Stevens serve sua excelência e se regozija ao tomar consciência de sua dignidade. Sua excelência, um grande Lord inglês, trava contato com vários políticos. Ele quer evitar a guerra. Mas Stevens sabe apenas vagamente do que lá acontece. O que lhe importa é deixar a prataria impecável. Para isso ele comanda uma equipe de 20 empregados. Bons tempos....ou não.
O sistema de classes inglês foi bem tecido desde o século XV até o XX. Trabalhadores trabalham, líderes lideram. Quem deve pensar, pensa. O resto segue. Daí a admiração pela Índia. Os dois se viram em espelhos, um olhando para o outro.
Ishiguro nasceu no Japão. Aos seis anos sua família foi para a Inglaterra e lá ficou. Ele é um autor inglês. Talvez. O narrador aqui é Stevens. Ele conta a história e vemos que ele conta aquilo que viu e sentiu: quase nada. Mas nós, que não somos Stevens, vemos mais. Muito mais. Pelas bordas da história escapam muitas coisas. E o leitor as sente. Esse é um modo japonês de contar. A maior parte fica de fora. Sugerida. Stevens é um samurai com espanador nas mãos. Rígido, chato, tolo, servil. Tenta aprender em livros a ser engraçado. Tenta aprender a ser humano. ( Seria esse o segredo do humor inglês...uma tentativa de se humanizar....)
O livro, vencedor do Booker Prize de 1989, virou filme em 1992. Anthony Hopkins tem o papel de sua vida. Ishiguro é em 2015 o autor inglês central. O único que ficará clássico com certeza. ( Temos muitos outros ótimos. Mas Ishiguro é a aposta certa ).
O mundo de Stevens começa a terminar em 1956, que é quando ele conta sua história. O sistema de classes termina e em seu lugar nasce o sistema americano, da competência. Um idiota com um grande nome é substituído por um espertalhão com dinheiro na mão. Stevens não sabe como servir a quem não liga para o brilho da prataria.
Este livro é, com certeza, uma obra-prima.
O sistema de classes inglês foi bem tecido desde o século XV até o XX. Trabalhadores trabalham, líderes lideram. Quem deve pensar, pensa. O resto segue. Daí a admiração pela Índia. Os dois se viram em espelhos, um olhando para o outro.
Ishiguro nasceu no Japão. Aos seis anos sua família foi para a Inglaterra e lá ficou. Ele é um autor inglês. Talvez. O narrador aqui é Stevens. Ele conta a história e vemos que ele conta aquilo que viu e sentiu: quase nada. Mas nós, que não somos Stevens, vemos mais. Muito mais. Pelas bordas da história escapam muitas coisas. E o leitor as sente. Esse é um modo japonês de contar. A maior parte fica de fora. Sugerida. Stevens é um samurai com espanador nas mãos. Rígido, chato, tolo, servil. Tenta aprender em livros a ser engraçado. Tenta aprender a ser humano. ( Seria esse o segredo do humor inglês...uma tentativa de se humanizar....)
O livro, vencedor do Booker Prize de 1989, virou filme em 1992. Anthony Hopkins tem o papel de sua vida. Ishiguro é em 2015 o autor inglês central. O único que ficará clássico com certeza. ( Temos muitos outros ótimos. Mas Ishiguro é a aposta certa ).
O mundo de Stevens começa a terminar em 1956, que é quando ele conta sua história. O sistema de classes termina e em seu lugar nasce o sistema americano, da competência. Um idiota com um grande nome é substituído por um espertalhão com dinheiro na mão. Stevens não sabe como servir a quem não liga para o brilho da prataria.
Este livro é, com certeza, uma obra-prima.