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O CISNE DE TUONELA + TAPIOLA - JAN SIBELIUS
Mais duas obras do finlandês Sibelius, desta vez com a Sinfonica de Berlin e Karajan no comando. Caso voce não saiba, Karajan vendeu 40 milhões de albuns em toda a vida. O maestro foi o maior superstar na batuta entre 1965-1985. Sua sonoridade é sempre a mesma: perfeita. ------------- Sibelius é daqueles compositores muito populares e que por isso são muito não apreciados pela crítica. Fiquei muito tempo o evitando por esse motivo. Mas ele é bom, muito bom, basta o escutar. ------------ O cisne de Tuonela, no folclore da Finlandia, é o ser que leva as almas dos mortos para o outro lado. Então sabemos como será o tom desta composição, trágica. Mas não. Mais que trágica é misteriosa. O oboe conduz a melodia sobre uma rio de violinos glaciais. Motivos se repetem. Há algo de Debussy aqui, da aquosidade do frances. É belo, muito belo, e um pouco assustador. ------------------ Tapiola é soberbo. Raras vezes ouvi algo tão...gelado. Toda a orquestra parece tocar dentro da tundra, entre neve e neblina densa, e mais à frente, na segunda parte, o que ouvimos é o som do gelo cortante. Sibelius tem habilidade para evocar imagens e lugares e sua música, apesar disso, não parece de cinema. É música pura. ------------ Ouvir Sibelius me faz entender o porque de minha bronca contra a crítica oficial.
SOBRE OS VÍDEOS ABAIXO
Bruckner escrevia para Deus. O Deus luterano, sério, grave, adulto. Ouvir sua obra é ter a chance da transcendência. Ouça o final da sinfonia número 4, que postei. Ela dura uma hora e vinte. Parece durar seis horas. É longa e exigente. Mas vale muito a pena. Porque ela é som de outro cosmos. Ela eleva. Ela acusa. Assusta. E nos enobrece. Bruckner é generoso. Mas jamais simpático. Sibelius fala da história de seu país. Da escuridão da Finlandia, o nascer da raça e a eterna ameaça russa. É um hino gelado. É sombrio e é heroico. E temos Mendelssohn, música que recorda sua origem primeira: celebração. Que arte martavilhosa a música pode ser!
FELIX MENDELSSOHN. UMA VIDA FELIZ.
Mendelssohn nasceu numa família rica no começo do século XIX. Viveu pouco, mas foi uma vida onde ele pode ser e fazer aquilo que quis. A música foi seu grande amor, e além de compor e tocar, ele ajudou muito músico em apuros. Dizem algumas pessoas que Mendelssohn não foi genial por não ter sentido a necessidade de lutar e não ter sofrido a dor de grandes perdas. Acho isso uma grande bobagem. Mendelssohn foi aquilo que ele pode ser, feliz, um homem feliz que fez música alegre, brilhante, revigorante, solar. Os primeiros minutos de SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO são a trilha sonora perfeita para uma mágica noite de vinho em bosque cheio de vida. A orquestra em Mendelssohn soa como encontro de amigos. Sua música é uma benção. ------------------ Ele é o contraponto exato de Bruckner. Se um é grave e sempre sério, o outro é risonho e sempre esfuziante. Bruckner é o final do romantismo, uma espécie de retorno; já Mendelssohn é o final do classicismo, ele é um coração romântico dentro de uma forma ainda clássica. ------------------------ Hoje Bruckner é bastante valorizado, já Mendelssohn está sendo esquecido. Coisas da psique do tempo que passa. ------------------------------- Me ocorre que música erudita ou clássica deveria ser chamada de música europeia. A arte que vai de Monteverdi à Stravinski, de Bartok à Lassus é 100% fruto do continente europeu. A sinfonia, a ópera, quarteto, concerto para instrumento solo, trios, lieder, são formas e criações europeias. Gershwin ou Villa Lobos lutavam para fazer da música tão europeia uma arte americana. O jazz, o samba, o blues, o tango, o calipso, a rumba ou o reggae são música das américas, 100% daqui. Depois tudo se mistura, mas música clássica com pitadas de jazz ou cumbia sempre soa como um europeu em visita a América. -------------------------- Tão europeia que nem mesmo a raiz grega, por ser oriental, entrou na receita. A música das sinfônicas é italiana, depois francesa, alemã, austríaca, russa, inglesa e polonesa; tcheca e húngara, espanhola e norueguesa. Sim, cabe uma pitada judaica, algo mouro, mas são judeus e mouros que vivem na Europa, que aprenderam piano tocando Bach e violino tocando Vivaldi. --------------------------------- Mendelssohn era judeu. Mas não ouço nada de judaico nele. ----------------- Ah! Ouvi o finlandês Sibelius. Sua música é como chuva. Nunca ouvi nada com tanto sabor de rajadas de chuva fria sobre um convés em brumas marítimas. As notas caem sobre a madeira, voam em forma de gotas, castigam as coisas e as purificam. Adorei.
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