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UM ESTRANHO NO NINHO SERÁ LACRADO
Revi após uns 20 anos o filme que em 1975 ganhou os 5 principais Oscars. Milos Forman dirigiu a adaptação da novela libertária de Ken Kesey de 1963, UM ESTRANHO NO NINHO, onde Jack Nicholson é um presidiário que resolve optar pela pena em uma instituição psiquiátrica. Espírito livre, cheio de energia, ele entra em guerra com a enfermeira hiper rígida e seguidora de regras, papel feito de modo bravio por Louise Fletcher. No elenco vemos gente depois muito famosa, dentre eles Danny de Vito, Christopher Lloyd, Will Sampson. O livro em 1963 era um texto otimista anunciando a liberdade hippie que viria na sequência, o filme em 1975 era um drama sobre a derrota de uma alma orginal, e visto em 2022 ele é o retrato de um tipo de homem que hoje seria execrado pelos seguidores do politicamente correto. ---------------- Há uma cena, no início, em que o heroi recebe um comprimido. Ele se recusa a tomar, dizendo que " não aceita engolir nada que não saiba o que seja ", a enfermeira diz que " aquilo é para seu bem ", e ele a engana fingindo engolir. Daí em diante, por todo o filme, o que vemos é um homem indisciplinado tentando sabotar o sistema da clínica. Ele inclusive não aceita o diagnóstico de seus companheiros de "tratamento", burlando todo modo como a doença é tratada. Chave no processo é sua relação com um gigante índio, dado como incomunicável, mas com o qual ele cria uma comunicação comovente. --------------- Estranho observar como um filme tão central para o cinema dos anos 70 é hoje meio que "esquecido". O personagem de Jack Nicholson seria o que hoje? Um negacionista? Um chato que destroi a pseudo harmonia do sistema? Uma pedra no sapato do que deve permanecer sempre igual? -------------- Tenho a certeza que um ator como Jack Nicholson não caberia na Hollywood de hoje, assim como o artista liberal de 1975 se transformou no mais obediente e covarde dos carneirinhos. O que definia gente como Jack e Warren Beaty era um feroz individualismo, um orgulho em não obedecer regras, um desejo por ser dono de suas decisões. Filmes como este ( e também Mash ou Taxi Driver ) só não são atacados pelos idiotas do Politicamente Correto por dois motivos: 1- Eles não conhecem estes filmes, 2- Ele não os entendem como adultos, percebem apenas o que podem perceber. -------------- Provável que seja apenas a alternativa 1. ------------------ Se em 1975 ele já era um filme de uma melancolia quase aviltante, visto hoje ele é quase insuportável. Assitir a derrota do super corajoso livre e ofensivo é quase como testemunhar o final da dignidade de uma espécie. ----------- Mas o universo é coisa viva. E eu sei e voce sabe que tudo vai mudar. A bravura é indestrutível.
AMADEUS, FILME DE MILOS FORMAN REVISTO HOJE
Biografias...há alguma que faça justiça ao retratado? As melhores são aquelas que disistem de biografar e passam a criar algo novo a partir do biografado. Não sei se deu pra entender, mas é tipo Lawrence da Arábia: já que lendo seu imenso livro, OS SETE PILARES DA SABEDORIA, nada se descobre sobre ele, e T.E.Lawrence permanece inescrutável, então que se faça uma aventura a partir de Lawrence. Lean e Robert Bolt fizeram então um filme que USA Lawrence, mas que não o BIOGRAFA.
Peter Shaffer, autor da peça de sucesso e roteirista deste filme, faz o mesmo. Este filme não mostra de verdadeiro sobre Mozart. Mas homenageia o gênio da música. Nada aqui tem relação com sua vida. Salieri nunca foi um vilão, não tramou contra Amadeus e muito menos o matou. Mozart era feliz, tinha tara por traseiros femininos e adorava falar de fezes e gases. Nisso o filme chega perto, mas ele NÃO ERA um boboca com risos de tonto. Realmente Mozart não tinha o comportamento de um gênio, mas isso por um motivo muito simples: ninguém até sua época tinha. O perfil do gênio veio na geração seguinte à dele, com Byron, Goethe e Beethoven. Antes do tempo dos românticos, gênios como Rembrandt, Leonardo ou Bach eram como Mozart: artesãos preocupados com dinheiro. Produziam. Tinham plena conciência de sua superioridade, mas não carregava nas costas a maldição de ser um gênio, essa invenção egocêntrica de romanticos magoados com o mundo real. Mozart fazia música sabendo ser excelente no que fazia. Fora isso, jogava muito, bebia e era doido pelo traseiro de sua mulher. Suas crises com a nobreza eram as mesmas de qualquer um que deles dependesse.
Eu amei este filme quando o vi pela primeira vez, nos anos 80. O visual é magnífico. Hoje jamais fariam um filme com tanto luxo e tanto detalhe. Praga faz o papel de Vienna e é fotografada, por Miroslav Ondriceck, de modo sublime. Para completar, o foco do filme é a música, não há melhor, e ainda temos Twyla Tharp coreografando tudo. Perfeição. Como todo mundo na época, eu era um esteta e o filme foi um estouro de bilheteria. Todo mundo ia ver. Filas. Revi mais duas vezes: na TV nos anos 90 e em dvd já neste século. Sempre gostei. Ontem menos, bem menos.
Milos Forman, bom diretor, estraga o filme com sua mão pesada. Salieri demais, Deus demais, século XX demais, paralelos com o partido comunista da Tchekolovakia demais. Assisti pensando: chega de Amadeus como rock star! Chega de Salieri como Dracula! Chega dos reis como líderes do PC Tcheco! Onde está o século XVIII? Não está. Nem mesmo nas cenas de ópera que são coreografadas como shows da Broadway. Tudo seria válido se assumisse sua condição de diversão, de homenagem, de pastiche. Mas não. Forman SEMPRE faz filmes com mensagens. E lá vem mais uma cena pseudo séria com Salieri. Por fim, a cereja do carnaval: Mozart dita seu Requiem para Salieri.
Ama deu.
O CINEMA DA NOVA HOLLYWOOD
Eis o box que tenta exemplificar o que foi esse "novo" cinema de Hollywood. Um cinema bem explicado no livro de Biskind, cinema onde os loucos tomaram o controle da indústria. Foi a única vez em que o alternativo tomou posse do núcleo da coisa. Hoje existe cinema alternativo, sempre houve, mas esse cinema não está no centro, está nas bordas, no gueto intelectual. No centro da Fox, Warner, Sony, temos o grande empresário, o marketing, temos Harry Potter e heróis da Marvel. Entre 1969-1979, o centro era de gente doida, ex-hippies, suicidas financeiros, deslumbrados cheiradores, fãs de Godard, cinemaníacos ( hoje os chefões nem sabem quem foi Godard ou Murnau ), motoqueiros. Esse movimento navegou de vento em popa até 1976. A partir daí, os egos perderam o controle e os prejuízos bateram recordes. George Lucas salvou a indústria e o cinema em 1980 era outra vez o que sempre fora: negócio.
O grande erro do livro de Biskind, erro que muita gente aponta, é que ele infla a importância de meia dúzia de diretores e roteiristas da mesma geração, e se esquece de que a revolução foi preparada pela geração anterior, o povo vindo da TV e da publicidade, gente como Sam Peckimpah, Arthur Penn, Peter Yates, John Frankenheimer, Franklyn J. Schaffner, Mike Nichols, Sidney Lumet, Sidney Pollack, Robert Aldrich. Na verdade os filmes desses diretores envelheceram muito melhor. Não são retratos de uma época, são atemporais. Eles mudaram o cinema de dentro pra fora, e nunca se esqueceram do lucro. Uniam arte com entretenimento. Foram grandes. E abriram os olhos do público para o que viria em seguida.
Vamos ao box:
CORRIDA SEM FIM de Monte Hellman com James Taylor, Warren Oates, Laurie Bird e Carl Wilson.
Hellman é um mito hoje. Começou fazendo westerns nos anos 60. Era da turma de Jack Nicholson. Seus filmes são estranhamente vazios. Este fala de um mecânico e um piloto que passam a vida rodando pelos EUA. Vivem de fazer apostas em corridas. E sempre ganham. As cenas são longas e quase não se fala. Os diálogos cabem em uma página. Estranho...enquanto eu via o filme pensei: Mas ele é só isso! Um monte de cenas lentas...Mas hoje, pensando nele, sinto carinho e vontade de rever. É enormemente influente. Lembro que ele passava muito na Tv Tupi. E que o crítico de filmes de Tv metia o pau. Chamava o filme de lixo incompreensível ( naquele tempo os críticos falavam o que queriam falar ). Mas ele estava errado. É um filme invulgar. Ainda original e como dizem nos extras, atemporal. Até as roupas não envelheceram!!! James Taylor era um cara absurdamente bonito. Tem presença. Carl Wilson é o Beach Boy baterista. Morreu afogado nos anos 80. É o único da banda que tem cara de roqueiro. Oates é grande ator. Podia roubar o filme. E Laurie Bird é uma figura apaixonante. Uma menina, jeito de moleque, linda, ela encanta quem a olha. Podia ter sido uma estrela. Mas pirou, fez apenas mais dois filmes e se matou na casa de Art Garfunkel. Eram tempos de exageros. Laurie não quis ser uma estrela. Se voce gosta de cinema...eis um filme. Mas veja sem expectativas. Ele nada tem de sensacional. ( Faço uma piada: é o Velozes e Furiosos de 1971. Seria Lentos e Sombrios. )
PROCURA INSACIÁVEL ( TAKING OFF ) de Milos Forman com Buck Henry, Lynn Carlin e Georgia Engel.
Escrevi bastante sobre esta pequena obra-prima abaixo. Uma menina foge de casa. Seus pais entram no mundo dos jovens para tentar a encontrar. O filme, vivo, brilhante, não toma partido. Forman ama pais e filhos. Não é um filme sobre hippies, é um filme sobre pais. Forman filma rostos, feios, com um amor sublime. É um maravilhoso passeio por um mundo que não existe mais. Filhos não fogem mais de casa. Mudam de endereço. Ou se escondem no quarto.
O COMBOIO DO MEDO de William Friedkin com Roy Scheider e Bruno Cremer.
Quando li o livro de Peter, pensei: como pode um cara estourar o orçamento fazendo uma refilmagem de O Salário do Medo, a obra-prima de Clouzot, filme de 1954 que narra um bando de caminhoneiros transportando nitro por estradas ruins...Bem, Friedkin, entupido de cocaína, conseguiu. Em vinte minutos já percebemos o esbanjamento: cenas em Israel, Paris, América do Sul e numa ilha. Depois, cenas numa vila miserável que teve de ser toda construída. E vai por aí. Ele conseguiu isso por ser o jovem diretor que mudou o filme policial com Operação França, onde ganhou Oscar, e por vir do hit O Exorcista. Mas aqui ele jogou tudo no lixo. E após este fiasco, nunca mais recuperou seu poder. Virou um tipo de diretor pária. ( A 3 anos ele fez um grande filme que ninguém viu ). Pior de tudo: o filme é muito muito muito ruim! Não dá pra assistir. A miséria é caricata, não tem o menor suspense, e todos os personagens parecem fake. Nada se salva, nada. Se eu ainda desse notas seria um zero merecido. É óbvio que o diretor fez o filme sob efeito de muito pó. Lixo puro.
ESSA PEQUENA É UMA PARADA ( WHAT'S UP DOC ) de Peter Bogdanovich com Ryan O'Neal, Barbra Streisand e Kenneth Mars.
Peter não errava! Fizera A Ùltima Sessão de Cinema, depois Paper Moon ( filme maravilhoso ), e então esta comédia que tenta reviver os filmes doidos e leves dos anos 30. Peter era um saudosista. Dizia em entrevistas que o cinema acabara em 1948. Todos os seus filmes, até hoje, são revisões de estilos antigos. Aqui ele homenageia Howard Hawks. Refaz Levada da Breca. Ryan é um musicólogo e Barbra uma ricaça doidinha que o persegue. Todos acabam em um hotel. Há uma montanha de personagens secundários excelentes. E perseguições em ruas de San Fran. Mas falta alguma coisa...Ryan não é Cary Grant. Bom...até Cary Grant dizia não ser Cary Grant. Mas Ryan não sabe fazer comédia. Ele se perde. Não parece natural. E Barbra faz o que pode. Mas contracena com um poste. ( Ryan era uma estrela em 1973. Love Story ). Do meio para o fim o filme melhora muito. É um bom filme, se voce esquecer Hawks vai parecer melhor. Em tempo: Peter era o caretão da turma. Sua carreira foi destruída em seu filme seguinte: Daisy Miller. Apaixonado por Cybbil Shepperd, ele começou a fazer filmes para ela e perdeu a mão. ) Esta comédia foi um sucesso enorme. Lembro dos cartazes deste filme no jornal do meu pai. Bons tempos, estavam em cartaz na cidade, além deste, Alice Não Mora Mais Aqui, A Conversação, O Fantasma da Ópera de De Palma, O Fantasma da Liberdade e A Última Noite de Boris Grushenko...além de Gritos e Sussurros...pois é.
A OUTRA FACE DA VIOLÊNCIA ( ROLLING THUNDER ) de John Flynn com William Devane, Tommy Lee Jones e Linda Haynes.
Na famosa lista de seus 10 filmes favoritos, Tarantino cita este em décimo. Achei que jamais sairia aqui, é um filme bem pequeno de 1977. No Texas, dois soldados voltam do Vietnã. Então um deles sofre um assalto e parte pra vingança. Devane dá um desempenho brilhante, Linda é perfeita e Lee Jones, bem jovem, tem uma presença magnética. Violento, seco, viril, é um western passado nos anos 60. Pessimista. Um bom filme.
VOAR É COM OS PÁSSAROS de Robert Altman com Bud Cort e Sally Kellerman.
Quase ao mesmo tempo que MASH, Altman fez este filme. ( Brewster MacLoud é o nome do filme ). E que filme doido!!! O assisti na Globo aos 14 anos de idade. Entendi nada. Revejo agora. Entendi, mas ainda não compreendi. René Auberjonois faz uma aula sobre pássaros. Ele vai pontuar todo o filme. Bud Cort é um menino, parece Wally de Onde Está Wally, que deseja poder voar. Sally é uma mulher misteriosa que ajuda o menino a voar. Tem um serial killer, uma menina que se masturba debaixo de panos, um policial suicida, um governador gay, uma groupie, um carro roubado e muito cocô de pássaros. Tudo misturado naquele estilo orquestral que Altman criou do nada e que tanta gente imitou depois. Este filme tem alguma coisa de Wes Anderson. É engraçado, sem noção, cheio de gente esquisita, leve, infantil, livre e bonito de ver em sua feiura estilizada. É um filme único. O público doidão da época gostou do que viu. Mas em seguida Altman destruiria sua carreira com o western deprimido McCabe e o experimental Imagens.
O grande erro do livro de Biskind, erro que muita gente aponta, é que ele infla a importância de meia dúzia de diretores e roteiristas da mesma geração, e se esquece de que a revolução foi preparada pela geração anterior, o povo vindo da TV e da publicidade, gente como Sam Peckimpah, Arthur Penn, Peter Yates, John Frankenheimer, Franklyn J. Schaffner, Mike Nichols, Sidney Lumet, Sidney Pollack, Robert Aldrich. Na verdade os filmes desses diretores envelheceram muito melhor. Não são retratos de uma época, são atemporais. Eles mudaram o cinema de dentro pra fora, e nunca se esqueceram do lucro. Uniam arte com entretenimento. Foram grandes. E abriram os olhos do público para o que viria em seguida.
Vamos ao box:
CORRIDA SEM FIM de Monte Hellman com James Taylor, Warren Oates, Laurie Bird e Carl Wilson.
Hellman é um mito hoje. Começou fazendo westerns nos anos 60. Era da turma de Jack Nicholson. Seus filmes são estranhamente vazios. Este fala de um mecânico e um piloto que passam a vida rodando pelos EUA. Vivem de fazer apostas em corridas. E sempre ganham. As cenas são longas e quase não se fala. Os diálogos cabem em uma página. Estranho...enquanto eu via o filme pensei: Mas ele é só isso! Um monte de cenas lentas...Mas hoje, pensando nele, sinto carinho e vontade de rever. É enormemente influente. Lembro que ele passava muito na Tv Tupi. E que o crítico de filmes de Tv metia o pau. Chamava o filme de lixo incompreensível ( naquele tempo os críticos falavam o que queriam falar ). Mas ele estava errado. É um filme invulgar. Ainda original e como dizem nos extras, atemporal. Até as roupas não envelheceram!!! James Taylor era um cara absurdamente bonito. Tem presença. Carl Wilson é o Beach Boy baterista. Morreu afogado nos anos 80. É o único da banda que tem cara de roqueiro. Oates é grande ator. Podia roubar o filme. E Laurie Bird é uma figura apaixonante. Uma menina, jeito de moleque, linda, ela encanta quem a olha. Podia ter sido uma estrela. Mas pirou, fez apenas mais dois filmes e se matou na casa de Art Garfunkel. Eram tempos de exageros. Laurie não quis ser uma estrela. Se voce gosta de cinema...eis um filme. Mas veja sem expectativas. Ele nada tem de sensacional. ( Faço uma piada: é o Velozes e Furiosos de 1971. Seria Lentos e Sombrios. )
PROCURA INSACIÁVEL ( TAKING OFF ) de Milos Forman com Buck Henry, Lynn Carlin e Georgia Engel.
Escrevi bastante sobre esta pequena obra-prima abaixo. Uma menina foge de casa. Seus pais entram no mundo dos jovens para tentar a encontrar. O filme, vivo, brilhante, não toma partido. Forman ama pais e filhos. Não é um filme sobre hippies, é um filme sobre pais. Forman filma rostos, feios, com um amor sublime. É um maravilhoso passeio por um mundo que não existe mais. Filhos não fogem mais de casa. Mudam de endereço. Ou se escondem no quarto.
O COMBOIO DO MEDO de William Friedkin com Roy Scheider e Bruno Cremer.
Quando li o livro de Peter, pensei: como pode um cara estourar o orçamento fazendo uma refilmagem de O Salário do Medo, a obra-prima de Clouzot, filme de 1954 que narra um bando de caminhoneiros transportando nitro por estradas ruins...Bem, Friedkin, entupido de cocaína, conseguiu. Em vinte minutos já percebemos o esbanjamento: cenas em Israel, Paris, América do Sul e numa ilha. Depois, cenas numa vila miserável que teve de ser toda construída. E vai por aí. Ele conseguiu isso por ser o jovem diretor que mudou o filme policial com Operação França, onde ganhou Oscar, e por vir do hit O Exorcista. Mas aqui ele jogou tudo no lixo. E após este fiasco, nunca mais recuperou seu poder. Virou um tipo de diretor pária. ( A 3 anos ele fez um grande filme que ninguém viu ). Pior de tudo: o filme é muito muito muito ruim! Não dá pra assistir. A miséria é caricata, não tem o menor suspense, e todos os personagens parecem fake. Nada se salva, nada. Se eu ainda desse notas seria um zero merecido. É óbvio que o diretor fez o filme sob efeito de muito pó. Lixo puro.
ESSA PEQUENA É UMA PARADA ( WHAT'S UP DOC ) de Peter Bogdanovich com Ryan O'Neal, Barbra Streisand e Kenneth Mars.
Peter não errava! Fizera A Ùltima Sessão de Cinema, depois Paper Moon ( filme maravilhoso ), e então esta comédia que tenta reviver os filmes doidos e leves dos anos 30. Peter era um saudosista. Dizia em entrevistas que o cinema acabara em 1948. Todos os seus filmes, até hoje, são revisões de estilos antigos. Aqui ele homenageia Howard Hawks. Refaz Levada da Breca. Ryan é um musicólogo e Barbra uma ricaça doidinha que o persegue. Todos acabam em um hotel. Há uma montanha de personagens secundários excelentes. E perseguições em ruas de San Fran. Mas falta alguma coisa...Ryan não é Cary Grant. Bom...até Cary Grant dizia não ser Cary Grant. Mas Ryan não sabe fazer comédia. Ele se perde. Não parece natural. E Barbra faz o que pode. Mas contracena com um poste. ( Ryan era uma estrela em 1973. Love Story ). Do meio para o fim o filme melhora muito. É um bom filme, se voce esquecer Hawks vai parecer melhor. Em tempo: Peter era o caretão da turma. Sua carreira foi destruída em seu filme seguinte: Daisy Miller. Apaixonado por Cybbil Shepperd, ele começou a fazer filmes para ela e perdeu a mão. ) Esta comédia foi um sucesso enorme. Lembro dos cartazes deste filme no jornal do meu pai. Bons tempos, estavam em cartaz na cidade, além deste, Alice Não Mora Mais Aqui, A Conversação, O Fantasma da Ópera de De Palma, O Fantasma da Liberdade e A Última Noite de Boris Grushenko...além de Gritos e Sussurros...pois é.
A OUTRA FACE DA VIOLÊNCIA ( ROLLING THUNDER ) de John Flynn com William Devane, Tommy Lee Jones e Linda Haynes.
Na famosa lista de seus 10 filmes favoritos, Tarantino cita este em décimo. Achei que jamais sairia aqui, é um filme bem pequeno de 1977. No Texas, dois soldados voltam do Vietnã. Então um deles sofre um assalto e parte pra vingança. Devane dá um desempenho brilhante, Linda é perfeita e Lee Jones, bem jovem, tem uma presença magnética. Violento, seco, viril, é um western passado nos anos 60. Pessimista. Um bom filme.
VOAR É COM OS PÁSSAROS de Robert Altman com Bud Cort e Sally Kellerman.
Quase ao mesmo tempo que MASH, Altman fez este filme. ( Brewster MacLoud é o nome do filme ). E que filme doido!!! O assisti na Globo aos 14 anos de idade. Entendi nada. Revejo agora. Entendi, mas ainda não compreendi. René Auberjonois faz uma aula sobre pássaros. Ele vai pontuar todo o filme. Bud Cort é um menino, parece Wally de Onde Está Wally, que deseja poder voar. Sally é uma mulher misteriosa que ajuda o menino a voar. Tem um serial killer, uma menina que se masturba debaixo de panos, um policial suicida, um governador gay, uma groupie, um carro roubado e muito cocô de pássaros. Tudo misturado naquele estilo orquestral que Altman criou do nada e que tanta gente imitou depois. Este filme tem alguma coisa de Wes Anderson. É engraçado, sem noção, cheio de gente esquisita, leve, infantil, livre e bonito de ver em sua feiura estilizada. É um filme único. O público doidão da época gostou do que viu. Mas em seguida Altman destruiria sua carreira com o western deprimido McCabe e o experimental Imagens.
TAKING OFF ( BUSCA INSACIÁVEL ), FILME AINDA NOVO DE MILOS FORMAN.
Este post vai para meu amigo Leo Falcão. Mas para voce também.
Abro o box sobre o cinema americano dos anos 70, o novo cinema de então, e que permanece novo para sempre, com este Milos Forman, talvez o menos atraente dos filmes do box. E já antecipo: é maravilhoso. Meu amigo me falou a mais de ano sobre esse box. André Barcinski o elogiara. Vamos à história do filme:
Forman surgiu em 1964 na Praga jovem de então. Pedro o Negro é seu primeiro filme. Já o assisti e fiquei impressionado. Forman tem um amor profundo pelas pessoas. Ele mostra seu lado ridículo, grotesco, mas sempre com amor, com respeito. É uma grande alma.
Pois bem. Com mais dois filmes, Os Amores de Uma Loura e O Baile dos Bombeiros, ele se torna um dos nomes mais quentes em festivais de filmes. Jan Kadar, Vera Chyntilova, Ivan Passer são alguns outros nomes tchecos. Pois bem, em 1967 ele consegue autorização para ir à NY. Tem um convite para filmar lá. Encontra o roteirista de Bunuel, Jean-Claude Carriére, e juntos passam a frequentar a cena hippie do verão do amor. Usam drogas, vão a shows, festas, ioga, Buda, tudo. Mas o roteiro não sai. Então vão para Paris e aí já é maio de 68. Impossível escrever. Forman leva então o francês para Praga achando que lá poderiam ter paz para escrever. Não. Os tanques russos invadem a cidade e eles fogem para NY. Forman, sem grana, vai morar no Chelsea Hotel. ( Patti Smith estava por lá ).
Então é 1970 e finalmente o roteiro está pronto. Filmam.
Baseiam o script em She's Leaving Home, dos Beatles. E percebem que o mundo de 1967 já parece 200 anos atrás. A alegria e a euforia de então deram lugar ao medo e ao cansaço.
Forman chama gente para o filme. Uma Madonna de 14 anos está entre eles ( mas some na sala de edição ). As anônimas Kathy Bates, Jessica Harper e Carly Simon, todas prestes a estourar, são algumas da meninas desconhecidas do filme. Simples faces, comuns, feias, jovens, do filme. Que começa com essa audição de candidatas a um disco. E toda a arte de Forman já se põe aí. O diretor de Um Estranho no Ninho, de Amadeus, mostra seu amor pelos rostos esquisitos, feios, e cheios de vida. Forman os ama e cada segundo de gravação exibe isso.
Na audição há uma menina de 15 anos que fugiu de casa. E enquanto isso os pais ( esses são atores profissionais, dentre eles Buck Henry, um dos top roteiristas de então, da turma de Warren Beatty ), procuram a menina. A menina volta e os pais piram nesse processo. Numa das sequencias mais hilárias do filme, provam maconha com outros pais. Fazem strip poker. E a menina, sempre distante, assiste tudo. Eles perderam sua filha. Ela volta, mas nunca mais será deles. O close final mostra isso.
Até mais ou menos 1970, milhões de jovens fugiam de casa. Essa é uma das "modas" que passou. Hoje se sai de casa. Se sai de casa sem conflito, com planos de vida, com alguma grana, com endereço e vida adulta. Entre 1965-1970 se fugia de casa escondido, por impulso, sem endereço, sem plano. No excelente doc sobre o filme se diz que a vida era fazer e usufruir do momento, sem JAMAIS pensar no dia seguinte. Bem...mudamos muito. Em 1977 aqui no Brasil ainda se fugia de casa. Isso fazia parte de ser adolescente. Fugi aos 15 anos. Todo mundo fugia. Mesmo que fosse por um só dia.
O filme é maravilhoso, volto a dizer. Todos os personagens são verdadeiros. São pessoas de 1970. Mas, que engraçado, se voce abstrair as roupas, são de 2017. O mundo pós-hippie é o mundo cultural de hoje. Nunca mais fomos os mesmos e os vejo na USP, nas ruas, no LGBTS, nos Sem Terra, na ecologia. Para o bem e para o mal, somos todos jovens de 1970.
Quanto aos pobres pais...esses estão condenados. Foram pais perdidos, jogados em um mundo desconhecido, com filhos estranhos, e hoje são os avôs senis de um canto qualquer. Quase todos já morreram. São as últimas testemunhas desse mundo anos 50.
Vi este filme na Globo, em 1977. Revejo agora. Não gostei em 77. Amei hoje. É quase uma obra-prima. Quase um documentário. Está vivo, pulsando, está para sempre.
Vocês têm de assistir.
Abro o box sobre o cinema americano dos anos 70, o novo cinema de então, e que permanece novo para sempre, com este Milos Forman, talvez o menos atraente dos filmes do box. E já antecipo: é maravilhoso. Meu amigo me falou a mais de ano sobre esse box. André Barcinski o elogiara. Vamos à história do filme:
Forman surgiu em 1964 na Praga jovem de então. Pedro o Negro é seu primeiro filme. Já o assisti e fiquei impressionado. Forman tem um amor profundo pelas pessoas. Ele mostra seu lado ridículo, grotesco, mas sempre com amor, com respeito. É uma grande alma.
Pois bem. Com mais dois filmes, Os Amores de Uma Loura e O Baile dos Bombeiros, ele se torna um dos nomes mais quentes em festivais de filmes. Jan Kadar, Vera Chyntilova, Ivan Passer são alguns outros nomes tchecos. Pois bem, em 1967 ele consegue autorização para ir à NY. Tem um convite para filmar lá. Encontra o roteirista de Bunuel, Jean-Claude Carriére, e juntos passam a frequentar a cena hippie do verão do amor. Usam drogas, vão a shows, festas, ioga, Buda, tudo. Mas o roteiro não sai. Então vão para Paris e aí já é maio de 68. Impossível escrever. Forman leva então o francês para Praga achando que lá poderiam ter paz para escrever. Não. Os tanques russos invadem a cidade e eles fogem para NY. Forman, sem grana, vai morar no Chelsea Hotel. ( Patti Smith estava por lá ).
Então é 1970 e finalmente o roteiro está pronto. Filmam.
Baseiam o script em She's Leaving Home, dos Beatles. E percebem que o mundo de 1967 já parece 200 anos atrás. A alegria e a euforia de então deram lugar ao medo e ao cansaço.
Forman chama gente para o filme. Uma Madonna de 14 anos está entre eles ( mas some na sala de edição ). As anônimas Kathy Bates, Jessica Harper e Carly Simon, todas prestes a estourar, são algumas da meninas desconhecidas do filme. Simples faces, comuns, feias, jovens, do filme. Que começa com essa audição de candidatas a um disco. E toda a arte de Forman já se põe aí. O diretor de Um Estranho no Ninho, de Amadeus, mostra seu amor pelos rostos esquisitos, feios, e cheios de vida. Forman os ama e cada segundo de gravação exibe isso.
Na audição há uma menina de 15 anos que fugiu de casa. E enquanto isso os pais ( esses são atores profissionais, dentre eles Buck Henry, um dos top roteiristas de então, da turma de Warren Beatty ), procuram a menina. A menina volta e os pais piram nesse processo. Numa das sequencias mais hilárias do filme, provam maconha com outros pais. Fazem strip poker. E a menina, sempre distante, assiste tudo. Eles perderam sua filha. Ela volta, mas nunca mais será deles. O close final mostra isso.
Até mais ou menos 1970, milhões de jovens fugiam de casa. Essa é uma das "modas" que passou. Hoje se sai de casa. Se sai de casa sem conflito, com planos de vida, com alguma grana, com endereço e vida adulta. Entre 1965-1970 se fugia de casa escondido, por impulso, sem endereço, sem plano. No excelente doc sobre o filme se diz que a vida era fazer e usufruir do momento, sem JAMAIS pensar no dia seguinte. Bem...mudamos muito. Em 1977 aqui no Brasil ainda se fugia de casa. Isso fazia parte de ser adolescente. Fugi aos 15 anos. Todo mundo fugia. Mesmo que fosse por um só dia.
O filme é maravilhoso, volto a dizer. Todos os personagens são verdadeiros. São pessoas de 1970. Mas, que engraçado, se voce abstrair as roupas, são de 2017. O mundo pós-hippie é o mundo cultural de hoje. Nunca mais fomos os mesmos e os vejo na USP, nas ruas, no LGBTS, nos Sem Terra, na ecologia. Para o bem e para o mal, somos todos jovens de 1970.
Quanto aos pobres pais...esses estão condenados. Foram pais perdidos, jogados em um mundo desconhecido, com filhos estranhos, e hoje são os avôs senis de um canto qualquer. Quase todos já morreram. São as últimas testemunhas desse mundo anos 50.
Vi este filme na Globo, em 1977. Revejo agora. Não gostei em 77. Amei hoje. É quase uma obra-prima. Quase um documentário. Está vivo, pulsando, está para sempre.
Vocês têm de assistir.
PEDRO MILOS FORMAN/ O MESTRE/ PRESTON STURGES/ STEVE MCQUEEN/ OSCAR 2013
Antes vou falar sobre o Oscar de amanhã. Bem, cada ano ele se torna mais irrelevante, mas não dá pra ignorar. Neste ano tem um monte de filmes "bacaninhas" e nenhum filme ótimo. Pelo menos não estamos em nivel tão baixo quanto 2011, quando uma série de filmes de arte-lixo-fake concorreu ( e foram derrotados, felizmente, pelo Discurso do Rei, excelente ). Infantil o prêmio se torna cada vez mais, mas ás vezes ele ainda acerta. O melhor filme em inglês do ano não concorre a melhor filme ou direção. Anna Karenina é um filme sofisticado demais para um prêmio que se faz teen. O diretor Joe Wright faz mais um grande filme e dessa vez nos dá o prazer de uma féerie de cores e de sons. Arte superior. Porcos não apreciam pérolas. Dos indicados deve dar Argo, filme que tenho preguiça de ver. Ben Affleck será melhor diretor. Hollywood ama atores que dirigem. Se unirá a Warren Beaty, Clint Eastwood, Mel Gibson, Kevin Costner. Day-Lewis vencerá melhor ator e Emmanuelle Riva a melhor atriz. Anne Hathaway será coadjuvante e Seymour Hoffman o masculino. Ou seja, vai ser tudo um tédio mortal. Dos indicados eu adoraria ver a vitória de Os Miseráveis. É o único indicado que me surpreendeu. Muito melhor do que eu esperava, nada tem de xaroposo. Diretor votaria em Tom Hooper. Assim ele seria o segundo inglês na história a ter dois Oscars ( o primeiro é David Lean ). Melhor ator Hugh Jackman, de longe o melhor. Atriz Helen Mirren em Hitchcock. Jamais daria o coadjuvante para Anne, seria Amanda Seyfried e ator coadjuvante Christoph Waltz. Tá bom? Vamos aos filmes que assisti na semana....
O MESTRE de Paul Thomas Anderson com Joaquim Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams
Anderson é um bom diretor mas ele precisa dar um tempo e viajar, descansar, se renovar. Seus filmes sempre foram chatos, mas em troca da chatice nos davam momentos de belo cinema. Ele criava. Ousava. Mas, ultimamente, seus filmes se tornam cada vez mais crispados, áridos, mal-humorados, solenes, quase mortos. O cinema de Anderson sempre foi cristão. Todos os seus filmes falam sobre a perda do pai, a dor e a ressurreição. Às vezes de forma explícita, como em Magnólia, onde até a passagem bíblica da queda dos sapos comparece. Sangue Negro é o filme em que o diabo vence. Anderson entrega os pontos e admite, gnósticamente, que a partir de certo momento de nossa história Deus foi exilado. Puritano. O cinema de Anderson é hiper-puritano. Hawthorne e Melville são suas fontes. A ironia que dava a força vital a seus filmes vinha de Robert Altman, diretor que foi seu mestre. Boogie Nights e Magnólia são filmes à Altman feitos por um cara que nunca foi doidão. Com o tempo Anderson foi trocando a influência saudável de seu mentor hippie por um cinema mais clássico, um tipo de William Wyler intelectual. Não está dando certo. Mesmo admirando suas intenções, mesmo torcendo por ele, seus filmes são chatos, sempre chatos. Aqui, puritanamente, ele condena os falsos religiosos, os vendilhões do templo. Ótimas intenções, mas o tiro sai pela culatra. O único ser vivo em todo o filme é Seymour Hoffman. Ele parece ser humano e real. Todos os outros são tipos unilaterais, sofrem de sintomas, não são "ricos". Sem nota.
AS TRÊS NOITES DE EVA de Preston Sturges com Henry Fonda e Barbara Stanwyck
O mundo inteiro não deve estar errado. Todos adoram esta comédia do mais valorizado dos diretores americanos. Mas eu não. Então concluo que o errado deva ser eu. Certo? Fonda faz seu tipo bom rapaz ingênuo, e Stanwyck é uma vigarista que o seduz. É um filme ok, mas não vi sua criatividade tão decantada. Nota 5.
SHENANDOAH de Andrew V. McLaglen com James Stewart
Se voce suportar a carolice de seu começo, onde Stewart faz um pai de familia, viúvo, voce verá um bom filme de ação em sua parte final. Ele, Stewart, tenta ser neutro na guerra de secessão, não consegue. A guerra invade sua vida e sua familia se despedaça. É filme da fase final da carreira de Stewart, ele atua no piloto automático, repete as falas como um Lincoln de segunda mão. Mas a parte final é boa, e tem uma bela fotografia. Nota 6.
CROWN, O MAGNÍFICO de Norman Jewison com Steve McQueen e Faye Dunaway
Um dos filmes mais vaidosos e exibicionistas de todos os tempos. O ano é 1968. Steve McQueen era então O Cara. Uma mistura de Sean Connery com Paul Newmann. O inventor do cool, o feio atraente, o cara muito macho e muito sexy. Ele se exibe como um milionário que se torna fora da lei só para espantar o tédio. Faye vinha de Bonnie e Clyde. Era a atriz da moda. Faz uma sexy e elegante agente de seguros que tenta capturar McQueen. O fotógrafo do filme é Haskell Wexler, o mais moderninho de então. O filme é todo "esperto". A tela dividida em quadros, imagens fracionadas, ângulos arrojados. A trilha sonora é de Michel Legrand. Cheia de bossa, jazzistica, a trilha que hoje Soderbergh adora. E o diretor, Jewison, vinha de sucessos em série. Resultado de tudo isso? Um super-sucesso de box-office. Mas não é um grande filme. Tanta exibição faz dele uma coisa fria, distante, sem emoção. É como ver uma revista de moda, o filme é lindo, chic, gostosão, mas sem mais nada que essa casca. Nota 6.
PEDRO, O NEGRO de Milos Forman
Uma obra-prima. Finalmente descubro uma obra-prima!!!! Há quanto tempo!!!!! Aleluia!!!!!!!!! Feito na libertária Tchecoslováquia de 1966, Milos Forman com este filme influenciou todo o novo cinema americano de então. O filme parece documentário, parece reportagem. É jovem, é fresco, é vivo, é maravilhoso. Com câmera na mão e atores de rostos inesquecíveis. Pedro é um adolescente. Ele trabalha como vigia de mercado e tenta engatar namoro. Sempre calado, os enormes olhos em dúvida constante, Pedro é um dos mais perfeitos retratos de um adolescente já vistos em filme. Mas todos os outros também são ótimos. O pai, um durão que não o entende, a mãe, submissa, os amigos, feios, ansiosos, brigões, e as meninas. Há tanto amor pelos personagens que o filme chega a comover. E há humor, o humor tcheco, absurdo, ácido. A cena do Hóy ( quem assistir saberá do que falo ), é uma das mais hilárias que já vi. Creiam-me, é um filme obrigatório. Vendo-o voce entende o quão pouco é preciso para se fazer um grande filme. Voce percebe que arte e diversão podem andar juntas. Melhor que Estranho no Ninho ou que Amadeus, é o grande filme do grande Milos Forman. PS: Maravilhosas cenas nas ruas e nos mercados da Praga de então. Nota DEZ !!!!!!!
O MESTRE de Paul Thomas Anderson com Joaquim Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams
Anderson é um bom diretor mas ele precisa dar um tempo e viajar, descansar, se renovar. Seus filmes sempre foram chatos, mas em troca da chatice nos davam momentos de belo cinema. Ele criava. Ousava. Mas, ultimamente, seus filmes se tornam cada vez mais crispados, áridos, mal-humorados, solenes, quase mortos. O cinema de Anderson sempre foi cristão. Todos os seus filmes falam sobre a perda do pai, a dor e a ressurreição. Às vezes de forma explícita, como em Magnólia, onde até a passagem bíblica da queda dos sapos comparece. Sangue Negro é o filme em que o diabo vence. Anderson entrega os pontos e admite, gnósticamente, que a partir de certo momento de nossa história Deus foi exilado. Puritano. O cinema de Anderson é hiper-puritano. Hawthorne e Melville são suas fontes. A ironia que dava a força vital a seus filmes vinha de Robert Altman, diretor que foi seu mestre. Boogie Nights e Magnólia são filmes à Altman feitos por um cara que nunca foi doidão. Com o tempo Anderson foi trocando a influência saudável de seu mentor hippie por um cinema mais clássico, um tipo de William Wyler intelectual. Não está dando certo. Mesmo admirando suas intenções, mesmo torcendo por ele, seus filmes são chatos, sempre chatos. Aqui, puritanamente, ele condena os falsos religiosos, os vendilhões do templo. Ótimas intenções, mas o tiro sai pela culatra. O único ser vivo em todo o filme é Seymour Hoffman. Ele parece ser humano e real. Todos os outros são tipos unilaterais, sofrem de sintomas, não são "ricos". Sem nota.
AS TRÊS NOITES DE EVA de Preston Sturges com Henry Fonda e Barbara Stanwyck
O mundo inteiro não deve estar errado. Todos adoram esta comédia do mais valorizado dos diretores americanos. Mas eu não. Então concluo que o errado deva ser eu. Certo? Fonda faz seu tipo bom rapaz ingênuo, e Stanwyck é uma vigarista que o seduz. É um filme ok, mas não vi sua criatividade tão decantada. Nota 5.
SHENANDOAH de Andrew V. McLaglen com James Stewart
Se voce suportar a carolice de seu começo, onde Stewart faz um pai de familia, viúvo, voce verá um bom filme de ação em sua parte final. Ele, Stewart, tenta ser neutro na guerra de secessão, não consegue. A guerra invade sua vida e sua familia se despedaça. É filme da fase final da carreira de Stewart, ele atua no piloto automático, repete as falas como um Lincoln de segunda mão. Mas a parte final é boa, e tem uma bela fotografia. Nota 6.
CROWN, O MAGNÍFICO de Norman Jewison com Steve McQueen e Faye Dunaway
Um dos filmes mais vaidosos e exibicionistas de todos os tempos. O ano é 1968. Steve McQueen era então O Cara. Uma mistura de Sean Connery com Paul Newmann. O inventor do cool, o feio atraente, o cara muito macho e muito sexy. Ele se exibe como um milionário que se torna fora da lei só para espantar o tédio. Faye vinha de Bonnie e Clyde. Era a atriz da moda. Faz uma sexy e elegante agente de seguros que tenta capturar McQueen. O fotógrafo do filme é Haskell Wexler, o mais moderninho de então. O filme é todo "esperto". A tela dividida em quadros, imagens fracionadas, ângulos arrojados. A trilha sonora é de Michel Legrand. Cheia de bossa, jazzistica, a trilha que hoje Soderbergh adora. E o diretor, Jewison, vinha de sucessos em série. Resultado de tudo isso? Um super-sucesso de box-office. Mas não é um grande filme. Tanta exibição faz dele uma coisa fria, distante, sem emoção. É como ver uma revista de moda, o filme é lindo, chic, gostosão, mas sem mais nada que essa casca. Nota 6.
PEDRO, O NEGRO de Milos Forman
Uma obra-prima. Finalmente descubro uma obra-prima!!!! Há quanto tempo!!!!! Aleluia!!!!!!!!! Feito na libertária Tchecoslováquia de 1966, Milos Forman com este filme influenciou todo o novo cinema americano de então. O filme parece documentário, parece reportagem. É jovem, é fresco, é vivo, é maravilhoso. Com câmera na mão e atores de rostos inesquecíveis. Pedro é um adolescente. Ele trabalha como vigia de mercado e tenta engatar namoro. Sempre calado, os enormes olhos em dúvida constante, Pedro é um dos mais perfeitos retratos de um adolescente já vistos em filme. Mas todos os outros também são ótimos. O pai, um durão que não o entende, a mãe, submissa, os amigos, feios, ansiosos, brigões, e as meninas. Há tanto amor pelos personagens que o filme chega a comover. E há humor, o humor tcheco, absurdo, ácido. A cena do Hóy ( quem assistir saberá do que falo ), é uma das mais hilárias que já vi. Creiam-me, é um filme obrigatório. Vendo-o voce entende o quão pouco é preciso para se fazer um grande filme. Voce percebe que arte e diversão podem andar juntas. Melhor que Estranho no Ninho ou que Amadeus, é o grande filme do grande Milos Forman. PS: Maravilhosas cenas nas ruas e nos mercados da Praga de então. Nota DEZ !!!!!!!
ZURLINI/ ALAIN DELON/ RICHARD BURTON/ KEVIN KLINE/ MALKOVICH/ MELVILLE/ HITCHCOCK/ MILOS FORMAN
O MANTO SAGRADO de Henry Koster com Richard Burton e Jean Simmons
Burton interpreta este soldado romano como se em ressaca. Não reage. O filme, pop épico cristão, é de uma chatice sem fim. Nota 2.
O REENCONTRO de Lawrence Kasdan com Kevin Kline, William Hurt, Glenn Close, Jeff Goldblum, Tom Berenger, Meg Tilly
É o segundo e o melhor filme de Kasdan ( roteirista de filmes de Lucas e Spielberg ). Fala de grupo de amigos que não se vê há mais de dez anos. Se reencontram no enterro de um deles, e esse amigo se matou sem que eles saibam o porque. Após o enterro, que nada tem de trágico, eles resolvem passar um fim de semana juntos. O filme é apenas isso, esse fim de semana, certas feridas reprimidas e relações mal resolvidas. Algumas cenas são bastante emocionantes, mas penso se essa emoção não é mérito apenas da trilha sonora ( é fácil emocionar com you can't always keep what you want ). De qualquer modo é um filme muito acima da média ( concorreu a Oscars em 1983, aliás, um belo ano para o prêmio ). Kline faz o alegre e bem sucedido pai de família, aquele que mais traiu os ideais hippies, Hurt é um ex soldado do Vietnã que ficou impotente, Goldblum é um jornalista cínico, mulherengo, Berenger um ator de tv e Meg Tilly a muito jovem ex-namorada do suicida. Ela é a ponte da geração hippie, que se tornou materialista, e a geração doidinha dos anos 80, que tenta reviver os ideais dos ex-inconformistas. Kevin Costner faz o defunto, todas as suas cenas em flash-back foram cortadas. Todo o elenco brilha, são todos atores adoráveis que teriam tido melhor sorte se tivessem vivido na era de De Niro e Pacino. Bons papéis começam a rarear exatamente a partir daqui, 1983. Para quem tem amigos antigos é um filme obrigatório. Nota 7.
KLIMT de Raul Ruiz com John Malkovich e Saffram Burrows
Picaretagem pura. Um lixo metido a grande arte, um pedante exercício de virtuosismo vazio. Aqui está a afetação máxima em cinema. Odiável! Malkovich está tão ruim quanto. Ah... o filme é sobre o pintor austríaco. Quem espera um retrato da brilhante Viena da épóca, fuja. Nota ZERO.
OS PROFISSIONAIS DO CRIME de Jean Pierre Melville com Lino Ventura
Será Melville o melhor diretor da história do cinema francês?....Quem sabe?...Clouzot, Clair, Bresson, Cocteau...Os filmes de Melville são filmes de quem ama Bogart. Mas são ainda mais viris que Bogart. E mais realistas. Bandidos passam a perna uns nos outros e a policia tenta entender o que se passa. Ventura é um ex-detento. E Melville faz tudo com cenas curtas e cortes muito secos. O filme foge do glamour, mas é cheio de jazz. Poucos entenderam tão bem o que é o jazz quanto este francês. Filme para Homens. Cigarros, carros sujos, botecos e armas pequenas. Eu adoro os filme deste cara!!!! Nota 8.
MURDER! de Alfred Hitchcock com Herbert Marshall
É o primeiro filme falado de Hitch. E é cheio de truques de imagem. Mas percebe-se sua origem teatral, algumas cenas são absolutamente estáticas. Longe das obras-primas do mestre, vale para se conhecer Herbert Marshall, um dos mais elegantes atores ingleses do século. Nota 5.
OS AMORES DE UMA LOURA de Milos Forman
Começa com uma menina tcheca cantando rock em tcheco. É 1965. Época de Kundera e Havel. Três anos antes do massacre. É o primeiro filme de Forman. E é dos seus melhores. Jovens tchecos tentam viver e amar e entre eles há uma moça loura. Quem amar? Os jovens são desajeitados e egoístas, os mais velhos são feios e casados. O estilo de Forman se revela aqui: ele ama rostos banais, gente feia, vulgar e estranhamente magnética. Os ambientes são grotescos, pobres, mesquinhos, mas eis o segredo: são nossos ambientes. É maravilhoso ver um filme com gente de verdade, com fedor, espinhas e roupas sujas. Nada de "mundo cão" falsificado, mas o mundo suburbano como ele de fato foi/é. Há uma cena em baile de soldados, em que as três meninas são paqueradas por três gordos de meia-idade, que é perfeita. A cena é muito cômica, ridícula, comovente e cheia de suspense. Milos Forman já surge sabendo tudo. Um toque: entre 1965/1968 o cinema tcheco era o mais amado por criticos e festivais ( e levaram dois Oscars, em 66/67 ), este filme mostra o porque. Com a invasão dos tanques russos tudo isso seria destruído. Nota 7.
A PRIMEIRA NOITE DE TRANQUILIDADE de Valerio Zurlini com Alain Delon, Sonia Petrova, Renato Salvatori e Gian Carlo Gianninni
Um poema melancólico. A história de um homem que vive sem raiz, sem ilusão, sem afeto. Tenta ser indiferente a vida. Mas se perde ao conhecer uma mulher. É dos mais perfeitos exemplos de uma alma delicada sendo dilacerada pelo mundo estúpido. Belo, implacávelmente belo, este é aquele tipo de cinema que dignifica a arte e em meio a tanta estupidez nos recorda o porque de tanto amarmos filmes. Zurlini era um poeta. NOTA DEZ!!!!!!!!! ( critica abaixo )
A MULHER DO SÉCULO de Morton da Costa com Rosalind Russell
Este filme serve como uma prova: a prova de que alguma coisa se perdeu na América. Porque? Veja: este filme, sofisticadérrimo, foi um sucesso em 1959. Hoje ele nem seria feito. Baseado em peça da Broadway, fala de garoto que é criado por tia triliardária e excêntrica. Ela o ensina a ser livre. O filme é documento de um certo tipo de snob americano da época, o americano novaiorquino que amava arte hindú, poetas russos doidos e professores franceses de arte grega. Rosalind Russell dá uma aula de humor, de elegância, de prazer em viver. Aliás, o filme é um maravilhoso anti-depressivo. Temos a defesa de mães solteiras, de judeus, da diversidade, das "portas que se abrem". Para a época é uma mensagem ousada. Mais que isso, o filme é uma festa, com seus cenários luxuosos, o diálogo sempre interessante, atores carismáticos e cores vibrantes. Assiste-se com esfuziante prazer. E não se emburrece, enobrece-se. Voce assiste e se sente feliz, que mais querer? Obrigatório!!!!! NOTA DEZ!
Burton interpreta este soldado romano como se em ressaca. Não reage. O filme, pop épico cristão, é de uma chatice sem fim. Nota 2.
O REENCONTRO de Lawrence Kasdan com Kevin Kline, William Hurt, Glenn Close, Jeff Goldblum, Tom Berenger, Meg Tilly
É o segundo e o melhor filme de Kasdan ( roteirista de filmes de Lucas e Spielberg ). Fala de grupo de amigos que não se vê há mais de dez anos. Se reencontram no enterro de um deles, e esse amigo se matou sem que eles saibam o porque. Após o enterro, que nada tem de trágico, eles resolvem passar um fim de semana juntos. O filme é apenas isso, esse fim de semana, certas feridas reprimidas e relações mal resolvidas. Algumas cenas são bastante emocionantes, mas penso se essa emoção não é mérito apenas da trilha sonora ( é fácil emocionar com you can't always keep what you want ). De qualquer modo é um filme muito acima da média ( concorreu a Oscars em 1983, aliás, um belo ano para o prêmio ). Kline faz o alegre e bem sucedido pai de família, aquele que mais traiu os ideais hippies, Hurt é um ex soldado do Vietnã que ficou impotente, Goldblum é um jornalista cínico, mulherengo, Berenger um ator de tv e Meg Tilly a muito jovem ex-namorada do suicida. Ela é a ponte da geração hippie, que se tornou materialista, e a geração doidinha dos anos 80, que tenta reviver os ideais dos ex-inconformistas. Kevin Costner faz o defunto, todas as suas cenas em flash-back foram cortadas. Todo o elenco brilha, são todos atores adoráveis que teriam tido melhor sorte se tivessem vivido na era de De Niro e Pacino. Bons papéis começam a rarear exatamente a partir daqui, 1983. Para quem tem amigos antigos é um filme obrigatório. Nota 7.
KLIMT de Raul Ruiz com John Malkovich e Saffram Burrows
Picaretagem pura. Um lixo metido a grande arte, um pedante exercício de virtuosismo vazio. Aqui está a afetação máxima em cinema. Odiável! Malkovich está tão ruim quanto. Ah... o filme é sobre o pintor austríaco. Quem espera um retrato da brilhante Viena da épóca, fuja. Nota ZERO.
OS PROFISSIONAIS DO CRIME de Jean Pierre Melville com Lino Ventura
Será Melville o melhor diretor da história do cinema francês?....Quem sabe?...Clouzot, Clair, Bresson, Cocteau...Os filmes de Melville são filmes de quem ama Bogart. Mas são ainda mais viris que Bogart. E mais realistas. Bandidos passam a perna uns nos outros e a policia tenta entender o que se passa. Ventura é um ex-detento. E Melville faz tudo com cenas curtas e cortes muito secos. O filme foge do glamour, mas é cheio de jazz. Poucos entenderam tão bem o que é o jazz quanto este francês. Filme para Homens. Cigarros, carros sujos, botecos e armas pequenas. Eu adoro os filme deste cara!!!! Nota 8.
MURDER! de Alfred Hitchcock com Herbert Marshall
É o primeiro filme falado de Hitch. E é cheio de truques de imagem. Mas percebe-se sua origem teatral, algumas cenas são absolutamente estáticas. Longe das obras-primas do mestre, vale para se conhecer Herbert Marshall, um dos mais elegantes atores ingleses do século. Nota 5.
OS AMORES DE UMA LOURA de Milos Forman
Começa com uma menina tcheca cantando rock em tcheco. É 1965. Época de Kundera e Havel. Três anos antes do massacre. É o primeiro filme de Forman. E é dos seus melhores. Jovens tchecos tentam viver e amar e entre eles há uma moça loura. Quem amar? Os jovens são desajeitados e egoístas, os mais velhos são feios e casados. O estilo de Forman se revela aqui: ele ama rostos banais, gente feia, vulgar e estranhamente magnética. Os ambientes são grotescos, pobres, mesquinhos, mas eis o segredo: são nossos ambientes. É maravilhoso ver um filme com gente de verdade, com fedor, espinhas e roupas sujas. Nada de "mundo cão" falsificado, mas o mundo suburbano como ele de fato foi/é. Há uma cena em baile de soldados, em que as três meninas são paqueradas por três gordos de meia-idade, que é perfeita. A cena é muito cômica, ridícula, comovente e cheia de suspense. Milos Forman já surge sabendo tudo. Um toque: entre 1965/1968 o cinema tcheco era o mais amado por criticos e festivais ( e levaram dois Oscars, em 66/67 ), este filme mostra o porque. Com a invasão dos tanques russos tudo isso seria destruído. Nota 7.
A PRIMEIRA NOITE DE TRANQUILIDADE de Valerio Zurlini com Alain Delon, Sonia Petrova, Renato Salvatori e Gian Carlo Gianninni
Um poema melancólico. A história de um homem que vive sem raiz, sem ilusão, sem afeto. Tenta ser indiferente a vida. Mas se perde ao conhecer uma mulher. É dos mais perfeitos exemplos de uma alma delicada sendo dilacerada pelo mundo estúpido. Belo, implacávelmente belo, este é aquele tipo de cinema que dignifica a arte e em meio a tanta estupidez nos recorda o porque de tanto amarmos filmes. Zurlini era um poeta. NOTA DEZ!!!!!!!!! ( critica abaixo )
A MULHER DO SÉCULO de Morton da Costa com Rosalind Russell
Este filme serve como uma prova: a prova de que alguma coisa se perdeu na América. Porque? Veja: este filme, sofisticadérrimo, foi um sucesso em 1959. Hoje ele nem seria feito. Baseado em peça da Broadway, fala de garoto que é criado por tia triliardária e excêntrica. Ela o ensina a ser livre. O filme é documento de um certo tipo de snob americano da época, o americano novaiorquino que amava arte hindú, poetas russos doidos e professores franceses de arte grega. Rosalind Russell dá uma aula de humor, de elegância, de prazer em viver. Aliás, o filme é um maravilhoso anti-depressivo. Temos a defesa de mães solteiras, de judeus, da diversidade, das "portas que se abrem". Para a época é uma mensagem ousada. Mais que isso, o filme é uma festa, com seus cenários luxuosos, o diálogo sempre interessante, atores carismáticos e cores vibrantes. Assiste-se com esfuziante prazer. E não se emburrece, enobrece-se. Voce assiste e se sente feliz, que mais querer? Obrigatório!!!!! NOTA DEZ!
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