Li no ano passado, em janeiro, A Valise do Professor, livro desta mesma autora. Achei que havia ali alguma coisa. Então, agora neste janeiro, termino de ler este Quinquilharias Nakano. E posso dizer: eis uma escritora que permanecerá.
Hiromi Kawakami é da minha geração. Ganhou prêmios no Japão. E possui um segredo: sua escrita é mágica. Temos uma história simples, quase simplória. Há um local que vende quinquilharias. Coisas que não chegam a ser de antiquário. O dono namora algumas mulheres. Sua irmã é uma artista que faz bonecas. Na loja temos dois funcionários, um rapaz tímido e a narradora da história, uma jovem de 25 anos. Nada acontece de extraordinário. Clientes entram e saem, casos amorosos começam e terminam, gente morre, leilões ocorrem, faz frio e faz calor. Mas a autora faz com que nada disso pareça chato. O livro é de uma leveza e de um humor delicado que conquistam. É uma escrita erótica. Não por falar de sexo, mas porque a autora nos seduz com suas frases objetivas, refinadas, exatas.
Quando um livro é bem traduzido, este é por Jefferson José Teixeira, temos contato com ritmo da língua original. Desse modo, um livro bem traduzido do francês, traz aquele caráter divagante e ao mesmo tempo racional da língua. Do russo se mantém a cadência dura, e do alemão a perspectiva sempre analítica. Pois aqui, do japonês, percebemos a delicadeza da linguagem. Há nas frases um pudor que não vejo em nenhuma outra. O que se fala é 90% referente a imagens e objetos. Pouco se fala sobre estados mentais. Mal se analisa o que se sente. Isso cria encanto. Respiramos as imagens. Nos sentimos livres do excesso de psicologismo da literatura do ocidente moderno.
Nos apaixonamos pela loja e pelos quatro personagens centrais. Sentimos pena quando o livro termina. São apenas 220 páginas que poderiam ser 500. Poderia ser uma série. Poderia ser cartoon. Poderia ficar décadas no ar.
Preciso de mais traduções dessa autora encantadora. É um livro-tesouro.
Hiromi Kawakami é da minha geração. Ganhou prêmios no Japão. E possui um segredo: sua escrita é mágica. Temos uma história simples, quase simplória. Há um local que vende quinquilharias. Coisas que não chegam a ser de antiquário. O dono namora algumas mulheres. Sua irmã é uma artista que faz bonecas. Na loja temos dois funcionários, um rapaz tímido e a narradora da história, uma jovem de 25 anos. Nada acontece de extraordinário. Clientes entram e saem, casos amorosos começam e terminam, gente morre, leilões ocorrem, faz frio e faz calor. Mas a autora faz com que nada disso pareça chato. O livro é de uma leveza e de um humor delicado que conquistam. É uma escrita erótica. Não por falar de sexo, mas porque a autora nos seduz com suas frases objetivas, refinadas, exatas.
Quando um livro é bem traduzido, este é por Jefferson José Teixeira, temos contato com ritmo da língua original. Desse modo, um livro bem traduzido do francês, traz aquele caráter divagante e ao mesmo tempo racional da língua. Do russo se mantém a cadência dura, e do alemão a perspectiva sempre analítica. Pois aqui, do japonês, percebemos a delicadeza da linguagem. Há nas frases um pudor que não vejo em nenhuma outra. O que se fala é 90% referente a imagens e objetos. Pouco se fala sobre estados mentais. Mal se analisa o que se sente. Isso cria encanto. Respiramos as imagens. Nos sentimos livres do excesso de psicologismo da literatura do ocidente moderno.
Nos apaixonamos pela loja e pelos quatro personagens centrais. Sentimos pena quando o livro termina. São apenas 220 páginas que poderiam ser 500. Poderia ser uma série. Poderia ser cartoon. Poderia ficar décadas no ar.
Preciso de mais traduções dessa autora encantadora. É um livro-tesouro.