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The Allman Brothers - You Don't Love Me - 1/16/1982 - University Of Flor...

AMÉRICA

Por causa da péssima educação de toda a América Latina, mal sabemos aqui, neste canto do planeta, o tamanho da revolução radical que foi e é a existência da América, a verdadeira América, os USA. Em 1776, por causa da sua ênfase no povo e na democracia, foi inventado, pela pura vontade dos homens, uma nação original, única e que despreza, de forma absoluta e definitiva, toda forma de aristocracia. ------------------ Toda nação foi criada numa mistura de acaso e de herança aristocrática. O Brasil, assim como toda a América do Sul, é uma consequência e não uma vontade. Por acaso os bandeirantes nos deram de herança este imenso país, e por questões históricas o resto do continente se fragmentou. Herdeiros da revolução francesa, e não da americana do norte, que ignoramos até hoje, somos naçõea americanas, jovens, que cultuam a aristocracia, seja a do dinheiro, a do nome de família, seja a casta intelectual que exibe diplomas e títulos de doutor. Assim como os franceses, fizemos uma revolução-independência que nos manteve cheios de fetiche pela coroa, imaginária ou não, pelo sangue azul, seja de artistas seja de milionários, pela etiqueta ridícula de vossas excelências e vossa senhoria. Não há cheiro de povo na história do Brasil ou do resto da América Latina, como não há na Europa até hoje. Quando surge alguém com cara ou origem popular, ele vem sempre com a alma embuída dos rapapés e dos salamalaques de jantares no Geroges V em Paris e festas na embaixada de Roma. São empregadinhos da realeza do dinheiro e da nobreza da mídia. Deslumbrados da lagosta e da champanhe. ------------------------------- Mas os USA... eles quebraram esse costume de tal modo, durante todo o século XIX e XX, que hoje mal notamos sua magnitude. Fizeram uma guerra contra a escravidão, o que era em 1864 algo de absurdo ( teu professor vai inventar que a guerra foi por mercados, mas não foi ). Depois, trouxeram o pioneiro e o cowboy como símbolos do novo país, ao contrário da Europa, que tinha como símbolos o rei, o cavaleiro, o nobre. Jornais, livros, peças e canções, desde sempre, falavam do zé do povo, do caipira, do trabalhador ambicioso, do cara da rua. Enquanto isso, na Europa, se escrevia sobre o grande artista, o nobre falido, o grande tema. Mesmo no realismo o que se almeja é dar uma mensagem abstrata, aquele personagem pobre e vulgar do romance de Zola não existe como ser independente e digno, mas sim como tese a ser defendida. Zola é um aristocrata das letras, como são Flaubert e Balzac. Nada há na Europa tão autenticamente povão como Whitman ou Mark Twain. ----------------------- Aqui é igual a França. Seja a burguesia de Machado ou o pseudo realismo de Jorge Amado, o retrato do povo é sempre uma tese sociológica feita de fora. O único autor que parecia, e talvez fosse, absolutamente popular, foi Monteiro Lobato. Daí sua identificação com os EUA. Daí sua condição de ET no Brasil. ---------------------- Observe como ainda hoje é difícil para um francês assumir que faz cinema popular, para o povo, ou para uma banda de rock inglesa se despir de qualquer pretensão de arte ou de simbolismo escolar. Mesmo as bandas de heavy metal se sentem obrigadas a citar autores medievais, Tolkien ou inserir linhas de Bach em solos de guitarra. Às vezes eu penso se existe povão na Europa. Sim, existe, sou filho deles, mas estão na retaguarda. Inexistem na TV, e no cinema apenas como prova de que aquele diretor engajado os defende. Eles não falam, são exibidos. ----------------- Nos EUA é o povo que está na vanguarda, desde 1776. A comida é a do povo, a música é a mais popular, o cinema sempre foi do povão, a constituição é objetiva, as roupas são de trabalhador, tudo é feito nos moldes do cara da rua. Só lá poderia surgir o rock, as HQ, o esporte como negócio, e a massificação de coisas hiper de operários e de caipiras: cerveja, sanduíches, revista de celebridades, automóveis baratos, jeans, tênis, TV como diversão escapista, sci fi, e mais um universo de eventos inimagináveis na Europa não americanizada. --------------------- Escrevi tudo isso ouvindo os adoráveis ALLMAN BROTHERS. Só na Georgia poderia surgir uma banda tão do povo, tão relax, tão tecnicamente perfeita e ao mesmo tempo tão pouco artística. Parece simples porque cheira a folclore e é folclore. Para os americanos o rock é raiz, é do chão, é do sangue. É do povo.

ALLMAN BROTHERS - WHIPPING POST ( LIVE ) | REACTION

O PRAZER DE OUVIR MÚSICA ACOMPANHADO

Postei abaixo o JAMAL ouvindo música. Esse canal do Tube teve uma ideia muito básica e que funciona bem: gravar um cara ouvindo uma obra prima do rock PELA PRIMEIRA VEZ. Jamal gosta de música e cresceu ouvindo black music. Mas ele pouco sabia de rock antigo de branco. Então vamos gravar Jamal ouvindo a coisa pela primeira vez. E eu te digo meu camarada, pensei que ia ser bobo, mas ao assistir Jamal reagir, voce refresca sua audição. -------------- Postei ele escutando you shook me, mas nem é o video mais legal. In My Time Of Dying é sublime. Vejo Jamal descobrir Led Zeppelin e me revejo no dia em que descobri a mesma canção. Ele mergulha e a gente mergulha junto. Aquilo que escutei mil ou um milhão de vezes retorna à seu frescor original. É fantástico porque a gente fica esperando tipo: Vai Jamal!!!! Ouve agora essa levada do John Bonham!!!! Sente esse riff Jamal!!!!!! E vemos a cara dele....Jamal passa mal baby. Ele fica extasiado. E voce junto.---------- O mais legal foi ver ele descobrir Whipping Post dos Allman Brothers. Ele fica muito supreso com a negritude da voz do branco Greg Allman. É blues. E o cara a certa na mosca. --------- Jamal pira com a letra de We Dont Get Fooled Again do Who. E adivinha, logo no primeiro acorde, que LA Woman dos Doors é uma viagem de carro. Jamal sabe.------------- Esse programa lembra também como é bom ouvir música com alguém na mesma sintonia que voce. Melhor ainda, apresentar um disco para um amigo, algo que ele nunca ouviu, E VER ESSE CARA, NA SUA FRENTE, PIRAR COM O SOM ATÉ ENTÃO NÃO ESCUTADO. Tive muito essa experiência. Diógenes foi o amigo com quem mais dividi sons e descobertas. Lembro de dois anos em que juntos ouvimos meia história do rock. De Sly Stone à Stray Cats, de Black Uhuru à Jefferson Airplane, apresentei tudo ao meu amigo. Era muito demais ver a reação dele. Como ele sentiria aquele riff? Como ele absorveria aquele refrão? E melhor: através da reação dele, o que eu perceberia de novo? ------------- Assista.