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DIÁRIO DE BORDO - BLAISE CENDRARS
Escritor e agitador cultural, aos 18 anos Cendrars já havia conhecido a Russia e em 1924, sem o braço direito, perdido na Primeira Guerra Mundial, veio conhecer o Brasil, convidado por Paulo Prado e a turma da semana de 22. Ficou seis meses por aqui. --------------- O livro, de um modo breve, um tipo de prosa poética, conta suas impressões da jornada. E por mais que os brasileiros gostem de dizer que ele amou o Brasil, suas mais belas páginas e sua confissão de felicidade pura, se dá na travessia marítima. Uns 75% do livro se passam no mar e é o que de mais bonito há. A gente realmente se sente cruzando o oceano entre portugueses, espanhois e alemães. O sol, as estrelas, o calor, os portos, as ilhas, são páginas pra não se esquecer. ------------- Então ele chega no Rio e vai para Santos, de navio. Santos tem uma boa descrição, as pessoas, o porto silencioso e é bela a descrição da entrada nos canais do porto. A subida da Serra, de trem, é uma mistura de beleza e horror, há algo de feio e de muito belo na floresta tropical. No alto da Serra surge a planície que vai dar em São Paulo, ele fala das casas de barro, da pobreza, das queimadas, da falta de pássaros. -------------- Se hospeda na avenida São João, e para quem vive hoje no Brasil, causa tristeza ler o que Blaise escreve. A cidade era feia, mas transpirava otimismo, trabalho, desejo de vencer, de ganhar dinheiro. Uma febre de progresso na cidade que não parava de construir. Em Higienópolis ele tem a bela visão do Jaraguá, vista que eu conheço bem, na minha infância o morro ainda se via de quase todo ponto da cidade. ----------------------- E logo Blaise já descreve o caminho de volta. Bem mais desinteressante. O que ele leva? Cinco macacos e alguns pássaros. Até cachorro do mato os turistas levam. Isso causa muita estranheza, mas era assim. Ah sim! Como bom europeu, ainda mais sendo um suiço-francês, Cendrars tece elogios a malemolencia da nativa brasileira. O modo como elas andam, falam, se lavam, parecem saudáveis. Terá ele deixado algum herdeiro por aqui? ------------- Amigo de Cocteau, Satie, Milhaud, Abel Gance, Blaise Cendrars viveu o último apogeu das letras da França e esteve envolvido em peripécias que às vezes deram em nada mas que sempre valeram à pena. C'est Tout.
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