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ROGUE ONE...CAPRA...CHARLES BRONSON...WOODY...WARNER EM GRANDE ESTILO

   ROGUE ONE, UMA HISTÓRIA STAR WARS de Gareth Edwards com Felicity Jones
Nada a ver com a saga de Lucas. É um chatérrimo filme escuro e bem nojentinho endereçado para aqueles teens que acham Star Wars "muito infantil". Para lhes agradar, deram um banho de sujeira no visual da saga, filmaram tudo à noite e aumentaram o niilismo. Isso, faz de conta, é ser mais adulto. Bullshit. Star Wars, e o último episódio mostrava isso, é solar, alegre, leve, e bem anos 30. Este é apenas mais um produto dos anos 2000. Pior, a história, boba, não interessa. Os personagens são esquecíveis e o humor partiu para bem, bem longe. Um lixo.
   ANTHONY ADVERSE de Mervyn LeRoy com Frederic March, Olivia de Havilland, Claude Rains, Edmund Gwenn, Anita Louise.
Warner anos 30. Era assim que se fazia um filme de Oscar: um best seller é comprado. Se faz um roteiro. Se escolhe um elenco e se constroem os cenários. Só então se escolhe um diretor. A história tem de ser longa e rocambolesca. O filme deve agradar o universitário de NY, mas também o caipira de Nebraska. Era um trabalho árduo. O produtor era o cara que unia tudo isso. O filme seguia seu instinto. ( Nada de pesquisas baby ). Aqui temos um ótimo exemplo. O livro, a saga, vai da Itália à Africa, passa por Cuba e Paris e acaba no mar. Se passa entre 1780-1795, época romântica. Os atores são excelentes e todos têm o tipo físico perfeito. O time de coadjuvantes têm carisma e são velhas caras conhecidas. A trilha sonora, de Korngold, é fantástica. Temos romance, tragédia, muita ação, vingança, fugas, golpes, crueldade, dor. As cenas na África são geniais, o filme cresce em seu miolo. Cresce muito. March, um dos grandes atores da época cheia de grandes atores, leva o personagem à perfeição. Consegue fazer crível. Dura quase 3 horas e é um prazer. Seu único defeito é seu final, um pouco corrido demais.
  O SÉTIMO CÉU de Frank Borzage e Henry King com Janet Gaynor e Charles Farrell ou James Stewart e Simone Simon.
Saiu em um DVD a versão original, de 1927, muda, e a refilmagem, de 1936. Fazia tempo que eu não via um filme mudo. Havia esquecido da riqueza das imagens. Os sets neste filme são deslumbrantes. A pobreza de um bairro parisiense made in Fox. Muito clima, muito gótico, muito belo. A versão de 36 ainda conserva a beleza do set, mas a ênfase vai para a ação e não ao clima. O plot fala de um limpador de esgotos que se envolve com uma menina suicida. Há diferenças imensas entre os dois. É uma refilmagem como deve ser, totalmente original. Vale ver. Mas o de 27 é bem melhor. Ambos foram grandes cineastas do começo do cinema.
   PERSEGUIÇÃO MORTAL de Peter Hunt com Charles Bronson e Lee Marvin.
Caramba, ele é bom! Bronson, no Alasca de 1930, salva um cão de uma briga de cachorros. Mas com isso, passa a ser perseguido pelos amigos do dono do cão. Não é um filme de cachorro, o bicho logo morre. É sobre matar para poder viver. Sobre neve. Sobre virilidade. O filme parece ser ruim, mas engrena, e após 20 minutos vemos que é um bom filme para homens. Simples. Bem simples.
  CAFÉ SOCIETY de Woody Allen com Jesse Einsenberg e Kristen Stewart.
Um cara tem de ser muito narcisista para passar toda a velhice refazendo o mesmo filme. Voce já viu cenas de casais andando no parque, voce já viu declarações de amor junto a uma ponte. Voce já escutou as falas pseudo chiques. Voce já viu esses personagens em filmes menos ruins. Mal acredito na cara de pau do sr. Allen. Ele muda o elenco, mistura cenas e refaz um filme de Woody Allen. É óbvio, é bobo, é brega, é chato.
   MIL SÉCULOS ANTES DE CRISTO de Don Chaffey com Raquel Welch
É isso. Humanos e dinossauros vivem na mesma terra e lutam entre si. Sim, em 1966 todo mundo sabia a mais de século que eles não conviveram...mas e daí!!! Em 2017 a gente assiste gente que lança teias e voa em armaduras e não liga! O filme é um desfile de Welch, a sex symbol da época, em bikini de peles. Lindona.
   FARSA TRÁGICA de Jacques Tourneur com Vincent Price e Peter Lorre.
Horror barato em chave de humor. Price mata pessoas para fazer sua funerária crescer. Sua atuação é o máximo do camp. Falsa, cínica, vaidosa, afetada, deliciosa. Voce vê o filme para o amar. E é só.

O MATADOR- VIN DIESEL- JASON STATHAM- WINTERBOTTON- STEVE COOGAN- PERCY JACKSON- TED- BBC

   A ESPIÃ QUE SABIA DE MENOS de Paul Feig com Melissa McCarthy, Jude Law e Jason Statham.
Uma sátira aos filmes de James Bond. Melissa faz uma gorducha apaixonada por Law que é um super agente. Quando ele morre, ela toma seu lugar. O filme é engraçado e chato. Depende da cena. Eu morri de rir com a primeira e a segunda cena de Jason Statham. Ele faz uma gozação com seus papéis habituais. Por outro lado temos algumas cenas que nos desligam. Mas no geral o filme é divertido. Melissa é uma comediante ok. E Law sabe rir de si-mesmo. Nota 6.
   AN INSPECTOR CALLS de Ainsling Walsh com David Thewlis, Miranda Richardson e Ken Stott
Um filme para a Tv da BBC. Adaptação da segunda peça mais vista do teatro inglês, um texto de JB Priestley de 1930. Tem a velha competência da emissora estatal. Boa fotografia, bons atores e um clima de cliché vitoriano. Um Downtown Abbey de suspense. Mas eu achei o texto deplorável, inverossímil e pobre. E pior, a reviravolta final é completamente boring. Como denuncia da classe alta britânica é óbvio, como suspense é previsível. Nota 3.
   VELOZES E FURIOSOS 7 de Jason Ling com Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Jason Statham e Michelle Rodriguez.
Em 2000 foi feito o primeiro filme. Uma modesta diversão estrelada por Paul Walker. O filme, que é simples e muito bom, fez um sucesso inesperado e lançou Vin Diesel ao estrelato. O ator musculoso não conseguiu aproveitar a onda de sucesso e acabou ficando restrito à franquia. Mesmo assim ele é um cara de muita sorte. Porque como ator ele é possivelmente o pior que já vi. Dwayne Johnson a seu lado fica com o porte de Marlon Brando e Paul Walker parece Steve McQueen. A série varia entre filmes bons ( o primeiro e o quarto ) e alguns muito chatos ( o quinto e sexto ). Sempre que tentam complicar a coisa cai. Os filmes são melhores quando se concentram nos carros. Aqui há uma cena numa floresta que é maravilhosa! Ação absurda e bem feita. Mas toda a trama parece ter sido escrita por um garoto de 10 anos. Bêbado. Nada faz sentido. De qualquer modo, se você ignorar as mãos penduradas de Diesel ( ele nunca sabe o que fazer com elas ), o rosto sem expressão de Diesel e sua voz inexpressiva ( além da desastrosa Michelle, uma atriz inexplicável ), você pode se divertir. Pena Dwayne e Jason não aparecerem mais.... Nota 4
    TED 2 de Seth McFarlane com Mark Whalberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman
O que houve com Seth...Ele leva Ted a sério! E quase mata o personagem. Ted, o primeiro, era um filme legal por ser anárquico. Ele ria do politicamente correto e pouco se lixava para as consequências. Aqui Ted é quase bonzinho!!!! Ele vai a julgamento para provar ser um humano. E poder se casar. Ou seja, ele luta para ser aceito. Ted deixa de ser Ted. O filme não está nem perto da graça do primeiro. Tem menos sexo, menos palavrões e as drogas aparecem como brincadeirinha de crianças. Eu amava Ted, aqui ele quase destrói isso. Esqueça. Nota 2.
   PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS de Chris Columbus com Pierce Brosnam, Catherine Keener, Sean Bean, Steve Coogan, Rosario Dawson...
Mitologia para crianças. Ok, vamos ver o que os moleques andam vendo...E carcaça! Deve ser maravilhoso ter 12 anos e ir ao cinema hoje! Quero dizer que eu, aos 12 anos, adoraria um filme como este!!!! Eu ia delirar com a magia, a ação e a viagem e ele se tornaria um filme de saudade quando eu tivesse 50. Mas visto na minha idade...não dá. A mitologia grega é reduzida a uma espécie de "monstrinhos fofos da Disney", a ação é banal e acabei me distraindo de tudo aquilo. Vi o filme a 6 dias e já não me lembro de sua trama. Ao contrário de alguns ótimos filmes juvenis que andei vendo, este não consegue envolver um adulto. Pena. Nota 2.
   UMA VIAGEM PARA A ITÁLIA de Michael Winterbottom com Steve Coogan e Rob Brydon
Um amigo inglês, jornalista, convida um ator de TV para viajar com ele pela Itália. O filme é apenas isso. Os dois viajando pelo país e conversando muito e muito e muito. Felizmente a conversa é ótima! O diretor não enfeita nada, a ação é a conversa, a paisagem correndo ao lado do carro e os restaurantes e hotéis onde eles ficam. Os dois atores interpretam eles mesmos ( na verdade os personagens são Rob e Steve ). Algumas cenas são hilárias. Rob imita Hugh Grant, Jude Law e Michael Caine à perfeição. Morri de rir! O filme é todo assim, leve e bem humorado. Eles falam de coisas sérias: idade, tempo, fama, mas sempre com alegria, cinismo ou até anarquia. Um filme muito gostoso de se ver. Nota 7.
   O MATADOR de Henry King com Gregory Peck, Millard Mitchell e Helen Westcott.
Falei desse filme num texto abaixo. É uma obra-prima. Fala de um matador cansado, alguém que procura ser esquecido. No processo ele não consegue escapar de sua fama. Henry King começou no cinema mudo, fez algumas obras primas e continuou sua carreira até os anos 50, sendo sempre o diretor classe A da Fox. Peck raramente esteve tão bem. Com meia dúzia de olhares e o timbre da voz ele nos comove. É um filme raro, seco, simples, duro e bastante pessimista. Tem de ver! DEZ!!!!!!!!
 

O MATADOR- UMA OBRA PRIMA DE HENRY KING

   A história é de uma simplicidade mítica: um matador está cansado de ser aquilo que ele é. A questão: alguém pode deixar de ser a pessoa que os outros querem ver...
  Sob uma melodia soberba e elétrica de Alfred Newman, Gregory Peck cavalga. Ele vai à um saloon e lá, logo reconhecido, tem de se colocar à prova. Essa sua sina. Por ser um pistoleiro famoso deverá, sempre, ser desafiado. Todo jovem maluco quer o seu lugar. A fama de ter morto o grande matador.
  A fotografia de Arthur Miller é absoluta. Ela abarca todo o set e todos os tons de cinza. As cenas são profundas, vastas apesar de claustrofóbicas.
  E há o rosto de Peck. Ele nunca foi um grande ator, mas ele era mais que isso, era uma estrela. Ilumina o filme. Dá luz sendo obscuro. O rosto está cansado. O Pistoleiro não quer mais ser quem é. Há um desejo imenso de descanso nele. E dolorosamente ele quase consegue chegar lá.
  O que faz de um filme uma obra-prima: prazer, vontade de falar dele, interpretações múltiplas, desejo de rever, muitas cenas que se guardam na lembrança. Este filme tem tudo isso. Ele fala da fama, do destino, do julgamento da comunidade, da impossibilidade de se apagar o que se fez.
  Henry King teve uma longa carreira. Começou ainda no cinema mudo e nele ficou famoso. Passou ao falado e acabou por se especializar em grandes filmes da Fox. Ele fazia de tudo: musicais, westerns, épicos, dramas, e muitas adaptações literárias. Com mais de 90 filmes nas costas, óbvio que nem todos são de alto nível. Mas ele conseguiu jamais fazer um filme ruim. Muitos são bons, alguns são ótimos e cinco ou seis são geniais. Quando a produção era cara, complicada, arriscada, se chamava Henry King. E tudo acontecia.
  Aqui aconteceu. Um filme perfeito.

ALAIN DELON/ CARY GRANT/ HAWKS/ DORIS DAY/ ANNE BANCROFT/ SPENCER TRACY/ AL PACINO

   O INVENTOR DA MOCIDADE ( Monkey Business ) de Howard Hawks com Cary Grant, Ginger Rogers, Charles Coburn e Marilyn Monroe.
É o primeiro fracasso de bilheteria de Hawks e um dos raros de Cary. Hawks vinha de 15 anos seguidos de sucessos quando resolveu fazer na Fox este roteiro de Lederer e Diamond. Os dois são roteiristas que trabalharam com Billy Wilder, e isso explica muito sobre o filme. O humor tem a grossura despudorada de Billy. Não tem o estilo humanista de Hawks. De qualquer modo o filme é tão louco que diverte, além do que o elenco é sensacional. Cary é um cientista que tenta criar a fórmula do rejuvenescimento. Um macaco cobaia mistura elementos e Cary bebe aquilo sem querer. Súbito ele volta aos 19 anos. Passa a ter o comportamento de um teen. Ginger é a esposa, que acaba por voltar aos 14 anos. Monroe faz uma secretária e este é dos seus primeiros papeis importantes. Ainda gordinha, ela é tremendamente sensual. O final, com Cary voltando aos 7 anos e amarrando um adulto na árvore para tirar seu escalpo é uma mistura de hilariedade com o incômodo do excesso de ridiculo. O filme se equilibra o tempo todo nesse fio, de um lado uma soberba alegria, de outro o ridiculo. As cenas com Ginger passam todas do ponto. Cary mantém a elegância. Um grande ator! Quer saber? Após seu encerramento deu vontade de ver outra vez. Nota 7.
   CARÍCIAS DE LUXO de Delbert Mann com Cary Grant, Doris Day e Gig Young.
Doris é a super-virgem. Desempregada, ela conhece o super rico Cary Grant. Ele tenta a seduzir com dinheiro. E consegue! Mas ela é virgem e defende sua honra. Bem, não poderia haver tema mais antigo. Imagino um cara de 15 anos vendo isso! Belos cenários e um Gig Young hilário como um paciente de um freudiano, não conseguem salvar o filme. Cary parece desinteressado, entediado ( este era o tempo em que ele descobria o LSD ). Nunca ninguém, naquela época, percebeu como Doris era sexy? A voz dela é de erguer defunto! Nota 4.
   STANLEY AND LIVINGSTONE de Henry King com Spencer Tracy, Walter Brennan e Cedric Hardwicke.
As convenções do filme de aventuras foram criadas por 3 grandes aventureiros da vida real: Raoul Walsh, Howard Hawks e Henry King. Todas as técnicas criadas pelos 3 são usadas até hoje. Pode-se enfeitar um filme o colocando no espaço, em outra dimensão ou fazer do mal o bem, mas o esquema é exatamente o mesmo. Aqui temos um dos melhores exemplos. Feito em 1939, o filme mostra Stanley, feito por um brilhante Spencer Tracy, partindo para a África desconhecida, em 1870, atrás do paradeiro de Livingstone. Em hora e meia o filme, com ritmo, tem um pouco de tudo: exploração do desconhecido, humor com o amigo do heróis, encontros inesperados, suspense e depois a edificação e o crescimento do herói. Ele retorna à sua terra como um homem melhor. Até uma cena de tribunal temos. Henry King foi um grande diretor. E como ser de seu tempo, dirigiu de tudo, westerns, comédias, dramas e musicais. Nota 8.
   O RIO DA AVENTURA de Howard Hawks com Kirk Douglas e Arthur Hunnicut.
O dvd tem belos extras. A voz do velho Kirk falando do filme, fotos de Michael Douglas aos 6 anos visitando o pai no set e Todd MacCarthy, um dos melhores críticos, falando do filme. Mas, surpeendentemente, a imagem não foi refeita e a foto está em mal estado. Feito em 1952, é o segundo maior fracasso da carreira de Hawks. O público da época estranhou esta aventura lenta, calma, primeira experiência do estilo Hawks de filmagem, que seria mais bem desenvolvida nos filmes seguintes. Como é esse estilo? Focar nos personagens e não na ação. Veja: aqui temos Kirk como um aventureiro no Oeste que vai com um grupo à procura de peles em terras inexploradas. Sobem o rio e encontram aventuras. Muitas. Mas todo interesse do filme é mostrar o cotidiano, o dia a dia, a personalidade de Kirk e de seus companheiros ( dentre eles um excelente Hunnicut fazendo um velho do mato ). Desse modo a sensação que fica é de pouca ação e de muito papo furado, o tal estilo Hawks. MacCarthy descreve bem, achamos o filme falho, mas quando termina queremos mais. Acabamos por gostar daquelas pessoas e desejamos sua companhia. É isso que acontece com os bons filmes de Hawks, o mais discreto dos mestres. O filme tem falhas sim, mas a gente acaba querendo mais. Nota 8.
   MOMENTO DE DECISÃO de Herbert Ross com Shirley MacLaine, Anne Bancroft, Tom Skerrit, Mychail Baryshnikov, Leslie Browne.
Este filme de 1977 tem um recorde. Junto com A Cor Púrpura, é o maior perdedor da história do Oscar. Foram 11 indicações e nenhum prêmio. Na época era moda falar mal dele. Ou melhor, os críticos o detestaram, o público adorou. Hoje a situação é a mesma. Não virou cult. Conta a história do reencontro de duas mulheres de meia idade. Amigas antigas, as duas foram grandes bailarinas. Uma largou tudo ao ficar grávida. A outra persistiu e se tornou estrela em NY. No reencontro se faz o balanço, a briga, a reconciliação. Eu adorei o filme. Assisti sem a menor expectativa e gostei muito. Me emocionei. Ele mostra com sagacidade a questão da idade, da fama e da solidão. E Anne está soberba! A diva é sempre humana, e a mulher é uma diva. A cena da briga entre ela e Shirley foi homenageada em Dancin Days, a novela. Gilberto Braga é um grande fã do filme. A fotografia de Robert Surtees impressiona muito. E vemos a estréia da super estrela e do sex symbol da época, Baryshnikov. Foi indicado a coadjuvante! Faz um bailarino hetero e playboy. Bom. Vemos Marcia Haydée nas cenas de dança, em seu auge como bailarina. Um lindo filme que teve o azar de concorrer nos ano de Annie Hall, Julia e Star Wars. Nota 8.
   UM MOMENTO, UMA VIDA ( Bobby Deerfield ) de Sidney Pollack com Al Pacino e Marthe Keller.
Assisti este filme no cine Astor, em 1978. Senti um profundo tédio. Revendo agora, senti um profundo desgosto. É o pior filme de Pollack, isso é aceito por todos, mas é também o pior de Pacino, e olhe que Pacino fez muito filme ruim. Uma sopa melosa e lenta, metida à filme de arte, sobre um famoso piloto da Fórmula 1. Ele perdeu suas raízes, virou um tipo de robot arrogante. Ao visitar um piloto acidentado na Suiça, conhece uma italiana doidinha que está morrendo...O filme evita o drama e vira um vazio. Tudo é seco e lento. Argh. Vemos James Hunt, Pace e Depailler nas cenas de corrida....que duram cinco minutos!!! Uma enganação...fuja! PS: Keller era um alemã que tinha corpo e rosto, bonito, de Valkiria. Como acreditar que frau Keller é uma italiana maluca????? Aff....ZERO!
   O SOL POR TESTEMUNHA de René Clement com Alain Delon, Maurice Ronet e Marie Laforet
Simplesmente o filme mais chique já feito. Itália em 1960 alcançou um nível de elegância sem ostentação que transparece em cada segundo do filme. Ronet descalço e sem camisa, parece o mais chique dos homens. Delon, com terno claro, com dock sides, com polo, sempre parece modelo da Vogue. Mas, eis o charme, tudo sem formalidade, sem afetação, com certo desleixo. Foi o auge do estilo mediterrâneo, que todos procuram e quase ninguém o revive. Clement consegue, ao seguir o livro de Patricia Highsmith, fazer um filme à altura de suas imagens. Ele é lindo e tem muito suspense. Gostamos de canalha Delon. O ator se confunde com o tipo. Houve ator mais diabólico e bonito? A refilmagem de 1999, de Minghella, colocou Matt Damon como Delon...aff!!! Jude Law era Maurice Ronet. O que era chique virou novo rico, parecia formal e Damon era um teen vestido de adulto. Aqui não! Até a carteira de Delon parece elegante! E temos o final, um dos mais inesperados da história. Um grande filme e um super sucesso de bilheteria. DEZ!!!!!!

PIETRO GERMI/ HARRY POTTER/ PROUST/ NARUSE/ GREGORY PECK/ MAGGIE SMITH

   O SOM DA MONTANHA de Mikio Naruse com Setsuko Hara
Se baseia em livro do grande Kawabata. Mas não espere no filme nada da sensualidade hipnótica do grande romancista. O roteiro opta pelos aspectos externos das perosnagens, não complica e se sai bem. Naruse foi, com Ozu, Mizoguchi e Kurosawa, parte dos quatro grandes do cinema japonês. A trama fala de um pai, seu filho que é infiel a esposa e dessa esposa, que é apegada a familia e ao pai de seu marido. Fosse um filme de Ozu seria leve como uma brisa e belo como uma estação nova, mas Naruse é mais pesado. Sentimos pensa da esposa e raiva do marido. Em Ozu vemos os erros mas os perdoamos. Nota 6.
   O TEMPO REDESCOBERTO de Raoul Ruiz com John Malkovich, Emmanuelle Béart, Vincent Pérez
A dura tarefa de levar Proust as telas é vencida por Ruiz. Ele faz o oposto do que Naruse fez ao adaptar Kawabata, joga no lixo a trama e se concentra no visual. O filme, lindo de se olhar, flutua entre personagens, ambientes, frases, roupas e muito luxo. Para quem leu Proust é uma delicia. É como ver uma coleção de lembranças de uma viagem. Para quem não o leu, que pena! Verá apenas um filme enigmático e sem sentido. Aconselho que o vejam mesmo assim, tentando o usufruir como coleção de clips superiores. Nota 8.
   O CONSELHEIRO DO CRIME de Ridley Scott com Michael Fassbender, Penelope Cruz, Javier Bardem, Cameron Diaz e Brad Pitt.
Belo elenco. Um filme de lixo. Maneirismo sobre maneirismo, fala de um cara tentando entrar no mundo do tráfico entre México e EUA. Loooooongos diálogos sem qualquer importância, loooooongas tomadas tipicas do pior cinema dos anos 80 e a sensação constante de : Vamos! Qual É ????? ZERO!!!!
   HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL de Chris Columbus com Maggie Smith, Alan Rickman, Richard Harris, John Cleese...
Os primeiros trinta minutos são excelentes. Mas logo surge uma certa monotonia. Rowlings aprendeu bem as lições de Lewis, mas Harry Potter é apenas para crianças. Eu adoro desenhos, livros, contos, infantis, mas aqueles que conseguem ser livres da prisão da ïnfantilidade esperta. Aqui, em cada cena, voce percebe o desejo de agradar quem tem 12 anos. E isso exclui todo o resto. Bom ver Alan Rickman em pappel tão bom! Nota 4.
   SONHOS DE UM SEDUTOR ( PLAY IT AGAIN SAM! ) de Herbert Ross com Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Viva.
Feito em 1972, baseado numa peça de sucesso de Woody, o filme é um tipo de ensaio para Annie Hall. Woody é um critico de cinema com mania de Humphrey Bogart. Ele se apaixona pela esposa de seu melhor amigo. Ela é Diane Keaton, que faz aqui Annie Hall. O filme é bom? Quando o vi a primeira vez, em 1987, imerso numa fase Woody Allen, achei ele consolador. E muito pra cima. Agora me decepcionei. Não que seja ruim, é comum. Ross fez boa carreira no cinema. Ah sim, o personagem de Woody vê Bogart, que surge lhe dando conselhos. É a melhor coisa do filme. Nota 5.
   ALMAS EM CHAMAS de Henry King com Gregory Peck
Começa muito bem. Um homem em Londres visita um velho campo de pouso e se lembra da segunda guerra. Depois o filme ameaça ser chato. Não tem ação nenhuma. O que temos é um bando de aviadores com medo de lutar. Mas logo vamos nos interessando pelos caras. É um muito bom filme. Peck é o novo comandante. Duro, frio e nada simpático. Henry King, mestre que fez mais de 200 filmes ( !!!!! ), conduz tudo com sua mão de ferro. É o estilo americano, ele conta a história e que se dane o resto ( que resto?? ). As cenas de ação só acontecem no final. Nota 8.
   THE PRIME OF MISS JEAN BRODIE ( A PRIMAVERA DE UMA SOLTEIRONA ) de Ronald Neame com Maggie Smith, Pamela Franklyn e Robert Stephens
Surpreendente. Na Inglaterra de 1936, acompanhamos uma professora "liberal". Ela consegue fazer de suas alunas meninas ärtísticas" É uma mulher alegre, futil, criativa, agitada...feita por uma Maggie Smith que levou o Oscar em 1969. Mas logo vemos que o que parecia tão bonito não é tão perfeito. Ela tem admiração por Mussolini, revela-se uma egocêntrica sem noção de delicadeza e acaba por se perder em seu mundo ideal. O filme é um bom exemplo do grande cinema inglês da época. Um prazer. Nota 8.
   SEDUZIDA E ABANDONADA de Pietro Germi com Stefania Sandrelli e Saro Urzi
Às vezes faz rir, mas é uma impiedosa exibição do patriarcado e do machismo latino. Na Sicilia, uma menina é seduzida. O sedutor não assume o ato. Chega a cupá-la por o tentar. O pai da menina tenta, em ações mirabolantes, salvar a honra de seu nome. Tudo caminha para o erro completo, um erro faz nascer um erro... Germi fez o genial Divórcio a Italiana. Ele foi um observador dos vicios da Itália que se modernizava. Mas aqui ele erra em sua metragem. O filme seria excelente com hora e meia. Dura duas horas e dez, e a gente tem a impressão que ele passa do ponto. Stefania é uma rainha do erotismo. Nota 6.

COMING HOME( AMARGO REGRESSO )/ DINNER AT 8/ HENRY KING/ DEL TORO/ DON SIEGEL/ MEL BROOKS

   AMARGO REGRESSO de Hal Ashby com Jon Voight, Jane Fonda, Bruce Dern
Parece que Dern vai ganhar seu Oscar em 2014. É ator que trabalhou com Hawks e com Hitchcock. Mas seu filme favorito é este. Feito em 1978, deu a Dern indicação a Oscar de coadjuvante. Perdeu. Mas Voight e Jane ganharam. O filme é muito forte e amargo. Fala daqueles que voltaram do Vietnã. Jane vai trabalhar num hospital e lá se enamora de Voight, um sargento que voltou paraplégico. Há uma cena de sexo belíssima! O drama nunca cai em tédio. E o discurso final de Voight é brilhante. Todo elenco está sublime, Dern chega a dar medo, faz um direitista que pira. Os internos do hospital são ex-soldados de verdade. Talvez seja o melhor filme do grande Ashby, um dos diretores mais influentes de hoje. Nota 8.
   OPERAÇÃO SAN GENARO de Dino Risi com Nino Manfredi e Senta Berger
Tem coisa pior que comédia sem graça? Nota ZERO.
   O LEQUE DE LADY WINDERMERE de Otto Preminger com Jeanne Crain, George Sanders
Saiu numa coleção da Folha. Falta de critério! O filme é ruim. Fico imaginando o neófito, aquele cara que tem preconceito contra "filme velho" e que resolve pegar este na banca. Que mal! Todos os seus preconceitos serão reforçados. De Oscar Wilde nada restou. Fuja!
   THE KILLERS de Don Siegel com Lee Marvin, Angie Dickinson, Clu Gullager e Ronald Reagan
O inventor de Dirty Harry dirige este belo filme bastante Tarantinesco. Para quem conhece o conto de Heminguay, nada a ver. É sempre um prazer ver Lee Marvin! Que ator soberbo! O assassino frio nato! Este filme tem um final clássico. Nota 7.
   EPOPÉIA DO JAZZ de Henry King com Tyrone Power, Alice Faye e Don Ameche
Excelente diversão! A hstória de um maestro com pretensões sérias que vira band-leader de jazz e atinge a fortuna. O filme é alegre, exuberante, uma típica produção classe A dos anos 30. King foi rei da Fox por mais de 40 anos. Profissional, seu senso de ritmo ainda impressiona. Nota 8.
   ALTA ANSIEDADE, BANZÉ NO OESTE e A ÚLTIMA LOUCURA de Mel Brooks
Reassisti esses 3 filmes de Brooks, um rei da comédia grossa dos anos 70. Alta Ansiedade é muito ruim. Uma colagem de cenas de Hitchcock sem eira nem beira. Banzé no Oeste, sobre um xerife negro, ainda faz rir. De longe é o melhor dos 3. Gene Wilder imita o Dean Martin de Rio Bravo. E A Ùltima Loucura é um filme mudo. Não funciona. Gags muito fracas.
   DINNER AT EIGHT de George Cukor com John Barrymore, Lionel Barrymore, Jean Harlow
Sofisticado, chique, esperto, sempre elegante, irônico, Cukor sempre foi um grande diretor. Este é um dos seus melhores. Fala de uma familia em falência, um ator alcoólatra, uma periguete. O elenco é fabuloso e a produção, MGM, esbanja luxo e finésse. Amargo, cruel até, nunca perde seu poder de entreter. John Barrymore, o tio-avô de Drew, tem uma atuação comovente. Um ator canastrão que falido não aceita o fim de sua fama. Quem não conhece o grande cinema americano dos anos 30 tem aqui uma bela chance. Nota DEZ.
   CÍRCULO DE FOGO de Guillermo del Toro
Quer saber? É bem bom! Começa meio devagar, mas as cenas de ação são tão bonitas! Isso mesmo, bonitas! Uma pintura de vermelhos, dourados e céus escuros. A luta em Hong Kong é desde já um clássico: uma das mais belas cenas do ano. O cerne do filme é esse, a plasticidade da imagem. Uma raridade no cinema atual, um filme de ação que preza pela estética. Um grande cineasta! Nota 7.

SOPHIA LOREN/ BILL MURRAY/ DASSIN/ BORZAGE/ ZINNEMANN/ HENRY KING

   UM FIM DE SEMANA NO HYDE PARK de Roger Michell com Bill Murray, Laura Linney, Samuel West e Olivia Colman
Que filme esquisito!!! Fala de um final de semana em que o rei da Inglaterra vem aos EUA com a rainha a fim de visitar o presidente Roosevelt. O rei deseja convencer os EUA a entrar na guerra. Adendo histórico: até então a politica americana era toda isolacionista. O país pouco ligava para a Europa. É aqui que o mundo muda e a América passa a se envolver com o planeta. O encontro é cômico. Roosevelt os recebe na casa de sua mãe, no campo. A realeza é abrigada em quarto comum e vão a pic nic. Esperteza de Roosevelt, assim a opinião pública americana, que odiava reis e Europeus, passa a ver o rei como "gente". O filme é esquisito por ser um  misto de drama e comédia, poesia e arte. É bonito de ver e tem ótimas atuações. Murray tem aqui seu melhor papel. Faz um presidente humano, simpático e mulherengo. Ele mantém um harém ao seu redor. O ator Samuel West faz o mesmo rei que Firth fez no ótimo Discurso do Rei. West está excelente. Hesitante, assustado, reprimido. Uma das amantes de Roosevelt morreu aos 100 anos e foi só então que encontraram esta história com ela. O filme é contado por seu ponto de vista. Aviso que ele começa meio chato e de repente te pega. Nota 6.
   O ÍDOLO DE CRISTAL de Henry King com Gregory Peck e Deborah Kerr
Uma chatice sobre Scott Fitzgerald e sua namorada Sheila Graham. Peck, que não está mal, bebe e bebe e bebe. Kerr é a amante que tenta o salvar. O filme é flácido, embolado, tolo. Nota 1.
   O CASTELO SINISTRO de George Marshall com Bob Hope e Paulette Goddard
Sátira aos filmes de horror. Tem um belo clima e é agradável. O humor de Hope envelheceu mal, o filme é alegre mas não nos faz rir. Dá pra ver. Nota 5.
   UMA AVENTURA EM PARIS de Jules Dassin com Joan Crawford, John Wayne e Philip Dorn
Assisti a caixa com seis filmes sobre a segunda-guerra. Dois deles são tão ruins que não consegui ver. Portanto não falo deles aqui. Este é bom. Mostra a Paris ocupada. Wayne é um piloto que tenta sair da cidade. Crawford ama um 'traidor". Dassin se tornaria depois um diretor maravilhoso. Aqui ele entrega um filme que se deixa ver. Há um belo suspense ao final. Nota 6.
   TEMPESTADES D'ALMA de Frank Borzage com James Stewart e Margaret Sullavan
Este é quase uma obra-prima. Na Alemanha, no começo do nazismo, vemos uma familia ser destruída. Filhos se tornam nazistas, crêem em Hitler e passam a perseguir amigos e vizinhos. Há um pai que é expulso da faculdade onde dava aula e acaba morto em campo de concentração. Stewart, sempre ótimo, é um vizinho que foge do país. Ele volta para salvar sua namorada. O final é bem triste. É um lindo filme. Borzage foi um dos grandes diretores do começo do cinema falado e do fim do silencioso. Nota 8.
   HORAS DE TORMENTA de Herman Shumlin com Bette Davis e Paul Lukas
Roteiro de Dashiell Hammet baseado em peça de Lillian Hellman. Paul Lukas ganhou um absurdo Oscar de melhor ator, batendo Bogey em Casablanca. O filme se passa na América e fala de refugiados. Lukas é um guerrilheiro anti-fascismo que é chantageado por canalha. O filme tem cena forte em que o canalha é morto a sangue-frio. Mas está longe de ser um grande filme. Nota 5.
   A SÉTIMA CRUZ de Fred Zinnemann com Spencer Tracy
Zinnemann sabia do que falava. Ele acabara de fugir do nazismo quando fez este filme. O futuro de Fred seria brilahnte: Julia, Um Passo Para a Eternidade, Matar ou Morrer... Tracy foge de campo de concentração com companheiros e tenta sobreviver. Todos são pegos e executados, ele não. Um achado do filme é mostrar sua reumanização. Algumas pessoas lhe ajudam e ele vai recuperando a fé nos homens. É um belo filme. Nota 6.
   A CIDADE DOS DESILUDIDOS de Vincente Minelli com Kirk Douglas, Edward G.Robinson, Cyd Charisse e Dahlia Lavi
Kirk é um ex-astro que está em clínica psiquiátrica. Tem alta e volta a ativa, Vai a Roma fazer filme com diretor americano decadente. O filme é tétrico. Todos são fracassados, destrutivos, amargos e vazios. Minelli via que seu tempo passara e faz um tipo de auto-retrato cruel. Estranho porque ele sempre foi um diretor amado pelo sistema que ele cospe em cima. Nota 3.
   JOÃO E MARIA CAÇADORES DE VAMPIROS de Tommy Wirkola com Jeremy Renner
Já esqueci deste filme. É um samba do crioulo doido. Se passa na idade média mas tem metralhadoras e roupas à Matrix. Eles NÂO caçam vampiros, são bruxas! Nota 2.
   SUAVE É A NOITE de Henry King com Jennifer Jones, Jason Robards e Joan Fontaine
Henry King novamente no mundo de Fitzgerald. É o último trabalho deste grande diretor. Robards faz o Dr. Diver que se destrói ao salvar Nicole da loucura. O filme se passa entre os muito ricos, hedonistas, futeis. A tragédia de Diver é lutar contra esse mundo, não aceitar o dinherio de sua esposa muito rica. O filme passa longe do romantismo de Scott, mas tem alguns momentos belos, fortes. Bons atores. Nota 7.
   PENA QUE SEJA UMA CANALHA de Alessandro Blasetti com Sophia Loren, Marcello Mastroianni e Vittorio de Sica
Marcello é um taxista. Sophia uma ladra e Vittorio o pai que rouba malas na estação de trens. Apesar de ser sempre feito de trouxa por Sophia, Marcello não consegue a odiar e cai irremediávelmente em suas artimanhas, sempre. O filme é alegre, leve, bom de ver. Atinge magnificência no trabalho dos atores. Sophia, muito jovem, está linda e atua de modo tão fácil, tão prazeroso que faz com que sua arte pareça a coisa mais simples do mundo. O esforço é o que diferencia o talento do gênio. O talento demonstra esforço, o gênio faz o grande com facilidade, como a brincar. Sophia é genial. Assim como Marcello. Que estupendo bobo é esse taxista! Ele passa todo o filme resmungando contra Sophia, tentando se livrar dela, mas sempre volta, vencido, ingenuo, absurdo. Amamos Mastroianni. E há De Sica, o malandro veterano, playboy, fino e mentiroso. O filme mostra uma Itália onde todos são ladrões e todos são feitos de bobos por uma bela mulher. Verdade? Nota 7.

CARNÉ/ RAMPART/ MARY POPPINS/ A VOLTA AO MUNDO/ KING/ DERCY

   OS VISITANTES DA NOITE de Marcel Carné com Alain Cuny, Arletty, Jules Berry, Fernand Ledoux e Marie Déa
Carné dirigiu aquele que é considerado o maior filme já feito na França, O BOULEVARD DO CRIME. Este foi feito imediatamente antes. Rei do movimento do "realismo poético", uma onda de filmes pessimistas e simbólicos, tem roteiro do grande poeta Jacques Prévert. Fala de dois enviados pelo diabo, que na idade média, seduzem dois jovens apenas pelo prazer de seduzir. Mas o enviado masculino se apaixona, o que faz com que o diabo em pessoa apareça para o castigar. Não é uma obra-prima, mas é marcante. Abre possibilidades ao veículo, o da poesia. O elenco é estupendo. Nota 8.
   MARY POPPINS de Robert Stevenson com Julie Andrews e Dick Van Dyke.
Fenômeno da Disney, em termos absolutos é até agora o maior sucesso do estúdio. Otimista, irreal, infantil no bom sentido. Mary é uma babá que chega voando e ensina a compreensão. O filme nada tem de carola, mas é "antigo". Nada tem em comum com o mundo de 2012 ( aparentemente ). A trilha sonora dos irmãos Sherman é uma obra-prima. Se voce ama musicais vai adorar. Se não aprecia o gênero, fuja. Existem musicais que podem converter os não-apreciadores, este não é o caso. Nota 8.
   A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS de Michael Anderson com David Niven, Cantinflas e Shirley Mac Laine
Sucesso de bilheteria, é considerado dos mais fracos vencedores de Oscar de melhor filme ( mas perdeu a melhor direção ). Os críticos o detestam por ter derrotado grandes filmes em 1956. Mas se esquecermos disso é um agradável filme à Sessão da Tarde. Com 4 horas de duração, ele mostra a viagem de Fogg e seu criado Passepartout, bem lentamente. Eles voam de balão e apreciamos a paisagem, andam de trem e vemos a América, navegam e sentimos o mar. Relaxe e aprecie a viagem, mas não espere emoção ou adrenalina, é um tipo de calmante. Obra do produtor Mike Todd, o filme feito em regime de empréstimos e calotes, acabou sendo seu único título. Ele morreu logo depois. São multidões de figurantes, cenários imensos e locações pelo globo inteiro. Feito hoje seria bem mais fácil. Nota 6.
   CISNE NEGRO de Henry King com Tyrone Power e Maureen O'Hara
Não se trata da comédia de Aronofski em que Natalie Portman faz uma bailarina gótica perdida em universo fake. Aqui é um convencional filme de pirata com todos os ingredientes do gênero. Eu sou vidrado em barcos á vela e espadas com caveiras, então me satisfaz. King foi um dos diretores operário da época. Filmava muito, nunca errava, mas também jamais arriscava. Era bem melhor em westerns. Nota 6.
   ABSOLUTAMENTE CERTO!  de Anselmo Duarte com Dercy Gonçalves
Um Brasil pobre, bem terceiro-mundo. Esse país existiu? Gente conversa nas ruas em cadeiras, amigos assistem Tv juntos, na sala, e as janelas têm sempre alguém a olhar a vida passar. O filme, ruim, vale só por isso, retrato antropológico de um mundo ido. Um passeio de Porsche pelo Anhangabaú vale o filme. E Dercy era ótima! Nota 1
   RAMPART de Moverman com Woody Harrelson e Ned Beatty
É sobre um policial. Ele vive em casa num meio feminino, filhas e esposas ( ex e atual ). No trabalho ele é duro, frio, violento. O trabalho de Woody é ótimo, se parece com o Clint ator, cheio de raiva contida. Mas é um filme pequeno. Típico pastiche do cinema dos anos 70 mas feito com o vazio tristonho do século XXI. Imagens pobres, closes fechados, câmera trêmula...antes de o ver eu já sabia a forma que teria. Vamos a um adendo. Há quem me fale que não consegue entender do que eu gosto. Como posso gostar de musical e western? De filmes trágicos e de comédias? Bem... o que me guia é o prazer. Só o prazer. E tenho  prazer em ver algo que me surpreenda, ou que seja estéticamente bonito, ou que me faça rir e chorar. Não me importa se fala de dançarinos ou de detetives, de cowboys ou de crianças. Se seja feito em 1980 ou 1921. Quero ter prazer. Nada de tédio, de sacrifício, de obrigação em me educar ou atualizar. Quero o gosto de ver a inteligência na tela. Certo????  Este filme de prazeroso só tem a atuação de Woody. Nota 5.
   EL CONDOR de John Guillermin com Lee Van Cleef e Jim Brown
Faroeste italiano feito nos EUA. No começo dos anos 70 o western tava tão por baixo que os americanso começaram a imitar a imitação italiana. Resultado: violência barata e heróis porcalhões. Jim foi um astro do futebol americano. Interpreta como um receiver. É um lixo, mas pelo menos o filme assume isso. Torna-se simpático. Nota 3.
  

MONICELLI/ KAZAN/ BILLY WILDER/ MARILYN/ GASSMAN/ SWEET SWEETBACK...

   GREMLINS de Joe Dante
No auge de seu poder juvenil Spielberg produziu para seu amigo Dante este estranho filme divertido. Acho que todo mundo já viu um dia. O roteiro é de Chris Columbus e é preciso dizer que Chris tem um estilo. A gente sente que é coisa dele. Os atores são impagáveis: ruins, perdidos, sem expressão. Mas tudo se compensa pela graça dos bichos, são simples, mal feitos até, e geniais. Pena os atores tão inaptos e um começo que demora a engrenar. Nota 5
   A GRANDE GUERRA de Mario Monicelli com Vittorio Gassman, Alberto Sordi e Folco Lulli
Ninguém fazia comédias como os italianos dos anos 50/60. Eram engraçadas, mas também eram tristes, poéticas. O segredo era esse dom para fazer humor sem perder nunca o pé da realidade. E ter à disposição a melhor safra de atores do mundo. Vejam Gassman. O rosto de nobre-pé rapado que ele tem. A vaidade misturada a mais desamparada miséria. A voz ( Gassman foi ator shakespeariano, dos melhores ), clara e alta, dando entonações de tolice e de pretensão a esse personagem patético. A história? Dois soldados na primeira guerra. A incompetência do exército italiano, a crueldade da violência fria e matemática, o espírito humanista tentado respirar nas trincheiras. Eles são covardes, são sonhadores, se envolvem com prostitutas e com contrabando, e ficam felizes ao poder comer. O filme, imenso, é um tipo de afresco sobre a luta, é cheio de graça, de leveza, de beleza suja. Monicelli havia acabado de fazer uma obra-prima ( OS ETERNOS DESCONHECIDOS )  e na sequencia nos dá mais um filme histórico. Maravilhosa diversão e arte de primeira categoria. Nota 9.
   A CANÇÃO DE BERNADETTE de Henry King com Jennifer Jones
Jennifer ganhou o Oscar com este filme. Filme que é praticamente sua estréia. Fala das aparições de Nossa Senhora para a muito simples ( burrinha até ) Bernadette Soubirous, em Lourdes, no século XIX. O filme tenta ser comedido e consegue. Exibe o clima hiper-racional da época e jamais deixa de insinuar que tudo pode ter sido uma alucinação. Mas para quem tem fé será filme de profunda emoção. Para os descrentes, é um belo conto sobre o que poderia ter sido. Atenção: nada é mostrado como lenda cor-de-rosa. Defeito grave: é longo demais! Nota 6.
   BABY DOLL de Elia Kazan com Carroll Baker, Karl Malden e Eli Wallach
Tennessee Willians escreveu esta história sobre uma mulher-criança que apesar de casada não tem relações sexuais com o marido. Isso ocorre porque o marido empobreceu e ela se sente lesada. O casamento, já em seu primeiro ano, ainda não teve sua lua de mel. O cenário é a vastidão do "sul". Negros desocupados comentam e riem do marido ridiculo. O casarão cai aos pedaços. E surge um "latino", rico, que seduz a menina. As cenas de sedução são das coisas mais eróticas já filmadas. Sem trocar um beijo, sem nenhuma nudez, há uma hiper volatização do desejo. Eli Wallach, como o sedutor, está excelente. Um cafageste ambicioso, mentiroso, vaidoso. Malden faz o marido, tolo, bronco, impotente em seu desejo, ansioso. Baker poderia ter sido uma estrela. Não foi. Linda, faz aqui o que a Lolita de Kubrick não fez, excita. Mas é um dos filmes mais fracos de Kazan. O texto de Tennessee é limitado. Perdemos o interesse no terço final. Daria um bom filme de hora e meia. Apesar dos atores, a nota não pode ser mais que 6.
   O PECADO MORA AO LADO de Billy Wilder com Tom Ewell e Marilyn Monroe
É estranho ver MM. Ela foi tão imitada e caricaturada que vê-la é como ver um cartoon, ela não parece real. É o primeiro personagem virtual da história. Billy, dos grandes diretores de Hollywood é o que menos me agrada. Há algo de muito grosseito nele que me incomoda. O filme, sempre interessante, raramente engraçado, fala de marido que sózinho em casa no verão, passa a se imaginar em caso com a vizinha. É aqui que há a famosa cena da saia de MM se erguendo na rua. O cinema tem 3 cenas emblemáticas, essa, Gene Kelly cantando na chuva e Ingrid Bergman pedindo para tocar As Times Goes By. É um filme de cores fortes, envelhecido, mas que ainda pega pela sua agilidade e pelas boas falas. Nota 6
   O ÚLTIMO DUELO de Budd Boetticher com Audie Murphy
Se hoje existe o terror de rotina e o filme de tiros, antes esse lugar era ocupado pelo western classe B. Quando o western decaiu, seu posto de filme POP, foi ocupado pela ficcção científica. Mas com o encarecimento da sci-fi, hoje esse posto POP é do horror em série e do policial tipo Statham. Este filme, sobre ladrão bonzinho que não consegue se regenerar é ok. O problema é que Audie não me convence. Budd é adorado por alguns críticos. Não é meu caso. Nota 4.
   TIROS NA BROADWAY de Woody Allen com John Cusak, Dianne Wiest, Jennifer Tilly, Chazz Palmintieri, Jack Warden
Um autor de teatro dos anos 20 aceita ajuda de mafioso para produzir sua nova peça. A namorada do gangster passa a fazer parte do elenco e o guarda-costas reescreve o texto, para melhor. Woody de 1994, momento dificil em sua carreira. Cusak é o pior Woody Allen de todos que já o fizeram. Ele exita, se apaga, é como um nada em cena. O filme perde por não termos por quem torcer. Kenneth Branagh foi o melhor ( em Celebridades ). Mas o resto do elenco é excelente ( ele sabe dirigir atores como ninguém ), destaque para Jim Broadbent, que faz um ator inglês que engorda muito. O filme flui bem até sua metade, mas de repente começa a enjoar e seu final é muito ruim. Mesmo assim ele vale pelos belos cenários e pela classe que todo filme de Woody tem. Nota 5.
   SWEET SWEETBACK BAAAADAAASSSS SONG de Melvin Van Peebles com Comunidade Negra
Vamos lá.... Ele subverte tudo e faz um filme que vai contra o que se chama "bom gosto" ou "bom cinema". Cores berrantes, cenas de sexo explícito que nada têm de erótico, perseguições policiais sem climax, escatologia... tudo filmado de improviso, com cenários reais e atores amadores. Sexo com adolescentes, gente no banheiro, shows pornô, música black. Essa é uma visão do filme. Filme mítico que encanta ainda hoje os Tarantinos e que tais. Mas.... ele é irritantemente sem sentido, sem história, gratuito, feio, sujo, nojento e odiável. Qual o porque de se ver alguém no vaso sanitário defecando? Pra que tanta nudez grotesca? Efeitos de cor, qual o sentido? Se Shaft ou Superfly são ainda divertidos em sua tolice cafona e sua vivacidade black, este é um filme antes de tudo ruim, muito ruim. Nota ZERO

WYLER/ JACK NICHOLSON/ AL PACINO/ LUMET/ HAWKS/ RITT/ WOODY ALLEN/ HUSTON

   REBELIÃO NA INDIA de Henry King com Tyrone Power
Sobre um soldado mestiço, que na India inglesa tem de lutar contra seu irmão, irmão que organiza rebelião anti-colonial. Aventura de primeira. King foi um daqueles diretores pau-pra-toda-obra, um tipo de diretor que a partir da nouvelle vague deixou de existir. King mais de vinte sucessos, e mesmo assim continuou a fazer filmes como este: despretensiosos, bem feitos, inteligentes, eficientes. Nota 7.
   OS PINGUINS DO PAPAI de Mark Waters com Jim Carrey e Carla Gugino
Waters surgiu como promessa de bom diretor. Parece que já se perdeu. Carrey um dia teve ambição, já se foi. Eu sempre preferi o Jim Carrey sem pretensão, mas as comédias excelentes que ele fazia não existem mais. Os pinguins são simpáticos, mas o filme é um lixo. Chega a ser revoltante como um profissional pode escrever algo tão idiota. Nota ZERO.
   BEN-HUR de William Wyler com Charlton Heston
Houve um tempo que o filme tipo 'Avatar" era assim: uma aula de história com tinturas de ação e lição de moral. Caríssima produção, longuíssimo, imenso sucesso, montes de Oscars. Heston, apesar dos ataques de um certo idiota, foi um belo ator. Passa credibilidade a um papel muito dificil. A história todos sabem: os amigos que brigam: um é judeu, outro é romano. A ênfase não é na ação, é na lenda. Bonito. Nota 7.
   A HONRA DOS PODEROSO PRIZZI de John Huston com Jack Nicholson, Kathleen Turner, Anjelica Huston e William Hickey
Uma visão meio cômica/ meio trágica da máfia. Nicholson é um matador apadrinhado pela máfia. Ele se apaixona e se casa com uma matadora polonesa. Mas a vida é cheia de surpresas... O roteiro é brilhante, e Huston, aos setenta anos dirige como um garoto. O filme recuperou o sucesso para sua carreira, concorreu a vários Oscars e fez dinheiro. Nicholson está engraçado e melancólico, faz um ítalo-americano meio burro e muito bom profissional. Turner foi uma sex-symbol de verdade. No meio dos anos 80 ela era o máximo. Mas há ainda Anjelica, fazendo a ex-esposa vingativa e o absurdo Hickey, um velhíssimo chefão, numa caracterização irresistível. Fantástico vê-lo babar e gaguejar. Nota 8.
   SERPICO de Sidney Lumet com Al Pacino
Na suja NY dos anos 70, Pacino é Serpico, um cara que sempre sonhou em ser um policial. Mas, ao começar a trabalhar ele se depara com a corrupção no meio. Al Pacino em uma de suas grandes atuações. Serpico é um tira que usa barba, brinco, faz ballet e veste batas indianas. O filme começa como uma quase comédia ácida maravilhosa, mas Serpico vai pirando e Lumet quase se perde. No final o filme se reergue e seu fim é bastante amargo. Na sequencia Sidney Lumet faria Um Dia de Cão e a obra-prima Network. Que grande diretor ele foi ! Nota 7.
   DUELO NA CIDADE FANTASMA de John Sturges com Robert Taylor e Richard Widmark
Ótimo western. Fala de ex bandido, agora xerife, que é sequestrado por seu ex comparsa. A fotografia em cores de Robert Surtees é estupenda. As paisagens são de tirar o fôlego. Sturges teve quinze anos de sucesso, sabia fazer filmes de ação. Um western que indico para fâs e para aqueles que desejam aprender a gostar deste tipo de cinema viril e sincero. Nota 8.
   E AGORA BRILHA O SOL  de Henry King com Tyrone Power, Ava Gardner e Errol Flynn
Versão da Fox para O Sol Também se Levanta de Heminguay. É bacana o retrato da festiva Paris de 1926, a Espanha aparece cheia de sol, de touros e de fiestas, mas nada há no filme do senso de tragédia de Heminguay. Mesmo assim é um filme bom, fácil de ver e sempre interessante. Ava faz uma bela Lady Brett e Errol está ótimo como o escocês bêbado. Este filme seria a salvação de sua carreira se ele não tivesse morrido pouco depois. Nota 6.
   BOLA DE FOGO de Howard Hawks com Gary Cooper e Barbara Stanwyck
É um filme de Hawks que não se parece com Hawks. E é fácil saber porque: o roteiro é de Charles Brackett e de Billy Wilder. O filme tem muito mais o estilo grosso de Wilder que o modo fluido de Hawks. Fala de inocente linguista que se envolve com moça de boate e seu cafetão. O filme é ok, mas tem um ar de conto da carochinha para adultos que jamais funciona. Uma pena.... Nota 5.
   TESTA DE FERRO POR ACASO de Martin Ritt com Woody Allen e Zero Mostel
Na época do MacCathismo, um caixa de bar é convencido por seu amigo escritor -erseguido a ser seu testa de ferro. É a melhor interpretação da vida de Allen. O seu caixa de bar que vira "autor" em nada se parece com sua persona ( embora ele solte às vezes uma piada à Woody Allen ). Ritt era um famoso diretor do bem, seus filmes sempre falavam de injustiças. Foi perseguido pelo MacCarthismo na vida real, assim como vários componenetes deste filme. É uma obra desigual, tem bons momentos e outros fracos. O final é perfeito, ao ser interrogado pela comissão do senado Woody Allen lhes dá a única resposta cabível. Por essa cena vale o filme. Nota 5.
   O SEGREDO DAS JÓIAS de John Huston com Sterling Hayden, Sam Jaffe e Louis Calhern
Uma obra-prima. Há quem o considere o melhor filme de Huston. Não sei se é, mas é tão bom quanto Sierra Madre. Aula de ritmo, fotografia, posição de câmera, atuação. O filme termina e voce já sente vontade de o rever. Foi satirizado pela obra-prima da comédia italiana, Os Eternos Desconhecidos. Caso único de obra-prima satirizada por outra obra-prima. Deu cria ainda a ao menos um grande filme: Rififi de Jules Dassin. Sensacional. NOTA DEZ.