Uma menina no deserto. Egito. Ela é suja e muito pobre. E linda.
Um garoto canta com voz aguda. A tribo trabalha. A menina salta para o centro do espaço e dança. Pulseiras, saias, sedas e pratas e maquiagem de bruxa. Dança com passos que nunca ví ou imaginei. O garoto a olha como homem maduro. Ela dança como mulher de sempre.
Na Turquia um homem pula sobre uma mesa. Veste azul. É feio. É feliz.
Esse homem de azul dança e nos atinge. Suas mãos se movem como se fossem estrelas. Sua sensualidade nos humilha. Sua alegria nos ofende.
Uma mulher, imensos quadris, pula sobre a mesa. Ela acompanha o homem de azul e balança as cadeiras como uma espuma de cachoeira.
Tudo é vivo.
Isto é LATCHO DROM, um documentário de Tony Gatlif, feito em 98. Mostra, sem narração nenhuma, ciganos no Egito, Turquia, Marrocos, Romenia, Hungria, Eslováquia, França e Espanha.
Sinto orgulho. Muito orgulho. Orgulho por ter um pé nesse mundo.
Recordo a auto-bio de Nikos Kazantzakis. Ele passou toda a vida procurando o segredo de seu ser. Tentou ser budista, marxista, freudiano, grego-clássico e simbolista. Percebeu enfim que ele era filho de seu pai, e portanto neto de seu avô. E que seus avôs eram beduínos e que sua angústia vinha da saudade do deserto...
Na Romenia ( assim como em todo o filme ) é impressionante como as velhas se comportam como crianças e como as crianças parecem adultas. Os meninos de 10 anos é que cantam. E olham com malícia para as meninas de 13 que dançam. As velhas riem e os velhos rebolam.
É uma humilhação para nosso mundinho raso, eternamente infantil, engolindo pílulas para se divertir, pílulas para transar e esticando a pele para se sentir bem. O homem de azul sobre a mesa humilha qualquer frequentador de raves em Ibiza. Ele está bombando. Não vai onde está.
Na Hungria, dezenas de violinos tocam febrilmente na rua e no trem, uma triste menina ( linda e suja ) canta um desafio enquanto olha a paisagem que passa.
Homens vivem em casas na árvore e na neve. Cavalos correm com força musical.
Na Espanha, um menino, com o olhar mais verdadeiro e eterno e bíblico e rimbaudiano que já ví, encarna o duende e canta. Geme...Penso : como viver sem essa força ? Heis a verdadeira sinceridade. Vida.
Na França, violinos e violões fazem o som da felicidade.
É tudo.
Mas é bem mais. Latcho Drom é a chance de assistir e sentir o sempre, o eterno aqui, a herança, a música da vida, da Terra, do sexo.
Não sei como voces podem conseguir o dvd. Foi um presente de Larry, amigo meio-cigano que sempre sabe do que gosto.
Não é um documentário. è uma aula de duende, de sedução, de alegria pura.
Aqui, agora e para sempre!
Um garoto canta com voz aguda. A tribo trabalha. A menina salta para o centro do espaço e dança. Pulseiras, saias, sedas e pratas e maquiagem de bruxa. Dança com passos que nunca ví ou imaginei. O garoto a olha como homem maduro. Ela dança como mulher de sempre.
Na Turquia um homem pula sobre uma mesa. Veste azul. É feio. É feliz.
Esse homem de azul dança e nos atinge. Suas mãos se movem como se fossem estrelas. Sua sensualidade nos humilha. Sua alegria nos ofende.
Uma mulher, imensos quadris, pula sobre a mesa. Ela acompanha o homem de azul e balança as cadeiras como uma espuma de cachoeira.
Tudo é vivo.
Isto é LATCHO DROM, um documentário de Tony Gatlif, feito em 98. Mostra, sem narração nenhuma, ciganos no Egito, Turquia, Marrocos, Romenia, Hungria, Eslováquia, França e Espanha.
Sinto orgulho. Muito orgulho. Orgulho por ter um pé nesse mundo.
Recordo a auto-bio de Nikos Kazantzakis. Ele passou toda a vida procurando o segredo de seu ser. Tentou ser budista, marxista, freudiano, grego-clássico e simbolista. Percebeu enfim que ele era filho de seu pai, e portanto neto de seu avô. E que seus avôs eram beduínos e que sua angústia vinha da saudade do deserto...
Na Romenia ( assim como em todo o filme ) é impressionante como as velhas se comportam como crianças e como as crianças parecem adultas. Os meninos de 10 anos é que cantam. E olham com malícia para as meninas de 13 que dançam. As velhas riem e os velhos rebolam.
É uma humilhação para nosso mundinho raso, eternamente infantil, engolindo pílulas para se divertir, pílulas para transar e esticando a pele para se sentir bem. O homem de azul sobre a mesa humilha qualquer frequentador de raves em Ibiza. Ele está bombando. Não vai onde está.
Na Hungria, dezenas de violinos tocam febrilmente na rua e no trem, uma triste menina ( linda e suja ) canta um desafio enquanto olha a paisagem que passa.
Homens vivem em casas na árvore e na neve. Cavalos correm com força musical.
Na Espanha, um menino, com o olhar mais verdadeiro e eterno e bíblico e rimbaudiano que já ví, encarna o duende e canta. Geme...Penso : como viver sem essa força ? Heis a verdadeira sinceridade. Vida.
Na França, violinos e violões fazem o som da felicidade.
É tudo.
Mas é bem mais. Latcho Drom é a chance de assistir e sentir o sempre, o eterno aqui, a herança, a música da vida, da Terra, do sexo.
Não sei como voces podem conseguir o dvd. Foi um presente de Larry, amigo meio-cigano que sempre sabe do que gosto.
Não é um documentário. è uma aula de duende, de sedução, de alegria pura.
Aqui, agora e para sempre!