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AS AFINIDADES ELETIVAS - GOETHE

Harold Bloom dizia não haver autor mais fora de moda que Goethe. Isso era um elogio. Isso foi dito em 1990. --------------- Isso porque Goethe não usa o sentimentalismo. Ou melhor, ele foi sentimental em Werther, sua pior obra e a única que ainda é lida. Goethe não se repetia e Werther é sua obra romântica. Ao ler Goethe nunca se esqueça, acima de tudo ele se via como um cientista. Cada obra sua é uma experiência. Fausto é sua obra mais conhecida, mas isso não significa que alguém ainda a leia. E muito menos que ela seja produzida em algum teatro. A poesia de Goethe é maravilhosa. -------------- Afinidades Eletivas é um romance sobre química. E ele causou mal estar quando lançado em 1808. Isso porque ele fala de um casal, Eduard e Charlotte, nobres, ricos, vivendo no campo, cuidando do jardim, imenso, que abrigam em seu palácio duas pessoas: o Capitão, homem prático, que surge para ajudar nas reformas de estradas, e Otillie, sobrinha de Charlotte, menina tímida e cheia de bons sentimentos. A história é toda feita como uma exposição sobre elementos químicos. Uma dupla de elementos, unida e equilibrada, é desfeita quando em contato com uma reagente, unindo-se a esse novo elemento e formando uma nova molécula. Eduard se une a Otillie e Charlotte ao Capitão. Um novo mundo se abre aos quatro, eles se transormam em outra coisa. -------------- O mal estar se deve ao fato de que tudo é feito as claras e sem sofrimento nenhum. Como as novas uniões são feitas com partículas afim, é tudo natural e correto. Charlotte sabe que seu marido se une agora a sua sobrinha, mas ela se ocupa do Capitão e não dp final de sua antiga união. Do mesmo modo, Eduard se alegra com a união de Charlotte e de seu amigo, o Capitão. Mesmo lido em 2024, espanta a naturalidade educada com que tudo ocorre. ------------------------ Goethe era um homem do século XVIII, e por isso seu texto sempre causa espanto para nós, filhos do hiper romantismo. Os personagens parecem frios, racionais demais, contidos. Tudo segue um código de conduta e todos se portam, no público e no privado, como se espera que se portem. Escrito já na época de Napoleão, ápice do romantismo heroico, esta obra é ainda 100% clássica. Toda ação se desenvolve de modo inexorável, as pessoas mal percebem para onde vão e não têm poder algum sobre aquilo que desejam. Entenda, é o costume, os bons modos que as guiam em ação, e esse não poder sobre seus desejos é formatado dentro do costume. Isso se chama cultura, civilização. O romantismo inverteria tudo colocando o desejo acima do costume. --------------------- O texto é rico em pequenas pistas que fariam a delícia de um psicólogo. O que se faz nos jardins, estradas, fontes, mirantes, é reflexo e acontece ao mesmo tempo que as reformas dentro de cada um dos quatro personagens. Cada ato na natureza é uma ação no coração e cada percepção na paisagem é uma descoberta interna. Goethe já sabia que o ambiente nos forma e nós formamos o ambiente. ------------- Atenção! Não espere aqui um romance de infidelidades e de amor. Tudo é seco como um texto de química e tudo é claro como uma equação algébrica. Goethe nunca quis nos emocionar, seu objetivo sempre foi educar.

DIETRICH FISCHER DIESKAU CANTA SCHUBERT E STRAUSS

São dois cds da DG. Em um deles, o grande barítono alemão canta Schubert. As letras, poemas, são de Goethe. O piano é tocado, de forma sublime, por Gerald Moore e por Jorg Demus. Schubert nasceu para compor lied, essa forma tão alemã de canção. Ganymed é minha faixa favorita. O poema de Goethe, conheço-o em tradução, encaixa à perfeição com a força musical de Franz Schubert. Se a civilidade tem uma forma ela se encerra nesta obra. Dieskau, como todo mestre vocal, canta se fazer a menor força. Se apruma, respira, e solta a laringe como se fosse isso a coisa mais simples da vida. É a voz que mais admiro. Jamais perde o controle. Não procure nele a emoção explícita dos italianos. Aqui voce deve recolher os momentos e os compreender. ------------ No outro CD, Dieskau canta Richard Strauss e os poemas musicados vão de Heine e Goethe até MacKay e Schack. É outro mundo. É a cultura alemã-vienense de 1900. Sensual, há nas melodias algo de inefável, solto, inacabado. Quem está ao piano é Wolfgang Sawallich, futuro maestro dos grandes. É perfeito. Se Schubert parece sempre cômico e trágico, variando entre esses dois polos com leveza de sátiro, Strauss parece eternamente um erudito. Mesmo em seus momentos sensuais, vários, há a intenção de atingir uma meta. Cerebral portanto. Nada ao acaso, nada por inspiração, tudo com um fim. ----------------- Será que alguém ainda se recorda que a música é educação? E portanto, mais que um prazer, ela é um refinamento?

OS ANOS DE APRENDIZAGEM DE WILHELM MEISTER - GOETHE. o enorme egoísta.

A coisa já começa em tom alto: em suas primeira linhas o romance apresenta uma cena emocional. Escrito nos últimos anos do século XVIII, apogeu do romantismo alemão, fez-me lembrar Beethoven: o autor entrega tudo de cara. Exaltação plena. O EGO se afirmando contra seu meio social. Dois gigantes: Goethe e Beethoven. E Kant também. A Alemanha de 1795 é um dos auges máximos da civilização. ------------ Acompanhamos a vida de WIlhelm, filho de pais ricos que se revolta contra o mundo burguês e tem um amor incontido pelo teatro. Ele ama. Ele erra. Ele vive. São 600 páginas de diálogos ricos porém artificiais. Goethe está sempre propagando teses. Por isso está hoje, em 2021, tão fora de moda. Ele não tem vergonha. Goethe tem a certeza de ser um gênio. E nos ensina a o admirar por isso. O que o salva é sua nobreza espiritual. É generoso, reparte conosco o que sabe. Sua sabedoria máxima é sua vontade de saber. Meister é um estudante eterno. -------------------- A edição que li, boa tradução, é da editora Itatiaia, 1994. Uma editora marxista. O livro tem uma crítica de Georges Lukacs sobre o romance de Goethe. E em seu catálogo há até mesmo uma obra, de um húngaro, que defende a necessidade da censura. O que vou falar agora é tão óbvio que passou despercebido por mim mesmo. Minha vida foi a mesma de Meister. ------------------ Poluído por romances e filmes "romanticos", aos 15 anos eu rompi com minhas raízes "burguesas". Meu pai era odiável e eu queria o chocar. Isso era tudo. Meu ego era especial. Eu merecia uma vida original. O burguês queria me oprimir, me fazer incolor. FIM. ----------------- O romance de Goethe é basicamente isso. O que o salva é ser um dos primeiros a advogar tal causa. Depois o próprio Goethe faria críticas àquilo que ele acreditava em 1795. O romantismo foi o primeiro sinal da adolescência do mundo ocidental. Foi como se de repente todos percebessem que ser jovem era condição superior. Fato: isso aconteceu apenas após o industrialismo. A pressa e a feiúra do mundo da fábrica deu aos jovens ansias de fuga. Fugiram para dentro de si mesmos. Criaram a ideia de que eram mais sensíveis que seus pais. ------------- Todo esse momento é perverso. Meister odeia quem o sustenta. Sem o dinheiro de seu pai ele não seria livre para odiar sua família. Enquanto romanticos de toda a Europa se embriagam de vinho, burgueses odiosos fabricam as garrafas e as uvas que eles consomem. Eu adoraria ler este livro sob o ponto de vista do pai de Meister. Ao envelhecer pensamos essas coisas. Goethe sentiu isso ao envelhecer: jovens são egoístas. Odeiam todos que lhes recordam a realidade da vida. Então nós lemos um romance que deveria ter um heroi romantico em seu centro, mas que hoje nos desperta certa aversão sem compaixão. Meister é um idiota mimado. Ele ama as mulheres amando o amor que sente. É incapaz de conhecer qualquer uma delas. Ler Meister em 2021 é ler um fracasso. O romantismo nos deu maravilhas como os poemas de Wordsworth e Keats, ou as obras de Liszt e Chopin, mas é basicamente um movimento infantil. Lambem-se egos feridos. Eis tudo. --------------------- Os nomes que citei, como Goethe, são romanticos que mantiveram um pé ou pé e meio no classicismo. Que não se permitiram corroer pela auto piedade. O Goethe do Werther é insuportável de tão tolo, e o de Meister contém, felizmente, o germe da condenação do romantismo. Vale ler? Sim. Mas não o leve tão a sério.

3 MOMENTOS DA MÚSICA E DA MENTE.

   Esta postagem é feita apenas de suposições. Li algumas coisas sobre música, conheço a história da ciência e da filosofia, mas não sei tocar instrumento algum. Pior, não leio música...
   Me parece que podemos brincar e usar os 3 vídeos que postei abaixo para entender as mudanças de mentalidade que aconteceram no mundo ocidental nos últimos 250 anos. Meu professor de psicologia diz que o homem de 1800 nada tem a ver com o homem de 2017. Penso que ele usa esse pensamento para poder dizer que a religião é obsoleta. O que tenho certeza é que a mente racional muda, o costume muda, mas nossas necessidades vitais e nossos medos são os mesmos. Seja em 2020 seja em 200 AC.
  Começo por Haydn, mas antes devo dizer que o século luminoso começa com Bach. Ele escreveu para a igreja luterana, para Deus, e se via como um simples funcionário. Mas Bach cria a afinação que conhecemos, inventa a arte da fuga e a harmonia moderna. Ele vivia como um homem do século XVII, mas sua arte, pura invenção, pura fórmula, é do século XVIII. E Haydn é, com Mozart e Haendel, o gênio do século.
  Se eu tivesse que explicar a mente do século XVIII diria que é a inteligência racional à procura da beleza. E belo era aquilo que iluminava. Ou seja, é um tempo que ama a clareza. Podemos colocar aí o amor pelo espelho, o ouro, as fontes, os lagos, o sol e as cores claras. Mas devemos destacar acima de tudo a ARTE DA CONVERSA. Dizer com clareza aquilo que se pensa e expor com brilho o que se sente. É o tempo do nascimento do romance, é o tempo da luz. A música de Haydn é toda esse mundo. Ela é clara, leve, limpa, correta. Se desenvolve racionalmente, sem exagero na emoção, em busca da beleza. E a beleza se chama perfeição. A união da inspiração com a técnica.
  Em fins do século, com Goethe, Napoleão e Beethoven, se anuncia a mudança. A beleza será sublime e o sublime significa o exagero. A emoção deve ser exagerada, amplificada, esticada e ampliada. A música se torna grande, oceânica, vasta. É tempo que ama a sombra, o inverno, a lua, o oceano e o veludo negro. A beleza se confunde com a expressão do coração. O compositor escreve para si mesmo. Seu desejo é mostrar sua alma ao mundo.
  Coloco Schonberg como o homem do século XX. A beleza ainda existe, mas ela vem dentro da angústia. O belo agoniza no âmago da alma e a alma está dilacerada. A busca não é mais pelo belo, é pela verdade. A Verdade se torna o fetiche. O artista busca expressar a verdade total. E por não poder compreender a vida, expressa a incompreensão. A música se torna a busca de uma verdade final. Tudo é tentado porque essa verdade pode estar inclusive no ruído, ou no silêncio absoluto. É um tempo que pensa ser corajoso, verdadeiro, profundo. Mas talvez seja apenas assustado. Desamparado.
 

CONSELHO PARA OS JOVENS

   Eu leio filósofos conservadores. Atuais, Leio porque eles escrevem bem e principalmente porque escrevem aquilo que eu creio. Neles vejo a confirmação do que sei. Mas percebo e reconheço que um filósofo é em 2016 algo tão inútil quanto um intelectual que se masturba diante de um espelho. É desperdício de energia. É esteticamente feio. E é risível. Scruton é venerável por ser um grande escritor. E por não ser apenas um filósofo...
   Nada mais triste que a lamentável figura de um professor que conheço. Pobre e revolucionário, acuado, ele só tem um "talento": dar aula de filosofia em escola do ensino médio. Impossível para ele ser vendedor, mecânico, engraxate ou advogado. Ele só fala sobre suas crenças politicas, só sabe dar aula e só pensa nisso. Não há outro assunto. Nada mais.
  Ele está morto. Apesar de jovem, todos sabem que aos 90 anos ele estará fazendo e dizendo exatamente aquilo que pensa e diz agora. Sua alma e sua cabeça morreram. Ele é um zumbi.
  Goethe era grande poeta. Mas era mais que isso. Era grande homem. Sua grandeza se definia pelo fato de que ele poderia ser pintor, químico, músico ou médico. O mesmo pode ser dito de Heminguay que lutava boxe, caçava e toureava. Ou Huxley com seus interesses por viagens, religião, drogas e pintura. Mesmo um homem que só pensava em música como Beethoven, tem a grandeza de um gigante porque sabemos que ele tinha talento para ter sido general ou um Papa. Scruton se interessa por vários assuntos longe da escrita. E quando escreve fala que devemos nos interessar por tudo.
  Esse pobre professor só pensa em um assunto: sua produção de espermas filosóficos.
  No ano de 2016 desconfie sempre de pessoas unilaterais. E de artistas que só pensam em arte. O desafio de nosso tempo, o Graal das grandes mentes se encontra na ciência. Só a ciência produz maravilhamento. A Capela Sistina de hoje não é coisa da igreja e nem da pintura. É da ciência.
  Ao artista, pois ainda há quem o seja com vocação sincera, cabe unir campos. Pintura misturada à química, literatura com teorias do acaso ou do tempo concomitante. Música que beba na física, dança que dialogue com a biologia. Filosofia matemática.
  Arte que seja arte "pura", distante da ciência será sempre saudosismo. Nostalgia de um tempo em que os grandes eram artistas. Hoje não são. Como não são politicos ou generais. Os grandes são cientistas.

THOMAS MANN

   Thomas Mann mudava de ideia. No começo foi um aristocrata. Defendia a Alemanha e detestava a França. Para ele, ser alemão era amar um poder central e abominar a democracia. Mann via na influência francesa o mal do vulgar, do comum, do banal. Ele desejava a aproximação da Alemanha e da Russia. Era contra a Europa.
   Depois Thomas reviu sua posição. Passou a aceitar o tempo da mudança e depois de 1918 começou lentamente a crer numa espécie de socialismo aristocrático. A Alemanha poderia ser europeia, desde que não fosse francesa. A Europa que ele aceitava era a eslava, aquela da Tchecoslováquia, da Hungria, e a Europa suíça e austríaca. Seu orgulho alemão ainda era exaltado.
   Veio o nazismo e Mann cai na real. A Alemanha se torna o mal. A nação que abomina a civilização. A vida de Thomas Mann, aos 60 anos, se agiganta, ele finalmente sai de sua concha, se arrisca.
   Se tivesse de definir Thomas Mann em uma palavra esta seria: vaidade. E se tivesse de usar uma segunda palavra seria egotismo. Ele não era mal, em sua vida nada há de destrutivo, mas sua visão ia apenas até o espelho. Ele era incapaz de perceber o outro. Cada ato de sua vida, que foi bem movimentada, tinha por foco apenas seu bem estar.
   Nasceu em berço de ouro. Sua mãe era brasileira de Paraty. Julia Mann viveu aqui até os 11 anos. Foi uma dondoca de sociedade na Alemanha, em Lubeck. Thomas foi um jovem vaidoso e nada infeliz. Escrevia. E era homossexual. Conscientemente gay. Mas amava rapazes a distância. Nunca viveu sua homossexualidade em carne, mas a vivia em sentimento e assim se dizia feliz.
   Casou e teve 6 filhos. Erika era uma atriz combativa, selvagem, lésbica. Vestia terno e se casou com o poeta gay Auden ( excelente poeta ), para poder ter a cidadania inglesa em 1935. Klaus era o filho favorito. Escritor, tentou ter o sucesso do pai. Viciado em morfina, homossexual promíscuo. Michael era violinista conhecido. Foi o único filho a brigar com o pai. Esses foram os filhos mais importantes.
  Heinrich, irmão de Thomas, se tornou escritor oposto ao estilo barroco de Thomas. Escrevia rápido, falava abertamente de sexo, era hetero, politico, algo vulgar. Os dois nunca brigaram de fato, mas foi uma relação difícil. Heinrich Mann é o autor de O Anjo Azul.
  Thomas Mann se tornou famoso logo com seu primeiro romance, Os Budenbrook. E desde então jamais teve dificuldades financeiras. Viveu sempre bem, com carros, empregados, viagens, férias. A Montanha Mágica virou sucesso europeu. Thomas cobrava caro por palestras, e os convites não paravam de chegar. Se quisesse ele ficaria rico só com suas aparições públicas. Sua vida teve muito do atual rock star. Excursões cercado de aplausos, fãs, puxa sacos, jornalistas, fotos.
  Todos os seus grandes livros lhe tomaram anos de trabalho. Entre eles escrevia contos, novelas, artigos; trabalhos curtos para nunca sair da mente do povo. Incrível é saber que esses livros gigantescos, difíceis, áridos, vendiam tão bem. Thomas Mann, no tempo de Hitler, era o alemão mais famoso do mundo. E logo começou a fustigar o mais vil líder do mundo. Se exilou na Suíça e depois na Califórnia. Mann amava a Alemanha, mas graças ao nazismo, seu desgosto com o país foi profundo. Hitler destruiu toda a herança cultural alemã e Thomas viu nesse ato o fim irrevogável da Europa. O humanismo teria sido profanado. O mundo a partir daí seria anti-humano, negação de tudo que pudesse lembrar o homem de antes de 1930.
   Thomas Mann não era fácil. Metódico, sempre vestido como um executivo, controlado, hipocondríaco, exigindo silêncio, querendo ser o centro do mundo, distraído, ávido por dinheiro, amante de adulação, se dando uma importância desmedida. Queria ser o Goethe dos novos tempos. E sabia que ninguém poderia ser mais oposto à Goethe que ele mesmo.
   

ESTUDOS SOBRE ARTE- GOETHE

   Não preciso falar do estilo de Goethe, é sempre prazeroso e admirável; mas preciso contar que este livro é árduo. Ler sobre as opiniões de Goethe sobre arquitetura e pintura, escultura e estética, é em seu melhor entender que mesmo uma mente titânica como a do alemão, erra e erra muito; e por outro lado observar que todos somos vítimas de nosso tempo; por maior que seja nosso espírito ele se molda a sua época.
  Goethe começa elogiando a correção dos gregos, depois elogia o exagero gótico e por fim retorna a clareza dos antigos. Beleza para ele é equilíbrio, perfeição é exatidão e nobreza vem do saber fazer. Talvez seja isso mesmo, mas as ideias se repetem a exaustão. E depois ele se contradiz, conscientemente, ao elogiar o caráter alemão gótico.
  Certo é que ele mantém sempre seus olhos em Atenas e isso evita sua confusão.
  Nada prazeroso, este é um livro que, vergonha minha, já joguei fora.

GOETHE FOI COMPLETAMENTE DERROTADO

   Fausto faz uma aposta com Mefistófeles: Ele jamais irá se sentir satisfeito, e se isso ocorrer, sua alma estará salva. Mefistófeles lhe dará conhecimento, prazeres, e mesmo assim, Fausto promete, continuará insatisfeito. Se isso for mantido, o diabo irá perder. No final da peça não sabemos quem venceu. Jakobson, Benjamin, Arendt, nenhum deles conseguiu descobrir o vencedor. Mas não é sobre isso que desejo falar. Vamos adiante.
  Goethe considerava três os sofrimentos do inferno: o Materialismo, a super valorização do Sexo em detrimento do Amor, e a Pressa. No inferno as pessoas teriam a certeza de que o Presente é tudo o que existe, que o Homem é uma máquina de carne e sangue e que a vida consiste na satisfação da matéria. Sexo seria a única forma de Amor. E tudo seria feito com cada vez mais pressa. Amizades, viagens, nascimento e morte, tudo regido pelo tempo do relógio. O tic tac como eco da vida.
  Não é preciso dizer a vocês que nosso mundo é o retrato do inferno que Goethe intuiu em 1790. Ele tinha horror ao materialismo, para ele, desprovido de mistério, de fantasia, a vida perdia seu valor. Assim como o sexo visto como fim mataria o amor. Quanta a pressa, ela seria consequência do materialismo: se somos máquinas viver bem e ser melhor significa funcionar mais rapidamente.
  Converso com o professor e digo que se pode imaginar Shakespeare sentindo um certo fascínio pelo nosso mundo. Assim como Byron ficaria horrorizado e intrigado pela nossa civilização proteica. Mas Goethe não. É impossível imaginar Goethe em NY ou Tokyo. Seria para ele o puro horror. Ele seria como um ser de outro planeta, de outra galáxia, impossível de ser entendido e de entender.
  Fausto é o mais útil dos livros exatamente por isso. Ele diagnostica o mal antes de seus sintomas mais nítidos. Ele mostra a luta interna que vivemos agora: um mundo mefistofélico que nos é dado de herança, e no qual, cada vez menos fausticos, temos de lidar.
  Tentamos vencer a aposta. Tentamos não sentir a plena satisfação dentro dessa apequenação. Tentamos crer que Isto Não É Tudo. E intuímos que esse é o único modo de vencer Mefisto.
  PS: Vale ainda dizer que Fausto é a obra mais homenageada do mundo. Falas são usadas em Machado de Assis ( que o amava ), Dostoievski, Philip Roth, Joyce. E o livro é usado como molde em obras de Fernando Pessoa ( Fausto ), Thomas Mann ( Dr Fausto ), Sanguinetti, Bulghakov, e Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, e mais um infinidade de autores do mundo inteiro.
  Há Fausto em filmes noir, westerns, Bergman, Fellini, Visconti, Wenders, Woody Allen....nos seus melhores filmes.
  Fausto continua resistindo. Um dia irá vencer...ou desaparecer tentando....

FAUSTO, NOSSO PECADO, NOSSO DESTINO, NOSSO PLANETA.

   Chegamos então, neste curso de brilho, nessas aulas inesquecíveis, a Fausto. Nossa mais alta montanha. E nossa radiografia. Maldição. Querer saber tudo. Se meter em tudo. Desejar possuir o saber sobre todas as coisas. Ver tudo. O pecado da Curiosidade.
   Deus nos proibiu o saber em excesso. Nós, com o empurrão da Serpente, demos o passo. E sabendo, e vendo, caímos do Paraíso. Após o despertar do saber, tornou-se impossível a Felicidade.
   A consequência é eterna. Ainda hoje, nestes tempos vaidosos, nos pegamos pensando que ser ignorante é ser feliz. Que ler demais é viver de menos. Que feliz é o analfabeto. Que inocente é o povo simples. Que não sabe.
   No século XVI surgiu a figura de Fausto. Um best seller. Contava a vida de um bruxo que se vendera ao Diabo em troca do saber. Marlowe teatralizou e fez sucesso. E toda nação desde então compôs seu Fausto nacional. O nosso se encontra em Grande Sertão: Veredas. O mito que não é mito, é arquétipo universal. O homem que desafia o deus. O homem que deseja ser um deus. O Fausto de Goethe é o maior ( segundo meu professor, o maior dos livros ). Síntese do destino ocidental.
   Uma conclusão que Goethe antecipa e que está se cumprindo aqui e agora: o homem deixou Deus de lado em troca do saber. E deixará a Natureza de lado em troca do poder. Porque Deus e Natureza são Um e o Mesmo. Aquele que se desfaz do Divino destrói, cedo ou tarde, Seu Corpo, a Natureza. Fausto irá matar a Terra. Goethe nos avisou. Nunca escutamos isso. O saber há de existir, mas sempre unido ao cuidado, a delicadeza, ao Amor à tudo que seja natural.
   Ninguém seguiu esse conselho.
   Fausto mudou a Arte em toda a Europa. Ingleses e franceses amaram Goethe como guia divinizante. Crianças recitavam Goethe enquanto caminhavam pelo campo. Ele impregnou a vida cotidiana das cidades cultas. E mesmo assim, com todos os seus avisos, o Nazismo nasceu como a realização dos pesadelos do poeta. A aliança com o mal supremo em troca de saber e de poder.
   O poeta alemão amava Shakespeare e em estilo Fausto deve muito a A Tempestade. A peça final do inglês que fala também de poder e saber. Mas enquanto Shakespeare é sonho e beleza, Goethe é dor e pesadelo.
   Ler Goethe era, até mais ou menos 1950, um dever moral e estético. Hoje ele é apenas uma curiosidade pedante. Foi anestesiado por nosso mortal tédio e cinismo. Goethe, que foi um deprimido, descobriu que o saber conduz necessariamente ao enfado, ao tédio e à melancolia. E era seu dever lutar contra ela. Nós já desistimos. A engolimos sem reclamar. E nos medicamos como cabritos.
   Em 1820, Goethe, e também Beethoven, Byron, Schubert, Chopin, Hugo, todos eram Fausto. Prometeus em luta contra o destino. Hoje somos velhos que balbuciam: "-Eu sei....que se há de fazer...é assim....tem de ser assim...."
   Então o destino se cumprirá. Marte nos espera. Alegremente caminharemos ao inferno.

GOETHE, SUA CONCLUSÃO

   Goethe viveu muito. E se hoje ele está fora de moda é porque nós estamos longe e muito longe de seu mundo grande. Ele foi o último a naturalmente unir arte e ciência, mito e razão, romance e filosofia. Se interessou por tudo, foi clássico e foi romântico. Do teatro a botãnica, da física a magia, de poesia a história. E acima de tudo, si-mesmo. Um egoísta que usou amores e amigos em função de sua arte.
   E no fim da vida, aos 83 anos, eis a brilhante conclusão de Goethe...
   O Mundo é a ação permanente do Deus-natureza.
   De dissolver em espírito a matéria
   E conservar para sempre, como se fosse matéria
   Os produtos do espírito.
  
   Todos somos carne, mas nem todos produzem espírito.

FAUSTO SOKUROV, O CINEMA DE ARTE É NOSSA SINA

   Toda forma de arte ao nascer e em toda sua fase mais pura não possui a divisão entre popular e artístico. Shakespeare era assistido por açougueiros e mestres de filosofia, e Haydn compunha para reis e ciganos. A divisão na literatura se dá por todo o século XIX e na música nos fins desse mesmo século. Mas isso aconteceu também com a pintura a dança e até com a culinária. No cinema, como com o jazz e o rock, isso aconteceu em poucos anos. O jazz dos anos 30 era uma coisa só. Duke Ellington ou Count Basie faziam arte ( em alto nível ) mas eram ao mesmo tempo populares. O be- bop faz a ruptura. No rock, Beatles ou Dylan foram simples e soberbos até 1967, e então se fizeram complicados e às vezes fascinantes. Com o cinema a coisa é bastante triste.
  Quando Fritz Lang ou Murnau faziam seus filmes eles não faziam filmes de arte. Eles faziam cinema. Renoir e Clair, Chaplin e Keaton, Dreyer e Ford não viviam em guetos separados com rótulos fixos. Eles navegavam entre o popular e o erudito. Agradavam, às vezes, o operário e o filósofo. Isso se manteve até os anos 60.
  Billy Wilder e Hitchcock jamais pensaram em fazer arte. Eles faziam filmes, aqueles que queriam fazer, e eram filmes "fáceis de ver" e ao mesmo tempo, cheios de sentidos, de pistas, de arte enfim. Mas esses dois campos foram se afastando por toda a década de 50. Essa culpa, se é que é uma culpa, pode ser creditada a Bergman. Mas também a Kurosawa e Buñuel. A crítica e os festivais começaram a tratar esses cineastas como a "realeza" do cinema. Os comparavam a Tolstoi e Proust e de repente, ser simplesmente um "cineasta" passou a parecer pouca coisa. Era preciso ser Bergman, um artista. E infelizmente, muitos diretores geniais como Hitchcock e Huston passaram a tentar ser "artistas". E se deram mal. Eles eram cineastas.
  Esses dois mundos se separaram cada vez mais, mas uma corda fina se esticou entre eles. Os artistas foram se tornando cada vez mais pedantes, os cineastas, cada vez mais cínicos. E alguns, os melhores, tentavam corajosamente, se equilibrar sobre essa corda que une os dois mundos. Fellini fazia isso, como fazia Truffaut, Coppolla e Malle. O que os artistas não percebiam é que Bergman sempre fez isso. E Kurosawa também. Por esse motivo eles são cineastas antes de serem artistas.
  Hoje a corda se transformou numa navalha. Cineastas artistas fazem filmes que não são mais cinema. São instalações, teses sociológicas, exibicionismos, experiências com imagens. E cineastas fazem filmes que procuram ser o mais cinemáticos possível, ou seja, ação e som que são apenas ação e som. O popular se faz hiper-popular, o artístico se faz como "filme de festival". Não se misturam. Claro, alguns poucos abnegados, que são inspirados pelo passado do cinema, tentam reatar os dois mundos. Tarantino, Soderbergh, Joel Coen, PT Anderson, Almodovar... procuram unir o popular e a arte. `As vezes acertam.
  Adoro A ARCA RUSSA de Sokurov. Fausto é um dos filmes mais chatos desta década de filmes chatos. Nem Von Trier consegue ser tão bocejante. O filme de Sokurov exala em cada fotograma uma afirmação: -Isto é ARTE. Se eu fosse Paulo Francis eu diria, "O mundo Jeca que nos deu Bjork e José Saramago chega à Russia".
  Tem até que ideias boas o tal filme. E não pense que o mundo do filme é o mundo de Goethe. É nosso mundo. Fausto em Goethe deseja o saber. Ele quer conhecer o segredo de tudo. Quer ser Deus. O Fausto de Sokurov, de 2012, quer ser feliz. Ele quer dormir, comer e amar. E ter dinheiro, poder. É um Fausto muito menos fascinante, sem coragem. O Fausto de Goethe foi o modelo para o homem moderno, um Titã à procura do saber. O Fausto 2012 é um deputado de Brasilia.
   O filme, como em Goethe, tem uma visão gnóstica do mundo. Deus existe e criou a vida, mas todo este universo é obra de Mefistófeles, o anjo negro. Se Sokurov não fosse tão artista, ele faria Mefisto como um sedutor. Mas ele pensou que isso seria pop, e fez dele um monstrengo fedido. Porque? A beleza é muito diabólica. Welllllll.....
   Há uma cena de beleza transcendente no filme ( que me levou às lágrimas ), é um longo close silencioso de Margarida. A luz a invade e ela se torna um anjo. Se Fausto pudesse ser salvo ele teria sua beatificação naquele momento, mas ele faz o contrário, estupra Margarida e faz dela uma puta. Em Goethe isso simboliza a destruição do bem pelo conhecimento, mas também pode ser a destruição da natureza pelo homem. Margarida é natural, Fausto é inatural.
  Mas de que adianta o filme ter um momento de tanta beleza se temos de caminhar horas de tédio até alcançar esse cume? Em A Arca Russa temos duas horas de incessante prazer, e o filme tem tanta profundidade quanto Fausto. Ou mais.
   Bem, de qualquer modo este filme tem uma bela função. Serve para que aqueles caras que odeiam e desprezam bons filmes pop ( westerns, comédias, romances ) sejam obrigados a passar por seu grande obstáculo: Hey, voce que se acha um intelectual só por ter adorado Clube da Luta ou Peixe Grande, saiba que aquilo é cinemão, popular como Homens de Preto ou Avatar. Isto é que é a tal arte para poucos. E então? Gostou? 
  Quanto mais entendo de cinema mais tenho a certeza de que nada foi melhor que o cinema dos anos 30.

A PRESENÇA DA MALDADE

Discutir se o mal existe é tão vazio de significado como saber se Deus é real ou se os vampiros vivem. Deus é real e os vampiros vivem ( simbolicamente, e símbolos são para sempre ). Para saber o que é o mal é preciso saber o que é o bem. O mal é sua ausência. Mefistófeles é aquele que tudo sabe, que se vê como auto-suficiente. O FAUSTO de Goethe, (ao lado de MACBETH de Shakespeare), é a melhor síntese do que seja a maldade. Mefistófeles ousa desafiar Deus e é expulso do paraíso. Eis a raiz de todo mal: orgulho egocêntrico e complexo de exclusão. Em toda maldade há a ilusão de se ser um homem especial, uma sensação de superioridade, uma ditadura do ego. Lady Macbeth sucumbe ao mal quando descobre que seu marido será rei. Mas todo herói é também um homem isolado, um homem que sai do convivio dos seus, e dono de ego exaltado, parte em busca de sua missão. Mas existe um oceano de diferenças entre Macbeth e Persival. O herói é dono de seu ego, como diria Jung, ele usa seu ego como escravo de si e não o contrário. O vilão é dominado por esse eu autoritário e surdo. O herói escuta o apelo do mundo e mesmo só, ele trabalha pelo outro, ou por algum ideal diferente de si-mesmo. O vilão só vê espelhos. O bem é a virtude e conhecer o mal é saber o que seja ser virtuoso. Na raiz de toda virtude está o conhecimento do outro. Bondade, compaixão, humildade. Todo mal foge dessas três palavras. Em nosso mundo, 2011, acontece uma perversa armadilha contra o bem. Tudo exalta o ego, a auto-realização, tudo quer fazer com que tenhamos a ilusão de sermos únicos, especiais, e tudo leva ao enfrentamento de toda autoridade. Somos todos Nietzsches de araque, desprezamos a bondade como fraqueza. Triste situação, o bem só é reconhecido como verdade em sociedade que preza a virtude, numa sociedade voltada ao individualismo o bem sempre será perdedor. Resta ainda saber que o que conhecemos como bem é genial criação cristã. Para os gregos todo bem se ligava a beleza física e a violência em defesa do estado. O mal seria o desequilíbrio das formas e a covardia. Somos muito desse grego, mas o bem que nos interessa é o bem da bondade, da justiça e da compaixão. O bem cristão. Ele é hoje quase impossível. Os pagãos voltaram com tudo. A violência é sempre um mal? Matar crianças é sempre um mal. Assassinar uma moça num sinal de trânsito é sempre um mal. Mas atirar em bandido que está prestes a matar um inocente, é um mal? Assassinar nazistas era um mal? A violência se justifica contra aqueles que crêem nela. Porque essa é a única língua que eles entendem. O ponto fraco do cristão é exatamente esse: contra quem tem a violência como fé suprema ele nada pode. O ego só pode ser vencido quando o espirito encontra uma brecha para se manifestar. Contra o aço do ego, o aço da ação. O mal existe? Nenhum ato de maldade deveria nos surpreender. O milagre é exisitir o bem.

GOETHE - POESIAS SELECIONADAS

Goethe, como diz Harold Bloom, saiu de moda. Nosso tempo de homens-formigas tende a se incomodar com o gigantismo do poeta alemão. É uma pena, mas esperemos pela volta dos gigantes.
Tudo em Goethe é imenso. Sua vida foi longa ( 83 anos ) tendo vivido o classicismo, o romantismo e o pós-romantismo. Se interessou por tudo : química, física, teatro, política, poesia, música e falava dúzias de línguas. Nasceu em lar culto e feliz. Amou várias mulheres, de várias nações, de variadas idades. Foi grande sedutor e se tornou famoso em vida. Talvez tenha sido o mais amado homem de seu tempo.
E apesar de sua atemporalidade, de seu gênio que transcende estilo, Goethe é filho de seu meio. É retrato acabado do mais conturbado período europeu. É homem que une o universo da aristocracia com o folclore do homem comum de tempos industriais. Ele seria impossível hoje, pois Goethe ocupa espaço, é vaidoso, egocêntrico, vasto como um planeta, exagerado e arrogante, e também estranhamente bondoso. Vem da fábrica de heróis que foi a Europa entre 1770/1820, a era de Napoleão, Beethoven, Kant, Mozart, Byron, Shelley, Schubert, Hugo e tantos mais. A primeira geração industrial, a primeira geração de jornais, de revistas, de excursões. Goethe é o rosto titânico desse tempo.
Seu mundo é o do amor. Tudo é amor para ele. Está distante de nós em sua total ausência de cinismo. Ele não teme o sentimento. Ama o sol, a flor, a manhã e também se deixa conquistar pela lua e pela madrugada. Seduz mulheres e as descarta : seu compromisso é com seu ego. Mas sofre de remorsos. Sua obra é sinfonia de sentimentos. Mas o principal : Goethe, assim como Whitman, nos enche de júbilo. Lemos Goethe para sentir alegria e coragem. A diferença de Whitman reside na diferença entre Alemanha e América. O americano é mais democrático. Canta o povo. Goethe é aristocrático. Canta o coração e a alma. O tom é o mesmo : Adiante todos ! Rumo à vida !!!
E Goethe viveu muito, como viveu.... é exemplo de vida bem vivida. E sua obra tenta nos ensinar isso. Como viver de verdade. Como deixar o espírito livre. Voar.
Não pense que Goethe é dificil. Seu vocabulário é popular. O que ele tem de dificil é seu meio, seu mundo, tão distante do nosso. Goethe é total. Um artista. Não há nada de tímido nele. Nenhuma neurose. É corajoso e íntegro. Imenso.
Fica bem ao lado de Cervantes, Dante e Shakespeare. Dos deuses das letras. Dos milagres.
Ler Goethe é recordar aquilo que importa. O que vale a pena. O que é bom. Ele é necessário.