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H.L.MENCKEN FALA O QUE VOCE SENTE MAS TEM VERGONHA DE FALAR
Leio Mencken falando das "artes menores": pintura, escultura, arquitetura, dança, teatro, poesia. Sim, voce leu certo. E ele explica o porque dessa sua opinião. ------ Homens das cavernas desenhavam e pintavam. E o que deixaram, segundo os próprios artistas, é fascinante. Eles também dançavam e faziam algum tipo de batuque com tambores e talvez flautas de osso. Esses homens edificaram casas e totens. E logo criaram cerimônias teatrais-religiosas. Por milhares de anos isso foi tudo. ------------- Claro que todas essas artes evoluíram. Há uma diferença abismal entre Rubens e uma pintura tribal. Mas o que Mencken diz é que a pintura tribal ainda é válida para quem as dá valor. Já a música romana ou mesmo a medieval é rudimentar. Vale apenas como aquilo que é: lembrança primitiva. Mesmo para aqueles que a estudam. Mas não se engane, o motivo principal de Mencken as desprezar tem ligação com o TEMPO de fruição. ----------- Quem fica mais de 5 minutos diante de um quadro está se exibindo. Essa a verdade. As artes plásticas dependem em 100% da vaidade de quem as sustenta. Numa exposição o que vemos são exibicionistas à procura de seus iguais. Tudo lá é um engodo. --------------- O mesmo ocorre com a poesia. Segundo Mencken, não há uma só pessoa alfabetizada que um dia não tenha feito uma poesia passável, principalmente na infância. Assim como não há um pianista de fim de semana que não consiga criar uma pop song, mesmo que sem querer. Mas construir um romance ou uma sinfonia é um trabalho estafante, inervante e abnegado. É para muito poucos. E só ocorre em civilizações que atingem seu apogeu. ------------------ Para Mencken, Prosa e Música são as maiores artes também porque são as que exigem mais do receptor. Para ler um romance ou ouvir Bach é preciso silêncio, tempo e uma certa dose de cultura. Um poema pode ser dito aos berros no metrô e uma pintura requer uma olhada de 30 segundos. Há muito charlatão que posa de pintor ou de poeta, alguns até ganharam o Nobel. Mas um romancista ruim não engana ninguém. Principalmente a ele mesmo. Ele trabalha duro. Trabalha muito. E sabe exatamente onde chegou. ---------------------- Mencken fala também que teatro e cinema mal podem ser chamados de arte. Assim como a ópera mal é música. São produtos feitos para multidões e por isso são sempre vulgares. E é nesse ponto que eu discordo de Mencken. A vulgaridade do cinema e do teatro, se comparados ao romance e à música, se deve ao fato não de serem feitos tendo em vista um grande público, mas principalmente por dependerem da figura do ator. E TODO ator é um pavão. Então, Checov pode ter escrito o mais sincero texto para umas 50 pessoas. Mas em 2021 ele dependerá da boa vontade de um diretor vaidoso e do talento de um ator estrela. Se Beethoven também depende de uma orquestra, no teatro ou no cinema, a obra depende da cara, da voz, da luz, da velocidade de uma produção feita, normmalmente, por centenas de pessoas sem nenhum talento. Ter podido existir arte no cinema, não vou citar nomes, é quase um milagre. O teatro é bem mais vulnerável. Um grande filme está preservado. Ibsen terá de ser salvo toda noite. Acabará por ser morto em palcos da Praça Roosevelt. ------------- Eu adoro Mencken. E apesar de amar Klee ou Kandisnki, sim, eles não podem ser comparados a Tolstoi ou Henry James.
BEETHOVEN, SINFONIA 3. O MOMENTO EM QUE TUDO MUDOU.
A vida é feita de coincidências e no dia em que ouço a Terceira Sinfonia, pego um livro de H.L.Mencken, e me surpreendo ao ler páginas que ele escreveu sobre a Terceira de Beethoven. Segundo Mencken, foi na noite de setembro de 1808, quando de sua estreia em Viena, que a música moderna nasceu. O público, acostumado ao classicismo de Haydn e Mozart, não entendeu direito o que era aquilo. Complexo demais, vasto demais, exigente demais. Muita informação, muito volume, muita força. Mencken diz que Beethoven, e eis uma bela definição, nunca parece um homem fraco. Ele não chora jamais, não se adocica, nunca cai de seu pedestal. Toda sua obra é isenta de emoções baratas ou simplórias. Seu nível é sempre o mais alto. ------------------ Eis então a Terceira. Três acordes. A melodia já se dá. Nada de doces preparações, a sinfonia se inicia em seu auge: eis tudo aqui. Em apenas 30 segundos, 30 segundos!!!!, Beethoven nos dá toda a obra. Isso nunca era feito. A música era preparada, vinha aos poucos, havia introdução, lenta introdução, mas não aqui. Beethoven começa pelo auge e depois cria, sem cessar, variações sobre esse apogeu. É coragem em seu extremo, ele não guarda o trunfo para mais tarde. É como se ele afirmasse, aqui te entrego tudo, mas creia, tenho muito mais para oferecer! E ele entrega. ------------ Mencken diz que o primeiro movimento mudou toda a história da música. Se voce ouvir o que se fazia antes irá entender. Nada em Bach, Mozart, Haydn, Haendel, Monteverdi, Rossini, é sequer sombra destes 15 minutos de louca euforia. A orquestra ataca sem parar, são picos sobre picos, não há mais a calma harmonia de antes. O mestre cria vulcões emocionais e os emenda com tufões. E cada vez que o tema inicial retorna ele se faz cada vez mais grave, mais cruel, mais beethoviano. É aqui que nasce esse modo de ser, beethoviano, o autor como terrível arauto de um universo mais denso, sério, urgente. Para Mencken foi Beethoven o maior gênio em qualquer arte e em qualquer tempo. Não digo isso, mas também não consigo lembrar de alguém maior que ele ( Michelangelo talvez? ). ---------------------- Pierre Monteux rege a Concertgebouw de Amsterdan em 1962. Existem 3 tipos de maestros, os rimbombantes exagerados: Bernstein, Karajan, Furtwangler; os emocionais: Abbado, Toscanini, Solti; e os delicados, área onde Monteux foi o máximo. A execução é mais que perfeita, é sublime. Há alegria eufórica em cada naipe, mas sem jamais haver um só momento de exagero. Monteux, sempre sereno, segura a orquestra, e assim destaca a ourivesaria da obra. --------------- Ouvir a Terceira é crescer como ser humano e esse era o ideal de Beethoven. Ele compunha para se expressar e sabia que oferecia ao mundo uma mensagem de engrandecimento. Dizem que ele era irascível, mal humorado, violento, duro; mas sua arte, sempre imensa, é a maior herança que podemos oferecer a quem vier depois de nós. O planeta sem Beethoven não vale a pena.
O DIÁRIO DE H.L. MENCKEN. EDITADO POR CHARLES A. FECHER
Para quem não sabe, Mencken foi na América dos anos 20 aquilo que todo jornalista gostaria de ser, o guia cultural de uma nação poderosa em seu apogeu. Paulo Francis gostava de se imaginar Mencken, principalmente na fase final de sua vida. Falando, com humor e malicia, sobre politica, história e artes em geral, Mencken foi o mais amado e odiado americano de seu tempo. A partir dos anos 30, quando a recessão toma o planeta, Mencken perde parte de seu imenso público. Em tempos de dureza seus ataques começaram a parecer excessivos. Ele odiava Roosevelt. Chamava o presidente de mentiroso, e dizia que Roosevelt inaugurava o começo do fim da América. Mencken não queria que os EUA ajudassem a Europa, que jamais se metessem em guerra nenhuma.
Algumas de suas previsões foram certeiras. Outras não. Ele subestima Faulkner. Ignora Heminguay. Para ele Faulkner é apenas um sulista mal educado e muito bêbado. Fitzgerald é visto como um chato. Um escritor muito bom, mas que desperdiçava seu talento com uma esposa louca, e com bebida em excesso. E quando bêbado Fitzgerald ficava chato, muito chato. Mencken tinha intimidade com Sinclair Lewis, o autor de Babbit, o primeiro americano a ganhar o Nobel. Mencken o aconselhou a não aceitar o prêmio. Lewis aceitou. Dreiser também foi íntimo de Mencken, assim como Willa Cather e uma multidão de escritores hoje esquecidos.
Mencken frequentava as mais poderosas familias do país. Os juízes do Supremo, ministros, candidatos a presidente. Amigo dos grandes editores, ao contrário do que se diz normalmente, nas brigas entre editor e autor, Mencken ficava sempre ao lado da editora. Ele dizia que os escritores eram mal agradecidos e traidores. Vale lembrar que o próprio Mencken era um autor. Lançou vários livros, 3 dos quais de muito sucesso.
Um de seus acertos, e que até hoje acho válido, é quando ele aconselha aos editores de jornal como enfrentar a queda das vendas face a emergência do rádio e do cinema. Ele diz que o jornal jamais poderá ser tão imediato, simples e fácil como o rádio. A solução seria elitizar os jornais. Dar me jornal aquilo que o rádio não pode dar, profundidade. Em 2013, face a internet, o jornal continua errando. Está condenado a correr sempre atrás. A cortejar o jeca.
Vale dizer que o diário começa nos 50 anos de idade de Mencken. Viúvo, ele sente essa necessidade de ter um diário a partir de seu luto. Hipocondríaco, seus melhores amigos eram os grandes cirurgiões de seu tempo. Quanto mais velho mais ele se queixa de dores. São longas páginas sobre doenças e amigos que se vão.
De qualquer modo é grande prazer poder se sentir íntimo do dia a dia de tal figura. Jantares, viagens e conferências. Ódios e afetos. Nada de sexo ( ele é a imagem da elegância discreta ). Mencken não gostava do cinema, pouco se importava com o teatro e música quase nada. Seu mundo era o da escrita, das conversas, dos contatos.
Faz falta alguém como ele escrevendo sobre o agora.
Algumas de suas previsões foram certeiras. Outras não. Ele subestima Faulkner. Ignora Heminguay. Para ele Faulkner é apenas um sulista mal educado e muito bêbado. Fitzgerald é visto como um chato. Um escritor muito bom, mas que desperdiçava seu talento com uma esposa louca, e com bebida em excesso. E quando bêbado Fitzgerald ficava chato, muito chato. Mencken tinha intimidade com Sinclair Lewis, o autor de Babbit, o primeiro americano a ganhar o Nobel. Mencken o aconselhou a não aceitar o prêmio. Lewis aceitou. Dreiser também foi íntimo de Mencken, assim como Willa Cather e uma multidão de escritores hoje esquecidos.
Mencken frequentava as mais poderosas familias do país. Os juízes do Supremo, ministros, candidatos a presidente. Amigo dos grandes editores, ao contrário do que se diz normalmente, nas brigas entre editor e autor, Mencken ficava sempre ao lado da editora. Ele dizia que os escritores eram mal agradecidos e traidores. Vale lembrar que o próprio Mencken era um autor. Lançou vários livros, 3 dos quais de muito sucesso.
Um de seus acertos, e que até hoje acho válido, é quando ele aconselha aos editores de jornal como enfrentar a queda das vendas face a emergência do rádio e do cinema. Ele diz que o jornal jamais poderá ser tão imediato, simples e fácil como o rádio. A solução seria elitizar os jornais. Dar me jornal aquilo que o rádio não pode dar, profundidade. Em 2013, face a internet, o jornal continua errando. Está condenado a correr sempre atrás. A cortejar o jeca.
Vale dizer que o diário começa nos 50 anos de idade de Mencken. Viúvo, ele sente essa necessidade de ter um diário a partir de seu luto. Hipocondríaco, seus melhores amigos eram os grandes cirurgiões de seu tempo. Quanto mais velho mais ele se queixa de dores. São longas páginas sobre doenças e amigos que se vão.
De qualquer modo é grande prazer poder se sentir íntimo do dia a dia de tal figura. Jantares, viagens e conferências. Ódios e afetos. Nada de sexo ( ele é a imagem da elegância discreta ). Mencken não gostava do cinema, pouco se importava com o teatro e música quase nada. Seu mundo era o da escrita, das conversas, dos contatos.
Faz falta alguém como ele escrevendo sobre o agora.
O LIVRO DOS INSULTOS DE H.L. MENCKEN
Tudo o que sei devo a Paulo Francis. Ele me apresentou ao mundo que vale a pena seguir e ao que deve-se abominar.
H L Mencken foi o Francis americano. Um jornalista que escrevia sobre o que lhe desse na telha. E é prova do quanto "devoluímos" o fato de que um texto tão subversivo fosse o mais lido pelo americano de 1920. Procure O LIVRO DOS INSULTOS DE MENCKEN na tradução de Ruy Castro ( outro Menckeniano ) em sebos. É da Companhia das Letras e foi editado em 1990.
A crença primeira de Mencken era a de que todo autor que valha alguma coisa está eternamente irritado com seu tempo e seu país. A segunda era a de que nada podia ser pior que um caipira americano. Talvez apenas um snob inglês. Poe, Conrad, Twain e Tolstoi eram seus autores favoritos. Dostoievski, Heminguay, Lawrence e Ibsen eram os que ele fustigava.
Mencken não via qualquer valor em pintura. Para ele, o homem pré-histórico já pintava bem, o que prova que a pintura não requer dom ou inteligência. Pode-se pintar conversando. A música era a arte suprema. Para o homem chegar à Beethoven e Brahms foi preciso toda uma evolução, educação, luta, superação. A literatura vem logo em seguida. Primitivos não escrevem como Joseph Conrad.
O teatro e o cinema, por serem feitos por muitos para muitos, sempre serão guiados pelo gosto comum. Não existe cinema ou teatro individualista, eles serão eternamente circo. Vulgares. Música e literatura é a voz de um para um. Mesmo se numa multidão.
Mencken não dava muito valor a poesia. Dizia que uma criança pode fazer boa poesia. A prosa vale muito mais, pois na prosa não há disfarce, não há véu ou fantasia, ou se escreve bem, ou não se escreve.
Mas não pense que Mencken fala só de literatura. Fala de boxe, sexo, religião, política e até sobre telefones. Sempre com doses imensas de humor e de verdade.
Todo homem decente se envergonha sempre do governo sob o qual vive.
A fé pode ser definida como a crença ilógica na ocorrência do improvável.
Pelo menos numa coisa homens e mulheres concordam : nenhum deles confia em mulheres.
Nada é mais fatal a paixão que a monogamia. E a paixão é o maior inimigo da civilização.
Todo artista é um mosca-morta, o patriota é um covarde, o corajoso é uma besta, o intelectual sofre do fígado e não salta sobre uma agulha... e é sobre isso que querem que o universo gire.
A mulher vê o homem como ele é, alguém que quer acreditar naquilo que ele gostaria de ser.
Um pastor : um bestalhão tentando provar que é melhor teólogo que o papa.
Igreja latina : não é um silogismo, é um poema. Nada significa grande coisa, o que vale é a beleza das palavras.
Toda a civilização foi fundada sobre a covardia humana. Um bando de molengas se unia atrás de muros e dava as armas e o poder para outros menos covardes, que lutavam por eles. Esses menos covardes roubavam as terras dos muito covardes. Eis a origem da nobresa e da história.
Todas essas são frases de Mencken. Penso no que ele escreveria sobre Bush, Twitter, Putin, Terrorismo e TV. Ler esse americano é dose bem vinda de liberdade de pensamento, de humor e de arrojo.
Procure.
H L Mencken foi o Francis americano. Um jornalista que escrevia sobre o que lhe desse na telha. E é prova do quanto "devoluímos" o fato de que um texto tão subversivo fosse o mais lido pelo americano de 1920. Procure O LIVRO DOS INSULTOS DE MENCKEN na tradução de Ruy Castro ( outro Menckeniano ) em sebos. É da Companhia das Letras e foi editado em 1990.
A crença primeira de Mencken era a de que todo autor que valha alguma coisa está eternamente irritado com seu tempo e seu país. A segunda era a de que nada podia ser pior que um caipira americano. Talvez apenas um snob inglês. Poe, Conrad, Twain e Tolstoi eram seus autores favoritos. Dostoievski, Heminguay, Lawrence e Ibsen eram os que ele fustigava.
Mencken não via qualquer valor em pintura. Para ele, o homem pré-histórico já pintava bem, o que prova que a pintura não requer dom ou inteligência. Pode-se pintar conversando. A música era a arte suprema. Para o homem chegar à Beethoven e Brahms foi preciso toda uma evolução, educação, luta, superação. A literatura vem logo em seguida. Primitivos não escrevem como Joseph Conrad.
O teatro e o cinema, por serem feitos por muitos para muitos, sempre serão guiados pelo gosto comum. Não existe cinema ou teatro individualista, eles serão eternamente circo. Vulgares. Música e literatura é a voz de um para um. Mesmo se numa multidão.
Mencken não dava muito valor a poesia. Dizia que uma criança pode fazer boa poesia. A prosa vale muito mais, pois na prosa não há disfarce, não há véu ou fantasia, ou se escreve bem, ou não se escreve.
Mas não pense que Mencken fala só de literatura. Fala de boxe, sexo, religião, política e até sobre telefones. Sempre com doses imensas de humor e de verdade.
Todo homem decente se envergonha sempre do governo sob o qual vive.
A fé pode ser definida como a crença ilógica na ocorrência do improvável.
Pelo menos numa coisa homens e mulheres concordam : nenhum deles confia em mulheres.
Nada é mais fatal a paixão que a monogamia. E a paixão é o maior inimigo da civilização.
Todo artista é um mosca-morta, o patriota é um covarde, o corajoso é uma besta, o intelectual sofre do fígado e não salta sobre uma agulha... e é sobre isso que querem que o universo gire.
A mulher vê o homem como ele é, alguém que quer acreditar naquilo que ele gostaria de ser.
Um pastor : um bestalhão tentando provar que é melhor teólogo que o papa.
Igreja latina : não é um silogismo, é um poema. Nada significa grande coisa, o que vale é a beleza das palavras.
Toda a civilização foi fundada sobre a covardia humana. Um bando de molengas se unia atrás de muros e dava as armas e o poder para outros menos covardes, que lutavam por eles. Esses menos covardes roubavam as terras dos muito covardes. Eis a origem da nobresa e da história.
Todas essas são frases de Mencken. Penso no que ele escreveria sobre Bush, Twitter, Putin, Terrorismo e TV. Ler esse americano é dose bem vinda de liberdade de pensamento, de humor e de arrojo.
Procure.
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