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WESTERNS- DUNQUERQUE- CHURCHILL E MAIS

   O DESTINO DE UMA NAÇÃO de Joe Wright com Gary Oldman e Kristin Scott Thomas.
Wright já é dono de uma carreira sólida. Ele faz filmes que prezam acima de tudo seus atores. E melhor, ele conta sua história sem se exibir. Quando deseja mostrar sua marca, faz travellings bonitos como aqui aqueles das ruas de Londres. Para quem ama a história inglesa, é obrigatório. Oldman está bem como sempre, Kristin também. O filme vai contra a maré do PC, ele retrata um homem velho, conservador, machista e branco. Dá um jeito de botar uma menina na história pra ficar mais anos 2000. A cena no Underground, fantasia pura, é linda. E brega. Funciona. Gostei muito. É um filme de cinema.
  DUNKIRK de Christopher Nolan
A história real é um tipo de milagre. Tinha tudo para ser um massacre de civis e de soldados acuados. Não foi. Nolan faz aquilo que fez em todos os seus filmes: retira tudo de sensacional e faz de um ato de heroísmo uma coisa fria. O filme não tem emoção. De certo modo é um milagre de Nolan, transformar um dos momentos mais emocionantes do século XX, numa coisa bonita de se ver e fria de se sentir.
  NAS MARGENS DO RIO GRANDE de Robert Parrish com Robert Mitchum
Mitchum é um americano que vive no Mexico. Cruza a fronteira de volta ao lar, mas logo se mete em confusão. O filme é muito esquisito. Na verdade falta uma história. Olhamos e não nos ligamos.
  BARQUERO de Gordon Douglas com Lee Van Cleef e Warren Oates
Na velha TV Record, este filme passava todo mês. Nunca o vi na época, e não perdi nada. É uma porcaria. Uma tentativa americana de se fazer um faroeste italiano. Cleef é o macho alfa, um cara que cruza um rio numa barca. Oates o ladrão que precisa cruzar o rio. Cleef não deixa. Violento, bobo, sem história, tolo, histérico.
  PAIXÃO DE BRAVO de Nicholas Ray com Susan Hayward, Robert Mitchum e Arthur Kennedy.
Vendido como western, mas não é. Se passa nos anos de 1950, que é quando foi feito. Mitchum, excelente com seu rosto de derrotado,  é uma ex estrela de rodeio. Kennedy e Hayward são um casal de camponeses. Kennedy quer ser um astro, Mitchum o ajuda. O filme é maravilhoso, talvez o menos conhecido e o melhor de Ray. É um filme de estrada, com um preto e branco lindo. Os atores estão perfeitos e até o tema, desagradável, nos seduz. Nos anos 60-70-80, Ray era considerado um gênio. Nunca foi. Estará hoje esquecido? Voce assiste este filme, gosta do que vê, e quando ele acaba sente ter estado diante de um grande, grande filme.
  FORA DAS GRADES de Nicholas Ray com James Cagney.
Outro grande ator e outro filme pouco conhecido de Ray. Cagney, agressivo e agitado, é um ex prisioneiro que vira sheriff numa cidade do oeste. A história é simples e cheia de ação e o filme é uma diversão ótima. E ainda com um belo subtema sobre moral. Veja.
 
 

NOLAN/ GUY RITCHIE/ LILI/ DRÁCULA/ MAMOULIAN/ HG WELLS/ JODIE FOSTER/ JEAN HARLOW

RECKLESS de Victor Fleming com Jean Harlow, William Powell, Franchot Tone, Rosalind Russell e Mickey Rooney.
Quase uma obra-prima. Fleming, alguns anos antes de Oz e de E O Vento Levou, nos conta uma história que mistura drama, humor e surpresas. Powell é um malandro que vive de jogo, Tone é um rico excêntrico, Harlow uma dançarina de boate amiga de Powell. O drama surge após o casamento. Finalmente eu percebo o porque da fama de Jean Harlow, o maior sex-symbol da Metro dos anos 30. Ela realmente dá um show aqui! Vai da alegria à tristeza, do humor ao drama com naturalidade. Para quem não sabe, ela morreria cedo, em 1937, numa infecção urinária. Powell está excelente, também tem uma grande atuação. Ele transita da frieza de um malandro egoísta ao amor frustrado pela dançarina que se casa com outro. Um grande filme que tem ainda pequenos papéis para Russell, uma mulher chique de NY, e Rooney, ainda criança, como um garoto das ruas. Nota 9.
GUERRA DOS MUNDOS de Byron Haskin com Gene Barry e Ann Robinson
Humilha o filme de Spielberg. O livro de H G Wells transposto para os EUA dos anos 50 com efeitos especiais brilhantes de George Pal. Observe como a história é contada com calma, os personagens desenvolvidos, e a ação vem após sua preparação. Marcianos invadem a Terra e botam pra capar. São maus. O final do filme, quando vi a primeira vez, aos 12 anos, me deixou maravilhado! O filme é uma delicia do começo ao fim e o design dos discos voadores e dos invasores é brilhante! Grande filme! Nota 9.
THEM! de Gordon Douglas com James Whitmore e Edmund Gwenn.
O famoso filme sobre formigas gigantes. O clima de suspense é excelente durante seus primeiros trinta minutos. Mas ele cai quando surgem as formigas. Elas não assustam. Era melhor ficarem sempre em suspense. De qualquer modo a ação é bem conduzida, os efeitos sonoros hipnóticos, um bom filme. Nota 7.
BUGSY MALONE de Alan Parker com Jodie Foster e Scott Baio.
Um dos filmes mais estranhos já feitos. Por que fazer um filme de gangsters em que todos os papéis são feitos por crianças entre dez e doze anos? E onde as armas disparam chantilly? E os carros são movidos a pedal? E com músicas de Paul Willians? Pra que? Foi o primeiro filme de Parker, ele vinha da publicidade inglesa. Hoje, esse filme teria de ser mudado, as meninas as vezes parecem um convite à pedofilia, principalmente Jodie, que aos 12 anos está estranhamente adulta. Quer saber? Do meio em diante voce relaxa e até se diverte, os meninos são todos muito bons atores e há um mafioso italiano que é hilário! 5.
MUSEU DE CERA de Andre de Toth com Vincent Price
A história do artista que expõe figuras de cera que na verdade são pessoas mortas. Feito em 3D, o filme não provoca medo algum, mas tem uma grande atuação de Price, a voz cavernosa e pomposa e o rosto sempre em ironia. Um certo clima noturno ajuda também. Nota 5.
MISTÉRIO NO MUSEU de Michael Curtiz com Fay Wray e Lionel Atwill
A versão do Museu de Cera dos anos 30 é constrangedora. Tentam misturar filme de jornalista esperto, que era moda na época, com filme de horror. O resultado é de uma chatice constrangedora. ZERO.
O MÉDICO E O MONSTRO de Rouben Mamoulian com Fredric March, Miriam Hopkins e Rose Hobart.
Um dos mais eróticos filmes já feitos. E sem nenhuma nudez! March, numa atuação que mistura horror e fragilidade, é o cientista que cria um soro. Ele vira Hyde, sua sombra, um tipo de troglodita que é puro desejo. Hopkins é a prostituta que ele abusa. O filme é brilhante e assustador. Mamoulian, que foi um diretor cheio de ideias, farto de senso de imagem e de clima, faz um trabalho de câmera imaginativo e ao mesmo tempo tenebroso. Vivemos o pesadelo do cientista, sua angústia e sua destruição. O filme tem um clima de sadismo forte, sabemos tudo o que Hyde faz com a moça. Feito em 1932, ou seja, antes da criação da censura na América, este filme seria inimaginável se feito em 1936, ou 40. Ou até 1959. March levou o Oscar de melhor ator. Mais que merecido! É um dos grandes filmes de seu tempo. Nota DEZ.
DRÁCULA de Tod Browning com Bela Lugosi, David Manners e Helen Chandler
Ninguém queria fazer este filme, achavam que seria um fracasso de bilheteria. Acabou por salvar a Universal da falência em 1931. É o filme que criou todos os clichés sobre Dracula. Algumas cenas ainda são nojentas, Bela Lugosi, todo pose e sotaque, inventa um ícone do século, e os sets são magníficos! Não é um grande filme porque Tod Browning era um diretor sem capricho, e que odiava o cinema falado. Mas é um filme ainda divertido e de importância histórica imensa. Nota 6.
LILI de Charles Walters com Leslie Caron, Mel Ferrer, Jean Pierre Aumont e Zsa Zsa Gabor
Passava muito na Sessão da Tarde dos anos oitenta. Vi em 1988, adorei e só o revi hoje. É um dos mais originais filmes que já vi. Uma jóia que me lembrou até mesmo o cinema de Powell. Lili é uma menina de 16 anos orfã. A procura de emprego, ela acaba seduzida por um mágico casado. No circo onde ele trabalha, ela consegue emprego com um ventríloco que é na verdade um neurótico agressivo. E no meio disso tudo, algumas músicas lindas, poucas, e uma simplicidade absoluta. O filme é vendido como um tipo de fábula para crianças, mas ele é surpreendentemente trágico. Fala de sexo, morte, solidão e da ilusão que consola. Leslie Caron tem o papel de sua vida. Ela consegue ser ingênua e infantil sem cair na bobice, o que é fabuloso! O filme comove, encanta e volta a comover. E é lindo. Nota 9.
ROCK`N`ROLLA de Guy Ritchie com Gerard Butler e Thandie Newton
É o filme mais sério de Ritchie. Tem seu estilo mirabolante, se passa em meio aos bandidos londrinos, é ágil e tem cenas engraçadas, mas é ao mesmo tempo mais escuro, duro, e toca num tema muito sério, o vicio em drogas sintéticas. Ele é mais feio, sujo e pesado que seus outros filmes. E de certo modo mais adulto. Gostei, mas me diverti menos. De qualquer modo não se engane, Guy Ritchie é um bom diretor. Nota 7.
INTERSTELLAR de Christopher Nolan com Mathew MacCornaghy, Anne Hathaway e Michael Caine.
Uma gororoba pseudo profunda e chata pacas sobre o fim do mundo. Nada faz sentido mas confesso que gostei do final. As linhas, cordas que regem a vida e que Mathew as toca por detrás dos livros de sua casa, essa é uma cena bonita. Totalmente new age e adepta de um tipo de física quântica de manual, mas é bonita. Talvez seja a pior atuação da vida de Mathew. Nota 1.

VIAGENS NO ESPAÇO, INTERESTELAR, O FILME DE NOLAN

   Quando lançado este filme, a VEJA, não sei se foi a Boscov, publicou uma matéria em que ele era chamado de o melhor filme de sci-fi desde 2001. E ainda se dizia que em termos de profundidade era Interestelar tão profundo quanto. 
   OK my dear. Tá dificil diferenciar crítica de press release. 
   Contado a grosso modo, o filme de 2015 é a história do fim do mundo redimido pelo amor. Amor sem sexo, o mais puro, amor de pai por filha. Como em Ghost, o fantasminha dá uma luz para resolver os problemas do mundo real. Mas, claro, como Nolan se vê como um homem sofisticado, o fantasma é aquele da física quântica, um cara de outro plano de espaço-tempo. Aff...
   Nolan é o pior tipo de artista que existe. Aquele que leu dois livros de filosofia e acha que sabe tudo da matéria. E exibe esse conhecimento ( entre aspas ) o tempo todo. O melhor artista é sempre, em todos os campos, aquele que sabe muito mais do que escancara. Paulo Francis chamaria Nolan de Jeca. Jeca é o novo rico da cultura.
   Todas as cenas aspiram a ser Kubrick. A trilha sonora entrega isso. Ela tenta dar a tal profundidade às mais tolas das cenas. Porque tudo aqui é óbvio. O filme é totalmente isento de suspense. Mas Nolan é um cineasta de 2015, dos mais populares, então ele apenas finge correr riscos. Se em Kubrick nada era fácil, o herói inexistia e nada havia de romântico ou de bons sentimentos, aqui há uma mocinha bonita na missão, um robot legal e até mesmo um cowboy. Filosofia? Onde? No final do filme de Kubrick tudo ficava aberto. O astronauta, incapaz com seu cérebro humano de compreender a relatividade na prática, era enterrado em um mundo compreensível, a tal sala de estar do século XVIII, o século que cristalizou a razão. No final surgia um bebê, e esse final inquieta por ser enigmático. Porém, jamais gratuito. Renascimento? O espelho dentro de um espelho? Ilusão? Não sei.  No filme de Nolan também há um bebê no final, a filha do cowboy. E além dela, a mocinha na nova comunidade. E não é por acaso que a última cena parece a de uma nova cidade no western do espaço.
   Furos existem às dúzias. O mundo tem poeira e pragas mataram lavouras. Bichos não existem. Mas aparentemente ninguém sente falta de água. Um mundo assim seria um mundo como o de Mad Max, louco, sem lei, desesperado. E com várias igrejas absurdas. A pele seria cheia de chagas, todos estariam sempre doentes e insetos iriam invadir tudo. Mas há mais. Se há tecnologia para se fazer um robot como aquele, para quê enviar seres humanos? Ainda mais um bolha como aquele? 
   O maior acerto de Kubrick foi o de enlouquecer todos na missão. Incluindo o robot. Uma mente humana não tem como suportar a dobra do tempo sem se aniquilar. E um cérebro feito por humanos vai pelo mesmo caminho. Aqui o cowboy volta como se tivesse ido até a esquina e tido uma briga no boteco. Nada muda. É um personagem muito mais ralo que Wolverine. E cito o cara da Marvel porque o adoro.
   Mas porque falar tudo isso? Como disse um amigo meu sobre outro filme de Nolan, relaxe e encare como uma boa aventura!
   Não posso por dois motivos. Primeiro porque não é uma boa aventura. Ele é chato, longo, e só fica bom quando Nolan apela para o amor....tipo Ghost.
   Segundo. O público que adora Nolan o chama de artista. Então eu não posso encarar seus filmes como se encara um filme dos X Men, que são muito melhores e bem mais relevantes. 
   Como artista Nolan apela para coisas que um artista não costuma fazer. Heróis mascarados, refilmagens e emoções simplificadas ao máximo. E como cineasta pop ele é sempre pesado, solene, um chato desprovido de qualquer traço de leveza e muito menos de humor.
   O fato de 2001 ser o filme de sci-fi mais falado de 1968, e este ser o de 2015 mostra o quanto o cinema se vulgarizou. 
  2001 é uma chatice que no fim vale a pena.
  Este é uma chatice que no fim parece bobo.
  E fim.

LISTAS DA CRITERION COLECTION

   Criterion Colection top 10`s.
   Encontro essa lista na net, e como sou fã de listas...
   Tem mais de 50 caras dando listas. A maioria nunca ouvi falar. Críticos novatos dos EUA. A lista é legal. A pior é de Diablo Cody. Aff... Destaco a lista de Wes Anderson, boa pacas! Lá vai:
1...MADAME DE...de Max Ophuls.
2...AU HASARD DE BALTHAZAR de Robert Bresson
3...PIGS de Imamura
4...A MULHER INSETO de Imamura
5...LOUIS XIV de Rosselini
6...O ESPIÃO QUE SAIU DO FRIO de Martin Ritt
7....EDDIE COYLE de Peter Yates
8....CLASSES TOUS RISQUES de Maurice Pialat
9....A INFÂNCIA NUA de Maurice Pialat
10..MISHIMA de Paul Schrader
          Digo que os dois primeiros poderiam estar em meus top 10. Dos outros, não conheço os filmes de Pialat. O filme de Ritt é espetacular.

Não dou muita bola para Christopher Nolan, mas sua lista é muito boa.
1....THE HIT de Stephen Frears
2....12 ANGRY MEN de Sidney Lumet
3....THE THIN RED LINE de Malick
4....DR MABUSE de Fritz Lang
5....BAD TIMING de Nicholas Roeg
6....MERRY XMAS de Nagisa Oshima
7....FOR ALL de Al Reinart
8....KOYANAQSTIKY de Reggio
9....MR. ARKADIN de Orson Welles
10...GREED de Stroheim
          Acho que ele não conhece cinema da Europa.

Guillermo del Toro tem uma lista de conhecedor. Ele ama Kurosawa e Bergman e coloca entre os dez, 3 filmes de Akira e dois do gênio suéco.  Seu favorito é TRONO MANCHADO DE SANGUE.

Adam Yauch bota cinco filmes de Kurosawa!!!! Um fã maior que eu !

E há Martin Scorsese:
1....PAISÁ de Rosselini
2....THE RED SHOES de Michael Powell
3....THE RIVER de Jean Renoir
4....UGETSU de Mizoguchi
5....CINZAS E DIAMANTES de Wajda
6....A AVENTURA de Antonioni
7....SALVATORE GIULIANO de Francesco Rosi
8....8 E 1/2 de Fellini
9....A VERDADE de Godard
10..O LEOPARDO de Luchino Visconti
           Lista de mestre. Falar o que?

Olhando toda a lista noto que o DVD fez com que certos nomes fossem reavaliados.
Dos diretores atuais, Wes Anderson e David Lynch são muito citados. E do passado há uma redescoberta de Schlesinger, Mizoguchi e Jules Dassin. E, que surpresa!, o documentário GIMME SHELTER é muito citado como grande filme de rock da história!
Legal né?

DEPARDIEU/ JAMES CAGNEY/ BATMAN/ EMMANUELLE BÉART/ RIDLEY SCOTT/ CAROL REED

   CORAÇÕES LOUCOS de Bertrand Blier com Gerard Depardieu, Patrick Dewaere, Miou-Miou e Isabelle Huppert
Um original. Dois amigos que vivem de roubos fazem tudo o que o desejo lhes manda fazer. E tudo sempre dá errado, claro. Mas eles não desistem. São burros, grossos, violentos, e pensam que toda mulher quer e deve ser usada. No inicio admiramos o filme e odiamos os personagens; depois começamos a sentir uma ternura indesejável por eles. O filme ruma ao sublime, sublime que nasce nas cenas da carona final. Eles quase se humanizam de tanto apanhar. Feito hoje seria transformado em filme solene e psiquiátrico, felizmente foi feito na hora certa ( 1974 ). Seus atores viraram estrelas, eram todos desconhecidos então. Um filme de extremos, voce vai adorar ou abominar e sua reação dirá muito sobre voce mesmo. Nota 9.
   GESTAPO de Carol Reed com Rex Harrison e Margaret Lockwood
Carol Reed é um dos grandes nomes da história do cinema inglês. Aqui, em plena segunda guerra, ele faz um filme em que um cientista tcheco é disputado por espiões ingleses e nazistas. O enredo é totalmente inverossimil, mas tem belas cenas em trem, suspense e clima. Adoro esses filmes noturnos, escuros, cheios de sombras e névoa. Mas a fraqueza do roteiro o compromete. Nota 6.
   JEAN DE FLORETTE de Claude Berri com Yves Montand, Gerard Depardieu e Daniel Auteill
Um imenso sucesso popular e de critica na França de 1987. Baseado no livro de Pagnol, passado na Provence, fala de dois viizinhos lavradores. Um, que vive na terra desde sempre, é falso, ignorante, manipulador, o outro, que acaba de chegar da cidade, tenta aplicar a ciência ao campo. É um homem alegre, honesto, otimista. Está feita a disputa, disputa pela água e pela sobrevivência na terra dura da Provence. Bem...Peter Mayle escreveu montes de livros sobre o lugar, para ele um tipo de paraíso cheio de franceses bons e engraçados. Pois este filme mostra a verdade, é um lugar dificil, áspero, de gente desconfiada e fofoqueira. Devo dizer que é um dos filmes que mais me enervou, fiquei completamente enojado com a maldade que ele exibe. Será genético, já que sei que meus antepassados viveram exatamente como eles? Poucos filmes exibem a maldade humana de modo tão cruel. Uma maldade pequena, mesquinha, burra, estúpida. O filme, que é simples até a medula, me foi insuportável. Sem Nota.
   A VINGANÇA DE MANON de Claude Berri com Daniel Auteill, Yves Montand e Emmanuelle Béart
Continuação de Jean de Florette filmada ao mesmo tempo que o filme acima. A filha de Jean cresceu, o bronco que é seu vizinho se apaixona por ela, ela se vinga. Preciso destacar a atuação de Auteill. Ele faz um tipo de homem-bicho, homem-pedra, limitado, sovina, rude e sem palavras, que cai de amores por Manon e sofre terrivelmente por isso. Uma atuação tão perfeita que chega a assombrar. Béart se fez estrela aqui e tem uma beleza natural, pura, esfuziante. Para muitos é a mais bela das atrizes atuais. E por fim, uma nota sobre o mito Montand. É um de seus últimos filmes e ele faz algo de muito raro. Pois passamos todos os dois filmes o detestando e ao final, quando ele sucumbe à dor, o perdoamos e desejamos que seu sofrimento pare. O rosto melancólico, crispado de culpa...lindo. Os dois filmes juntos são uma bela obra sobre um mundo seco e mesquinho. Longe da perfeição, mas bastante fortes.
   A CANÇÃO DA VITÓRIA de Michael Curtiz com James Cagney e Walter Huston
Bio sobre George M. Cohan, uma estrela dos palcos americanos entre 1890 e 1920. Os americanos adoram este filme, que é muito bem feito, mas fora da América ele tem dois problemas sérios. Primeiro o fato de que Cohan não é uma figura mundial, e segundo o hiper patriotismo do filme. Mesmo que voce não seja anti-americano, incomoda seu excesso de bandeiras e frase sobre a glória da América. Cagney está hiper atlético, dançando em seu modo irlandês, longe dos filmes de gangster. Nota 4.
   BATMAN O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE de Nolan com Bale e etc
Caraca! Lançado em centenas de salas, isto não é um filme, é uma operação de marketing. Nolan faz de tudo para se dar bem. Em meio a crise na cidade de Gotham ele tenta agradar a todas as tribos, e desse modo não agrada ninguém. Acena para liberais e republicanos, defende a ordem e o kaos, nada defende, então a verdade é que acena para os recordes de bilheteria. Problema nenhum se o filme fosse um tipo de Star Wars assumido. Mas, como bom Jeca, pinta tudo com um leve verniz de "arte". Pra que esse verniz só ele sabe. Arte de Jeca, que nunca é criatividade, mas sim escuridão e "dor". Jecas acham arte uma coisa tão esquisita, tão "superior", que sempre tendem a pensar que ela seja tristeza e desencanto. Esquecem que arte é vitalidade, coisa que todos os Batmans, desde Tim Burton, nunca tiveram. Se eu o analisar apenas como uma aventura pop ( o que não quer ser ), a coisa fica pior. Aventura tem de ser divertida, leve, ágil e fazer com que os minutos passem voando. Isto é pesado, solene, complicado, chato, arrastado. Saudade de meus gibis. Nota 1.
   PROMETHEUS  de Ridley Scott
Aff.... confesso que dormi. Acho que já deu pra Scott. Seus filmes, hiper empetecados, me lembram sempre o pior do cinema publicitário. O roteiro, pseudo profundo, é risivel. Alguém leva essa gororoba a sério??? Kubrick um dia fez uma obra de arte abstrata chamada 2001, e até hoje pagamos o pato. ZERO!!!

BLOG DO INÁCIO ARAÚJO

Quem quiser ler tudo o que penso sobre cinema ( nem tudo, 80% ) leia o blog do Inácio. A crítica demolidora que ele escreve sobre A ORIGEM, do muuuuito enganador Nolan, é impagável !
Arte é pegar o complexo e torná-lo claro e transparente. Nolan pega o banal e o complica até torná-lo falso. E ainda paga o mico de ficar explicando e reexplicando o seu próprio filme!
Inácio sabe tudo!