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MOBY DICK E A FRAUDE
Não pense que o excesso de filmes de HQ, biografias ou "baseados em fatos reais" seja um acaso. O mundo nunca foi tão covarde e produzir algo que já tem um nome, uma grife, já é conhecido, já existe, é muito mais seguro. Um projeto sobre o cantor X ou sobre a tragédia Z, traz em si uma garantia de repercussão que um roteiro totalmente original não traz. Fazer um filme baseado em título literário famoso também garante alguma repercussão. -------------------- Grandes livros não dão grandes filmes. É uma verdade que tem várias excessões mas que mantém média alta. Os grandes romances da história não dão grandes filmes, e muitas vezes nem mesmo filmes bons ou passáveis. Cervantes, Stendhal, Hugo, Balzac, Proust, Joyce, Thomas Mann, Faulkner, Heminguay, Flaubert, nenhum desses autores tem um filme que lhe faça justiça. Alguns são desastres absolutos, DOM QUIXOTE, outros deram filmes até que interessantes, mas completamente infieis ao livro. Penso em Heminguay cujo ILHAS DA CORRENTE é um bom filme, mas bastante distante do romance. ------------------- Mesmo autores contemporâneos sofrem no cinema. Bellow, Updike, Roth, jamais tiveram um filme digno de sua obra e Tom Wolfe teve a sorte de ver OS ELEITOS-the right stuff, ser um muito, muito grande filme. Chegamos pois às excessões. TOM JONES é um filme digno do livro e que capta algo de sua verve. Shakespeare tem alguns filmes que souberam usar sua obra e que não passam vergonha quando comparados ao original. ( Porém há uma reparação: teatro é mais adaptável ao cinema que o romance ). Dois nomes se destacam: Jane Austen, que se dá muito bem em fimes e Henry James, o que é uma incrível surpresa, haja visto que sua obra é tão interiorizada. Penso que Austen se adapta bem por ter algo que o cinema ama: bom enredo, e James foi um caso de sorte, os filmes que deram certo foram escritos por gente que realmente o entendia. ------------------------ Chegamos ao tema: MOBY DICK. Há uma versão de John Huston que luta por ser fiel e não consegue ser. Huston tem como último filme de sua obra o filme OS MORTOS, um milagre de filmagem baseda em conto superlativo de James Joyce. Mas MOBY DICK não pode ser filmado. Quem o leu sabe disso, o romance de Herman Melville é um pesadelo feito de escuridão e de linguagem bíblica. Tudo nele parece uma acusação e não há modo mais perfeito de se entender a raiz da civilização americana que esse livro. Transpor MOBY DICK para a tela é impossível. Em imagens a riqueza verbal se torna um tipode cliché gótico. Eu gosto do filme de Huston, mas é uma falha que entretém, sempre uma falha. ---------------- Ontem vi outra versão do livro, um filme que era muito raro mas que o DVD nos trouxe de volta. Feito pela RKO em 1930, dirigido por Lloyd Bacon, o filme traz John Barrymore como Ahab e ver Barrymore é sempre um prazer gigantesco. Mas o filme, como é? ------------ Se voce leu o livro irá rir agora. Ahab é o atlético capitão de um navio, beberrão e mulherengo ( ou seja, é Barrymore ), que se apaixona por linda moça do porto de New Bedford. Ela corresponde e tudo parece bem. Mas a baleia arranca sua perna e ele se torna amargo. Sim meus queridos, MOBY DICK se torna uma hsitória de amor trágico. Mas!!!!!! Eu não posso atacar o filme e não devo. Porque ele é bom, é divertido e tem um saboroso gosto gótico. Os cenários são perfeitos, têm neblina, parecem sujos, escuros, úmidos. O filme cheira a bar de porto, a rum, a maresia. E mesmo a baleia é feita com surpreendente convencimento. Os efeitos são bons para sua época. O filme, malandro, usa o nome famoso e nobre: MOBY DICK, para atrair seu público, mas de MOBY DICK nada tem. Nada mesmo!!! Ou melhor, tem uma baleia e um cara chamado Ahab. Fazem o mesmo hoje com filmes que usam nomes como NICK FURY, FAUSTO, ROMEU E JULIETA, MILES DAVIS, OSCAR WILDE e que nada têm a ver com seu título. --------------------- Por falar em Oscar, vi Dorian Gray, a versão de 1946 e devo dizer, um belo filme de suspense, mas é tão Oscar Wilde quanto ZORBA O GREGO é Kazantzakis. Nada. Oscar Wilde sem artificialismo e fortes tintas gays é tão vazio como fazer biografia de ídolo do rock sem paixão por música e longas cenas musicais. Opa! É o que se faz.
CINEMA MUDO
Assistir cinema mudo é sempre difícil. É uma linguagem morta. Para usufruir voce precisa se esforçar, e hoje, cultura é confundida com diversão, não se admite esforço. Mas a questão é: vale à pena? ------------------- Fato interessante: as imagens dos filmes mudos possuem caráter de sonho. E não sou eu quem disse isso. Não cito o nome do autor dessa frase porque não recordo. Mas ele acertou. Quando vejo um filme mudo, mesmo que me entedie, fica na memória a sensação de que aquilo era um sonho, de que aquelas imagens não são reais. É uma característica encantada e de encantamento. Há filmes falados que também possuem esse dom, mas entre os mudos quase todos parecem sonhos. São estranhos, irreais, arcaicos, básicos, não necessariamente belos, porém, esquisitos. ----------------- Revi vários nesses dias. AURORA de Murnau não é nada chato, é um filme perfeito. E que fica na lembrança como sonho de dor e de amor. Já rever Fritz Lang é difícil. Pelo menos para mim. METROPOLIS é pesado como um trem, e se as imagens são belas ou inesquecíveis, seu desenvolvimento é rígido como pedra. Lang é sempre pesado. Considero-o, óbvio, um dos 20 maiores cineastas que aqui viveram, mas prefiro muito mais sua fase americana. Nos EUA ele continua pesado, porém seus temas são muito mais humanos. Seus filmes moir são maravilhosos. ----------------- Revi DON JUAN de Alan Crosland, com John Barrymore e Myrna Loy. Eu amo Barrymore, tanto mudo como falando nos anos 30. E Don Juan é de uma riquesa visual que impressiona. Revi também HELLS ANGELS, que é falado mas parece mudo, 1930. É o famoso filme sobre aviação de Howard Hughes, que na verdade foi feito por James Whale. As cenas aéreas são de uma beleza aterradora. Há uma, em que um zeppelin surge entre nuvens, de noite, que é das coisas mais incríveis que já vi. É lindo. E parece um sonho que voce sonhou um dia. ------------------------- Revi Buster Keaton, e comédias envelhecem menos, mas também são menos do mundo dos sonhos. Revi também O GATO E O CANÁRIO de Paul Leni, o avô dos filmes de casa misteriosa. Todos esses filmes têm qualidade, mas são pedem paciência, outro modo de usufruir. É uma educação estética, que sinceramente, não sei se é ainda válida. Sabemos que nunca se filmou tanto como nos anos de 1920 e que 80% dos filmes feitos então se perderam para sempre. Dos que ficaram, 15% vive em cinematecas e são inacessíveis e apenas 5% existem ao seu dispor, em mídias modernas. Desse número, talvez a metade valha à pena rever, são do nível de AURORA ou de HELLS ANGELS. ---------------- è isso.
20TH CENTURY, A PRIMEIRA SCREWBALL COMEDY DA HISTÓRIA
Feito em 1932, por Howard Hawks em apenas 3 semanas, este filme, 20th Century, continua brilhando como se feito a apenas 3 dias. É incrível como este roteiro, de gênio, não envelheceu um só dia, e mais impressionante ainda é a direção de Hawks e dois atores que merecem o nome de gênios.
O filme é simples, muito simples. Ele trata de um casal. Um produtor de teatro hiper vaidoso e histérico e sua ex namorada, uma atriz sem talento que ele lançou ao estrelato. Rompidos, ela se torna estrela de cinema, e ele um falido. Ambos se encontram em um trem, o 20th Century e gritam um com o outro sem parar. Não espere amor romântico aqui. Eles interpretam o tempo todo. A vida real é para eles um palco, tudo que eles sentem e falam é exagerado, canastrão, fake. Hawks dirige do seu modo invisível, ele nunca tenta chamar atenção sobre si mesmo, o filme existe em função do roteiro e dos atores. Hawks é o oposto de Hitchcock, nada de truques, nada de surpresas, nada de grife.
Assisto mais uma vez, e novamente sinto a euforia alegre que o filme emana. Mais ainda, há algo de profundamente inteligente em cada cena. Não a inteligência arrogante e insegura do teen, mas a tranquila inteligência confiante do profissional. Todas as falas não tentam ser engraçadinhas, elas são cômicas por serem histéricas. Não há um só ângulo de câmera ousado, esquecemos que isto é um filme, o vemos como uma história sendo contada. Nasce aqui a screwball comedy, típica comédia dos anos 30, que no brasil é chamada de comédia maluca, um erro de tradução ridículo.
A screwball comedy é alegre. E é amalucada, não louca. Loucos são os Irmãos Marx e eles não fazem parte do gênero. Louco é W.C. Fields, e ele também não é do estilo screwball. Esse amalucado é aquele da menina emancipada que entra num escritório a 300 km por hora falando vinte frases em dois segundos. Primeira característica: É um estilo feminista. Não existe sem uma mulher forte, inteligente e ousada. Segunda característica: Todo filme se passa em um mundo claro, leve, sem pobreza explícita. Jejum de Amor, talvez o melhor do estilo, até fala de pobres, mas a pobreza não é filmada. São filmes para pessoas em crise sentirem alívio. Esse o objetivo. Terceiro fato: Não há casais casados. São ex casados, ex noivos, ex namorados ou desconhecidos. O centro é sempre o amor, mas é um amor irresponsável, solto, sem mel, sem melodrama, sem futuro.
Podemos dizer que a comédia dos anos 40 passa a ser uma comédia de família, de casal, e nos anos 50 ela se torna farsa, troca de papeis, confusão de valores estabelecidos. Voce sabe que nos anos 80 ela é a comédia de escola, de universidade, de grupo social que se anarquiza, e nos anos 90 se torna a comédia dos imbecis, dos idiotas de bom coração, dos bebês adultos.
20th Century é a primeira comédia à anos 30. E mais ainda, é a comédia que provou que o gênero não dependia mais daquilo que se usava no cinema mudo: o atletismo dos atores, quedas, tombos e murros.
John Barrymore faz o produtor. Se voce já viu um dia, aqui no Brasil, Paulo Autran, Ney Latorraca, fazendo um tipo egocêntrico, voce agora sabe de onde eles pegaram cada expressão facial e cada trejeito de corpo. O que Barrymore faz é simplesmente uma das duas ou três maiores atuações em comédia da história. Não há como não se apaixonar por ele. Possesso, ele vive aquele ego imenso, maníaco, louco, feroz, melodramático e canastrão. Que tal conhecer ele mais um pouco?
John Barrymore é descendente de uma família de atores que remonta ao século XIX. Irmão de Lionel Barrymore e Ethel Barrymore, todos lendas no teatro, dos 3 ele foi o mais famoso e o único que não ganhou seu Oscar. No cinema mudo John Barrymore foi super star ao nível Douglas Fairbanks e Valentino. Atuava em capa e espada e em dram como Jeckyl and Hyde. Passou ao cinema sonoro sem problema. No teatro era considerado o único americano digno de atuar em Hamlet ( opinião dos ingleses ). Dominou a Broadway, entrou em Hollywood como rei e mito. Entre 1932-1935 ele tem várias atuações fantásticas em filmes. Mas...havia a bebida. Morre alcoólatra e ao fim da carreira passa a fazer papeis indignos do seu gênio. Se voce quer o conhecer, é este o filme.
Carole Lombard faz a atriz. E nada pode ser mais elogiável que o fato dela enfrentar Barrymore sem ser engolida. Lombard foi casada com William Powell e depois com Clark Gable. Morreu num desastre de avião em 1942. Era a atriz de comédias número um do mundo. Gable jamais a esqueceu.
O filme, como toda boa história, completa um círculo perfeito. Ele termina onde começa. Eu adoraria que filmes como este voltassem á moda. Mas isso é impossível pelo fato de que não há mais quem tenha o gosto de os ver. Graças aos deuses estão vivos em fitas, dvds, blu rays ou memórias digitais.
Como dizia Paulo Francis, enquanto houver inteligência no planeta, ele resistirá.
O filme é simples, muito simples. Ele trata de um casal. Um produtor de teatro hiper vaidoso e histérico e sua ex namorada, uma atriz sem talento que ele lançou ao estrelato. Rompidos, ela se torna estrela de cinema, e ele um falido. Ambos se encontram em um trem, o 20th Century e gritam um com o outro sem parar. Não espere amor romântico aqui. Eles interpretam o tempo todo. A vida real é para eles um palco, tudo que eles sentem e falam é exagerado, canastrão, fake. Hawks dirige do seu modo invisível, ele nunca tenta chamar atenção sobre si mesmo, o filme existe em função do roteiro e dos atores. Hawks é o oposto de Hitchcock, nada de truques, nada de surpresas, nada de grife.
Assisto mais uma vez, e novamente sinto a euforia alegre que o filme emana. Mais ainda, há algo de profundamente inteligente em cada cena. Não a inteligência arrogante e insegura do teen, mas a tranquila inteligência confiante do profissional. Todas as falas não tentam ser engraçadinhas, elas são cômicas por serem histéricas. Não há um só ângulo de câmera ousado, esquecemos que isto é um filme, o vemos como uma história sendo contada. Nasce aqui a screwball comedy, típica comédia dos anos 30, que no brasil é chamada de comédia maluca, um erro de tradução ridículo.
A screwball comedy é alegre. E é amalucada, não louca. Loucos são os Irmãos Marx e eles não fazem parte do gênero. Louco é W.C. Fields, e ele também não é do estilo screwball. Esse amalucado é aquele da menina emancipada que entra num escritório a 300 km por hora falando vinte frases em dois segundos. Primeira característica: É um estilo feminista. Não existe sem uma mulher forte, inteligente e ousada. Segunda característica: Todo filme se passa em um mundo claro, leve, sem pobreza explícita. Jejum de Amor, talvez o melhor do estilo, até fala de pobres, mas a pobreza não é filmada. São filmes para pessoas em crise sentirem alívio. Esse o objetivo. Terceiro fato: Não há casais casados. São ex casados, ex noivos, ex namorados ou desconhecidos. O centro é sempre o amor, mas é um amor irresponsável, solto, sem mel, sem melodrama, sem futuro.
Podemos dizer que a comédia dos anos 40 passa a ser uma comédia de família, de casal, e nos anos 50 ela se torna farsa, troca de papeis, confusão de valores estabelecidos. Voce sabe que nos anos 80 ela é a comédia de escola, de universidade, de grupo social que se anarquiza, e nos anos 90 se torna a comédia dos imbecis, dos idiotas de bom coração, dos bebês adultos.
20th Century é a primeira comédia à anos 30. E mais ainda, é a comédia que provou que o gênero não dependia mais daquilo que se usava no cinema mudo: o atletismo dos atores, quedas, tombos e murros.
John Barrymore faz o produtor. Se voce já viu um dia, aqui no Brasil, Paulo Autran, Ney Latorraca, fazendo um tipo egocêntrico, voce agora sabe de onde eles pegaram cada expressão facial e cada trejeito de corpo. O que Barrymore faz é simplesmente uma das duas ou três maiores atuações em comédia da história. Não há como não se apaixonar por ele. Possesso, ele vive aquele ego imenso, maníaco, louco, feroz, melodramático e canastrão. Que tal conhecer ele mais um pouco?
John Barrymore é descendente de uma família de atores que remonta ao século XIX. Irmão de Lionel Barrymore e Ethel Barrymore, todos lendas no teatro, dos 3 ele foi o mais famoso e o único que não ganhou seu Oscar. No cinema mudo John Barrymore foi super star ao nível Douglas Fairbanks e Valentino. Atuava em capa e espada e em dram como Jeckyl and Hyde. Passou ao cinema sonoro sem problema. No teatro era considerado o único americano digno de atuar em Hamlet ( opinião dos ingleses ). Dominou a Broadway, entrou em Hollywood como rei e mito. Entre 1932-1935 ele tem várias atuações fantásticas em filmes. Mas...havia a bebida. Morre alcoólatra e ao fim da carreira passa a fazer papeis indignos do seu gênio. Se voce quer o conhecer, é este o filme.
Carole Lombard faz a atriz. E nada pode ser mais elogiável que o fato dela enfrentar Barrymore sem ser engolida. Lombard foi casada com William Powell e depois com Clark Gable. Morreu num desastre de avião em 1942. Era a atriz de comédias número um do mundo. Gable jamais a esqueceu.
O filme, como toda boa história, completa um círculo perfeito. Ele termina onde começa. Eu adoraria que filmes como este voltassem á moda. Mas isso é impossível pelo fato de que não há mais quem tenha o gosto de os ver. Graças aos deuses estão vivos em fitas, dvds, blu rays ou memórias digitais.
Como dizia Paulo Francis, enquanto houver inteligência no planeta, ele resistirá.
PIRANHA- GARBO´MINELLI- JOHN FORD- LUCILLE- JOHN BARRYMORE
GRANDE HOTEL de Edmund Goulding com John Barrymore, Greta Garbo, Joan Crawford, Lionel Barrymore e Wallace Beery.
Grande sucesso da MGM, este filme inaugura todo um gênero, o filme onde vários personagens vivem vidas paralelas num mesmo local. Navios, aviões, lojas, ruas, o cinema passou a usar a mesma fórmula por décadas. Aqui, num hotel de luxo em Berlin, acompanhamos uma bailarina em crise, um nobre falido que se tornou ladrão, um operário condenado que torra suas economias, uma secretária cortejada e um industrial corrupto. Bonito de se olhar, o filme, apesar de didático, envelheceu pouco. É um belo exemplo da arte hollywoodiana. Barrymore dá um show como o ladrão. O olhar comove. Seu irmão, Lionel está ótimo como o operário deslumbrado com o luxo. E temos Garbo. Sua forma de interpretar é terrivelmente exagerada, antiquada, mas quando ela se cala e atua apenas com o corpo, ela nos derrota. Sentimos estar diante de algo único. Sua beleza frágil e andrógina é ainda um enigma. Nunca haverá nada parecido. Nota 7.
PIRANHA de Alexandre Aja com Elizabeth Shue, Eli Roth e Christopher Lloyd.
Os anos 70 criaram o gênero "massacre". Um tipo de filme onde vemos gente sendo atacada e morrendo. O ataque pode ser de bichos, um desastre natural ou aliens. Hitchcock antecipou esse estilo com a obra-prima Os Pássaros. Ninguém chegou perto. Este filme é recente. Piranhas monstruosas atacam adolescentes num lago. O puritanismo americano faz com que todos que fazem sexo morram. Temos cenas de nudez nada sensuais, piadas toscas e nenhum suspense. Vemos inclusive uma piranha engolir um pênis. O filme nem aversão causa. Esse tipo de filme só mantém interesse se tiver um personagem ao menos simpático. Não é o caso. O herói é patético. Em meio a um lago cheio de gente sendo comida ele pega um revólver e dá tiros na água voando sobre um barco...Please!
OS ÚLTIMOS NA TERRA de Craig Zobel com Chiwetel Ejiofor, Margot Robbie e Chris Pine.
Por falar em anos 70...este filminho barato de 2015 lembra os piores filminhos baratos de 1976. Aqui, em cenário florestal, o mundo acabou. Uma garota vive só com um cão. Encontra outro sobrevivente. Depois mais um. Se forma um triângulo. Eles falam muito. E a gente sente mais tédio que eles. Tipo do filme porcaria.
O INFORMANTE de John Ford com Victor McLaglen
McLaglen ganhou o Oscar em 1935 por este filme. Ele é um delator, um bêbado que entrega um amigo em troca de dinheiro. Estamos na Irlanda, e os inimigos são os ingleses. Os primeiros 30 minutos são exemplares. Ford faz um filme que é só sombra e mistério, miséria e medo. Mas depois ele se alonga um pouco demais. De qualquer modo é um filme forte e McLaglen está sensacional. Na época este filme foi considerado uma obra-prima. Não é. Mas continua sendo forte. Nota 7.
LUA DE MEL AGITADA de Vincente Minelli com Lucille Ball e Desi Arnaz
Mais um filme que inaugura um novo filão. No caso, temos a história de um casal que em lua de mel resolve conhecer os EUA num trailer. Claro que tudo dá errado. Feito em 1954, ainda diverte. Lucy é a melhor das humoristas e Desi não está mal. Na época eles faziam sucesso na TV com I Love Lucy. Minelli dirige com leveza e a fotografia é ótima. Boa diversão. Nota 7.
Grande sucesso da MGM, este filme inaugura todo um gênero, o filme onde vários personagens vivem vidas paralelas num mesmo local. Navios, aviões, lojas, ruas, o cinema passou a usar a mesma fórmula por décadas. Aqui, num hotel de luxo em Berlin, acompanhamos uma bailarina em crise, um nobre falido que se tornou ladrão, um operário condenado que torra suas economias, uma secretária cortejada e um industrial corrupto. Bonito de se olhar, o filme, apesar de didático, envelheceu pouco. É um belo exemplo da arte hollywoodiana. Barrymore dá um show como o ladrão. O olhar comove. Seu irmão, Lionel está ótimo como o operário deslumbrado com o luxo. E temos Garbo. Sua forma de interpretar é terrivelmente exagerada, antiquada, mas quando ela se cala e atua apenas com o corpo, ela nos derrota. Sentimos estar diante de algo único. Sua beleza frágil e andrógina é ainda um enigma. Nunca haverá nada parecido. Nota 7.
PIRANHA de Alexandre Aja com Elizabeth Shue, Eli Roth e Christopher Lloyd.
Os anos 70 criaram o gênero "massacre". Um tipo de filme onde vemos gente sendo atacada e morrendo. O ataque pode ser de bichos, um desastre natural ou aliens. Hitchcock antecipou esse estilo com a obra-prima Os Pássaros. Ninguém chegou perto. Este filme é recente. Piranhas monstruosas atacam adolescentes num lago. O puritanismo americano faz com que todos que fazem sexo morram. Temos cenas de nudez nada sensuais, piadas toscas e nenhum suspense. Vemos inclusive uma piranha engolir um pênis. O filme nem aversão causa. Esse tipo de filme só mantém interesse se tiver um personagem ao menos simpático. Não é o caso. O herói é patético. Em meio a um lago cheio de gente sendo comida ele pega um revólver e dá tiros na água voando sobre um barco...Please!
OS ÚLTIMOS NA TERRA de Craig Zobel com Chiwetel Ejiofor, Margot Robbie e Chris Pine.
Por falar em anos 70...este filminho barato de 2015 lembra os piores filminhos baratos de 1976. Aqui, em cenário florestal, o mundo acabou. Uma garota vive só com um cão. Encontra outro sobrevivente. Depois mais um. Se forma um triângulo. Eles falam muito. E a gente sente mais tédio que eles. Tipo do filme porcaria.
O INFORMANTE de John Ford com Victor McLaglen
McLaglen ganhou o Oscar em 1935 por este filme. Ele é um delator, um bêbado que entrega um amigo em troca de dinheiro. Estamos na Irlanda, e os inimigos são os ingleses. Os primeiros 30 minutos são exemplares. Ford faz um filme que é só sombra e mistério, miséria e medo. Mas depois ele se alonga um pouco demais. De qualquer modo é um filme forte e McLaglen está sensacional. Na época este filme foi considerado uma obra-prima. Não é. Mas continua sendo forte. Nota 7.
LUA DE MEL AGITADA de Vincente Minelli com Lucille Ball e Desi Arnaz
Mais um filme que inaugura um novo filão. No caso, temos a história de um casal que em lua de mel resolve conhecer os EUA num trailer. Claro que tudo dá errado. Feito em 1954, ainda diverte. Lucy é a melhor das humoristas e Desi não está mal. Na época eles faziam sucesso na TV com I Love Lucy. Minelli dirige com leveza e a fotografia é ótima. Boa diversão. Nota 7.
TANGO SOLO, a bio de ANTHONY QUINN com DANILE PAISNER
Se tudo for verdade a vida de Quinn é a mais rica de todos os atores.
O pai foi um emigrante irlandês que acabou no México. A mãe era mexicana e a avó materna um tipo de nobre espanhola. Na infância ele vivia numa favela imunda, chão de terra e muita fome. Viu Pancho Villa e a revolução. Estudou e queria ser arquiteto. Conheceu Frank Lloyd Wright, o maior arquiteto do século e estagiou com ele. Virou ator meio sem querer. Casou com a filha de Cecil B. de Mille, o nome mais poderoso do cinema nos anos 20 e 30. Foi amigo de John Barrymore, o mito, já em sua decadência. Depois fez parte da turma de Erroll Flynn, isso tudo antes de ser famoso.
Ao mesmo tempo era amigo de John Steinbeck, William Faulkner e de Saroyan. No cinema fazia papéis de índio e de mexicano, até que foi pro teatro. Na Broadway substituiu Marlon Brando em Um Bonde Chamado Desejo. Brando foi Kowalski por 4 meses apenas, Quinn por seis meses seguintes. Faz Viva Zapata com Marlon, ganha Oscar e vira ator respeitado.
Muito bacana sua descrição de Brando. O cara que podia fazer tudo o que desejasse. E escolhia esculhambar sempre. Assim como o retrato de Barrymore, um mito alcoólatra que vivia para criar pegadinhas e dar festas.
Depois vem Fellini, que Quinn considera o maior talento que conheceu e o sucesso de A Estrada da Vida. Vem ainda David Lean, o mais perfeccionista dos diretores, Lawrence da Arábia, uma filmagem toda desastrada. Vem sua amizade com Laurence Olivier, talvez o mais falso dos amigos, um homem que era fino e classudo no palco, mas um perfeito caipira na vida pessoal.
Zorba então. E não vou falar de Zorba.
O mais impressionante: apesar de se dizer tímido, Anthony Quinn teve incontáveis filhos com diversas mulheres. Desisti de contar, mas acho que chega a 14, os filhos. Ele viveu até mesmo um caso a quatro, uma esposa, uma amante, uma relação tórrida e ainda uma paixão surpreendente. Todas ao mesmo tempo. O cara era um Zorba!
Tudo contado em flash back enquanto ele pedala sua bike pelas colinas próximas a Roma, onde viveu seus derradeiros 40 anos. É um livro ótimo para ler descontraidamente, ao sol, crendo ou não em tudo o que esse ator, sempre intenso, sempre vaidoso, diz.
Saiu em 1995, mas é fácil de achar.
O pai foi um emigrante irlandês que acabou no México. A mãe era mexicana e a avó materna um tipo de nobre espanhola. Na infância ele vivia numa favela imunda, chão de terra e muita fome. Viu Pancho Villa e a revolução. Estudou e queria ser arquiteto. Conheceu Frank Lloyd Wright, o maior arquiteto do século e estagiou com ele. Virou ator meio sem querer. Casou com a filha de Cecil B. de Mille, o nome mais poderoso do cinema nos anos 20 e 30. Foi amigo de John Barrymore, o mito, já em sua decadência. Depois fez parte da turma de Erroll Flynn, isso tudo antes de ser famoso.
Ao mesmo tempo era amigo de John Steinbeck, William Faulkner e de Saroyan. No cinema fazia papéis de índio e de mexicano, até que foi pro teatro. Na Broadway substituiu Marlon Brando em Um Bonde Chamado Desejo. Brando foi Kowalski por 4 meses apenas, Quinn por seis meses seguintes. Faz Viva Zapata com Marlon, ganha Oscar e vira ator respeitado.
Muito bacana sua descrição de Brando. O cara que podia fazer tudo o que desejasse. E escolhia esculhambar sempre. Assim como o retrato de Barrymore, um mito alcoólatra que vivia para criar pegadinhas e dar festas.
Depois vem Fellini, que Quinn considera o maior talento que conheceu e o sucesso de A Estrada da Vida. Vem ainda David Lean, o mais perfeccionista dos diretores, Lawrence da Arábia, uma filmagem toda desastrada. Vem sua amizade com Laurence Olivier, talvez o mais falso dos amigos, um homem que era fino e classudo no palco, mas um perfeito caipira na vida pessoal.
Zorba então. E não vou falar de Zorba.
O mais impressionante: apesar de se dizer tímido, Anthony Quinn teve incontáveis filhos com diversas mulheres. Desisti de contar, mas acho que chega a 14, os filhos. Ele viveu até mesmo um caso a quatro, uma esposa, uma amante, uma relação tórrida e ainda uma paixão surpreendente. Todas ao mesmo tempo. O cara era um Zorba!
Tudo contado em flash back enquanto ele pedala sua bike pelas colinas próximas a Roma, onde viveu seus derradeiros 40 anos. É um livro ótimo para ler descontraidamente, ao sol, crendo ou não em tudo o que esse ator, sempre intenso, sempre vaidoso, diz.
Saiu em 1995, mas é fácil de achar.
COMING HOME( AMARGO REGRESSO )/ DINNER AT 8/ HENRY KING/ DEL TORO/ DON SIEGEL/ MEL BROOKS
AMARGO REGRESSO de Hal Ashby com Jon Voight, Jane Fonda, Bruce Dern
Parece que Dern vai ganhar seu Oscar em 2014. É ator que trabalhou com Hawks e com Hitchcock. Mas seu filme favorito é este. Feito em 1978, deu a Dern indicação a Oscar de coadjuvante. Perdeu. Mas Voight e Jane ganharam. O filme é muito forte e amargo. Fala daqueles que voltaram do Vietnã. Jane vai trabalhar num hospital e lá se enamora de Voight, um sargento que voltou paraplégico. Há uma cena de sexo belíssima! O drama nunca cai em tédio. E o discurso final de Voight é brilhante. Todo elenco está sublime, Dern chega a dar medo, faz um direitista que pira. Os internos do hospital são ex-soldados de verdade. Talvez seja o melhor filme do grande Ashby, um dos diretores mais influentes de hoje. Nota 8.
OPERAÇÃO SAN GENARO de Dino Risi com Nino Manfredi e Senta Berger
Tem coisa pior que comédia sem graça? Nota ZERO.
O LEQUE DE LADY WINDERMERE de Otto Preminger com Jeanne Crain, George Sanders
Saiu numa coleção da Folha. Falta de critério! O filme é ruim. Fico imaginando o neófito, aquele cara que tem preconceito contra "filme velho" e que resolve pegar este na banca. Que mal! Todos os seus preconceitos serão reforçados. De Oscar Wilde nada restou. Fuja!
THE KILLERS de Don Siegel com Lee Marvin, Angie Dickinson, Clu Gullager e Ronald Reagan
O inventor de Dirty Harry dirige este belo filme bastante Tarantinesco. Para quem conhece o conto de Heminguay, nada a ver. É sempre um prazer ver Lee Marvin! Que ator soberbo! O assassino frio nato! Este filme tem um final clássico. Nota 7.
EPOPÉIA DO JAZZ de Henry King com Tyrone Power, Alice Faye e Don Ameche
Excelente diversão! A hstória de um maestro com pretensões sérias que vira band-leader de jazz e atinge a fortuna. O filme é alegre, exuberante, uma típica produção classe A dos anos 30. King foi rei da Fox por mais de 40 anos. Profissional, seu senso de ritmo ainda impressiona. Nota 8.
ALTA ANSIEDADE, BANZÉ NO OESTE e A ÚLTIMA LOUCURA de Mel Brooks
Reassisti esses 3 filmes de Brooks, um rei da comédia grossa dos anos 70. Alta Ansiedade é muito ruim. Uma colagem de cenas de Hitchcock sem eira nem beira. Banzé no Oeste, sobre um xerife negro, ainda faz rir. De longe é o melhor dos 3. Gene Wilder imita o Dean Martin de Rio Bravo. E A Ùltima Loucura é um filme mudo. Não funciona. Gags muito fracas.
DINNER AT EIGHT de George Cukor com John Barrymore, Lionel Barrymore, Jean Harlow
Sofisticado, chique, esperto, sempre elegante, irônico, Cukor sempre foi um grande diretor. Este é um dos seus melhores. Fala de uma familia em falência, um ator alcoólatra, uma periguete. O elenco é fabuloso e a produção, MGM, esbanja luxo e finésse. Amargo, cruel até, nunca perde seu poder de entreter. John Barrymore, o tio-avô de Drew, tem uma atuação comovente. Um ator canastrão que falido não aceita o fim de sua fama. Quem não conhece o grande cinema americano dos anos 30 tem aqui uma bela chance. Nota DEZ.
CÍRCULO DE FOGO de Guillermo del Toro
Quer saber? É bem bom! Começa meio devagar, mas as cenas de ação são tão bonitas! Isso mesmo, bonitas! Uma pintura de vermelhos, dourados e céus escuros. A luta em Hong Kong é desde já um clássico: uma das mais belas cenas do ano. O cerne do filme é esse, a plasticidade da imagem. Uma raridade no cinema atual, um filme de ação que preza pela estética. Um grande cineasta! Nota 7.
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