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AS COMÉDIAS DA EALING

Não há nada mais inglês que as comédias da produtora Ealing. Feitas entre 1949-1955, elas têm aspecto vitoriano, sombras e lugares meio sujos, personagens excêntricos, conclusões cheias de ironia. Me sinto em casa as assistindo e sim, elas são consideradas alguns dos momentos mais brilhantes da história da arte da tela grande. Michael Balcon reuniu, como produtor, um time que trabalhava junto, diretores, roteiristas, fotógrafos que davam palpite, ideias, sugestões. Não era o humor feito para gargalhar, nada há de pastelão, mas sim aquele que mostra o absurdo da vida, a esquisitice das coisas, a hipocrisia das relações, e nos dá a alegria de saber que a vida não é tão séria assim. AS OITO VÍTIMAS ( KIND HEARTS AND CORONETS ) tem um roteiro genial de John Dighton e tem Dennis Price interpretando um jovem revoltado. Sua mãe, herdeira de um ducado, foi deserdada por ter se casado com um italiano. Ela morre em amargura, e o filho arma a morte de todos os nobres que levam seu nome, para assim ele próprio herdar ducado e castelo. O filme começa com ele na prisão, escrevendo suas memórias às vésperas de sua execução, ou seja, sabemos que o plano não deu certo. São oito vítimas, todas inescrupulosas, aristocráticas, malucas, todas feitas por Alec Guiness, e Alec, gênio, consegue fazer com que esqueçamos que todos são ele mesmo. Dennis Price, ator que foi marcado pelo azar, era alcoolatra e gay, dá um show como o assassino. Torcemos por ele. Há ainda uma Joan Greenwood que faz uma esnobe fútil e interesseira que é sua ruína. Robert Hamer dirige com gosto, tato, sabedoria. ------------------- O MISTÉRIO DA TORRE ( THE LAVENDER HILL MOB ) fala de um emrpegado do Banco da Inglaterra, Alec Guiness, que se une a um pintor modesto, Stanley Holloway, para juntos a mais dois gatunos, roubarem o ouro do banco. O plano é simples e crível e os personagens deliciosos. Como curiosidade, a primeira cena se passa no Brasil, país para onde Alec Guiness fugiu e tem Audrey Hepburn, em seu primeiro papel, tendo uma fala como Chiquita, uma menina de bar. O roteiro, de William Rose ganhou um justo Oscar e o diretor é Charles Crichton, que se tornaria professor de cinema e dirigiria no fim da vida UM PEIXE CHAMADO WANDA. É uma joia do cinema. ----------------- O QUINTETO DA MORTE ( THE LADYKILLERS ) foi refilmado pelos irmãos Coen e deu muito errado. Isso porque não há como recapturar o clima tétrico e dark de uma comédia que se parece com um filme de horror. Cinco ladrões alugam um quarto na casa de uma velhinha onde irão planejar um assalto. Para a velhinha fingem ser um quinteto de cordas. Críticos dizem que a senhora, Katie Johnson, mágica em seu único filme como estrela, representa a velha Inglaterra, calma, correta, sábia, aquela que deu certo, e os cinco ladrões são a Inglaterra que surgia em 1955, perdedora. Alec Guiness é o chefe do bando e sua atuação é uma das maiores da história do cinema. Maníaco, perigoso, asqueroso, infame, ele tem a seu lado o jovem Peter Sellers, que com topete e maneirismos faz um mod. Herbert Lom, que seria o comissário Dreyfuss na série da Pantera Cor de Rosa, é um estrangeiro mafioso de terno preto. Alexander Mackendrick, um grande diretor em todo gênero, dirigiu dando ao filme um clima soturno e tomando extremo cuidado com enquadramentos e cor. É um filme estranho, desagradável e ao mesmo tempo um prazer em rever. -------------------- Tenho ainda mais 3 filmes Ealing para ver, dentre eles dois que espero poder ver pela primeira vez a mais de 40 anos. Parabéns a Versátil por ainda nos dar esse presente.

ODEIO-TE MEU AMOR! ( UNFAITHFULLY YOURS ), UM FILME DE PRESTON STURGES PARA AQUELES QUE SABEM OUVIR

Feito em 1948, ano que é um dos melhores do cinema, este filme, já da fase azarada de Sturges, é uma das diversões mais civilizadas que uma pessoa pode ter. O ator principal é Rex Harrison, e voce sabe, quando Rex abre a boca tudo se torna mais chique. Ouvir a voz de Harrison é um dos maiores prazeres da tela e aqui, além de falar bem como sempre, ele mostra também seu dom de grande ator dramático, pois apesar de esta ser uma comédia, há cenas de ressonância muito, muito séria. Observe a cena no banheiro, quando ele afia a navalha pensando em matar a esposa. Veja a maldade aterradora exibida em sua face. É momento de um grande ator, e Rex é, ao lado de Alec Guiness, um dos grandes atores que transitam do mal à bondade, da leveza ao peso com absoluta facilidade. E, como se não bastasse, poucos filmes têm cenários tão bonitos, tão bem decorados. Não bastasse ser divertido, o filme é uma aula de finesse. Amamos observar Rex se vestir, fumar, viver em meio àquele conforto extremamente civilizado. -------------------- Preston Sturges tinha um carinho especial por este seu roteiro e em 1948 finalmente o filmou. O filme foi seu primeiro fracasso, ele vinha de 7 sucessos seguidos em apenas 4 anos. Crítica e público não aceitaram a frieza do enredo, o modo como mais da metade do filme é uma fantasia do maestro interpretado por Rex. O enredo é inteligente, como era inteligente tudo que Sturges escrevia. Rex Harrison é um grande maestro. Vaidoso, ele é casado com uma mulher que o adora, Linda Darnell. Mas seu cunhado, Rudy Valee, pessoa chata, que ele odeia, contratou um detetive, que ao vigiar a esposa do maestro, descobre uma possível infidelidade. No começo o maestro despreza a descoberta, mas o ciúme está plantado nele e então, enquanto rege sobre o palco, ele imagina 3 reações diante da esposa: o assassinato, o perdão e o suicídio. Vemos tudo isso acontecer dentro de sua mente e depois, na vida real, ao optar pelo assassinato, testemunhamos a extrema falta de jeito do maestro. O que posso dizer? É um filme fascinante. ---------------------- Preston Sturges, fenômeno de sucesso e de arte, perdeu tudo em apenas 5 anos. De gênio e dono do próprio destino, à desempregado e pária de Hollywood. Ficou por isso esquecido da história do cinema por 30 anos e retornou à moda, triunfante, nos anos 90. Seu cinema é malicioso, amoral e criativo. Ele era uma alma livre. Dirigia, escrevia, produzia. Todos os seus filme falam de mentirosos, de enganos, de quase gênios ingênuos e de larápios pervertidos. Tudo é possível e tudo acontece do modo como nunca esperávamos. Ele sempre nos surpreende. Cada cena é exata, e ela sempre parece rumar para um ponto e então desviar para outro. Não há diretor algum parecido com ele. Mas há dúzias de diretores que o amam. Ver seus filmes é um prazer e em tempos que odeiam o prazer, é um ato de rebeldia. Aprecie sem moderação.

DOIS FILMES PERFEITOS

   Falo de cara: Voce não vai encontrar dois filmes em preto e branco com fotografia mais fantástica. GREAT EXPECTATIONS e OLIVER TWIST são dois filmes que David Lean fez no começo da carreira, 1947 e 1948, e ambos são considerados as mais brilhantes adaptações de Charles Dickens já produzidas para a tela. ( E não há autor mais adaptado que ele ). Guy Green é o nome do genial diretor de fotografia e Oswald Morris o camera man. Green se tornaria diretor de cinema nos anos 60 e Morris venceria Oscar no futuro. Seria o fotógrafo favorito de Huston.
  Jamais esqueço os primeiros minutos dos dois filmes. Em ambos há uma mistura de medo e beleza, horror e estética sofisticada, som e sombras que anunciam tudo o que virá a seguir. Grandes Expectativas é considerado mais perfeito, eu não consigo escolher. No primeiro se conta a história do menino pobre que enriquece graças à uma doação anônima. No segundo, todos sabem, é a história do menino de rua, Oliver. O que vemos? Rostos acima de tudo. Rostos expressivos, fortes, caricaturais, faces que contam uma narrativa, rostos de gente de verdade, sujos, marcados, vivos, muito vivos. Ao redor desses rostos temos os cenários. Labirintos de barracos em Oliver, a mansão cheia de teias e pó em Expectations. Lean usa o expressionismo alemão nos cenários e na luz, mas de um modo muito maior, mais rico, detalhista. Janelas, pisos, escadas, velas, andrajos, canecas, garrafas.
  Expectations é quase surrealista. Há nele o espírito dos sonhos. Já Oliver é um filme de horror. Tudo assusta, tudo causa medo. Os atores são brilhantes. John Mills, Francis Sullivan, Martita Hunt, Robert Newton, Jean Simmons...e também essa força da natureza Alec Guiness.
  Reli recentemente a auto bio de Guiness e o livro de Kenneth Tynan sobre ele. Na bio o mais bonito é a conversão religiosa de Guiness. Ele se torna católico num processo detalhista e lento. Fora isso, Alec Guiness, um eterno disfarçado, fala sobre quem ele conheceu e não sobre si mesmo. Tynan diz que ele foi o primeiro ator moderno da Inglaterra. Ao contrário das estrelas Olivier, Gielgud e Redgrave, Guiness fazia um papel, não se exibia, se escondia atrás do personagem. Laurence Olivier ( assim como Anthony Hopkins e Daniel Day Lewis ) é sempre Olivier fazendo Hamlet, Olivier fazendo Shaw, Olivier fazendo comédia. Alec Guiness não. É o personagem sendo feito por um ator. O Fagin que ele faz em Oliver Twist é um milagre de criação. Ele não tinha 35 anos ainda. Veja o que ele fez.
  Eu vi Oliver Twist pela primeira vez aos 11 anos, na TV, com meus pais. Jamais esqueci o choque. A cena da morte de Nancy se gravou na minha mente como a coisa mais violenta e revoltante que já assisti. Revisto, após tantas cenas gore em tantos filmes mais novos, ela ainda choca. Por que? Pelo uso que Lean faz do cão berrando, da cara de Newton e do porrete. Não vemos nada, mas imaginamos. Ele nos faz ver sem ter visto. Por isso fica gravado em nós.
  É preciso ver os dois filmes.

HÁ MALES QUE VÊM PARA BEM- A AUTOBIOGRAFIA DE ALEC GUINNESS

   Não cumprimente Alec Guinness por seu papel em Star Wars. Ele odeia. E assume que o filme serviu apenas para lhe dar um fim de vida confortável. Isso era dito em 1980. E era verdade.
   Na Grã Bretanha do século XX, Alec nunca fez parte do quarteto supremo: John Gielgud, Ralph Richardson, Laurence Olivier e Michael Redgrave. Alec era do grupo dois: Charles Laughton, Richard Burton, Marius Goring, Tom Courtney, John Mills, Ian McKellen, Cyril Cusak, Albert Finney e Peter O'Toole. Havia ainda o grupo três: Michael Caine, Robert Donat, Peter Sellers, Sean Connery, Paul Rogers, Nicol Williamson, Daniel Day Lewis, Ian Holm, Terence Stamp, Jack Hawkins, Rex Harrison...
   Alec nasceu pobre e passou fome. Começou no teatro muito humildemente e deve sua primeira boa chance ao mito Gielgud. Nesta agradável e bem humorada bio ele não fala tudo. Divide o livro em uma dúzia de capítulos e em cada um conta um relacionamento. São doze histórias de sua vida, não é "a sua vida". Edith Evans, Noel Coward, Gielgud, o alegre Ralph Richardson, Peter Glenville, e as lembranças da Segunda Guerra. Peças, filmes, jantares, festas e algumas viagens. Alec escreve bonito e escreve leve. O livro levante voo.
   Uma época de grandes peças e de atores inesquecíveis. Do afetado Olivier ao humilde Alec. Lógico que o conheço apenas das telas e nelas destaco A PONTE DO RIO KUWAI, que lhe deu um muito justo Oscar, e as comédias da Ealing. Guinness tinha o estilo inglês de representar. O papel vinha de fora para dentro, daí a maquiagem e os tiques. Foi muito famoso e fez vários filmes em Hollywood. Depois foi diminuindo o ritmo e quando George Lucas o chamou em 1977 para Star Wars já filmava muito pouco. Uma nova geração o conheceu. Foi o Ian McKellen para quem tem hoje mais de 45 anos.
   O livro não é fácil de achar. Mas vale procurar.

REX HARRISON/ MIKE LEIGH/ RUPERT EVERETT/ GRETA GARBO/ GUINESS

A CASA DA COLINA de Will Malone com Geoffrey Rush e Famke Janssen.
Grupo de pessoas ficam uma noite numa casa assombrada para ganhar um prêmio. William Castle fez esse filme em 1960. Já era ruim. Hoje é pior. Pra que refazer tanto filme? zero.
O VALENTE TREME TREME, de Norman Z. McLeod com Bob Hope e Jane Russell.
Um dentista medroso se casa com Calamity Jane e assim se envolve em missão junto aos índios. Hope é ótimo, mas é Jane quem domina o filme. Frank Tashlin escreveu o roteiro e detestou o resultado. Foi um big sucesso, visto hoje é apenas OK. Nota cinco.

GUN CRAZY de Joseph H. Lewis, com Peggy Cummins e John Dahl.
Rapaz que sempre foi boa pessoa, mas amante de armas, vira bandido ao conhecer uma garota de circo ambiciosa. O filme é um dos grandes cults da história. Muito adiante de seu tempo, quando lançado fracassou, mas era visto pelo pessoal do cinema com admiração. Tem duas cenas antológicas: o assalto visto de dentro do carro, com diálogos improvisados, e o final, no pântano. Um filme que lembra Godard. Ainda moderno. Nota 9.
THE LAST HOLIDAY de Henry Casa com Alec Guiness
Encantador. Um humano filme inglês sobre um homem simples que tem uma doença rara. Sabendo que vai morrer, gasta suas economias em hotel de luxo. Vários personagens bem desenvolvidos, bem humano sem ser meloso. E Guiness numa atuação mágica. Nota 7.
FARSA DIABÓLICA, de Bryan Forbes com Kim Stanley e Richard Attenborough.
Na época causou impressão. Forbes parecia um novo mestre. Mas em dez anos ele cairia na rotina. Mas este é um grande pequeno filme. Ele nos faz entrar na mente de uma mulher muito perturbada. Ela é uma vidente, o marido é um capacho. Sequestram uma menina. O casal é magnifico! O filme, lento e desagradável, feio de se olhar, é inesquecível. Nota 8.
TOPSY TURVY de Mike Leigh com Jim Broadbent, Allan Corduner, Timothy Spall.
Brilhante! Delicioso! Poucos filmes conseguiram retratar de forma tão perfeita a Londres vitoriana. Gilbert e Sullivan foram Lennon e MacCartney de 1880. Um era fechado e ponderado, o outro ambicioso e farrista. Os atores são tocantes. O filme, dirigido com amor, é quase perfeito. Delicioso. Nota Dez!
O MARIDO IDEAL de Oliver Parker com Rupert Everett, Julianne Moore, Cate Blanchett, Minnie Driver e Jeremy Northam.
Oscar Wilde no cinema é sempre um show. E Rupert nasceu para recitar as frases do irlandês. Mas...Julianne estraga as cenas. O rosto choroso dessa atriz melancólica não combina com o wit de Wilde. De todo modo, é OK. Nota 6.
WITHOUT RESERVATIONS de Mervyn LeRoy com Claudette Colbert e John Wayne.
Uma autora de de best seller cruza os EUA com dois soldados. Ela cai de amores por um deles. Hollywood hiper profissional. Eis o filme bem feito padrão de então. Nada tolo, fantasioso e com atores excelentes. Colbert está very hot, Wayne super boa gente. Bela diversão. Nota 7.
SUSAN LENOX, de Robert Z. Leonard, com Greta Garbo e Clark Gable.
Garbo nunca esteve tão frágil. Ela nos apaixona neste melodrama onde uma garota pobre e abusada em casa foge. Ela se envolve com vários homens, mas Gable é o cara. Os primeiros trinta minutos têm altura de obra prima. Expressionistas e belos. Depois cai um pouco, mas é um filme forte. Gable bem jovem, nota 7.
TODOS OS IRMÃOS ERAM VALENTES de Richard Thorpe com Robert Taylor e Stewart Granger.
Uma aventura perfeita. Tem rivalidade entre irmãos, caça à baleia, motim, romance, ilhas, reviravoltas. É diversão que nunca cessa. Excelente! Nota 9.
ODEIO-TE MEU AMOR de Preston Sturges com Rex Harrison e Linda Darnell.
Foi o primeiro fracadsofracasso de Sturges, hoje está reabilitado. Rex dá um show como o maestro que desconfia da esposa mais jovem. Escutar Rex atuar é um dos grandes prazeres do cinema. O filme é criativo e eu o adoro. Humor negro. Nota Dez.

MANKIEWICZ/ BETTE DAVIS/ AVA/ BOGEY/ REDGRAVE/ ALEC GUINESS

PELE DE ASNO de Jacques Demy com Catherine Deneuve, Jean Marais e Jacques Perrin
Um rei viúvo, que prometeu a esposa se casar apenas com uma mulher que fosse mais bela que a rainha, descobre que a filha é essa pessoa. O conto de Perrault adaptado em 1970 por Demy, tem música de Legrand e fotografia de Cloquet. E mesmo assim é de uma bobice exemplar. Demy foi um deslumbrado. Se apaixonou pela nouvelle vague e depois pelos hippies que conheceu em LA. Une aqui o pior desses dois mundos. Claro, é um prazer ver Marais, o ator de Cocteau, mas é pouco. Nota 2.
ESCRAVOS DO DESEJO de John Cromwell com Bette Davis, Leslie Howard e Frances Dee.
O romance de Maugham fez de Bette uma estrela. Passado em Londres, o filme conta a história do médico, de pé deformado, que se apaixona por uma garçonete, que o usa e joga fora. O filme foi um sucesso e é bom, apesar de Bette. Porque apesar deste papel ter feito dela a estrela da Warner, seu desempenho é fake. Um sotaque cockney exagerado e uma vulgaridade de carnaval. Mas vale pela boa produção. Nota 5.
QUEM É O INFIEL? de Joseph L. Mankiewicz com Jeanne Crain, Linda Darnell, Ann Sothern, Kirk Douglas e Paul Douglas.
O roteiro, do diretor Mankiewicz, ganhou o Oscar de 1949. E é brilhante! Três amigas, casadas, vão passar um fim de semana numa ilha. Longe de telefones, elas recebem de um amigo uma carta. Essa carta diz que nessa hora, o marido de uma delas está fugindo com outra. Essa outra é a estrela da escola, antiga amiga das três. Essa carta faz com que cada uma delas se recorde do seu casamento, de um momento de crise, de alguma injustiça cometida. Qual deles fugiu? Mankiewicz dirige de sua maneira segura, pausada, firme de sempre. O filme, visto pela terceira vez, se mantém como diversão de primeira. Ainda atual, ele une drama, humor e muito suspense. O elenco, como em todos os filmes do diretor, se destaca. É este o primeiro papel de Kirk Douglas. Pode ver. É ótimo. Nota 9.
A MALVADA de Joseph L. Mankiewicz com Bette Davis, Anne Baxter e George Sanders
Um dos mais famosos filmes de Hollywood, conta a história da atriz veterana que é usada por uma fã que inveja seu status. O roteiro, do diretor, tem algumas das melhores falas wit da história. E há Bette, num de seus grandes momentos que não lhe deu um merecido Oscar. Ela consegue transmitir vulnerabilidade e vaidade ao mesmo tempo. Sua voz, rouca, traz sensualidade decadente. É um papel de genialidade. Mas o filme tem mais. Tem George Sanders exalando maldade, tem suspense e uma Anne Baxter quase ao nível de Bette. É um filme maravilhoso, perfeito, histórico e deu um Oscar a Mankiewicz como diretor. E mais um como escritor. Obrigatório para quem queira saber o que significa um bom diálogo. Nota DEZ!
A CONDESSA DESCALÇA de Joseph L. Mankiewicz com Humphrey Bogart, Ava Gardner e Edmond O`Brien
A história, cheia de fel, de um diretor humilhado por um produtor. Também é a história de uma atriz, ninfo, que não dá a mínima para a fama e que se casa com um milionário impotente. O filme deveria ser forte, mas não é. Ele quer ser tão irado que passa do ponto. O drama é exagerado, as cenas na Espanha parecem falsas e até Bogey se perde. Ele não combina com o papel. Talvez seja o pior filme do diretor, apesar de ser uma obra bastante famosa. Nota 4.
O AMERICANO TRANQUILO de Joseph L. Mankiewicz com Michael Redgrave, Audie Murphy e Bruce Cabot
Um filme fascinante que encerra o pequeno festival Mankiewicz que montei para mim mesmo ( eu sei que faltaram muitos outros....fica pra outra ).  O tema é fascinante! No Vietnã de 1954, vemos um repórter inglês, frio e distante, que tenta não se envolver na guerra, se envolver com um americano comum, que surge em Saigon para fazer comércio. Os dois viram conhecidos, disputam a mesma mulher e tudo vira um pesadelo em meio a guerra dos vietcongs contra a França. Well...para quem não sabe, o Vietnã lutou contra a França até os anos 60 e quando venceu teve de lutar contra os EUA por mais dez anos. E venceu. Este filme foi filmado em Saigon, e só isso já faz dele experiência invulgar. Foi nesse ano e nessa guerra que Robert Capa morreu. Redgrave, pai de Vanessa, dá seu show costumeiro. Vemos o inglês perceber o quanto ele foi covarde, mole, inativo. Todo o filme tem jeito de documentário e na rica filmografia do diretor é um dos melhores. Foi um fracasso na época, e nesta era do dvd está sendo redescoberto. A fotografia de Robert Krasker é excelente. Nota DEZ.
A VIDA PRIVADA DE SHERLOCK HOLMES de Billy Wilder com Robert Stephens, Colin Blakeley e Genevieve Page.
Billy num de seus últimos filmes, falha terrivelmente nesta tentativa patética de filmar um caso de Holmes como um tipo de comédia realista. O filme não pega fogo. E o roteiro, algo sobre um submarino, tem um interesse nulo. Nota 1.
VIVA A LIBERDADE de Roberto Andó com Toni Servillo e Valeria Bruni Tedeschi
Lixo. Um infantil e absurdo conto sobre um senador deprimido que é substituído por seu irmão doido. Claro que ele vira um sucesso! O que há de novo aqui? Porque fazer isso de novo? Peter Sellers o fez. Jack Lemmon fez. Eddie Murphy fez. E todos foram melhores. Nota ZERO.
O PRÍNCIPE de ....com Jason Patric, Bruce Willis e John Cusak
Uma menina se envolve com drogas e o pai vai salvar ela. O pai não é Bruce. É Patric. Cenas de ação frouxas e um roteiro com falas de analfabetos. Sem nota.
UM MALUCO GENIAL de Ronald Neame com Alec Guiness
Guiness escreveu o roteiro. É sobre um pintor genial que pobre, vive de aplicar golpes nos amigos. O personagem é feio, sujo, mentiroso, mal humorado e antipático. É um filme estranhíssimo. Nada nele nos seduz. E é um filme importante e bom. Vemos a Londres suja de 1957. Uma cidade ainda em ruínas, escura, pobre, com seus primeiros mods. O ambiente salva o filme. Nota....hmmm....5.
CRIME É CRIME de George Pollock com Margareth Rutherford e Ron Moody
Uma agradável aventura da velhinha Miss Marple, a detetive amadora criada por Agatha Christie. Crimes entre um grupo de teatro, num cidade do interior inglês. Nota 5.

DAVID FRANKEL/ GRACE KELLY/ WOODY/ FREARS/ BETTE DAVIS

   TODOS DIZEM EU TE AMO de Woody Allen com Alan Alda, Julia Roberts, Goldie Hawn, Edward Norton, Tim Roth, Natalie Portman
É sempre um prazer ver esse povo dos filmes de Woody Allen. São intelectuais bem de vida, com suas casas bem decoradas, suas roupas confortáveis e seus dramas sob controle. É gostoso ver esse povo espelhar aquilo que a gente pensa ser. Este é dos que mais gosto. Lembro que em 1999, na tv, ele me ajudou a superar uma grande dor de cotovelo. O filme tem belas cenas em Paris e Veneza. O elenco é deslumbrante. E eles cantam!!! As canções são ótimas. E no fim, em reveillon, eles cantam Hooray For Captain Spaulding, bela homenagem aos irmãos Marx. Nota 8.
   UM DIVÃ PARA DOIS ( HOPE SPRINGS ) de David Frankel com Meryl Streep, Tommy Lee Jones e Steve Carell.
O povo da Folha adorou este filme. Eu achei chato de doer! Frankel faz carreira sólida com filmes tipo nada. Fez o Prada, o Marley e agora este. Seu estilo é nojento, taca música pop em toda cena. O cara tá andando no mercado e lá vem vozinha com piano; o cara tá dirigindo e tome voz e violão...um saco! Usar música pop em filme adianta quando o diretor entende que a música é secundária, ela comenta, não carrega a cena nas costas. Ah, o filme fala de um casal de meia idade que não transa mais. Todo o filme são sessões de terapia. Meryl faz caricatura, está nada bem. Tommy está excelente, a hora em que ele se abre é a única cena boa do filme. Típico filme que tenta ser sério e adulto. Erra. Todo adolescente pensa que ser adulto é ser chato e triste. Frankel é um adolescente. Nota 1.
   OS GALHOFEIROS de Victor Heerman com Groucho, Chico, Harpo, Zeppo e mais Lilian Roth
Groucho é anunciado como o grande Capitão Spaulding. Sua entrada é digna do melhor de Bugs Bunny. Adoro este filme caótico! É o segundo da turma, e tem de bônus a adorável Lilian Roth. História? Tem alguma coisa a ver com roubo de pintura. Talvez seja meu filme favorito dos irmãos. Nota DEZ.
   O DOBRO OU NADA de Stephen Frears com Bruce Willis, Rebecca Hall, Catherine Zeta-Jones
Não dá pra dizer que Frears está em decadência, afinal, recentemente ele fez o ótimo A Rainha. Em seu crédito temos ainda Alta Fidelidade, Ligações Perigosas, Os Imorais, Minha Adorável Lavanderia; e meu favorito, The Hit. Mas neste seu mais recente filme, não sei se passou aqui este ano, ele erra feio. O filme não é ruim, é desinteressante. Fala de uma stripper que passa a trabalhar com um agenciador de jogatina. O filme não chega a irritar, Frears sabe dar ritmo, mas nenhum dos personagens importa. São mal escritos. O roteiro é muito, muito ruim. Bruce faz o seu tipo número dois, o "brega meio doido", Zeta-Jones está com um rosto irreconhecível e Hall, filha do grande Peter Hall, um dos maiores do teatro inglês, mostra ser muito boa atriz, mas pouco tem a fazer. O filme é vazio. Nota 2.
   UM BARCO PARA A ÍNDIA de Ingmar Bergman
É o terceiro filme do mestre, de 1947, tempo em que ele ainda aprendia. Bons tempos, um diretor novato podia aprender-fazendo. Bergman só encontrou seu estilo no sétimo filme. Mas aqui já está em semente todo o futuro do estilo Bergman de cinema: mar,  isolamento, conflito com pai, sexo. Neste filme, que em seu tempo jamais poderia ser feito em Hollywood, temos um filho que apanha e bate no pai, esse pai traz a amante para morar com a familia, o filho a rouba do pai. O filme é forte e lembra os amados filmes do realismo poético francês, filmes de Carné, de Vigo, que Ingmar via muito então. Sinto que ninguém sabe filmar praias como ele. Visualmente o filme é primoroso. Nota 7.
   O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE? de Robert Aldrich com Bette Davis, Joan Crawford e Victor Buono
Foi um imenso sucesso nos anos 60, e nos 70 passava muito na tv. Causou um choque em seu lançamento por seu mal-gosto. Hoje parece até elegante. Bette é irmã de Joan. Joan está presa a uma cadeira de rodas. Bette tortura Joan. Motivo? Joan fazia sucesso no cinema dos anos 30, Bette não. O filme é brilhante. Ficamos duas horas presos num misto de horror e admiração, prazer e medo. Aldrich, que logo depois faria a obra-prima The Dirty Dozen, faz miséria. O filme tem ritmo, tem ousadia e um humor hiper negro delicioso. Mas devemos dar vivas a grande, grande, grande Bette Davis. Mal maquiada, velha, suja, ela assusta com sua voz rouca, seu modo bêbado de andar, seus olhos esbugalhados. E melhor, percebemos o quanto ela se diverte em fazer aquilo. É um desempenho fascinante. Se Kate Hepburn foi a única a lhe fazer frente, devo dizer que Kate não conseguia fazer esses tipos tão vulgares. Tudo em Kate parece sempre "alta-classe", mesmo ao fazer gente pobre. Bette não, talvez por não ter a origem "nobre" de Kate, ela fazia mendigas, bebadas e prostitutas como ninguém. Este filme fica com voce. Repercute. Nota 9.
   O CISNE de Charles Vidor com Grace Kelly, Alec Guiness e Louis Jourdan
Na curta carreira de Kelly, este é de seus piores filmes. Em 1910, a mãe de Grace, tenta casa-la com o herdeiro da coroa. Filmado em belo palácio, claro que o filme é bom de se ver. Mas a história é chata, aborrecida, sem nenhuma atração. Guiness está ótimo. E Grace Kelly foi dentre as belas a mais bela das atrizes. Mas...o que fazer com roteiro tão perdido? Nota 2.

ANTHONY MANN/ RESNAIS/ DEMY/ TOURNEUR/ ALEC GUINESS

ERVAS DANINHAS de Alain Resnais com André Dussolier e Sabine Azema
Surpreende a jovialidade de Resnais. Da turma dos pra lá de 80 é ele o que mais ousa. Plasticamente este é bastante nouvelle-vague. Mas está longe do ótimo Medos Privados ou do excelente Amores Parisienses. De qualquer modo, eis um cineasta! Nota 6.
MÚSICA E LÁGRIMAS de Anthony Mann com James Stewart e June Allyson
Na história do cinema americano, dois diretores foram terrivelmente subestimados: Dassin e este Anthony Mann. O homem fez policiais, montes de westerns, épicos e esta bio de Glenn Miller. Uma bio exemplar. Cheia de liberdades com a história, mas jamais traindo o espírito da arte do biografado. De modo leve e colorido, acompanhamos o incio de Miller, seu casamento feliz e o hiper-sucesso. Há uma cena com Louis Armstrong e Gene Krupa em boteco de jazz que é sensacional. Stewart em mais uma aula de simpatia e atuação relax. Nunca perde o tom. Nota 8.
LOLA de Jacques Demy com Anouk Aimée
É bela a França de 1960 com seus carros pequenos, os ternos e vestidos com chapéu e suas meninas bailarinas. Mas há algo de muito flácido neste exercicio de otimismo de diretor "delicado". Na história de prostituta que espera o retorno de seu grande amor, Demy homenageia Ophuls sem jamais chegar perto da leveza do mestre austríaco. Destaque aqui para bela trilha sonora de Michel Legrand e a fotografia brilhante e livre de Raoul Coutard. O filme embaralha finais felizes, mas falta sinceridade e força. Nota 5.
REDE DE INTRIGAS de Sidney Lumet com Peter Finch, William Holden, Faye Dunaway
Forte. Um roteiro irado de Paddy Chayefski joga na tv todo o fel possível. A mensagem é simples: violencia vende. O filme ganhou Oscars para Finch ( póstumo ) que está soberbo como o âncora que enlouquece, e para Faye, hilária como a ambiciosa diretora de programação. É uma excelente diversão e um filme soberbo. 120 minutos de pura raiva e de nenhum mal humor. Nota 9.
AS OITO VÍTIMAS de Robert Hamer com Alec Guiness, Dennis Price e Joan Greenwood
O British Film Institute elegeu esta comédia negra um dos dez maiores filmes ingleses da história. Não é pra tanto. Tem atuação inspirada de Guiness ( fazendo oito papéis diferentes. Foi ele quem inventou essa coisa que Eddie Murphy adora fazer ) e tem bons diálogos. Mas o assistindo reparamos no porque do pessoal do Cahiers ( Truffaut, Chabrol, Godard ) desbancar tanto o cinema inglês da época. Não há o menor sinal de criatividade na direção, não há um take arrojado, uma tentativa nova, nada. Hamer posta a câmera e deixa os atores recitarem suas falas. Felizmente eles são excelentes. Mas falta vida a este filme "chá das cinco". Nota 6.
MEU CACHORRO SKIP de Jay Russel com Freddie Muniz, Kevin Bacon, Diane Lane e Luke Wilson
Diane é linda que dói. Cada close em seu rosto é uma declaração de amor. E temos aqui um filme "de cachorro" muito acima da média desse tipo de filme. Nada de cães que falam. O filme é lacrimoso e engraçado e quem adora cães deve assistir. Como cinema é novela bem fotografada. O cachorro é rei de simpatia. Nota 6 para o filme e 10 para o cão.
A MORTA VIVA de Jacques Tourneur
No inicio dos anos 40 Val Lewton, produtor da RKO, lançou uma série de filmes baratos de horror. Na verdade não são de horror. São peças de estilo, filmes de clima, soturnos. Este fala de Voodoo em ilha tropical. Tem até macumba. Tourneur sabia dirigir de tudo. Este é divertido exemplo de cinema hiper-popular que guardava momentos de invenção. Nota 6.

MIKE NICHOLS/ MOULIN ROUGE/ O SEGUNDO ROSTO/ ALEC GUINESS

QUINTETO DA MORTE de Alexander MacKendrick com Alec Guiness, Peter Sellers e Herbert Lom
Os irmãos Coen refilmaram este filme usando Tom Hanks. Foi um fiasco ! Este é o original. A velhinha é deliciosa. È dela esta comédia muito inglesa em que grupo de ladrões se enrola para eliminar sua senhoria. O filme não é a genialidade que eu esperava. Sua fama é exagerada. Mas tem um show de todo o elenco e um roteiro que vai num crescendo até seu impagável fim. Not 7.
INOCENTE SELVAGEM de Nicholas Ray com Anthony Quinn, Yoko Tani e Peter O'Toole.
Assiti este filme vinte anos atrás, na tv Manchete, de madrugada. Na época o considerei genial. Mostrando como o gosto muda ( no meu caso, com o dvd aumentei muito minha exigência ) revendo-o agora fiquei abestado com sua tolice. Tudo é constrangedor. Quinn faz um esquimó ( o filme é história sobre cotidiano esquimó ) muito mexicano e toda a trama é pobre e previsível. Uma besteira. Nota 1.
ARDIL 22 de Mike Nichols com Alan Arkin, Anthony Perkins, Martin Sheen, Jon Voight, Orson Welles, Art Garfunkel.
Primeiro foi um best-seller com conteúdo, de Joseph Heller. Uma impiedosa sátira à guerra e as corporações. O livro previa a transformação da guerra em negócio privado. O filme, super-produção, num tempo em que se faziam super-produções de "arte", foi gigantesco fracasso de público e de crítica. Por dois motivos : o principal, ele teve o azar de ser lançado com MASH, que é muito melhor e muito diferente. Segundo, é um filme hiper azedo. Tudo nele é desesperança, as cenas são muito cruéis e ele caminha para um final negro e vazio. Mas é um grande filme. Tem uma das mais fantásticas fotografias da história ( de David Watkins ) toda feita às 14 horas ( sim meus caros, podia-se dar ao luxo de filmar toda a película às 14 horas de cada dia ) o que fez do filme um pesadelo "onde todo dia é 14 horas do mesmo dia ". Os atores começam interpretando como em farsa, depois vão se transformando em realistas e terminam num estilo quase documental. Nunca se filmaram aviões tão potentes, pilotos tão perdidos, lideranças tão maldosas. Cenas fortes se sucedem e ele, sem música, sem extras ( parte do clima de pesadelo é obtido pelo quartel sem extras, vazio, só com oficiais ) vai pegando seu interesse, sua atenção. É um filme invulgar, muito ambicioso, corajoso e louco. Atenção aos extras do dvd. Mike Nichols e Steven Soderbergh comentam todo o filme, cena a cena. Soderbergh, fã da fita, confessa já ter visto incontáveis vezes este gigantesco paquiderme, cheio de erros, e com acertos magníficos. Ardil 22 é belíssimo !!!! Nota 9.
CRAZY de Jean Marc Valée
Escreví crítica abaixo. É um filme que me derrubou visceralmente. Mostra com bela sinceridade a fase mais cruel da vida : a adolescência. Voce se apaixona por toda aquela família, principalmente os pais. Filme canadense, com colorida estética anos glitter. Nota 9.
MOULIN ROUGE de John Huston com José Ferrer e Zsa Zsa Gabor
Oswald Morris cria bela fotografia. O filme se parece com tela de Toulouse-Lautrec. E é o que acompanhamos, a vida de Henri de Toulouse-Lautrec. Belos cenários, belas roupas, belas cores. Péssimo roteiro. Huston dirigiu o filme sem interesse ( na maioria de seus filmes ele pouco se interessava ). É um enfadonho e raso novelão sobre um deficiente físico. Nota 2.
O SEGUNDO ROSTO de John Frankenheimer com Rock Hudson
Que bela geração essa americana de 55/65. Lumet, Nichols, Arthur Penn, Peckimpah, Mulligan, Roy Hill, Schaffner, Pollack, Cassavettes e este viril Frankenheimer. Este filme, que tem uma fotografia em p/b do mestre James Wong Howe, fotografia de um modernismo ainda não igualado, é o mais asfixiante pesadelo que já assisti filmado. Conta a história de uma empresa que faz "renascimentos". Voce paga uma quantia e tem seu rosto redesenhado, sua voz remodelada, e novo nome, profissão, endereço, biografia. Todo seu passado é jogado fora e voce recomeça do zero. Mas o filme mostra isso, hoje um sonho mais desejado que em 1966, época do filme, como um pesadelo kafkiano. Nada faz sentido, a vida se torna vazia e sem objetivo, tudo se esvai. Rock Hudson, em atuação perfeita, se rebela e tenta voltar atrás. È impossível, ele pertence à corporação. Seu grito na cena final é momento de horror cósmico. Trata-se de um filme desagradável, corajoso, viril sem respiro. E tem uma cena de cerimônia dionisíaca com pré-hippies muito boa. Nota 8.
REVELAÇÕES de Robert Benton com Anthony Hopkins, Nicole Kidman, Ed Harris, Gary Sinise
O texto é baseado em Philip Roth. O elenco é excelente ( com excessão de Nicole. E houve época em que se achava ser ela grande atriz.....) mas o filme, dirigido pelo flácido e molenga Benton, é uma bomba. Pensar que este diretor já foi roteirista de gênio. E ainda possui um Oscar de direção por Kramer versus Kramer.... Boas idéias são todas desperdiçadas e o filme tem alguns momentos de inacreditável ruindade. Nada convence. E ainda é cheio daquele jeito meio deprê e escuro de filminho de arte anos 2000, diálogos ditos baixinho, momentos de silêncio, violência em surdina... dá um tempo!!!!!!! Que saco! Nota Zero!!!!!