torna um ELOI. Um ser bonzinho, fraco e infantil. Gado para ser comido pelos MORLOCKS, os humanos que foram rejeitados do mundo de prazer onde antes os ELOIS mandavam. A mensagem de Wells é que aqueles que abriram mão da virilidade se tornam passivos cordeirinhos, prontos para obedecer negando a realidade da vida; já os Morlocks são o lado feio e perverso da vida, mas por trabalharem duro e não temerem a vida como ela é, fazem dos Elois seu meio de alimentação. Espertamente Wells coloca o livro mais de quinhentos mil anos no futuro, o que dá chance a toda uma evolução biológica. Os Elois não têm mais uma cultura, apenas fazem amor, brincam e comem. Os Warlocks mantêm as máquinas em funcionamento e devoram Elois a noite. É a vida das aranhas e das borboletas. A vida nua. ------------------- Música? Sim, vou unir os dois temas. Beethoven e sua OITAVA SINFONIA. Esqueça a Nona e a Quinta. As melhores são a SÉTIMA e a OITAVA. Ela ataca. São quatro movimentos breves, fortes e impetuosos. Dizem que se nascido em 1950 Beethoven seria um mestre do heavy metal. Concordo plenamente. Ele é feroz e barulhento, ama o kaos para poder o vencer e controlar. É viril, maravilhosamente viril. Cada movimento aqui é escrito com os culhões. Metais que explodem violinos que respondem. Beethoven foi um homem. Um homem anti ELOI. ---------------- Agora Bruno Walter rege a Nona de Dvorak. É talvez minha sinfonia favorita entre todas. Uma profusão feliz de melodias. Todas as trilhas de cinema estão aqui. Os compositores plagiam temas desta obra até hoje. Escrita no ano da invenção do cinema: inconsciente coletivo? Pensaram que o tcheco Dvorak havia sido influenciado pela música negra e indígena dos EUA de 1895. Mas não, Isto é eslavo até o osso. Uma obra prima da força. Mais uma obra de arte anti ELOI. ---------------- John Huston teve pneumonia, e dado como inválido, pulou a janela e foi nadar em rio gelado. Ele pensou: ou me curo ou morro. Curou. E passou toda a vida pulando janelas e se atirando em rios gelados. O que ele pensaria da minha máscara? Tolstoi evitava a tuberculose, mal que atingia 30% das pessoas de então, nadando no inverno, nu, todo dia, cedo. ---------------- É ótimo ler este livro agora, em meio a maior onda de medo da história do Globo. Nunca estivemos tão perto do mundo dos ELOIS.

Serenade for Strings | Dvořák | Netherlands Chamber Orchestra | Concertg...

ALEGRIA : SERENATA PARA CORDAS EM MI MAIOR, DVORAK

Comover pela alegria é um dom que poucos possuem. Nesta obra, composta na juventude do grande tcheco Dvorak, temos música em forma de risos. Ou risos como melodia inspirada. Raymond Leppard e a orquestra inglesa fazem proezas, as cordas voam e as melodias surgem de um modo tão bonito que voce se pega achando a vida bela e que tudo é harmonia no mundo. São 30 minutos de prazer civilizado, como se de repente voce estivesse dentro de algum tipo de casarão branco e azul, cheio de salas onde tudo que ocorresse fosse prazer. É elegante sem ser frio e é alegre sem ser vulgar. Música que pode ser assobiada, mas ao mesmo tempo de uma riqueza absoluta. Aqui é provado que se apaixonar por melodia é possível. Ou talvez o amor seja uma canção que nos captura sem que a escutemos. Doce encontro com o prazer, doce encontro com esta obra. Dvorak voaria mais alto em seu concerto para cello e nas suas sinfonias, mas por Deus, quanta música não há aqui? Sentimos o sorriso do autor e a verdade nas cordas e no maestro. Música é isto que vive aqui.

A ALEGRIA EM FORMA DE MÚSICA

Carpeaux tinha adoração por este concerto. Trata-se do Concerto para Violoncelo em Si Menor, de Antonin Dvórak. Consigo um cd com a Orquestra do Concertgebouw de Amsterdã. O regente é Sir Colin Davies e o cello é solado por Heinrich Schutt. Philips, 1981. Quanto paguei? 10 reais! ---------------- O cello é um instrumento perigoso. Muitos o consideram o mais nobre dos instrumentos, mas quando mal usado ele se torna choroso, irritante. Então, se for escutar este concerto, cuidado com quem o executa. Coloco o cd para tocar. E.....Surpresa! O cello soa como algo alegre, vivo, exuberante. Mais fantástico que tudo: eu, que amo timbres, fico embevecido com a sonoridade do instrumento. Ele exala alegria sacana. -------------- São cerca de 40 minutos da mais surpreendente, leve e ao mesmo tempo profunda energia. A palavra é essa: Dvórak conseguiu criar um concerto que é perfeita trilha sonora para um dia de sol. A música, animada, ritmada, cheia de brilhos, nos leva à um mundo quase perfeito e sempre real. Temos a impressão que a orquestra, uma das big five do mundo, dança enquanto toca. Sou obrigado a dizer um cliché: festa para os ouvidos. ----------------------------- Para completar o mesmo cd tem a Serenata para Cordas em Mi Maior. Orquestra de Câmara Inglesa, regente Raymond Leppard, gravação Philips de 1976. Imagine uma brincadeira de esconde esconde numa cidade à noite. Voce corre pelas ruas levemente bêbado. Se esconde debaixo de um banco de jardim e ri ao ser descoberto. Esta música é assim. Mais festa para os ouvidos, mais vida esplendorosa, mais energia em forma de som. Posso colocar Dvorák entre meus favoritos já. O homem é brilhante!

AS MELODIAS COM ALMA DE WESTERN FORAM IMPORTADAS DA TCHECOSLOVÁQUIA

A Sinfonia "NOVO MUNDO", de Antonin Dvorák. No fim do século XIX, já famoso, ele é convidado para reger em New York. Tcheco, ele compôe uma sinfonia para esse novo mundo. A escuto ontem. Maravilhosa versão com a orquestra de Cleveland. Surpresa! As melhores trilhas sonoras da história do western roubaram tudo dali. --------------------------- São os metais vibrantes que anunciam a imensidão da paisagem, é o pioneiro cantando sua nova vida, as canções das montanhas e do deserto, o ritmo da caravana...está tudo em Dvorák! Quem diria! O ritmo do faroeste foi inventado sobre melodias eslavas! ------------------------ Claro que muitos críticos disseram que Dvorák havia se inspirado em ritmos nativos americanos, em spirituals negros, no folclore do novo país. Mas tudo isso hoje é negado. O que parecia americano é tcheco. O cinema, que nascia ao mesmo tempo que esta sinfonia, importaria compositores europeus. O que em nosso inconsciente é hoje "música de pioneiro", é na verdade música da Europa oriental. ----------------------------- É uma sinfonia empolgante. É otimista, vibrante, brilhante e POP sem jamais ser simplória. Se voce quer saber o que é a tal arte da orquestração, eis sua chance. São dezenas de sons que se harmonizam em uma peça sólida e cheia de sentido. Dvorák domina a arte completamente. Percussão e metais são usados com virilidade. Os violinos jamais exageram no mel. Um prazer de se ouvir. Procure e escute.