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DJOKO E A CORTINA DE FERRO
Para quem é da minha geração, esse é um sentimento difícil de vencer, e para quem é mais jovem, essa é uma situação cultural dura de transpor. -------------- A CORTINA DE FERRO, o muro real e virtual que separava mundo capitalista do mundo socialista, foi tão tenebroso-forte-brutal-absurdo, que até hoje, 34 anos após sua extinção, ainda enxergamos gente dos Balcãs, ou da Europa Oriental, como "europeus diferentes", quando não, europeus suspeitos. Djokovic quando surgiu, foi o patinho feio, patinho oriental, que estragava a rivalidade Espanha Suiça, Nadal Federer. Era cool torcer pelo muito alinhado Federer, e era bacana torcer pelo moderno Nadal. Djoko vinha da Sérvia, aquele lugar de guerras, de gente de cara feia, fechados, brutos, pouco confiáveis. Mas ele era bom. Na verdade era melhor ( e estou falando não de jogo, falo de tipo humano ). Pois como acontece com todo país sofrido, Djoko era, e é, mais humano que o suiço e mais corajoso que o espanhol. Federer e Nadal são europeus do século XXI, têm a cara e o comportamento dessa massa de pessoas que nasceu em mundo confortável, protegido, igualitário. Djoko nasceu no meio das marcas da guerra em país vilão e nada seguro. ------------------ Quando houve a pandemia, Djokovic, como homem livre que é, optou por não se vacinar. Expulso da Austrália como fosse um terrorista, muitos disseram que ele estava acabado. Como Lance Armstrong no ciclismo, que se dopou, Djoko seria página apagada na história do esporte. Para quem ainda é um homem que coloca a liberdade acima de qualquer valor, a liberdade de ser e de fazer, Djoko cresceu como homem íntegro. ----------------- Agora ele vence mais uma vez, e exibe seu cristianismo real. Wokes não entendem que a religião cresce quando é perseguida, toda religião, e que o cristianismo se enfraqueceu por ter se tornado a religião sem dificuldades. Agora que censuram expressões de fé, ela se faz mais potente. O religioso prova sua fé ao enfrentar o ateu furioso. ---------------- Djokovic irrita certos jornalistas bobos e formadores de opinião debiloides, porque ele joga em suas caras a consciência de sua covardia tão moderna. Todos eles vivem num tipo de berço cercado por puxa sacos e ninados pelas opiniões da manada. Seus egos são inflados com uma certeza infantil, a de que eles estão certos e por isso são O Bem. Quando um atleta não se vacina, não fica doente, vence e ainda mantém seus fãs, esses bobocas sentem uma rachadura em seu berço. Por serem estúpidos não se questionam, nunca se percebem como falíveis, porém se sentem dodoi. ----------------- Djokovc tem opinião. Tem fé. E pouco se importa com os donos da mídia. Isso é o que faz um Homem hoje. A luta é essa.
ENCERRAMENTO: OLIMPÍADAS 2012, A FESTA
Prefiro ignorar o fato de que George Michael parece hoje um cover de si-mesmo. Ou da assustadoramente ruim coisa pomposa chamada Muse. A forçada de barra com cantores pseudo-novos e com uma cantora ( quem? ) deixando Brian May constrangido com sua interpretação fake e vergonhosa de We Will Rock You. Os novos ingleses têm cara de almofadas.
Prefiro dizer que o cara que escolheu os artistas acertou na mosca ao abrir com Ray Davies. O inventor do mais inglês dos estilos de rock abre a festa com Waterloo Sunset. Velho e desafinado. Mas andando pelo palco e sendo lembrado por bilhão de pessoas. Ah que justiça! Viva! The Kinks.
E tudo termina com a mais amada e heróica das bandas inglesas: The Who. faz-se a ponte. De Kinks a Who, passando por Oasis, Queen, Lennon e Fatboy Slim. A entrada de Pete Townshend e Roger Daltrey com Baba O"Riley é sempre um êxtase. Assisti a festa com casal de amigos. Vibraram como eu. Ficamos horas falando do Who. É o teste do rock: Gostar deles é gostar de rock.
O Brasil entrou simplesinho, simpatiquinho. Tom Jobim dizia que o Brasil tinha de se fazer digno da Bossa Nova. Se tivesse entrado com harmonias de Jobim seria lindo. Mas ficou uma coisa meio de samba e indio pra turista. O Brasil quer ser moderno e não toca em Jobim e Carmem Miranda. Tasca samba e indio. Estranho.
Me falaram que teria Bowie. Ele foi homenageado. Mas não veio. Onde está Bowie?
A cerimônia pedia o Queen e clamava por Bowie. Que pena....Mas vieram as Spice e os Pet Shop...triste consolo....
O melhor? Ver Eric Idle. Aplaudido e com todo o povo cantando a canção da Vida de Brian. Caramba! Eles amam os Monty Python !!!! Só isso valeu o show.
Repito tudo o que disse antes. A festa deixa a sensação de que a Inglaterra virou um mero estado dos USA. Mas pelo menos souberam escolher. Ray Davies e Who.
Prefiro dizer que o cara que escolheu os artistas acertou na mosca ao abrir com Ray Davies. O inventor do mais inglês dos estilos de rock abre a festa com Waterloo Sunset. Velho e desafinado. Mas andando pelo palco e sendo lembrado por bilhão de pessoas. Ah que justiça! Viva! The Kinks.
E tudo termina com a mais amada e heróica das bandas inglesas: The Who. faz-se a ponte. De Kinks a Who, passando por Oasis, Queen, Lennon e Fatboy Slim. A entrada de Pete Townshend e Roger Daltrey com Baba O"Riley é sempre um êxtase. Assisti a festa com casal de amigos. Vibraram como eu. Ficamos horas falando do Who. É o teste do rock: Gostar deles é gostar de rock.
O Brasil entrou simplesinho, simpatiquinho. Tom Jobim dizia que o Brasil tinha de se fazer digno da Bossa Nova. Se tivesse entrado com harmonias de Jobim seria lindo. Mas ficou uma coisa meio de samba e indio pra turista. O Brasil quer ser moderno e não toca em Jobim e Carmem Miranda. Tasca samba e indio. Estranho.
Me falaram que teria Bowie. Ele foi homenageado. Mas não veio. Onde está Bowie?
A cerimônia pedia o Queen e clamava por Bowie. Que pena....Mas vieram as Spice e os Pet Shop...triste consolo....
O melhor? Ver Eric Idle. Aplaudido e com todo o povo cantando a canção da Vida de Brian. Caramba! Eles amam os Monty Python !!!! Só isso valeu o show.
Repito tudo o que disse antes. A festa deixa a sensação de que a Inglaterra virou um mero estado dos USA. Mas pelo menos souberam escolher. Ray Davies e Who.
OLIMPÍADAS 2012
As Olimpíadas melhoraram muito. ( Voces acham que eu penso que o agora é sempre pior ? Não. Existem coisas que melhoraram e o esporte é junto à medicina o mais evoluído ). Nos anos 80 as Olimpíadas eram assustadoras. Os grandes esportistas cheiravam à falsidade. Eram arrogantes, agressivos, neuróticos ao extremo. Ainda havia a rivalidade USA URSS e isso contagiava os jogos. E principalmente, o doping corria solto. Todos os recordes eram batidos dia a dia, sem parar, e os atletas tinham corpos monstruosos. Eles não se falavam, não relaxavam, não pareciam humanos. Ben Johnson, Florence Griffith Joyner...
Usain Bolt seria impossível em 1984 ou 1988. Ele é relaxado, sorridente e tem um físico normal. Seus músculos não estão prestes a explodir. ( Tenho de dizer: Neste exato momento toca Bowie no ginásio, Boys Keep Swinging... ). Mas não é só Bolt. Phelps nada tem de anormal, "apenas" seus recordes. Ele parece um estudante americano de Ohio ou Arkansas. Mas em 1988 não era assim. Eles rangiam dentes, faziam poses de deuses, se cutucavam.
Como li em algum lugar, o esporte ocupa o lugar da arte e da religião. Dois bilhões de almas se ligaram em todo o mundo para ver Bolt vencer. Não há Oscar ou lider religioso que consiga isso. Se nossos artistas se chamam Coetzee, Scorsese ou Dylan ( e eles são grandes ), Michael Jordan, Senna ou Valentino Rossi são mitos maiores. Brad Pitt desaparece ao lado de Bolt.
É exatamente na década de 60 que esse processo começa. Nessa década o mundo ainda produz mitos da arte como Beatles ou Kubrick, mas é o fim desse ciclo. É também aí que nascem os primeiros mitos mundiais do esporte: Pelé e Cassius Clay. E com eles vêm Jim Clark, Rod Laver, Wilt Chamberlain e Beckembauer. Nos anos 70 o esporte se torna estilo de vida, toda a moda e toda a estética se torna esportiva. Mark Spitz, Crujff, Dr, J, Magic Johnson, Nadia Comaneci, Niki Lauda, John McEnroe, Shaun Tomson, Borg....se abrem as portas, welcome ao mundo esportivo.
Tudo isso tem a ver com a morte da fé. A fé se transfere da alma para o corpo. Religião, que é fé no não-visivel, e arte, que é fé no símbolo, perdem seu trono. O mundo é agora o corporal, o músculo e a vitória sobre o real. Ruim isso? Não. Se voce tiver olhos para perceber irá ver a arte e a transcendência que podem viver em cada movimento "real". Não é por acaso que o boxe se presta a tantos contos e filmes maravilhosos. O esporte pode ser uma metáfora completa não só sobre a carne, mas também sobre a estética e a alma.
Nesse sentido, Bolt é um criador.
Um último adendo.
O que um grego pensaria sobre tudo isto? A tocha olímpica, os saltos, as lanças e a luta....Creio que ficaria extasiado. E surpreso por ver os bárbaros tão vencedores e os helenos tão perdedores.
Usain Bolt seria impossível em 1984 ou 1988. Ele é relaxado, sorridente e tem um físico normal. Seus músculos não estão prestes a explodir. ( Tenho de dizer: Neste exato momento toca Bowie no ginásio, Boys Keep Swinging... ). Mas não é só Bolt. Phelps nada tem de anormal, "apenas" seus recordes. Ele parece um estudante americano de Ohio ou Arkansas. Mas em 1988 não era assim. Eles rangiam dentes, faziam poses de deuses, se cutucavam.
Como li em algum lugar, o esporte ocupa o lugar da arte e da religião. Dois bilhões de almas se ligaram em todo o mundo para ver Bolt vencer. Não há Oscar ou lider religioso que consiga isso. Se nossos artistas se chamam Coetzee, Scorsese ou Dylan ( e eles são grandes ), Michael Jordan, Senna ou Valentino Rossi são mitos maiores. Brad Pitt desaparece ao lado de Bolt.
É exatamente na década de 60 que esse processo começa. Nessa década o mundo ainda produz mitos da arte como Beatles ou Kubrick, mas é o fim desse ciclo. É também aí que nascem os primeiros mitos mundiais do esporte: Pelé e Cassius Clay. E com eles vêm Jim Clark, Rod Laver, Wilt Chamberlain e Beckembauer. Nos anos 70 o esporte se torna estilo de vida, toda a moda e toda a estética se torna esportiva. Mark Spitz, Crujff, Dr, J, Magic Johnson, Nadia Comaneci, Niki Lauda, John McEnroe, Shaun Tomson, Borg....se abrem as portas, welcome ao mundo esportivo.
Tudo isso tem a ver com a morte da fé. A fé se transfere da alma para o corpo. Religião, que é fé no não-visivel, e arte, que é fé no símbolo, perdem seu trono. O mundo é agora o corporal, o músculo e a vitória sobre o real. Ruim isso? Não. Se voce tiver olhos para perceber irá ver a arte e a transcendência que podem viver em cada movimento "real". Não é por acaso que o boxe se presta a tantos contos e filmes maravilhosos. O esporte pode ser uma metáfora completa não só sobre a carne, mas também sobre a estética e a alma.
Nesse sentido, Bolt é um criador.
Um último adendo.
O que um grego pensaria sobre tudo isto? A tocha olímpica, os saltos, as lanças e a luta....Creio que ficaria extasiado. E surpreso por ver os bárbaros tão vencedores e os helenos tão perdedores.
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