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Dillinger (1973) Warren Oates , Harry Dean Stanton , Michelle Phi...

DILLINGER, UM GRANDE FILME

Baby Face Nelson. Pretty Boyd Floyd. Bonnie e Clyde. Machine Gun Kelly. E John Dillinger, o maior de todos. Nos anos 30, esses eram os ladrões e assassinos que faziam a delícia de jornais. Logo se tornaram mitos e viraram temas dos filmes policiais da Warner da época. DILLINGER, primeiro filme dirigido por John Milius, é um grande filme. --------------- Rápido, simples e sem frescuras. Dillinger e seu tempo não são mostrados com saudosismo ou poesia romântica. Ele não é um heroi. Não é bonito. E não parece um monstro. É um cara que rouba porque quer dinheiro. Muito dinheiro. E adora a adrenalina da coisa. Só isso. A violência abunda nas cenas. Não são mortes espetaculares, são realistas. As pessoas gemem, gritam, sentem muita dor. Baby Face ama matar, Dillinger mata quando preciso. Extremamente bem dirigido, atores e imagem se integram. O filme é uma aula de ritmo. Acelerado sem nunca parecer apressado. --------------- Warren Oates, que no mesmo ano, 1973, faria um filme seminal com Peckimpah, nasceu para ser Dillinger. É um arrogante amoral. Macho ao extremo. Elegante. Inteligente. Vemos o filme e não esquecemos sua voz. Pouca gente tem a voz de Oates. Ben Johnson, ator veterano dos filmes de John Ford, faz o delegado hiper eficiente e metódico que o caça. Ele quase domina o filme. Uma atuação majestosa. Há ainda Harry Dean Staton ( sim, o elenco é um whos who do cinema novo dos anos 70 da América ), Richard Dreyfuss, Michelle Philips, Cloris Leachman, são faces que a gente conhece de tanto filme cult. E há o roteiro brilhante e a direção perfeita de John Milius. ----------------- John Milius era um dos mais atuantes nomes da geração de Scorsese-Coppolla-Spielberg. Andava com eles, dava palpite em todos seus filmes, arrumava roteiros mal escritos, era centro de encontros. Fez os roteiros de Apocalypse Now e de Star Wars, de Dirty Harry ( não creditado ) e até de filmes de John Huston, seu ídolo. Com charuto eternamente na boca e uma visão agressiva da vida, Milius tinha tudo para ser o Huston de sua geração. Mas....eram os anos 70 e drogas mais política destruíram aquilo que ele poderia ter sido. A agressividade virou paranoia, e quando ele revelou uma visão direitista do mundo, bem....os críticos trataram de o cancelar. Vai por mim, é um dos nomes mais interessantes de sua geração e ninguém mereceria uma biografia maior. Foi surfista nos anos 60, estudante de cinema, agitador cultural, mulherengo, bebedor, viajante, homem de ação sempre. ------------------------- Dillinger é a cara de Milius.