Mostrando postagens com marcador jean gabin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jean gabin. Mostrar todas as postagens
O DURO E FRIO CINEMA POLICIAL FRANCÊS
A Versatil tem lançado caixas com filmes franceses policiais. Filmes feitos nos anos 50, 60, 70 até os anos 80. A opinião que eu tinha sobre o cinema policial francês era péssima. Imaginava filmes cópias dos americanos. Mal feitos, chatos, com diálogos em excesso. Puro preconceito!!!! Mais uma vez eu fui amestrado pela opinião dos críticos que eu lia nos anos 70 e 80 e não me dei ao trabalho de tirar minha própria conclusão. O cinema policial francês, na média, é ótimo. ------------------- De tudo que vi, cerca de 20 filmes, posso dizer que ruins apenas dois, a maioria é diversão competente, em estilo sempre glacial, e alguns são maravilhosos. Por exemplo I...COMO ÍCARO, filme de Henri Verneuil, diretor odiado por aqui. Feito em 1979, tem Yves Montand como um detetive que tenta encontrar o assassino do presidente. O filme tem cenários e clima futurista, e é tenso, triste sem ser chato, e o final doi nos ossos. Político sem ser partidário. É cinema competente, ou, mais que isso, perfeito. SEM MOTIVO APARENTE de Philippe Labro, feito em 1971, tem mais uma atuação marcante de Jean Louis Trintignant. Ele é um policial ao estilo Dirty Harry que tenta encontar um serial killer. Com Dominique Sanda e Laura Antonelli, ele exibe um certo mundo podre da mídia e é uma obra prima do policial. Não há um só minuto que não seja tenso, exato, necessário. O PAXÁ, de Georges Lautner ( todos esses diretores foram famosos em seu tempo. Seus filmes, feitos um por ano, eram exibidos aqui no Brasil com sucesso de público, apesar da má vontade da crítica ). Jean Gabin, velho, o filme é de 1968, procura encontrar um ladrão que anda matando todos os seus parceiros de crime. No processo ele descobre que seu amigo policial passou para o lado do crime. Ver Gabin é uma honra. Ele é o John Wayne, o James Stewart e o Bogart francês, tudo em um homem só. Nunca fica nervoso, parece derrotado, é o mais estoico dos detetives. Bogey ao lado de Gabin parece um aluno da sexta série. O filme, maravilhoso, tem trilha sonora de Serge Gainsbourg. Quando Requiem pour un con toca, juro, eu achei que era um som de 2010 e não de 1968. Há uma cena com Serge no estúdio. Gabin vai lá prender um músico. Serge passa ao lado de Gabin, Serge era baixinho, os dois se encaram. O mundo nesse dia deve ter parado de girar por alguns micro segundos. ENCURRALADO PARA MORRER de Alain Corneau. De 1977, Yves Montand abandona a esposa pela amante, mas a esposa se mata e a policia acha que a amante do marido a matou. Kafkiano. Tenso. Hitchcokiano. Amargo ao extremo. Sublime. Um super filme! -------------- Eu poderia falar de mais maravilhas. Mas fico por aqui. Eu pensava que o cinema de policiais franceses era apenas Melville. Não. O genial Melville deu gás à uma turma maravilhosa que produzia filmes às dúzias. É uma sorte e uma honra poder os assistir em 2023. Aproveite.
O CAIS DAS SOMBRAS, UMA OBRA PRIMA DE MARCEL CARNÉ
Primeiro os créditos iniciais: Schufftan e Alekan são os diretores de fotografia. Alekan inclusive foi homenageado por Wenders em seu filme sobre os anjos em Berlin. Schufftan formou uma legião de diretores de fotografia e nos EUA criou escola. Mais: o cenógrafo é Alexandre Trauner, talvez o maior mestre da cenografia para filmes. Jacques Prévert no roteiro e eis o filme. --------------- Primeira cena e voce já entra no clima: noite, uma estrada cheia de neblina. Um caminhão freia porque há um homem no meio do caminho. Carona. É Gabin em mais um papel mítico. Usa uniforme de soldado, está fugindo, veio da Indochina, colônia francesa. Um cão na estrada, Gabin faz o caminhão desviar, quase briga entre ele e o condutor, fazem as pazes, um Gitanes então. Gabin desce em Le Havre, o cão o segue. Uma cabana grande, bar e hotel, um barraco à beira mar, neblina. O dono do lugar o ajuda, lhe dá comida. Uma mulher, Michele Morgan aos 16 anos fazendo a femme fatale. Boina, capa de chuva transparente, lindissima. A cena em que ela se volta, close, de antologia. Eis o filme noir. Os dois se apaixonam, mas há Michel Simon, seu "padrinho", há um rico metido à gangster, há a fome. Não há vilão mais asqueroso que Michel Simon! Seu rosto, feio como o crime, queixada, olho de cobiça, voz de mentiroso, todo filme com Simon, e são muitos, é uma aula em como ser nojento, como ser repulsivo, mesmo quando ele é o heroi!!!! Pois bem...Gabin herda as roupas e os documentos de um morto da praia, conhece um capitão, irá fugir para a Venezuela ( em 1938 se emigrava muito para lá ). Mas há o amor, antes o amor. Uma noite de amor. E uma ida ao parque, brincar. Os dois descobrem que a vida não é tão ruim, talvez a sorte tenha mudado. Mas ele mata Simon, com um tijolo e tem de partir, sem ela. Na rua, tiros, Gabin morre, foi o playboy que se faz de gangster...Um beijo enquanto ele morre na rua. Ela ficará só. O cão foge do navio, corre pelas ruas, é o fim. ------------------- Conciso, direto, sem nenhuma fala ou cena que sobre, é um filme perfeito. Há obras primas que não são perfeitas, posso citar dezenas, e há filmes perfeitos que não são obras primas. Pois um perfeito para ser obra prima tem de ter um universo inteiro dentro de si. A obra prima, em qualquer das artes, inventa um mundo onde ele reside, ela é centro desse mundo e se torna a onipresença desse kosmos. Ao ver uma obra prima em filme, entramos no mundo daquele filme, um mundo que só existe lá e que TEM DE existir para sempre. Já o filme perfeito, apenas perfeito, não tem uma cena a mais, não mostra falha, jamais hesita, é inexorável. Este filme é as duas coisas, um mundo de neblina e de azar, e de beleza triste, e também uma absoluta concisão perfeita, por isso irretocável. E há Gabin, mais uma vez...desta vez doce, quase bom, sensível e perdido, um desertor, um sozinho. Carné não tem medo algum, ele nos dilacera. O filme é um prazer amargo, um dos meus favoritos, obrigatório.
DOIS CLÁSSICOS DE JEAN GABIN: PEPE LE MOKO e TRÁGICO AMANHECER
Cigarro enfiado na boca de lábios muito finos, olhos frios azuis, cabelo claro e expressão dura, ele quase nunca ri, Jean Gabin foi durante décadas a imagem que a França transmitia ao mundo. Ator dramático glacial, ele tinha na voz, soturna, o ar de quem vivia Camus e Exúpery no sangue. Sua presença, imensa, foi influência geral no tipo de ator dos filmes policiais do mundo inteiro, mas na França ele foi mais que isso, ele era o amante que toda mulher queria. ( Seria interessante pensar no que significa a mudança de Gabin para Alain Delon nos anos 60 e 70, e depois para Depardieu nos anos 80 e 90, o que essa mudança no gosto sifnifica. O Gabin de hoje seria quem? ). Jean Gabin era sólido, firme, forte, mesmo sendo nada mais que um gordinho não muito alto. Ver Jean Gabin comer, beber e fumar é um prazer. LE JOUR SE ELEVE ( TRÁGICO AMANHECER ), de 1939, é um dos muitos filmes clássicos que têm Gabin no elenco. Devo aliás dizer que não há ator com maior número de obras clássicas em seu currículo. Marcello Mastrioanni foi eleito recentemente o ator com mais filmes históricos, James Stewart veio em seguida, mas Gabin no mínimo empata com os dois. Como eu dizia, TRÁGICO AMANHECER tem Gabin, e além dele tem Jules Berry e Arletty, dois ícones da época. Marcel Carné, diretor que fez aquele que é o maior filme da história da França, O BOULEVARD DO CRIME, dirige aqui um dos mais deprimentes filmes já feitos. Gabin é um operário, amargo e doente, que se apaixona por uma jovem. Mas essa jovem, que não é fatal, tem um outro. Que o persegue e o provoca. Gabin mata esse rival. E todo o filme é feito de uma sequência de flash backs em que Gabin recorda sua história enquanto a polícia cerca seu quarto. Não há alívio. O filme é duro e frio como aço. Gabin não tem como escapar e sua vida de nada valeu. Tudo deu errado. E eu imagino como este filme, em 1939, deve ter sido uma porrada na cara do público de cinema. Ele tem sexo, tem amoralidade, e a cena final ainda choca: Gabin dá um tiro em seu peito e cai no chão, o despertador toca, é hora dele ir ao trabalho... -------------- Jacques Prévert, um grande poeta, escrevia os roteiros de Carné e isso fazia com que seus filmes fossem muito falados e muito poéticos. Este não foge à regra. -------------------- Mas vamos falar de um filme ainda maior: PEPE LE MOKO é impressionante. Julien Duvivier dirigiu, e ele foi um dos 5 grandes dos anos 30-40. Nos EUA, fugindo dos nazis, conseguiu manter seu alto nível, coisa que Renoir não conseguiu, e ao voltar para a França manteve sua carreira em bom caminho. Duvivier era mestre em editar, em dar ritmo, em visual criativo. Em PEPE LE MOKO, Jean Gabin é Pepe, um bandido. Ele vive em Argel, não esqueça que em 1937 a Argelia era a França, e Pepe se esconde dentro do Casbah, o bairro árabe, intrincado, hiper povoado, sujo, belo, impenetrável. As cenas, muitas, que mostram o povo e a arquiteura do lugar já valem o filme. Paredes brancas, vielas, ciganos, árabes, chineses, negros, é um caleidoscópio de sol tórrido. Voce sente o calor do filme, voce transpira com eles. Pepe é rei, é o chefão, é amado no Casbah. Mas ele não suporta mais ficar preso lá dentro, não poder ir à cidade, ou melhor ainda, à Paris. Então vem a tragédia: um grupo de turistas ricos vai visitar o exótico Casbah e Pepe se apaixona por uma delas. O que era dificil se faz impossível, ele precisa sair para ficar com ela.... É um filme maravilhoso! Sensual, agitado, confuso, trágico e nunca pesado, inexorável. E real, muito real. Gabin-Pepe pode ficar com a mulher que quiser, mas ele escolhe a mais difícil e a polícia o cerca. --------------- O filme noir americano nasceu aqui, em Gabin e em Duvivier e Carné. Bogart era o Gabin americano. Um cinema necessário. Para lembrarmos do que ele foi. E do que poderá, tomara, um dia voltar a ser.
GEORGES SIMENON
Um amigo, alguns dias atrás, me pediu dica para algum livro bom de ler. Aquele tipo de literatura que é POP mas não é simplória, que narra uma história com engenho, com arte, com sabedoria. Lhe indiquei Durrell e espero que ele tenha gostado. Estes dias tenho visto alguns filmes baseados em livros de Georges Simenon, e este autor belga é dos grandes narradores do século XX. ----------------- Assim como Durrell e tantos outros, Simenon vendia muito. Seus livros eram achados em bancas de jornal, em supermercados, era motivo de resenhas todo mês. Ele produzia muito e apesar de tão popular, Simenon chegou a ser cotado para o Nobel. Seus romances, quase todos, mas não todos, são policiais e Maigret é o comissário de polícia criado por ele. Se voce pensou nos outros grandes autores policiais, esqueça. Simenon é profundamente europeu. Seus crimes são nada sensacionais, a violência é muito mais moral e espiritual que física, e o aspecto psicológico está sempre em evidência. Maigret é pessimista, pesado, mal humorado, parece lento, ranzinza. Seu método é dedutivo, ele observa, recorda, guarda, rumina. Nada há de Agatha Christie em seus livros, os crimes de Christie são como jogos de salão, Maigret cheira a rua, a porões. Os criminosos são sofridos, rastejantes, poços de dor. ------------ Jean Gabin fez sucesso como Maigret no cinema. Assim como Bogart se tornou Sam Spade e é impossível ler os livros sem imaginar Bogey, Gabin se tornou o corpo e a voz de Maigret. O maior ator francês da história do cinema se move com uma naturalidade espantosa. Para ele, interpretar é como respirar, não há esforço aparente em nada do que ele faz. Os filmes, feitos entre 1958-1962, são diversões maravilhosas.
SOBRE CIGARROS E LIBERDADE ( VENDO FILME DE JACQUES BECKER )
Talvez voce não se recorde, mas um dos maiores prazeres na infancia é ver um homem fazer um trabalho bem feito. Recordo da alegria que era ficar o dia inteiro assistindo os pintores trabalharem em minha casa quando ela sofria uma reforma. Eu e meu irmão ficavamos atrás dos pintores vendo eles lixarem e passarem massa nas paredes, pintarem, limparem. Ainda hoje o cheiro de tinta látex me traz boa sensação. Na rua, quando um eletricista consertava algum poste, logo dezenas de crianças se juntavam para observar. Dos maiores prazeres era ver o técnico abrir a TV e revelar o mistério do aparelho cheio de tubos, lâmpadas e fios. Pois bem, assistindo a dois filmes de Jacques Becker, Le Trou e Grisbi, recordo esse deleite. E penso, o grande cinema nos faz recuperer esse prazer puro de olhar. Em Le Trou o que vemos é um grupo de presos escapar, ou tentar escapar, da prisão. O filme dura 3 horas e consegue não cansar mesmo sendo inteiramente feito dentro de uma prisão. Observamos barras sendo lixadas, buraco escavado, porta arrombada, tudo com tão grande detalhe e capricho que voltamos a ser a criança olhando um pintor a pintar. Em Grisbi, filme fetiche meu, o revejo vezes sem fim, vemos Jean Gabin viver sua meia idade. Um bandido que quer se aposentar. Ele come torradas com foie gras, bebe vinho, se veste, e esses são os grandes prazeres do filme, olhar Gabin viver. A câmera o focaliza 100% do tempo. Becker é um diretor sem limites, faz o que quer, se filmar Gabin lendo a lista telefônica conseguirá parecer interessante. ------------------ Mas é do cigarro que desejo falar. Gabin fuma Gitanes no taxi, na rua, no bar, no bordel, no restaurante. E penso, mais uma vez, que o mundo ficou bem chato a partir dos anos 90, quando deixamos que os fumantes se tornassem o primeiro grupo a ser perseguido pelos "bons". Todos sabiam que fumar dava câncer, mas essa era uma escolha indivudual e ninguém tinha nada a ver com isso. Então criou-se a história de que existia o fumante passivo e em seguida se fez a conta do quanto custa um câncer de pulmão. Pronto! o fumante era um pária. ------------------ Desde então foram criados centenas de párias, o fumante foi o primeiro. A partir dele tornou-se comum uma coisa que até então era impensável: obrigar um adulto a ser saudável. Mais ainda, vigiar esse adulto todo o tempo. Abriu-se um precedente. Consigo lembrar que dentro de seu carro, ambiente que era privado, meu pai podia dirigir sem cinto, colocar o braço para fora, me levar no colo, fumar. Era uma escolha de um adulto e caso houvesse um acidente ele pagaria por seu erro. Como adulto responsável ninguém se sentia no direito de invadir sua vida. Eu não era fumante e odiava bares e cinemas cheios de fumaça, mas jamais passara pela minha cabeça proibir que pessoas deixassem de viver sua escolha. Eu prefiro uma boate sem fumaça, mas abomino obrigar um fumante a fazer algo que ele não quer fazer. Não fumar. Penso que as pessoas foram abrindo mão de suas escolhas individuais pelo tal "bem de todos", e isso sempre pode ir longe demais. ------------------------ Democracia não é liberdade. Democracia é um acordo onde a minoria aceita obedecer a maioria. Liberdade é individualidade, é uma coisa diferente de democracia. Sociedade livre é aquela onde há democracia e liberdade individual. O cigarro acompanhou o mundo nas décadas mais livres de sua história, entre os anos de 1900 até 1990 ( com várias tiranias, eu sei, mas nunca antes houve tanta liberdade ). Temo que seu fim marque o fim do mundo de Jean Gabin.
GEORGES SIMENON E JEAN GABIN
Um fato pouco notado, é que best seller adulto hoje é, acima de tudo, livro de auto ajuda. Romance que vende muito geralmente é juvenil ou pseudo adulto. Estranho pra mim lembrar que quando comecei a comprar livros, anos 70, Somerset Maugham, Graham Greene e Nelson Rodrigues vendiam em banca de jornal. Vendiam muito. Assim como Agatha Christie e o belga Georges Simenon. Em comum com Christie, o fato de que Georges escrevia muito, são dezenas e dezenas de volumes. Ambos se interessavam por crimes. Ambos tiveram vidas longas. Ambos venderam aos milhões. Ela é ainda hoje um nome familiar. Ele está fora de moda.
Entre 2009-2010 tive meu momento Simenon. Nunca havia lido. Pensava que deveria se pop demais. Preconceito, óbvio. Esqueci que na época em que ele vivia, seu nome era sempre cogitado ao Nobel. Li seis livros dele, gostei de todos. Católico, sua prosa fala da culpa. Ele não é autor de mistério, o que o interessa é a punição. O preço que se paga por aquilo que se faz. O clima é sempre melancólico. Nada há de sexy em seu universo.
Falo de Simenon porque acabo de ver 3 filmes baseados em livros seus. Todos franceses, feitos entre 1959-1963. Todos com Jean Gabin no papel do inspetor Maigret, o personagem icônico que Simenon criou. Os filmes são plácidos. Vemos com interesse, não com emoção. Não há suspense. Tudo é uma marcha rumo ao destino. Maigret é um anjo que decreta a pena.
Ver Jean Gabin no cinema é um gosto adquirido. É preciso ter vivido para apreciar seu cansaço. Gabin é cansado. É um cara que viu tudo. Fumaça de Gitanes. Cachimbo. Ele é duro, mas não violento. É viril, mas está longe de ser um cowboy. Não dá socos, impôe respeito. Gabin é uma aula de como ser um homem velho. É sempre digno, seco, comedido. Nunca se revela. Não é fraco, jamais, mas está longe de ser um super heroi. Aliás todo super heroi é um menino frágil. Gabin é adulto.
Ver Jean Gabin fazendo Maigret de Simenon é um prazer civilizado.
GABIN E GASSMAN
Às vezes sinto pena de cinéfilos novatos. Porque eles serão dirigidos aos filmes errados. Quando ele quiser
conhecer o cinema italiano lhe irão indicar Rosselini e Bertolucci, e no francês lhe falarão de Renoir e Godard.
Pobre jovem cinéfilo...CRIME EM PARIS é um filme de 1947 que acabo de ver. É de Henri Georges Clouzot, e ele é
talvez, o melhor diretor da França, o que não é pouco. O ciúme é o tema. O crime. A sordidez. Um marido que planeja
matar sua esposa. Mas tudo acontece errado. Tem Louis Jouvet. Que ator!
Vi um noir de Henri Decoin também. Com Jean Gabin, o grande mito do cinema de lá. Gabin é velho, é gordo, é lento no
andar e no falar...mas ele é eficiente! Ninguém dá dinheiro como Gabin. Ninguém fuma como Gabin. Não há homem
mais ALFA que Gabin. Jean Gabin é a imagem de um homem que foi extinto por volta de 1960. Eficiente. ANTRO DO VÍCIO É UM
é um filme exemplar. Adulto. Há até uma cena em clube de maconha. Gabin não perde nunca a calma.
Já Vittorio Gassman é o italiano no que tem de mais charmoso. E Dino Risi sabia o dirigir. O TRAPACEIRO. Grande filme.
Ele é um ator que vira ladrão. Uma festa. Se Gabin é contenção, Gassman é expansão. Queremos ser amigos de Vittorio!
. Veja!
NICOLAS CAGE/ DORIS DAY/ COCTEAU/ BERGMAN/ MANOEL DE OLIVEIRA/ JOE WRIGHT/ GABIN
FÚRIA SOBRE RODAS de Patrick Lussier com Nicolas Cage e Amber Head
Barulho e corpos decepados. Mulheres nuas em cenas não-sensuais. Machismo a enésima potência. E Cage no meio daquilo tudo. Adoro filmes de ação sem cérebro. Sou fã de Jason Statham e fui de Bruce Willis/ Mel Gibson. Mas filmes de ação precisam de leveza, de algum humor. O que vemos aqui é grosseria pura e nada de emoção. Video-game em que voce não joga, assiste e engole. Estamos no ponto mais baixo do cinema. Nota ZERO.
A TEIA DE RENDA NEGRA de David Miller com Doris Day, Rex Harrison e Myrna Loy
Um elenco superior para um filme comum. Doris é esposa aterrorizada por telefonemas anônimos. Rex é seu marido e Loy uma amiga. Tem classe, mas o roteiro não se distingue por nada de especial. Serve para fãs de Hitch que gostam de conhecer suas imitações ( meu caso ). Doris, uma atriz sempre subestimada, segura o papel. Nota 5.
INVERNO DA ALMA de Debra Granik com Jennifer Lawrence
Por entre toneladas de entulho, bando de zumbis esfomeados e drogados vaga sem destino e sem nada para se ocupar. Uma menina deprimida vai à procura do pai em meio a esse mundo lixo ( que não é o meu ). É só isso. Um filme perfeito para quem confunde arte com depressão, ou que mostrar a verdade é mostrar gente zumbi. Se voce viajar grandão no filme, voce até pode imaginar que há ali a constatação do fim da figura paterna/deus e dos restos de coisas tentando ocupar esse vazio. Vazio que é inescapável. Mas o filme é realmente tão rico? Ou ver isso é empurrar sentidos que ele não merece ter? A atriz não atua, apenas fica zanzando pelo set. Foi dificil ficar acordado. Nota ZERO.
A BELA E A FERA de Jean Cocteau com Jean Marais e Josette Day
Para se avaliar um clássico é preciso vê-lo mais de duas vezes. Na primeira vez em que vi este filme ( 1991 ) chamei-o de obra-prima. Na segunda vez ( 1999 ) apenas de um excelente filme. Agora o considero um filme interessante, bonito ( a foto é de Henri Alekan ) mas nada de tão grandioso assim. Nosso gosto se apura com o exercicio do olhar e do escutar. Em 91 o que eu conhecia de cinema? Bom..... A história é aquela do desenho Disney. Claro que numa chave mais adulta. Cocteau, para os meninos que não sabem, foi poeta, coreógrafo, pintor, diretor de cinema e escritor. Bom em todos esses ramos, genial em nenhum. Amigo de Picasso, Matisse e toda a turma boêmia da Paris 1920/1940, seus filmes sempre possuem um visual rico, sonhador, poético. Mas também apresentam sempre algo de flácido, suave demais. É o caso. Nota 6
SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA de Manoel de Oliveira com Ricardo Trêpa
Se Clint Eastwood viver mais vinte anos terá a idade que Manoel tem hoje. Um milagre! E tomara que Clint ( e Woody ) consigam. Manoel de Oliveira é pouco apreciado em Portugal. Seu sucesso vem da França e da Espanha. Fácil saber o porque: ele expõe aquilo que os portugueses não gostam em si-mesmos. Aqui ele pega um conto de Eça e faz um filme de uma hora, apenas. E que filme é esse? Uma radiografia sobre a facilidade com que um amor nasce dentro de uma pessoa, e a mortal capacidade que esse amor tem de se escapar. Se amar é fácil, perder um amor é mais fácil ainda. O filme nada tem de trágico. Aliás, nada tem de emocionante. A paixão é exposta como coisa fria. E o fim é ainda mais frio. As cenas nunca são bonitas, são precisas, simples, naturais. É um tipo de cinema diferente, distante, de cenas longas, nada espetaculares. Em meio a tanta bobagem é um alivio. Mas por outro lado, há uma ostentação cultural, um pedantismo que chega a irritar. De qualquer modo, quando um ator recita um poema de Fernando Pessoa ( Alberto Caieiro ) faz-se a luz. É uma cena maravilhosa. Manoel de Oliveira não é de nosso tempo. Seu filme parece ter sido feito por um contemporâneo de Machado de Assis, Proust ou Thomas Mann... E ele o é. Nota 6.
O SÉTIMO SELO de Ingmar Bergman com Max Von Sydow, Bibi Andersson e Gunnar Bjorson
Quando temos diante de nós um filme como este, tudo o que podemos fazer é ajoelhar e bater palmas. O prazer em assisti-lo é inenarrável. Se voce não compartilha desse prazer, sorry, voce não sabe o que perde. Morte, história, coragem, jogo, estes os temas do filme. Bergman constrói cenas sobre cenas que nos ficam gravadas na cabeça como sonhos acordados. É, como diz Pauline Kael, o único filme medieval que parece ter sido feito na época. Bergman compreende o que foi aquele tempo. De certa forma, ele viveu seus conflitos em termos de culpas medievais. Foi um homem que enfrentou o dragão. Inescapável marco do cinema. Nota DEZ.
ARDIDA COMO PIMENTA de David Butler com Doris Day e Howard Keel
Doris está adorável como Calamity Jane, a heroína do oeste, com jeito e roupas de homem. Keel é um cowboy seu amigo. O filme, musical, mostra sua transformação em mulher atraente. É um musical de sucesso, mas não é um dos grandes. Em que pese o talento de Doris e de Keel, o filme tem uma encenação comum, pouca ousadia em seus números. È apenas uma diversão ligeira, da época em que se produziam filmes às toneladas. Nota 6.
GAINSBOURG de Joann Sfar com Eric Elmosnino, Laetitia Casta e Lucy Gordon
Um bom filme sobre um ícone. Sfar surpreende: caso raro de bio que não sente pudor em amar seu objeto. Serge é tratado como personagem de lenda, de conto de fadas. A encenação é rica, e suas canções estão lá ( La Javannaise é a melhor ). Bacana terem lembrado de France Gal, mas bem que podiam ter dado um jeito de colocar Anna Karina. A terceira parte, quando ele encontra Birkin, é a melhor. O encontro com BB é o pior resolvido. De qualquer modo, é obrigatório para fãs, para francófilos e para quem gosta de boa música. Para o resto será uma surpresa. Eric tem atuação de gala, mas Serge não era tão feio! Lucy é uma Jane convincente ( sim, se usavam saias tão curtas ) e Laetitia está longe da beleza de BB. Pena Claudia Schiffer não ser mais jovem.... A atriz que faz Grecco nada tem da esquisitice da musa existencialista. No mais, é um filme sobre um homem muito sexólatra feito de forma estranhamente pudica.... Sinal dos tempos.... Nota 7.
HANNAH de Joe Wright com Saoirse Ronan, Cate Blanchet e Eric Bana
Ainda não passou aqui este novo filme do excelente diretor de Desejo e Reparação e de Orgulho e Preconceito. Do que trata? Saoirse ( excelente ) é uma menina criada pelo pai ( Bana ) para saber se defender. Na verdade ela é parte de uma experiencia que não deu certo. Blanchet é a agente governamental que fez parte do projeto e que agora quer eliminá-la. Sentiram o drama? É HQ das mais banais. E o filme é esquizo até o osso. Wright, um talento enorme, trabalha com esse roteiro banal e faz misérias com as cenas. Não há um excesso de cortes, não há violência demais. Mas há a criação de um clima angustiante e principalmente, Wright consegue fazer um filme de hoje que se parece com futuro distante. Vemos aquele mundo sórdido, à Blade Runner, e percebemos que é nosso mundo, é agora. Um filme cheio de erros ( o pior é a trilha sonora vulgar ) mas que deixa se perceber o talento, grande, de seu diretor. Nota 6.
A TRAVESSIA DE PARIS de Claude Autant-Lara com Jean Gabin e Bourvil
Demorou mas virei fã de Gabin. Acho que precisamos de uma certa idade para gostar de seu jeito lento, duro, seco e mal-humorado. O chapéu de lado, o cigarro em toco, as mãos gordas. O maior mito francês em cinema. Aqui ele é um pintor bem sucedido que se envolve com o contrabando na segunda guerra só para ver como é. Ele ama a vida e quer conhecer esse lado de viver entre contrabandistas desesperados. Seu camarada é um apavorado e afobado pobretão, sempre nervoso e quase estragando tudo. O que eles contrabandeiam é carne de porco ( há a morte de um porco no começo que pode ofender alguns ). O filme, filmado nas ruas escuras de Paris, é uma diversão deliciosa. Assistimos com interesse a caminhada desses dois perdidos pela cidade tomada pelo medo e por soldados nazistas. E é lindo ver a Paris escura, fria, suja, pobre, da guerra. Nota 7.
Barulho e corpos decepados. Mulheres nuas em cenas não-sensuais. Machismo a enésima potência. E Cage no meio daquilo tudo. Adoro filmes de ação sem cérebro. Sou fã de Jason Statham e fui de Bruce Willis/ Mel Gibson. Mas filmes de ação precisam de leveza, de algum humor. O que vemos aqui é grosseria pura e nada de emoção. Video-game em que voce não joga, assiste e engole. Estamos no ponto mais baixo do cinema. Nota ZERO.
A TEIA DE RENDA NEGRA de David Miller com Doris Day, Rex Harrison e Myrna Loy
Um elenco superior para um filme comum. Doris é esposa aterrorizada por telefonemas anônimos. Rex é seu marido e Loy uma amiga. Tem classe, mas o roteiro não se distingue por nada de especial. Serve para fãs de Hitch que gostam de conhecer suas imitações ( meu caso ). Doris, uma atriz sempre subestimada, segura o papel. Nota 5.
INVERNO DA ALMA de Debra Granik com Jennifer Lawrence
Por entre toneladas de entulho, bando de zumbis esfomeados e drogados vaga sem destino e sem nada para se ocupar. Uma menina deprimida vai à procura do pai em meio a esse mundo lixo ( que não é o meu ). É só isso. Um filme perfeito para quem confunde arte com depressão, ou que mostrar a verdade é mostrar gente zumbi. Se voce viajar grandão no filme, voce até pode imaginar que há ali a constatação do fim da figura paterna/deus e dos restos de coisas tentando ocupar esse vazio. Vazio que é inescapável. Mas o filme é realmente tão rico? Ou ver isso é empurrar sentidos que ele não merece ter? A atriz não atua, apenas fica zanzando pelo set. Foi dificil ficar acordado. Nota ZERO.
A BELA E A FERA de Jean Cocteau com Jean Marais e Josette Day
Para se avaliar um clássico é preciso vê-lo mais de duas vezes. Na primeira vez em que vi este filme ( 1991 ) chamei-o de obra-prima. Na segunda vez ( 1999 ) apenas de um excelente filme. Agora o considero um filme interessante, bonito ( a foto é de Henri Alekan ) mas nada de tão grandioso assim. Nosso gosto se apura com o exercicio do olhar e do escutar. Em 91 o que eu conhecia de cinema? Bom..... A história é aquela do desenho Disney. Claro que numa chave mais adulta. Cocteau, para os meninos que não sabem, foi poeta, coreógrafo, pintor, diretor de cinema e escritor. Bom em todos esses ramos, genial em nenhum. Amigo de Picasso, Matisse e toda a turma boêmia da Paris 1920/1940, seus filmes sempre possuem um visual rico, sonhador, poético. Mas também apresentam sempre algo de flácido, suave demais. É o caso. Nota 6
SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA de Manoel de Oliveira com Ricardo Trêpa
Se Clint Eastwood viver mais vinte anos terá a idade que Manoel tem hoje. Um milagre! E tomara que Clint ( e Woody ) consigam. Manoel de Oliveira é pouco apreciado em Portugal. Seu sucesso vem da França e da Espanha. Fácil saber o porque: ele expõe aquilo que os portugueses não gostam em si-mesmos. Aqui ele pega um conto de Eça e faz um filme de uma hora, apenas. E que filme é esse? Uma radiografia sobre a facilidade com que um amor nasce dentro de uma pessoa, e a mortal capacidade que esse amor tem de se escapar. Se amar é fácil, perder um amor é mais fácil ainda. O filme nada tem de trágico. Aliás, nada tem de emocionante. A paixão é exposta como coisa fria. E o fim é ainda mais frio. As cenas nunca são bonitas, são precisas, simples, naturais. É um tipo de cinema diferente, distante, de cenas longas, nada espetaculares. Em meio a tanta bobagem é um alivio. Mas por outro lado, há uma ostentação cultural, um pedantismo que chega a irritar. De qualquer modo, quando um ator recita um poema de Fernando Pessoa ( Alberto Caieiro ) faz-se a luz. É uma cena maravilhosa. Manoel de Oliveira não é de nosso tempo. Seu filme parece ter sido feito por um contemporâneo de Machado de Assis, Proust ou Thomas Mann... E ele o é. Nota 6.
O SÉTIMO SELO de Ingmar Bergman com Max Von Sydow, Bibi Andersson e Gunnar Bjorson
Quando temos diante de nós um filme como este, tudo o que podemos fazer é ajoelhar e bater palmas. O prazer em assisti-lo é inenarrável. Se voce não compartilha desse prazer, sorry, voce não sabe o que perde. Morte, história, coragem, jogo, estes os temas do filme. Bergman constrói cenas sobre cenas que nos ficam gravadas na cabeça como sonhos acordados. É, como diz Pauline Kael, o único filme medieval que parece ter sido feito na época. Bergman compreende o que foi aquele tempo. De certa forma, ele viveu seus conflitos em termos de culpas medievais. Foi um homem que enfrentou o dragão. Inescapável marco do cinema. Nota DEZ.
ARDIDA COMO PIMENTA de David Butler com Doris Day e Howard Keel
Doris está adorável como Calamity Jane, a heroína do oeste, com jeito e roupas de homem. Keel é um cowboy seu amigo. O filme, musical, mostra sua transformação em mulher atraente. É um musical de sucesso, mas não é um dos grandes. Em que pese o talento de Doris e de Keel, o filme tem uma encenação comum, pouca ousadia em seus números. È apenas uma diversão ligeira, da época em que se produziam filmes às toneladas. Nota 6.
GAINSBOURG de Joann Sfar com Eric Elmosnino, Laetitia Casta e Lucy Gordon
Um bom filme sobre um ícone. Sfar surpreende: caso raro de bio que não sente pudor em amar seu objeto. Serge é tratado como personagem de lenda, de conto de fadas. A encenação é rica, e suas canções estão lá ( La Javannaise é a melhor ). Bacana terem lembrado de France Gal, mas bem que podiam ter dado um jeito de colocar Anna Karina. A terceira parte, quando ele encontra Birkin, é a melhor. O encontro com BB é o pior resolvido. De qualquer modo, é obrigatório para fãs, para francófilos e para quem gosta de boa música. Para o resto será uma surpresa. Eric tem atuação de gala, mas Serge não era tão feio! Lucy é uma Jane convincente ( sim, se usavam saias tão curtas ) e Laetitia está longe da beleza de BB. Pena Claudia Schiffer não ser mais jovem.... A atriz que faz Grecco nada tem da esquisitice da musa existencialista. No mais, é um filme sobre um homem muito sexólatra feito de forma estranhamente pudica.... Sinal dos tempos.... Nota 7.
HANNAH de Joe Wright com Saoirse Ronan, Cate Blanchet e Eric Bana
Ainda não passou aqui este novo filme do excelente diretor de Desejo e Reparação e de Orgulho e Preconceito. Do que trata? Saoirse ( excelente ) é uma menina criada pelo pai ( Bana ) para saber se defender. Na verdade ela é parte de uma experiencia que não deu certo. Blanchet é a agente governamental que fez parte do projeto e que agora quer eliminá-la. Sentiram o drama? É HQ das mais banais. E o filme é esquizo até o osso. Wright, um talento enorme, trabalha com esse roteiro banal e faz misérias com as cenas. Não há um excesso de cortes, não há violência demais. Mas há a criação de um clima angustiante e principalmente, Wright consegue fazer um filme de hoje que se parece com futuro distante. Vemos aquele mundo sórdido, à Blade Runner, e percebemos que é nosso mundo, é agora. Um filme cheio de erros ( o pior é a trilha sonora vulgar ) mas que deixa se perceber o talento, grande, de seu diretor. Nota 6.
A TRAVESSIA DE PARIS de Claude Autant-Lara com Jean Gabin e Bourvil
Demorou mas virei fã de Gabin. Acho que precisamos de uma certa idade para gostar de seu jeito lento, duro, seco e mal-humorado. O chapéu de lado, o cigarro em toco, as mãos gordas. O maior mito francês em cinema. Aqui ele é um pintor bem sucedido que se envolve com o contrabando na segunda guerra só para ver como é. Ele ama a vida e quer conhecer esse lado de viver entre contrabandistas desesperados. Seu camarada é um apavorado e afobado pobretão, sempre nervoso e quase estragando tudo. O que eles contrabandeiam é carne de porco ( há a morte de um porco no começo que pode ofender alguns ). O filme, filmado nas ruas escuras de Paris, é uma diversão deliciosa. Assistimos com interesse a caminhada desses dois perdidos pela cidade tomada pelo medo e por soldados nazistas. E é lindo ver a Paris escura, fria, suja, pobre, da guerra. Nota 7.
Assinar:
Postagens (Atom)