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CAFÉ DA MANHÃ DOS CAMPEÕES, OK KURT VONNEGUT....VOCE VENCEU

Nos anos 60-70 não havia internet. E menos de 10 canais de TV. De qualquer modo nessa época pessoas que se diziam cultas não viam TV. Mesmo que tivesse passando Leonard Bernstein. Então o que faziam em casa? Liam. Liam muito. Jornais. Revistas. HQ. E livros. Se vendia muito livro. Havia best sellers ruins, como em qualquer época: Sidney Sheldon, Harold Robbins, Irving Wallace, Jacqueline Susann. E best sellers bons: John Le Carré, Agatha Christie, Georges Simenon, Graham Greene. E havia, e isso era e é uma surpresa, escritores metidos a artistas que vendiam aos milhares e milhares: Norman Mailer, Truman Capote, Saul Bellow, John Updike, e mais uma montanha de gente. Kurt Vonnegut era famoso. Daqueles que escreviam contos para a Playboy, davam entrevistas na TV e faziam palestras na UCLA. Adoro o filme Matadouro 5, baseado em livro seu. Mas nunca gostei de nehum dos livros que li. Tento mais um. ---------------------------------------------------- Café da Manhã é de 1973. O estilo de Kurt, para quem nunca o leu, é tipo um bom filme dos irmãos Coen. Um rocambole cheio de personagens esquisitos com um humor amargo bem colorido. Todo mundo é meio louco e o mundo é um kaos disperso. Aqui temos um autor de ficção científica que publica seu trabalho em revistas pornô e que se torna famoso aos 80 anos. Há um dono de lojas de carros que enlouquece. Esses os dois centrais. Mas há bem mais. O livro não para de correr. Estradas, moteis, lojas, lanchonetes, estradas vazias, cidades. Kurt conta como se fossemos aliens: ele mostra desenhos das coisas. Tipo, veja, isto é um hamburger: e então há um hamburger desenhado. Sim, nos sentimos estranho. É um livro que te dá estranheza e que ao mesmo tempo voce lê sem parar. As pequenas sinopses dos livros que o escritor velho escreve são brilhantes. ---------------------------------------------- Este livro foi editado aqui em 2019. Questão: ainda se lê Vonnegut? --------------------------------------------------------------------------- Escrevi no título que Kurt venceu. Por que? Ora, o homem que escreve o livro era um outsider em 1973, mas hoje ele é o mainstream. Impressiona como a visão de Kurt, sobre os negros, a guerra, a história dos EUA, as mulheres, a economia, é hoje a visão de qualquer garoto de 18 anos de classe média. A criatividade de Vonnegut é excelente, mas sua filosofia é hoje simplória e por isso mainstream ( só se torna dominante uma filosofia quando ela é simples e barateada ). É aquele bla bla bla do tipo Thomas Jefferson tinha escravos, somos escravos dos nossos carros, o homem destroi tudo que toca, a Europa destruiu a paz dos índios americanos ( mentira sórdida, eles viviam em guerra entre si ), animais são seres sagrados etc etc etc. Eram pensamentos da minoria em 1973. Hoje são leis imutáveis na mídia, universidades e até em igrejas. Mainstream. Kurt Vonnegut repete esse ponto de vista sem cessar e assim cheira à lugar comum. O que é estranho, pois temos uma novela criativa e anárquica recheada de clichés de bom mocismo e política do bem. --------------------------------------------------------------------- É um livro velho. Como tudo que em seu tempo parece brilhante de novo, ele se torna carcomido por traças em 50 anos. E em literatura, 50 anos são nada, uma simples página virada no volume grosso da história. Esqueça Kurt.