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RONDA MORTAL, UM FILME DE CLAUDE MILLER
Fracasso no lançamento, em 1983, hoje este filme, inclassificável, belo, perturbador, é um cult francês. --------------- Um detetive não consegue esquecer da filha. Anos atrás a esposa o abandonou e levou a criança junto. Ele nunca mais as viu. Hoje a filha deve ter 25 anos de idade. Sua chefe o encarrega de encontrar um milionário desaparecido. Ao investigar, ele descobre que a namorada o assassinou. A matadora é uma jovem de 21 anos, e aos poucos ele descobre que ela é uma assassina compulsiva. Ela mata todos que a namoram e todos são ricos e belos. ---------------- O detetive, que tem o hábito de pensar em voz alta, passa a seguir a matadora. É testemunha de tudo que ela faz, e sem que ela perceba, a ajuda. O filme se desloca então por várias cidades, vários hoteis, vários sets. Sabemos que ela não é a filha desaparecida, e pela data de nascimento, ele sabe disso também. Mas ele a trata como fosse sua filha perdida. Não importa, ele precisa ser pai. O final do filme é de beleza perfeita. ---------------- Michel Serrault faz o pai. O que dizer? Impossível ser melhor que isso. Serrault é sempre um ator brilhante ( A GAIOLA DAS LOUCAS ), mas aqui ele se supera. O pai é patético, charmoso, triste, ousado, e na cena final, comovente. É uma persoangem dificil de fazer, pois ele não pede que sintamos pena dele. É um homem frio e sofrido, mas que nunca chora. E nem é durão. Humano. Serrault lhe dá dignidade e realidade. Uma das maiores atuações já vistas. A assassina é Isabelle Adjani, um papel mais simples, que ela faz com o distanciamento correto. Óbvio que ela é louca, inventa histórias, muda de nome, mas Isabelle consegue não cair no cliché. A trilha sonora, de Carla Bley, é jazz em alto nível. --------------- Claude Miller começou como assistente de Truffaut e teve uma carreira de sucesso ( menos aqui ). Dirige o filme no tom certo. Em mãos menos hábeis poderia cair na ironia fácil ou no horror tolo. É crível do começo ao fim. ------------------ Causa espanto a beleza dos anos de 1980. Eu havia esquecido de como o mundo era belo então. Entre 1978-1986. Roupas, lugares, tudo exala o esnobismo que era então permitido. É uma elegância que busca a beleza sem pudor algum. Éramos bonitos e sabíamos disso. --------------- Um filme espetacular!
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