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THE BIG CHILL - O REENCONTRO, FILME DE LAWRENCE KASDAN seu melhor filme

Quando feito, em 1983, filmes ainda não se valiam de músicas já famosas para conseguir criar um clima favorável. A partir da década de 90 isso se tornou lugar comum. Um filme como QUASE FAMOSOS é muito valorizado pela verdadeira chantagem emocional que ele faz usando músicas míticas. Não há como não achar uma cena linda se ele for exibida ao som de sua banda favorita. Tarantino fez toda sua carreira sabendo disso e eu ficaria aqui horas falando de filmes queridos que se valeram da verdadeira apelação musical. --------------- Em 1983 isso ainda era raro. Kasdan, diretor da turma de Spielberg, aparecia na época como novo bom diretor. Ele acabou não sendo o que se esperava, e este é seu melhor filme. Começar ao som de I Heard Through de Grapevine com Marvin Gaye ajuda muito. Amigos que estão por volta dos 35 anos recebem a notícia do suicídio de um deles. E essa morte os faz se reencontrar após cerca de 10 anos. Ex jovens universitários de 1971, 72, eles são, em 1983, adultos bem vestidos, atrás de sucesso, de dinheiro, de um rumo, sendo alguns bem sucedidos, outros não. Todos eles fumam maconha, jogam futebol, ouvem rock e assim passam o fim de semana juntos. O filme tem algo de muito bom: Não procura nada de melodramático ou sensacional. Tudo ocorre sem forçar nada. Pouco se fala da morte do amigo, pouco se chora, pouco se faz filosofia barata. Na verdade o que move o filme é o sexo, natural, inseguro, amigável. -------------- Essa naturalidade, que acabo de elogiar, é também o ponto fraco do filme. Esperamos o motivo do porque dele ter sido feito, esperamos uma explosão de raiva e de dor, e quando termina sentimos que algo foi deixado de lado. Ele não tem nenhum grande momento. ------------ Kevin Costner é o corpo enterrado no começo do filme. Suas cenas foram cortadas e assim este não é seu verdadeiro primeiro filme. Kevin Kline já era uma estrela em 1983 e ele rouba o filme facilmente. Aliás, como sempre fez. Kline é um ator adorável, um dos raros atores que consegue passar alegria genuína na tela. Glenn Close é sua esposa, e os dois são os mais ajustados e os mais ricos entre eles. Ex radicais ativistas, hoje vivem em paz. William Hurt faz algo muito raro num ator: Ser discreto sendo doentio. Ele faz um ex soldado do vietnã impotente, doido, drogado, e Hurt compõe esse personagem sem exibir o tipo "doido perigoso exagerado". Se contém, cria alguns gestos discretos recorrentes. É uma grande atuação. Há ainda Jeff Goldblum, hilário como o amigo chato e Meg Tilly é a ex namorada do cara que se matou, bem mais jovem que todos eles, de certo modo ela é o olhar da geração dos anos 80 sobre os ex hippies dos anos 60-70. Meg está natural, atraente, selvagem, apaixonante. ----------------- O enterro é ao som de you cant always keep what you want, dos Stones e eu ouço pensando que em 1969 a banda atingiu um tipo de grandeza genial que ninguém mais conseguiu. Penso também que é muito estranho um filme falar do Mítico Passado, passado esse que na época, em 1983, era velho de apenas 15 anos! Seria como fazer hoje um filme sobre "Os bons e velhos tempos de 2009!!!!" ---------------- Na verdade o mundo mudou demais entre 70 e 83. ------------------- 2024, o mundo do agora, é um mundo criado pelos caras da mesma geração dos caras do filme. Este planeta é comandado exatamente pela mesma turma, Gates, Musk, Obama, Merkel e Spielberg. Bom filme.

FILMES

   Faz duas ou três décadas que o cinema, como arte relevante, morreu. Ainda se fazem bons filmes, alguns geniais, mas eles todos além de não repercutirem, possuem a tristeza de saber que seu mundo, o universo do cinema, é passado. Como o jazz, a ópera, o rádio ou mesmo o teatro, ir ao cinema é apenas um modo de digerir o jantar, passar duas horas com a namorada ou, pior de tudo, tentar dar sobrevida à um costume. Filmes de TV são apenas isso: Filmes de TV. São filmes, mas não é cinema. Podem ser bons programas para se ver na cama. Podem ser boas séries para se ver após o futebol, Mas por serem TV, já nascem sabendo que em duas décadas estarão completamente mortos. Ninguém assiste Os Sopranos hoje. Menos ainda assiste Friends.
   Um rápido comentário sobre o que assisti no último mês:
   PORTO, UMA HISTÓRIA DE AMOR de Gabe Klinger
Passado na cidade do Porto ( estrangeiros nunca acertam o nome da cidade! Ela se chama O Porto, nunca se diz Porto apenas. ), conta o encontro de um cara muito chato e uma moça muito triste. .
Voce já viu esse mesmo filme umas mil vezes. A cidade é exibida, claro, em seu lado mais soturno.
   OS AVENTUREIROS de Robert Enrico com Alain Delon, Lino Ventura e Joanna Shimkus.
O cenário é lindo mas a aventura é chata. Dois homens se envolvem na busca de um tesouro. Com eles vai uma mulher que eles partilham. É longo e tem a modernice de um filme de 1968. Ou seja, cansa. Mesmo com uma fotografia bonita, não vale a pena. E a trilha sonora é insuportável.
   ILHA DOS CACHORROS de Wes Anderson
Eu vejo várias qualidades em Wes Anderson. Mas ele está mergulhando em uma emboscada. Seu estilo virou maneirismo e aqui desce ao cliché. Ele precisa de uma dose de adrenalina e sair desse mundinho feito de vozes sem emoção, ações sem impetuosidade e humor fofo. Mesmo adorando cães, achei este filme bobo, vazio e incrivelmente feio. Não há porque se fazer uma coisa assim. Parece apenas um desenho da TV Cultura dos mais banais. ( Doug é melhor ).
   SOMENTE O MAR SABE de James Marsh com Colin Firth, Rachel Weisz
Baseado numa incrível história real. Em 1967, na Inglaterra, se estipula um prêmio para o homem que conseguir quebrar o recorde de navegação solitária. Um cara cheio de dívidas, que navega só em fins de semana, se lança ao mar. E enlouquece. Com uma história tão boa, este filme, chato, consegue naufragar. Ele é boring boring boring boring boring so boring.
   MISTER ROBERTS de Melvyn LeRoy e John Ford com Henry Fonda, William Powell, Jack Lemmon e James Cagney.
Foi uma peça de enorme sucesso e marca a estreia de Lemmon no cinema. E ele é a única coisa que presta aqui. É um filme longo, que deveria ser engraçado e heroico, mas que é apenas chato e aborrecido. Fala de um capitão que trata mal seus marujos. Fonda é o oficial que o enfrenta. Tudo em clima de farsa leve. Quer dizer, deveria ser leve, fica travado na verdade. Le Roy assumiu o filme depois que Ford perdeu o interesse. Ou foi o contrário?
   ATOS DE VIOLÊNCIA de who cares? com Bruce Willis, Cole Hauser, Mike Epps
Um bom filme de ação como aqueles que Willis fazia nos anos 90...não é o caso. Ele é um tira que procura um assassino sequestrador. Mas é lento, calmo, e dois irmãos assumem o controle da busca. Pois é.
   SURPRESAS DO CORAÇÃO de Lawrence Kasdan com Meg Ryan, Kevin Kline, Timothy Hutton
Kline está magnífico como um francês malandro que se envolve com uma americana que tem medo de voar. Se passa em Paris e na Riviera, e, óbvio, tenta resgatar a beleza charmosa dos filmes de Cary Grant e Audrey Hepburn. Fica a milhões de anos luz. Mas tem belas canções, bela imagem e não tem nada de burro ou forçado. E tem um casal que funciona bem.
  DESEJO DE MATAR de Eli Roth com Bruce Willis
E esse desejo se satisfaz. Ele mata um monte de gente. Bruce é um cidadão pacato que resolve ir à caça dos bandidos. O filme é ruim? Não. É bom? Não. Não é ruim por nunca ser chato. Não é bom por ser de uma tolice atroz. Bruce não parece muito interessado na coisa. Aliás, desde Pulp Fiction ele não parece muito a fim de trabalho.
  ANDREI RUBLEV de Andrei Tarkovski.
Sentiu a coisa? Eis a tal aura da arte, aquilo que Benjamin dizia que o mercado e a repetição destruía. Este filme de mais de 3 horas, fala da vida de um pintor de ícones do século XV. É um filme sobre pintura que não fala de pintura. Fala do momento em que a Russia nasce como nação. Mas vai além. É sobre a violência crua. Por isso ele é bem duro de se ver. As cenas de crueldade são cruas, rudes, e os atos de violência são vistos como ato banal. Claro que por ser Tarkovski, o filme é bem mais que isso. Há um conflito entre ideal e real, e em meio às loucuras dos homens paira sempre a calma beleza da natureza. A cena final justifica todo o filme. Ao lado de uma aldeia arrasada, dois cavalos namoram numa ilha fluvial. Tarkovski foi um gênio, um dos 5 ou 6 do cinema, e no documentário que vem com o filme vemos que ele parecia ser uma pessoa adorável.
 

FRANK OZ- MERYL STREEP- HUGH JACKMAN- KIRK DOUGLAS- AL PACINO- PAN

   PAN de Joe Wright com Hugh Jackman, Amanda Seyfried, Rooney Mara...
Para que serve mais um Peter Pan: para nos deixar entediados. Joe Wright comete um enorme fiasco de bilheteria e uma chatice sem fim. O roteiro fala da segunda-guerra. Num orfanato onde vive Peter Pan, piratas raptam crianças...e por aí vai. Parece um desfile de escola de samba, nada faz muito sentido mas é colorido e se sacode sem parar. Difícil imaginar que alguém um dia tenha achado que isso pudesse funcionar! Joe corre o risco de jogar fora sua boa carreira. Jackman está over!
   RICKI AND THE FLASH, DE VOLTA PARA CASA de Jonathan Demme com Meryl Streep, Kevin Kline e Rick Springfield.
Ricki é uma cantora sessentona. Um dia, nos anos 80, ela lançou um LP de algum sucesso. Hoje ela vive tocando em botecos. A banda, velhos roqueiros como ela, toca bem, mas eles jamais sairão daquele bar. Para sobreviver ela é caixa de supermercado. Então descobrimos que ela tem um ex-marido, careta e rico, e 3 filhos que a odeiam. Ela os abandonou. Quando a filha entra em crise Ricki vai visitar sua ex-família. Ok. Não estamos mais nos anos 70, então não vamos esperar que esse niilismo dure muito tempo. Logo tudo começa a se acertar. Não é um filme de rock. É mais um pequeno filme sobre família. O roteiro é óbvio ( de Diablo Cody ) e Meryl está fora de lugar. Ela nunca convence como pobre. Na banda vemos Bernie Worrell e Steve Rosas. Os dois tocaram com George Clinton, Talking Heads e Los Lobos. Springfield foi um tipo de Springsteen australiano. Foi estrela sexy lá por 1981. Demme foi o mais poderoso diretor de Hollywood...nos tempos do Silêncio dos Inocentes...
   AUTOR EM FAMÍLIA  de Arthur Hiller com Al Pacino, Dyan Cannon e Tuesday Weld.
O filme começa e já sabemos: foi feito entre 1978-1982. O grande tema dessa época logo é revelado: gente tentando se encontrar. Um pai divorciado que cuida de um monte de jovens e ainda escreve peças. Tema em moda na época: o novo homem, o homem mãe. Mas o filme é bobo. E Pacino não ajuda. Nenhum grande ator é pior quando está ruim que Pacino. Em seus dias ruins ele é muito ruim! O namoro entre ele e Cannon é repugnante de tão artificial.
   MORTE NO FUNERAL de Frank Oz com Rupert Graves, Matthew MacFadyen, Ewen Bremmer
Oz, um ótimo diretor americano de humor, vai à Inglaterra e faz com equipe toda inglesa um filme de humor muito negro. Todo passado durante um enterro, tem anão gay, assassinato, vaidade, ciúmes e muito mal gosto. Longe de ser um bom filme, mas também não é ruim. Digamos que é o tipo de erro interessante...
   CACTUS JACK, O VILÃO de Hal Needham com Kirk Douglas, Ann Margret e Schwarzennegger.
O jovem Arnold é o fortão-burro que nesta comédia western faz com que o vilão feito por Kirk se dê sempre mal. É um dos mais vergonhosos filmes já feitos! Não tem graça e dá pena de ver Kirk e Ann em coisa tão desajeitada. Inacreditável de tão bobo!

JIM BROADBENT- MAGGIE SMITH- VINCENT PRICE- ELSA LANCHESTER- WELLMAN- FARROW- MANKIEWICZ

   LE WEEK END ( FIM DE SEMANA EM PARIS ) de Roger Michell com Jim Broadbent, Lindsay Duncan e Jeff Goldblum.
Nick Drake canta Pink nos créditos finais. E a última cena tem o trio central imitando Samy Frey, Anna Karina e Brialy na mítica dança desajeitada em Bande a Parte de Godard. Dito isso você poderia pensar que este é um filme moderninho. Não é. Ele é adulto, sério, bonito e maravilhosamente bem interpretado. Um casal inglês de meia idade vai à Paris para reavivar sua relação. Mas tudo dá errado. No processo encontram um amigo do marido, vão à festa, mudam de hotel e falam falam e falam. O roteiro, de Hanif Kureishi é inteligente. Os diálogos são espertos e sempre parecem naturais. E tudo é levado por um Broadbent patético, frágil, carente, e mesmo assim simpático; e uma Duncan insatisfeita, ácida, ansiosa e ainda bonita. Eles pedem uma chance para viver. Os atores, apaixonantes, lhes dão vida. Jeff está cômico, a gente adora ele. O filme é bem melhor do que eu esperava. É grande. Nota 8.
   VICE de Brian A. Miller com Bruce Willis, Thomas Jane e Ambyr Childers.
Uma ridícula mistura de Blade Runner com Ano 2020. O filme é assustadoramente ruim. Chega a ofender de tão fake. Burro. Bruce se aposentou. Ele tem feito filmes, mas está aposentado. Passa o tempo todo como um boneco. Ele é o dono de uma empresa que usa androides para realizar os sonhos dos clientes. Uma androide foge. O visual tem o pior dos anos 80 e o roteiro o pior deste século.
   MINHA QUERIDA DAMA de Israel Horovitz com Kevin Kline, Kristin Scott Thomas e Maggie Smith.
Desagradável, é um drama sobre uma vida fracassada. Kevin herda do pai uma casa em Paris. Mas a casa tem mãe e filha como moradoras. Ele só poderá tomar posse da herança após a morte da velha. Parece comédia...não é. Negro e árido, antipático, o personagem de Kevin é tão derrotado que chega a causar repulsa. É um filme sem prazer. Mas não de todo ruim, pois tem ótimo elenco e uma tentativa de ser profundo. Faz parte da onda de filmes que falam da maturidade. Onda que deverá aumentar cada vez mais com o envelhecimento da população mundial. China e Índia, países ainda jovens seguram os filmes teen, a Europa e parte dos EUA faz muito que passaram da idade média dos tens. Dou um 4 para este filme.
   O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD 2 de John Madden com Maggie Smith, Richard Gere, Bill Nighy e Judi Dench.
Tudo errado. O primeiro filme foi uma bela surpresa, mas este parece histérico, forçado, exagerado. A história nunca engrena, o humor é duro e as cores carnavalescas. Esqueça.
   O SOLAR DAS ALMAS PERDIDAS de Lewis Allen com Ray Milland e Ruth Hussey
Casal de irmãos compram uma casa numa praia deserta. Mas a casa tem um segredo...Que filme estranho! Não é um grande filme, mas causa uma grande impressão! Ele tem algo de muito doentio nele, parece o interior da mente de um neurótico. É feio, rígido, desagradável. E um pequeno clássico dos filmes de horror. Nota 7.
   O RELÓGIO VERDE de John Farrow com Charles Laughton, Ray Milland, Maureen O'Sullivan e Elsa Lanchester.
Um grande filme com um roteiro maravilhoso. Ray é um executivo entediado que pede demissão. Mas sem perceber ele é envolvido num assassinato. O filme mostra sua desesperada tentativa em se manter limpo. Há um clima de paranoia em todo o filme. Farrow, um diretor sempre esquisito, cria cenas inverídicas, mas sedutoras. Laughton está asqueroso, e Elsa Lanchester rouba o filme como uma artista sem talento e muita confiança. Uma diversão diferente, um filme original. Nota 8.
   CARAVANA DE MULHERES de William Wellman com Robert Taylor, Denise Darcel e John McIntire.
Wellman foi um diretor heroico. Sempre ousado, ele foi um dos inventores daquilo que conhecemos como cinema de ação. Aqui, já veterano, ele faz um western original. Um homem conduz uma bando de 100 mulheres, através de território de índios e clima hostil, até a Califórnia, onde irão se casar com um bando de pioneiros. O filme, sem nenhuma trilha musical, capta e amplifica os sons da viagem: rodas, cavalos, panelas, vento, vozes. Tudo fica como um tipo de documentário de ficção. Nada tem muita ênfase. As coisas acontecem, sem preparação, pouca cinematografia. Um filme que fracassa, é pouco interessante; mas ao mesmo tempo é um triunfo, Wellman consegue fazer acontecer. O filme é o que ele quis que fosse, um anti-western. Nota 6.
   O SOLAR DE DRAGONWYCK de Joseph L. Mankiewicz com Gene Tierney, Vincent Price, Walter Huston e Anne Revere.
Mankiewicz foi um privilegiado. Seu primeiro filme já é uma produção classe A. Após dez anos como produtor e roteirista, ele começa sua carreira de sucesso na direção com este prazeroso filme sobre maldição, sedução e diferença de classes. Daí para a frente ele ganharia quatro Oscars e faria mais de cinco clássicos do cinema ( A Malvada entre eles ). Gene, a mais linda das atrizes, é uma ambiciosa filha de agricultores que em 1844 vai morar com um primo rico. Lá ela irá cuidar da filha desse primo. Mas ele logo se torna viúvo e se casa com ela. O primo é feito por Vincent Price. E é este filme que definiu seu futuro. É hipnótica a sua atuação. Ele se equilibra bravamente entre o sublime e a canastrice. A voz sempre majestática, o olhar pura maldade. O filme, uma diversão sem fim, é clássico dos clássicos. A ver e rever sempre. Nota 9.

JORI IVENS- KEVIN KLINE-HENDRIX-MAN RAY-ERROL FLYNN-SAMURAI

   A ESPADA DA MALDIÇÃO de Kihachi Okamoto com Tatsuya Nakadai
Primeiro filme da caixa número dois Cinema Samurai. Bastante forte este filme sobre um samurai que tem forte impulso de matar. Pessimista, o final fica na memória. Nota 7.
   A LÂMINA DIABÓLICA de Kenji Misuni com Raizo Ichikawa
Um grande ator faz o papel de um órfão que tem o apelido de homem-cachorro. Humilde, ele é humilhado por todos. Achei este o menos bom da caixa. Nota 6.
   SAMURAI ASSASSINO de Kihachi Okamoto com Toshiro Mifune
Um grande filme! Mifune brilha como um samurai desencanado, e o enredo trata de traição e vingança. Cenas de luta maravilhosas e uma fotografia estupenda! Nota 8.
   A ESPADA DO MAL de Hideo Gosha com Mikijiro Hira
Uma obra-prima. Um samurai mata um inocente e a partir daí se desenrola toda a trama. O clima do filme, lama, chuva, closes, remete a Kurosawa. Tenso, dark, é um filme de aventuras que humilha os filmes de aventuras. O requinte estético é sublime. Nota DEZ.
   TIRANIA de Hideo Gosha com Tetsuro Tamba
Uma belíssima obra-prima! Passado todo á beira de um mar de inverno, corvos, as imagens ficam na memória. Pescadores são massacrados. Um samurai discorda disso. O resto é uma rede de medos e de segredos que deixam o espectador ligado e excitado. Forte componente erótico e forte componente de drama. Um filme belíssimo! Tem de ser visto. Nota DEZ!!!!
   O FILHO DO DESTINO de Kenji Misuni com Shigeru Amachi
O mais curto. São apenas 70 minutos, mas quanto drama há aqui! Um órfão e seu triste destino. Ele falha em tudo! Duro e tristíssimo. Nota 7.
   A ÚLTIMA AVENTURA DE ROBIN HOOD de Richard Glatzer e Wash Westmoreland com Kevin Kline, Susan Sarandon e Dakota Fanning
Errol Flynn merecia coisa melhor! O filme mostra o último amor de Flynn. Já decadente, drogado, ele se apaixona por uma aspirante a atriz de 17 anos ( na vida real ela tinha 15 ). A mãe da menina é a megera ambiciosa que se espera. Dakota está muito fraca e Kevin tenta dar vida à um papel muito raso. O filme é feio, desagradável, árido. Talvez o filme mais esquisito do ano. E creia, por mais que o assunto seja ótimo e pudesse dar um grande filme, este é muito, muito ruim.
   JIMI, TUDO A MEU FAVOR de John Ridley com André Benjamin, Hayley Atwell e Imogen Poots.
Ridley fez a opção certa! Apesar de poder frustrar os fãs, ele escolheu mostrar apenas dez meses da vida de Hendrix. A transição de 66 para 67. O estilo do filme tenta copiar o tipo de cinema moderno da época e temos um ator fazendo Clapton que é sósia dele. Jimi é bem interpretado e apesar de fisicamente ele ser muito mais "viril", André segura o papel. A atirz que faz Linda Keith é de uma beleza mágica. Não vi mulher mais bonita no cinema atual. Um detalhe: o filme é dela. O roteiro centra na relação dela com Jimi. Ponto ruim: os herdeiros não liberaram música nenhuma. Só ouvimos covers que Jimi gravou. Hey Joe, Like a Rolling Stone... Eu gostei bastante e acho este um dos melhores filmes de rock entre os mais recentes. Nota 7.
   LE COQUILLE ET LE CLERGYMAN de Germaine Dullac
Estou revendo o box dos filmes avant-garde. São curtas feitos por artistas que tentaram transformar o cinema em outra coisa. Nos anos 20 a arte teve uma escolha a fazer: ou a narração realista, ou a poesia sonhadora. Todos os filmes aqui optam pelo sonho. O partido do realismo venceu. Mesmo nossos filmes mais ousados têm sempre um pe´ no sentido do real. Eles devem fazer sentido. Ter começo e fim. Este que destaco do disco um, é belíssimo! Um delírio que mistura igreja, mar, natureza, mulher, medo e desejo. Não procure sentido. Não procure simbolismo. Ele é exatamente o que parece ser. Nada mais. Nota DEZ.
   L'ETOILE DU MER de Man Ray
Sim, Ray foi um grande fotógrafo avant garde, amigo de Duchamp e dos surrealistas. Este delírio é de uma beleza refulgente. Kiki de Montparnasse é a atriz. As imagens fazem com que sonhemos acordados. Nem Bunuel fez imagens tão próximas do que é um sonho. Nota MIL.
   MENILMONTANT E BRUMA DE OUTONO de Dimitri Kirsanoff
Este é um filme que virou mito. A história trágica de uma mãe solteira. A atriz principal beira o milagroso. O filme parece um documento do sofrimento. Ela fica na rua, com o bebê....é doloroso. É real e é estranho. Impossível fazer hoje um filme tão pouco cínico. Nota DEZ. Bruma de Outono é apenas bonito.
   REGEN de Jori Ivens
Chove em Rotterdan. Apenas isso. Documentário em estado puro. A chuva cai. E é só. E com isso, o famoso doc holandês fez um dos mais belos filmes já feitos. A beleza, simples, banal, se torna eternidade e magia. Ivens amava a vida. Muito. E o que nos resta é amar seu filme. Muito. Uma obra-prima. Como dar nota.....
  

RUSH/ WONG KAR WAI/ AZUL/ LOSEY/ ANGELOPOULOS

   FAMILIA DO BAGULHO de Hawson Marshal Thurber com Jennifer Anniston e Jason Sudeikis
Jennifer está cada vez mais linda. Aqui ela faz uma striper que finge ser esposa de um pequeno traficante que pega uma grande missão no Mexico. O filme é previsível, mas tem ritmo, atores ok e Jennifer. Nota 5.
   FLASH GORDON de Mike Hodges com Sam Jones, Ornela Mutti e Max Von Sydow
Um cult do trash. Tem um dos piores roteiros de todos os tempos, uma trilha sonora tola e um ator que não consegue atuar. E a bela Mutti e o bergmaniano Max sendo o vilão ( Max nunca escolhe filme, até hoje pega o que vem ). É o pior filme de HQ? A concorrência é forte ( Hulk, Demolidor, Capitão América, Sheenah ). Tentei ver com bom humor, não rola.
   RUSH de Ron Howard com Chris Hemsworth, Daniel Bruhl e Olivia Willians
Escrevi sobre ele abaixo. Uma ótima diversão com tinturas de drama que nos envolve, seduz e emociona. Mathew MacCornaghy sempre foi bom ator, desde Dazed and Confused e incluindo as comédias pop. Pois saibam que o Thor, Chris Hemsworth é um bom ator. O primeiro Thor já deu uma pincelada em seu talento e aqui ele emociona. É um adorável James Hunt. Estou com vontade de ver de novo! Ron Howard, ator em American Graffitti é um diretor a moda antiga, pouco vaidoso, dirige em função da história. Nota 8.
   RIDDICK 3 de David Twohy com Vin Diesel
O mundo é o de um deserto amarelo e brumoso. Vin enfrenta monstros e gente monstruosa. O filme é bobo, ralo, sem nada, o clima é bom e há horror autêntico. Twohy tem talento, mas desperdiça sua carreira. 2.
   A ESPIÃ QUE VEIO DO CÉU de Leslie H. Martinson com Raquel Welch e Tony Franciosa
Um daqueles super bobinhos filmes dos anos 60 que passavam direto na velha TV Record. Raquel, uma gata, é mostrada de bikini ( wow ) a toda hora. A trama, incompreensível e sem sentido, tenta ser esperta, moderninha, groovy. O filme nos distrai...do próprio filme. Nota 2.
   CERIMONIA SECRETA de Joseph Losey com Elizabeth Taylor, Mia Farrow e Robert Mitchum
Losey foi um graaaande diretor! O cara fez O Mensageiro! E excelentes filmes pequenos na Inglaterra de 58/64. Mas por volta de 67/69 ele fez 3 filmes metidos a arte que são lindos de ver mas que nada dizem. Mia Farrow é uma doida que usa Taylor como mãe de faz de conta. O filme nos leva a mente de uma psico e a coisa é barroca, exagerada. Taylor só posa, não tem nada aqui a sua altura. Farrow dá medo! Eu tenho muito medo de Mia Farrow. Nota 3.
   O GRANDE MESTRE de Wong Kar Wai com Tony Leung e Ziyi Zhang
Os closes de Wong se justificam, são lindos. Ninguém filma casais apaixonados como ele no cinema de agora. Este filme abusa da beleza, depois de hora e meia estamos exaustos. Mas é hipnótico. Sou fã dos filmes de Kung Fu e Wai sabe filmar golpes e movimentos, e ainda injetar lirismo amoroso na ação. É um épico histórico discreto em nota pianíssimo. Mas é longo, muito longo...Nota 7.
   A ÚLTIMA VIAGEM A VEGAS de Jon TTurteltaub com Michael Douglas, Kevin Kline, Morgan Freeman, Robert de Niro e Mary Steenburgen
Amigos velhos se reencontram em Vegas para a despedida de solteiro de Douglas ( que pra variar é um playboy ). O roteiro é preguiçoso, nada acontece de inesperado. É um filme gracinha para uma geração amarga. Não combina. Há uma certa moda de filmes para gente madura. A princípio essa é uma ótima nova, mas não se eles tiverem de fazer filmes teen em que a única diferença são as rugas. Porque não colocaram Morgan no papel de Douglas? De qualquer modo o filme é digno e tem um ótimo De Niro e um simpático Kline ( que não é da geração deles!!! ) Algumas boas piadas. Nota 5.
   A ETERNIDADE E UM DIA de Theo Angelopoulos com Bruno Ganz
Não dá, Theo é o diretor mais lento que há.
   THANKS FOR SHARING ( UMA BOA DOSE DE SEXO ) de Stuart Blumberg com Mark Ruffallo, Tim Robbins, Gwyneth Paltrow.
Como alguém consegue fazer um filme tão babaca? Um bando de caras que foram viciados em sexo. E sua vidinha cinzinha e tristinha. Argh!! Se voce quiser saber o que considero o pior cinema existente veja isso. É pretensioso, infantil, auto-referente, masturbatório e muito óbvio. ZERO
   AZUL É A COR MAIS QUENTE de Mechiche
Quer ver duas teens na cama? Quer se sentir parte do hype GLS ? Este filme óbvio ( que vá lá, daria um bom curta ) mostra a falência da crítica atual. Ele é ruim? Claro que não! Mas todo esse bla bla bla? É um filme banal. Nota 3.
  

MASAYUKI SUO/ KATE WINSLET/ MICHAEL DOUGLAS/ LANG/ KEVIN KLINE

   ATRÁS DO CANDELABRO de Steven Soderbergh com Michael Douglas, Matt Damon, Debbie Reynolds e Rob Lowe
Soderbergh consegue algo muito dificil, pegar um tema "brega", exagerado, over, e fazer com que ele jamais caia na ironia, na comédia. Nem drama, nem comédia, jamais frio ou boring. Escrevi sobre o filme abaixo, Liberace foi um superstar queridinho da direita americana. O fato de seu público jamais suspeitar de sua homossexualidade é um mistério. Michael Douglas consegue ser Liberace sem parecer fake. Liberace já era uma caricatura natural, Douglas faz um milagre, consegue deixar Liberace humano sem deixar de ser "Liberace". Damon está ótimo. Natural, não forçado. Na verdade até Lowe está ótimo. Debbie Reynolds está de volta, a mítica estrela adorável de Cantando na Chuva, é a mãe de Liberace. Soderbergh diz que cansou de mendingar dinheiro a produtores idiotas. Será? Vale aqui um adendo: Produtores sempre brigaram com diretores. Ninguém gosta de perder dinheiro. A diferença é que Jack Warner ou Irving Thalberg adoravam filmes. Só sabiam viver de cinema, amavam salas de exibição, atrizes, roteiros, sets. Hoje os produtores mal viram um filme de Hitchcock. É gente que entra no ramo como forma de fazer dois bilhões. Pouco se importam com os filmes, têem outros investimentos, cinema é um entre muitos. Isso faz toda a diferença. São inacessíveis para quem não fala de capital e de dividendos. Mataram o filme médio. Investem em produções caras e jogam esmolas para filminhos minúsculos. O filme médio, aquele tipo de filme que era feito por Hitchcock ou Ford, esse morreu.... Quanto a Liberace, eis um bom filme médio. Nota 7.
   CASAMENTO PROIBIDO de Fritz Lang com Sylvia Sidney e George Raft
Raras vezes vi um filme tão esquisito. Lang diz numa entrevista que tentou fazer um filme educativo, como as peças de Brecht. Usou Kurt Weill neste filme. Fala de uma loja onde trabalham ex-presidiários. O filme fala de segunda chance. Daí vemos um casal que se ama e se casa. Mas ela esconde dele seu passado, foi uma detenta. O marido volta às más companhias e tenta assaltar a loja. Ela demonstra aos bandidos como roubar não dá lucros. Numa lousa ela mostra por a mais b que o lucro de um assalto é muito baixo. E o filme é isso: comédia? drama? lição? O que é? Nenhum diretor icônico errou tanto como o grande Fritz Lang. Morreu correndo riscos, sempre. Este é um de seus maiores erros. Nota 3.
   PARKER de Taylor Hackford com Jason Statham, Jennifer Lopez e Nick Nolte
Será que o veterano diretor de "Ray" consegue fazer um filme de ação? Este começa mal. Sangue demais e nenhum humor. Statham é um ladrão. Traído pelos comparsas ele parte para a vingança. O filme encontra seu tom quando Jennifer entra em cena. Aí ele cresce e se torna mais leve e mais esperto. Ela é uma corretora de imóveis que é envolvida sem querer. Bonita, Jennifer Lopez sofre a maldição das cantoras que querem ser atrizes, é subestimada. Não é pior que René Zellweger ou que Sandra Bullock, mas Sandra e René não cantam, são atrizes "de verdade". Ela traz humor ao filme. A ação melhora, Jason se humaniza. O filme, que era ruim, fica bom. Hackford é competente. Nota 5.
   OS CHACAIS DO OESTE de Burt Kennedy com John Wayne, Ann Margret, Rod Taylor
Wayne em fim de carreira e mais um de seus westerns humorísticos. Bom passatempo numa história que conta a busca por dinheiro roubado. Boa fotografia e quase nada de trama. Nota 5.
   RAÇA BRAVA de Andrew V. McLaglen com James Stewart, Maureen O'Hara, Brian Keith e Juliet Mills
Keith dá um show como um escocês criador de gado no Texas. O filme fala de um boi de raça inglesa, que uma viúva tenta implantar nos EUA. Parece um tema bobo, ele é. Mas levado com bom-humor se torna um gostoso e divertido filme. Stewart se diverte fazendo seu tipo padrão. O caipira bom de cintura. Nota 6.
   LIFE AS A HOUSE de Irwin Winkler com Kevin Kline, Kristin Scott Thomas, Jena Malone
Um homem a morte resolve antes de se ir construir a casa de seus sonhos. Sim, lembra "Viver!" a obra-prima de Kurosawa sobre a morte. E é claro que não chega perto. Mas não é ruim. Kline é sempre um bom ator e aqui ele faz uma bela composição. Seu personagem é um desajeitado, um perdedor, mas nunca chorão. O filme é meio frio. Winkler é um grande produtor veterano que às vezes resolve brincar de ser diretor. Nunca acertou um grande filme, mas também não comete asneiras. Nota 6.
   IRIS de Richard Eyre com Judi Dench, Jim Broadbent e Kate Winslet
Sim, ela é a grande Iris Murdoch, uma das melhores autoras inglesas. A vemos aqui em dois momentos: na velhice, com parkinson, e na faculdade, descobrindo a filosofia de sua vida. Nos dois estágios ela é sempre confiante, radiante e corajosa. Judi Dench brilha intensamente. Nunca sentimos pena de Iris. Ela tem tanta vida que vive a doença. Kate Winslet está muito bem. Sua Iris é uma egocêntrica sonhadora. Jim Broadbent está a altura de Judi. O filme na verdade é todo dele. Emocionante. Nota 7.
   HOLY SMOKE de Jane Campion com Kate Winslet e Harvey Keitel
O pior filme de Kate ( e ela tem muitos ruins ) e o pior de Harvey ( que tem toneladas de lixos ). Ela é uma doidona que é tratada pelo esquisito Keitel. Jane Campion dirige mais doida que os dois, o filme não faz sentido. Se voce quer ver Kate Winslet urinar de pé, este é seu filme. Nota ZERO.
   O SEGREDO DE ROAN INISH de John Sayles
Filmado na costa oeste da Irlanda, em meio aos pescadores, este filme lento fala de uma menina que visita seus avôs. Irá conhecer as lendas do lugar. Quase nada acontece. Mas é bom de ver. E tem uma linda trilha sonora. Nota 6.
   VEM DANÇAR COMIGO de Masayuki Suo
É considerado um dos melhores filmes japoneses dos anos 90. Eu o considero uma obra-prima. Simples, triste, leve, fala de um funcionário de escritório, casado e timido, que resolve ter aulas de dança de salão. Ele e a professora têm um flerte, mas que dá em nada. Ele continua com a esposa. Tudo isso contado de forma velada, secreta, emocionante. É uma obra sobre os amores reprimidos, sobre vidas não vividas, ou então sobre o espírito da beleza e a delicadeza dos sentimentos. No final, há um concurso de danças, momento hilário que casa com a delicadeza do resto. Voce vai se apaixonar pelo filme e pelos personagens. É um filme inesquecível !!!! Nota DEZ!!!!!!!!

OS VINGADORES/ MAHLER/ KEVIN KLINE/ DIANE KEATON/ PECK/

    OS VINGADORES de Joss Whelan
Nick Fury fuma um enorme charuto. É sexy ao nível Clooney de ser e é  musculoso. Está na meia-idade e tem um humor ácido, desencantado. Isso nas HQ, porque aqui ele é Samuel L. Jackson....eu adoro Nick Fury, o filme me fez odiar Jackson. Tem mais. Me fez pensar nos grandes sucessos de bilheteria da história. Todos são escapistas, e isso nada tem de ruim. Mas depende do tipo de escapismo. Se ...E O vento Levou era a afirmação da saga individualista americana, se A Noviça Rebelde era a propaganda de bons sentimentos em época de más noticias, e Star Wars era nostalgia travestida de saga futurista,  Os Vingadores é puro militarismo triunfante. Oitenta por cento do filme é propaganda de armamanto. Computadores militares, tiros e explosões, aviões, soldados. A história nada mais é que o enquadramento do incontrolável Hulk, a dessacralização de Thor e conscientização do Iron Man como soldado obediente. Não é por acaso que todos têm rancor contra Thor, afinal ele é um semi-deus. E o pobre Hulk é apenas uma besta que deve ser disciplinado. Destruição como fetiche ( após Star Wars todos os big hits têm a destruição como gozo, desde um navio que afunda até a perseguição de uma raça ). Nos extras o diretor desta coisa fala que se trata de um filme "so sexy"....
   MAHLER de Ken Russell
Tchaikovski era tão exagerado, pomposo e falso como este. O problema aqui é que Russell esqueceu daquilo que salvava o seu filme anterior: a beleza. Tchaikovski é um filme lindo, Mahler é ridiculo. Quando surgem as cenas nazistas começamos a achar que Ken tomou a droga errada. Foi este o filme que começou a destruir sua carreira. Se ele surpreendera o mundo com belas adaptações de Lawrence e filme cheios de imagens originais, aqui ele se perde em puro sensacionalismo. Nota 2.
   A CONQUISTA DO ESPAÇO de Byron Haskin
O que é isto? Deveria ser um pop e divertido filme B dos anos 50. Mas o que vemos? Um grupo viaja à Marte e seu lider enlouquece. O filho desse lider acabará por matá-lo. Em Marte há um clima de culpa, de medo e de consciência da inutilidade daquilo tudo. Simples? É um dos filmes mais doentios que já vi. Tudo nele é classe B, os atores ruins, os efeitos mediocres, os cenários pobres. Mas o roteiro é incrivelmente profundo trazendo antecipações de 2001 e até Solaris.
   MATANDO SEM COMPAIXÃO de Ted Kotcheff com Gregory Peck
Western dos anos 70, ou seja, ppouca ação e muito clima de fim de mundo. Peck é um ladrão barato, que foge em deserto de xerife "do mal". Um mestiço é o amigo de Peck e o filme, claro, fala de racismo. Não é um bom filme. Ele jamais emociona e fica sem saber onde ir com seus personagens. Peck, um ator imponente, não tem muito o que fazer. Nota 4.
   MEU QUERIDO COMPANHEIRO de Lawrence Kasdan com Kevin Kline, Diane Keaton, Dianne Wiest e Richard Jenkins
Kasdan foi um dia um dos grandes. Roteirista da turma de Spielberg, despontou a trinta anos com o marcante e icônico O Reencontro. Este é seu novo filme, recém lançado, e se está longe de ser ruim, nada tem de novo. Uma mulher, a sempre ótima Keaton, esposa de um médico, o sempre excelente Kline, acha um vira-lata na rua. O abriga. Depois de dois anos, em viagem ao Colorado, o cão some e isso expõe as dores da familia. Na busca pelo cão o que vemos é uma sessão de terapia dos personagens. O filme mantém o interesse, as pessoas são reais e os cenários deslumbram. Fácil de ver, falta ao filme um momento grande, um centro de catarse. Ele acaba sendo discreto demais, simples demais, comum demais. Mas pelo menos Kasdan não tenta fazer "arte". Ninguém é bem louco ou perigoso, a câmera nunca treme ou alça vôo. Nota 6.
   FANTASIA de Walt Disney
Grande orgulho de Disney, fracasso em seu tempo, reabilitado vinte anos mais tarde com os hippies. Vamos por partes. Porque orgulho de Disney? Porque ele trata de "grande arte". Afinal, é um looooongo desenho que cria clipes para músicas de Beethoven, Tchaikovsky e até Stravinsky. Típica jequice, achar que usar Dukas ou que falar da criação do mundo faz de um desenho "arte". Pinóquio era Arte sem nada de pedante. Os hippies descobriram que assistir Fantasia com LSD dava uma viagem ótima. Visto agora, tem seus bons momentos, mas seu espirito de "grande arte" faz dele o mais antipático dos desenhos. Nota 4.

MARIGOLD/ KLINE/ ERROL FLYNN/ WYLER/ JOE CARNAHAM/ MAGGIE SMITH/ CURTIZ

   O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD de John Madden com Judi Dench, Bill Nighy, Maggie Smith e Tom Wilkinson
Fez algum sucesso no começo deste ano este filme que traz uma seleção de veteranos atores da Inglaterra. Todos são excelentes, mas o filme é um tédio! Madden se inscreve na lista dos piores diretores a um dia terem ganho o Oscar. Lembro de Delbert Mann, John G. Alvidsen, Anthony Minghela, Danny Boyle e provávelmente Bigelow entrará nessa lista. Um grupo de aposentados vai à India na esperança de se hospedar em belo hotel. O hotel é um lixo, eles se envolvem com a vida caótica do lugar e etc etc etc. Maggie Smith é eterna. Quando comecei a me interessar seriamente por cinema, lá por 1978, ela já era uma anciã!!!! Foi revelação no grupo de Olivier, em 1962.... Que ela ainda viva muito!!!! Nota 1.
   OS ACOMPANHANTES de Shari Springer Berman e Robert Pulcini com Kevin Kline, Paul Dano, Katie Holmes e John C. Reilly
Um jovem que é fascinado por Fitzgerald e os anos 20. Ele se hospeda com um excêntrico autor de teatro que trabalha como acompanhante de velhas ricas. O jovem não sabe se é gay ou hetero. Se veste de mulher. Well....é o mundo dos filmes alternativos made in Hollywood. Mas este até funciona. Não sei se ainda está em cartaz em SP, se estiver vale ver. Principalmente por Kevin Kline. Ele compõe um dos mais deliciosos personagens de sua rica e longa galeria. Kline não é muito do hype. Nunca foi doidão e sempre preferiu o teatro. Mas é o maior de sua geração ( aquela de Malkovich, William Hurt, Ed Harris, Dennis Quaid e Kevin Costner ). O modo como ele fala, se move e cria tiques e toques, e sempre mantendo o modo realista do personagem, nunca fazendo dele um cartoon, é fantástico. Veja e se divirta. Nota 6.
   FAUSTO de Alexander Sokurov
Eu jamais verei este filme de novo. Passada uma semana, do que me lembro? Nuvens, brumas, frases confusas, sujeira. Sokurov fez sua opção e a levou até o fim. Errou. Nota 2.
   CARAVANA DE OURO de Michael Curtiz com Erroll Flynn, Miriam Hopkins, Randolph Scott e Humphrey Bogart
Para curar a mente das bobeiras do "cinema de arte", nada como o cinema dos anos 30. O que define esse tipo de filme é sua falta de afetação. Observe este western. Um milhão de coisas acontecem em hora e meia. Lembro de aos 30 minutos pensar: "Caramba! Quanta coisa já aconteceu!" É um cinema de roteiro, de narrativa. Aqui estamos na guerra de secessão. Agentes do sul planejam levar ouro de estado do norte. Flynn é o nortista espião. Leva o filme com sua característica leveza. Ele é o paradigma daquilo que conhecemos como herói-bem humorado. Bogart faz um bandido de bigodinho. O filme foi feito antes de Casablanca e a Warner ainda não sabia do ator-ouro que tinha nas mãos. Há uma cena em carruagem onde Bogey assalta Flynn, Scott e Miriam. Eu juro que dá pra sentir o carisma de Bogey faiscar. Ele rouba a cena de Flynn, o que é muito dificil. O filme é uma delicia. Nota 8.
   A PERSEGUIÇÃO de Joe Carnaham com Liam Neeson
Tinha esperanças. Alguns criticos botaram nas nuvens esta pretensa aventura. Neeson e outros estão perdidos no Alasca após a queda de seu avião. Lobos os perseguem. Carnaham tem vergonha de fazer um filme de "mera aventura". Entope as cenas de "invenção". Um pé no saco! Nota ZERO
   INFÂMIA  de William Wyler com Merle Oberon, Miriam Hopkins e Joel McCrea
É um dos filmes que melhor exibe a maldade da infância. Duas amigas fundam uma escola feminina no campo. Uma das alunas inventa uma calunia sobre elas e as duas perdem tudo. O filme dá raiva. Odiamos a menina e seu sadismo. Wyler, tenho de dizer de novo?, é considerado o mais inteligente dos diretores da América. Ganhou 3 Oscars na carreira e é o recordista de indicações. Um mestre. Este filme é baseado em peça de Lillian Hellman. No palco a acusação era de lesbianismo, neste filme de 1936, se amenizou tudo e a acusação é de "triângulo amoroso". Nos anos 60 Wyler refez o filme, com menos censura, e o resultado foi ainda melhor. Mas mesmo assim este é um drama que consegue ainda despertar raiva, muita raiva. Nota 7.

CLARK GABLE/ WELLMAN/ WELLES/ KEVIN KLINE/ WOODY ALLEN/ ASTAIRE

O GRANDE MOTIM de Frank Lloyd com Clark Gable, Charles Laughton e Franchot Tone
A clássica história do navio Bounty, que no século xviii foi palco de famoso motim. Laughton faz com vivo prazer o capitão cruel e de rígido costume; Gable é o jovial imediato que acaba por apoiar o motim; Tone é um nobre que viaja para pegar experiência. O filme, maravilhosamente bem produzido em padrão MGM, é diversão típica dos anos 30, ou seja, simples, eficiente, inteligente. Caso raro de filme que ganhou Oscar de filme e mais nada. As cenas na ilha onde eles se exilam são belíssimas! O desempenho de Laughton é de não se esquecer. Nota 8.
BEAU GESTE de William Wellman com Gary Cooper, Ray Milland, Robert Preston, Brian Donlevy e Susan Hayward
Outra aventura clássica. Três irmãos de familia nobre-decadente servem na legião estrangeira. É o filme onde se criou a imagem do "sargento durão". Cooper está no auge da fama e nasceu para ser herói. O filme, muito bem dirigido, tem humor, drama e suspense. Wellman, diretor sempre confiável, tem senso de timing, de visual, de leveza. É um mestre. Assistir este filme é como ler uma velha história de HQ. Puro escapismo fofo. Nota 8.
MR. ARKADIN de Orson Welles com Welles, Paola Mori, Patricia Medina, Akim Tamiroff
É um dos vários filmes que Welles fez em condições muito precárias. Ele antecipa muito do clima nouvelle vague, tem às vezes algo de filmes como Alphaville. Welles brinca com a câmera, com os atores, com o enredo ( um tipo de policial complicado ), mas tudo acaba parecendo muito confuso, estranhamente vazio, e em seu pior, pedante. Nota 4.
ANTIGONE de Georges Tzavellas com Irene Papas, Manos Katrakis
A peça de Sofocles sobre a moça que enfrenta o rei para poder honrar seu irmão morto. O filme é belíssimo. Não houve medo algum de ser solene, distanciado, e o texto poético é bastante preservado. Mais uma prova de que grandes peças podem ser grandes filmes. Irene faz Antigone com senso maravilhoso de destino, mas Creon, feito por Katrakis, rouba o filme. É um rosto inesquecível, feito de pedra, cruel e rígido, terrível. As vozes são aterradoras. É um filme inesquecível. Nota 9.
XEQUE-MATE de Caroline Bottaro com Sandrine Bonnaire e Kevin Kline
Kevin sempre foi e é um ótimo ator. Fez então este filme francês, provávelmente por falta de bons papéis em Hollywood. Sandrine é uma camareira de hotel de luxo em cidade de veraneio. Ela se apaixona pelo jogo de xadrez ao vê-lo como algo que simboliza aquilo que ela não tem. É casada e completa o orçamento fazendo faxina na casa de um americano que escreve. Eles jogam xadrez. O filme é muito ruim. Entediante, nada nele faz sentido. Não se entende o porque de sua súbita paixão pelo jogo, o porque do arrogante americano abrir a guarda com ela, o porque de se ter feito tal filme. Não passou por aqui até agora e ficará bem se não passar. Nota Zero.
MEIA-NOITE EM PARIS de Woody Allen com Owen Wilson e Marion Cotillard
Owen está ok. É mais um ator que consegue fazer Woody Allen como o próprio. Marion está bem como a modelo de Picasso. Mas Adrien Brody como Dali está hilário!!!! É um filme que de certa forma celebra a vida. Mas a celebra de forma sem riscos, tudo dá certo sempre. É um prazer apaixonante ver Heminguay falar, Zelda e Scott dançar e Cole Porter tocar piano. Eles são meus mitos e portanto são parte do que me faz estar vivo. Belo filme. Crítica mais longa abaixo. Nota 7.
TRÊS PALAVRINHAS de Richard Thorpe com Fred Astaire, Red Skelton, Vera-Ellen
Longe de ser um grande musical. É do tempo de "vacas magras" de Astaire. Mas...caramba! Como é bom ver um filme de Fred Astaire!!!!! Há um alto astral tão grande e convincente que seus filmes servem como um tipo de mensagem, são como um lembrete daquilo que podemos ser. O que temos de leve, nobre e bonito em nós. Os serviços que Astaire nos fez são inestimáveis. Eis um anjo. Nota 7.

ZURLINI/ ALAIN DELON/ RICHARD BURTON/ KEVIN KLINE/ MALKOVICH/ MELVILLE/ HITCHCOCK/ MILOS FORMAN

O MANTO SAGRADO de Henry Koster com Richard Burton e Jean Simmons
Burton interpreta este soldado romano como se em ressaca. Não reage. O filme, pop épico cristão, é de uma chatice sem fim. Nota 2.
O REENCONTRO de Lawrence Kasdan com Kevin Kline, William Hurt, Glenn Close, Jeff Goldblum, Tom Berenger, Meg Tilly
É o segundo e o melhor filme de Kasdan ( roteirista de filmes de Lucas e Spielberg ). Fala de grupo de amigos que não se vê há mais de dez anos. Se reencontram no enterro de um deles, e esse amigo se matou sem que eles saibam o porque. Após o enterro, que nada tem de trágico, eles resolvem passar um fim de semana juntos. O filme é apenas isso, esse fim de semana, certas feridas reprimidas e relações mal resolvidas. Algumas cenas são bastante emocionantes, mas penso se essa emoção não é mérito apenas da trilha sonora ( é fácil emocionar com you can't always keep what you want ). De qualquer modo é um filme muito acima da média ( concorreu a Oscars em 1983, aliás, um belo ano para o prêmio ). Kline faz o alegre e bem sucedido pai de família, aquele que mais traiu os ideais hippies, Hurt é um ex soldado do Vietnã que ficou impotente, Goldblum é um jornalista cínico, mulherengo, Berenger um ator de tv e Meg Tilly a muito jovem ex-namorada do suicida. Ela é a ponte da geração hippie, que se tornou materialista, e a geração doidinha dos anos 80, que tenta reviver os ideais dos ex-inconformistas. Kevin Costner faz o defunto, todas as suas cenas em flash-back foram cortadas. Todo o elenco brilha, são todos atores adoráveis que teriam tido melhor sorte se tivessem vivido na era de De Niro e Pacino. Bons papéis começam a rarear exatamente a partir daqui, 1983. Para quem tem amigos antigos é um filme obrigatório. Nota 7.
KLIMT de Raul Ruiz com John Malkovich e Saffram Burrows
Picaretagem pura. Um lixo metido a grande arte, um pedante exercício de virtuosismo vazio. Aqui está a afetação máxima em cinema. Odiável! Malkovich está tão ruim quanto. Ah... o filme é sobre o pintor austríaco. Quem espera um retrato da brilhante Viena da épóca, fuja. Nota ZERO.
OS PROFISSIONAIS DO CRIME de Jean Pierre Melville com Lino Ventura
Será Melville o melhor diretor da história do cinema francês?....Quem sabe?...Clouzot, Clair, Bresson, Cocteau...Os filmes de Melville são filmes de quem ama Bogart. Mas são ainda mais viris que Bogart. E mais realistas. Bandidos passam a perna uns nos outros e a policia tenta entender o que se passa. Ventura é um ex-detento. E Melville faz tudo com cenas curtas e cortes muito secos. O filme foge do glamour, mas é cheio de jazz. Poucos entenderam tão bem o que é o jazz quanto este francês. Filme para Homens. Cigarros, carros sujos, botecos e armas pequenas. Eu adoro os filme deste cara!!!! Nota 8.
MURDER! de Alfred Hitchcock com Herbert Marshall
É o primeiro filme falado de Hitch. E é cheio de truques de imagem. Mas percebe-se sua origem teatral, algumas cenas são absolutamente estáticas. Longe das obras-primas do mestre, vale para se conhecer Herbert Marshall, um dos mais elegantes atores ingleses do século. Nota 5.
OS AMORES DE UMA LOURA de Milos Forman
Começa com uma menina tcheca cantando rock em tcheco. É 1965. Época de Kundera e Havel. Três anos antes do massacre. É o primeiro filme de Forman. E é dos seus melhores. Jovens tchecos tentam viver e amar e entre eles há uma moça loura. Quem amar? Os jovens são desajeitados e egoístas, os mais velhos são feios e casados. O estilo de Forman se revela aqui: ele ama rostos banais, gente feia, vulgar e estranhamente magnética. Os ambientes são grotescos, pobres, mesquinhos, mas eis o segredo: são nossos ambientes. É maravilhoso ver um filme com gente de verdade, com fedor, espinhas e roupas sujas. Nada de "mundo cão" falsificado, mas o mundo suburbano como ele de fato foi/é. Há uma cena em baile de soldados, em que as três meninas são paqueradas por três gordos de meia-idade, que é perfeita. A cena é muito cômica, ridícula, comovente e cheia de suspense. Milos Forman já surge sabendo tudo. Um toque: entre 1965/1968 o cinema tcheco era o mais amado por criticos e festivais ( e levaram dois Oscars, em 66/67 ), este filme mostra o porque. Com a invasão dos tanques russos tudo isso seria destruído. Nota 7.
A PRIMEIRA NOITE DE TRANQUILIDADE de Valerio Zurlini com Alain Delon, Sonia Petrova, Renato Salvatori e Gian Carlo Gianninni
Um poema melancólico. A história de um homem que vive sem raiz, sem ilusão, sem afeto. Tenta ser indiferente a vida. Mas se perde ao conhecer uma mulher. É dos mais perfeitos exemplos de uma alma delicada sendo dilacerada pelo mundo estúpido. Belo, implacávelmente belo, este é aquele tipo de cinema que dignifica a arte e em meio a tanta estupidez nos recorda o porque de tanto amarmos filmes. Zurlini era um poeta. NOTA DEZ!!!!!!!!! ( critica abaixo )
A MULHER DO SÉCULO de Morton da Costa com Rosalind Russell
Este filme serve como uma prova: a prova de que alguma coisa se perdeu na América. Porque? Veja: este filme, sofisticadérrimo, foi um sucesso em 1959. Hoje ele nem seria feito. Baseado em peça da Broadway, fala de garoto que é criado por tia triliardária e excêntrica. Ela o ensina a ser livre. O filme é documento de um certo tipo de snob americano da época, o americano novaiorquino que amava arte hindú, poetas russos doidos e professores franceses de arte grega. Rosalind Russell dá uma aula de humor, de elegância, de prazer em viver. Aliás, o filme é um maravilhoso anti-depressivo. Temos a defesa de mães solteiras, de judeus, da diversidade, das "portas que se abrem". Para a época é uma mensagem ousada. Mais que isso, o filme é uma festa, com seus cenários luxuosos, o diálogo sempre interessante, atores carismáticos e cores vibrantes. Assiste-se com esfuziante prazer. E não se emburrece, enobrece-se. Voce assiste e se sente feliz, que mais querer? Obrigatório!!!!! NOTA DEZ!

UP! / JULIE E JULIA/ SIMPLESMENTE COMPLICADO/ DEAD END

GIMME SHELTER dos Irmãos Maysles
O inferno. E uma aula sobre o excesso dionisíaco. Dá pena dos Stones. Parecem bodes indo ao sacrifício. O documentário é exemplar : mostra tudo e entretém. Chance de ver os FLYING BURRITOS detonarem. O mundo enlouqueceu em 1968 ? Nota 9.
UP, ALTAS AVENTURAS
Um problema básico : o garoto é insuportável. Será que hoje todo menino de desenho tem de ser gordo e nerd ? Que saco ! O tema é legal, mas o desenho é chato. Nota 4.
THE ENFORCER de James Fargo com Clint Eastwood e Tyne Daly
Terceiro filme da série. Tem um problema, a auto-ironia. É quase uma comédia. Outro problema é a saída de Lalo Schifrin da trilha sonora. É um policial ok, mas é bem pior que os dois primeiros. Nota 6.
A CONVERSAÇÃO de Francis Ford Coppolla com Gene Hackman, John Cazale e Teri Garr
Feito logo após o Chefão, é um fracasso de bilheteria e um enorme sucesso de crítica. Há quem o considere melhor que os dois Chefões. Absurdo, o filme é chato pacas!!!!!! Acompanhamos Hackman ( grande atuação ) que é um tipo de detetive que coloca escutas para flagrar casais adúlteros. Ele é árido, um homem que não se envolve com nada. Assistimos sua derrocada. O filme é muito inteligente, mas é exibido demais, metido demais, passa do ponto. Nota 4.
DEAD END de William Wyler com Joel McCrea, Sylvia Sidney e Humphrey Bogart
Que cenário é este???? Absolutamente fascinante!!!!! Ruelas, becos, córregos, fachadas de cortiços, mansões. Um labirinto de sombras e pedra, água e luz suja. Fantástico!!!! O filme se centra em bando de meninos de rua, pequenos ladrões violentos e um gangster que foi como eles. O elenco é soberbo e é impressionante como Bogey já nos hipnotiza, mesmo ainda em papel coadjuvante. Um monstro. Roteiro esquerdista de Lilian Hellman e a direção de Wyler, o mais premiado diretor da América. Um filme perfeito para quem deseja começar a entender o cinema dos anos 30. ( o final feliz é meio forçado e evita que este filme seja uma obra-prima ). Nota 8.
JULIE E JULIA de Nora Ephron com Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci.
Um show de Meryl. Deve levar seu Oscar. Que figuraça ela cria aqui ! É caricata sim, mas e daí ? Essa atriz magnífica nos dá prazer, muito prazer. Sem ela este filme seria totalmente banal. Ephron sabe fazer comédias femininas, desde Harry e Sally ( que ela só escreveu ). Neste filme vemos o mundo de blogs e dureza de um jovem casal de hoje e a Paris dos anos 40/50 de Meryl e Tucci ( surpreendentemente bem ), uma cidade feita de beleza, prazer e muita comida ( o filme vai te dar muita fome ). Se assiste este filme com facilidade, nada nele ofende o gosto ou irrita a inteligência. Mas Meryl impressiona. Há alguma atriz nos últimos cinco anos com mais e melhores papéis que ela ? Nota 7.
SIMPLESMENTE COMPLICADO de Nancy Meyers com Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin
É um perfeito filme de Shopping Center. Você entra na sala com suas sacolas de compras, sua garota e suas pipocas. O filme vai exibir a casa que voce quer ter, o carro que voce precisa e as amigas de sua mulher. É um filme muito feminino. Indicado para patricinhas com mais de 35 anos. Ele é todo bonito, luxuosinho, romântico e engraçadinho. Os homens vão se irritar com tanta peruíce. Mas há algo de muito bom nele : Alec Baldwin. Incrível ! Ele está hilário. Domina o filme, torcemos por ele e é absurdo o que Meryl faz. Quanto a Steve Martin, ele morreu como ator. Foi atacado pela síndrome de Nicole Kidman. Seu rosto se parece com uma cara de boneco velho. Todo inchado, esticado, retocado. Ele está incapaz de ter qualquer tipo de expressão. Rosto congelado. Uma pena, ele era fantástico. O filme termina e voce e sua mulher ( que amou o filme ) vão jantar na noite de domingo. O filme é isso. Ah... tem uma cena com maconha que é muito boa ! Acho que ainda não estreou por aqui. Vai fazer sucesso. A diretora fez aquele filme com Diane Keaton e Jack Nicholson ( ALGUÉM TEM DE CEDER ). Nota 6.
SERÁ QUE ELE É? de Frank Oz com Kevin Kline, Matt Dillon e Tom Selleck
Um show de Kevin Kline ( num cinema ideal ele filmaria mais comédias ). E mais uma comédia maravilhosa de Oz. O cara sabe fazer rir sem apelar nunca. A história de um professor que vai se casar e numa cerimônia do Oscar vê um ex-aluno revelar para todo o mundo seu passado gay. O que rola depois disso é absolutamente hilário. E melhor, ficamos todo o tempo sem saber se Kline é realmente gay. Uma festa !!!!!!!!! Nota 8.