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AS MINAS DO REI SALOMÃO - H. RIDER HAGGARD . O CINEMA MATOU ESSE TIPO DE AVENTURA
Uma das características do mundo pré cinema, da qual não temos consciência, é que até por volta de 1910, 1920, mesmo uma pessoa culta e rica, poderia jamais ter visto uma imagem dos Polos, da África ou do Tibet. Imagems de povos como aborígenes da Australia, mongois ou zulus só se tornaram conhecidas com o cinema. Quando o Tarzan dos anos 30 era exibido no Rio ou em Berlin, para muita gente era a primeira vez que viam uma zebra ou um rinoceronte. Desse mundo, a mente de uma pessoa, mesmo as cultas, tinha um espaço imenso para a imaginação. Quando voce lia um livro como este, um best seller de mais de 100 anos atrás, ele lhe dava algo precioso: o poder de estar em um lugar jamais visto por seus olhos. O apelo dos livros de aventura de então, seja Jack London, Verne, Burroughs ou Sabatini, é o de levar o leitor à um mundo distante. ------------------- Para mim é fascinente lembrar que meu pai, amante de filmes de western, viu seu primeiro faroeste apenas aos 25 anos de idade. Até então sua imagem de California, Arizona, Cowboys e Apaches era nula. Quando ele, numa sala escura, vê diante de si uma paisagem de Utah com neve, é a primeira vez que ele enxerga os USA. Adulto. Numa sala da Avenida Ipiranga. ---------------- Ainda há livros de aventura, mas 90% deles são especificamente para quem tem menos de 15 anos de idade. Para quem ainda tem algo a descobrir em termos de paisagem ou universos, seja um planeta distante ou outra dimensão. Não há mais, no mundo real, um mundo a ser descoberto, e isso fez com que a trama de aventura, em livro, se tornasse ficção científica. Ou mundo de magos. A imagem, do cinema e depois da TV, banalisou a paisagem e formou uma espécie de cansaço visual. Creia-me, para um brasileiro do sul, em 1960 ainda havia alguma magia em se imaginar ir de carro até Cuiabá ou ao centro do Pará. Não havia imagens de lá, nem em filmes e nem na TV. ------------- As Minas de Salomão não existem. Nunca existiram. Então o que nos resta é ver uma expedição à estrela ZX22W.
O MUNDO DA AVENTURA
Quando eu tinha uns 9 anos de idade, era 1971, ir ao extremo oeste de São Paulo era uma aventura. O Mato Grosso tinha regiões sem registro em mapa e lugares como o centro da Asia e certos pontos da Africa eram ainda um mistério. Sem câmeras em satélites, a Amazonia era um mundo desconhecido. Isso fazia com que livros de aventura pudessem ser ainda escritos de um modo onde a aventura era razoavelmente próxima. Possível. Para uma criança, andar pelo Embu ou pelo Morumbi parecia um ato heroico e para um adulto, desde que corajoso, havia a chance de se embrenhar na Patagonia ou no Alasca. Sem GPS. Sem celular. O fim do "TERRITÓRIO INEXPLORADO" levou a aventura para o espaço sideral ou para outras dimensões. Mas há aí uma imensa diferença. Em 1920, tendo coragem e dinheiro, voce poderia ir de trem e depois a cavalo ao Mato Grosso. O centro da Africa, zona desconhecida em 1920, dependia de rifles e cavalos para ser invadida. Mas voce, nem eu, nem ninguém fora da Nasa ou do mundo de Elon Musk, irá sair em um foguete rumo à aventura. A aventura exploratória, desde Marco Polo, ou antes, desde Alexandre, a mais fascinante aventura, deixou de existir. Não há mais civilização nenhuma a ser encontrada e paisagem nenhuma que não tenha sido fotografada. Isso leva o escritor ou o produtor de cinema a imaginar aventuras em 2545 DC ou no planeta XZ234675. Creia, saber que havia uma região, entre Iguape e Registro, ainda com indios e onças, sem luz elétrica e sem estrada, era bem mais legal. -------------------- H. Rider Haggard escrevia em fins do século XIX sobre terras africanas e asiáticas. Estou lendo Ayesha e é bom, muito bom. Ele escreve como se tudo fosse perigoso, misterioso, secreto... e era. Ayesha fala sobre dois amigos que vão ao Tibet em busca de um sonho. E passam 20 anos nessa expedição. Era o tempo de Richard Burton e do Marechal Rondon aqui no Brasil. De exploradores ingleses se perdendo no interior do Pará e sendo comidos por tribos canibais. O planeta todo parecia um cenário a ser descoberto, uma aventura a cada 500 km. Ler boas aventuras de então nos recorda esse mundo maravilhoso.
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