Mostrando postagens com marcador peter cushing. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador peter cushing. Mostrar todas as postagens

The Creeping Flesh | 1973 | Theatrical Trailer

FILMES DE TERROR E OS GÊNEROS DE CINEMA QUE MAIS ENVELHECERAM

O cinema é dividido em vários gêneros de filmes. Westerns, musicais, terror, policiais, filme noir, filmes de tribunal, eróticos, de arte, épicos bíblicos, suspense, herois de HQ etc etc etc. De todos esses estilos, penso que, para quem gosta, nada envelhece melhor que westerns e policiais em geral e nada envelhece pior que comédias e terror. ----------------- O ser humano muda, e nestes tempos tenebrosos, rir é cada vez mais um ato de histerismo e não de alegria. O humor de hoje, além de policiado, é desesperado, estridente, exagerado, alucinado. Um riso apela sempre à uma espécie de violência, nosso riso é tirado a forceps. Ver uma comédia de 1960 ou de 1940 é se deparar com coisas que davam gargalhadas a um tipo de pessoa que não existe mais. ------------------ Mas como então amar, como eu amo, os filmes dos Irmãos Marx, ou de Preston Sturges, WC Fields e Peter Sellers? Simples. Não procurando neles o riso, mas sim a alegria. Eles possuem uma alegria, uma anárquica postura, que as comédias de 2023 não têm como poder criar. Assistir uma comédia antiga é procurar um remédio para ser menos triste. ----------------------- Com o terror aconteceu o mesmo. Em mundo tão violento e tenebroso, dar medo com uma obra de ficção se tornou tarefa árdua. Se apela então para aquilo que causa nojo, repulsa, o terror se tornou sadismo puro. -------------- É impossível sentir medo assistindo Frankenstein ou Dracula e muito mais impossível vendo os filmes da Hammer. O prazer nesses filmes vem do clima gótico, quando vem. Voce não assiste A Múmia de 1935 para sentir medo, voce assiste para sentir as brumas do gótico, do romantismo em seu espírito original, voce assiste para apreciar, não para sentir medo. ---------------- O fato de ontem eu ter sentido medo, assistindo um filme de terror feito em 1973, dá a esse filme algo de muito raro e especial. A ESSÊNCIA DA MALDADE foi dirigido por Freddie Francis, excelente fotógrafo, mas que como diretor tem vários filmes chatos em seu currículo. Os atores são os mitos Peter Cushing e Christopher Lee. A história, ótima, com várias linhas de ação, fala de um cientista, em 1895, que descobre um esqueleto monstruoso na Nova Guiné. O traz para Londres e então descobre que nele habita a MALDADE. Ao mesmo tempo acompanhamos a história de um médico que administra um hospício, médico que pesquisa a cura da loucura. E há ainda a filha do cientista, tratada com carinho, mas presa em casa. Weeelll.... muita coisa acontece e o filme jamais cai de ritmo. O medo nasce nos 20 minutos finais e não vou contar o que sucede. Apenas digo que o final é aberto, não saberemos o que foi, de fato, tudo aquilo. ------------------- Peter Cushing tem a melhor atuação de sua venerável carreira. Há um momento, em que ele percebe o fracasso de sua vida, em que sua dor, discreta, é tão pungente, isso feito com apenas um close e um gemido, que nos derretemos. Desabamos com ele. Sentimos que não há dor maior que fazer o mal, sem querer, a quem mais queríamos fazer o bem. ----------------- Assisti também dois filmes produzidos pela lenda Val Lewton, um produtor da RKO que fez história nos anos 1940 com uma série de filmes de horror baratos e muito bem produzidos. ASILO SINISTRO, de Mark Robson, diretor que logo pularia para os filmes classe A, é quase insuportável de ser visto, não por causar medo, mas por causar revolta. Ele fala da condição, real, dos loucos em um asilo londrino nos anos de 1780. Nobres visitavam o asilo para rir dos loucos, era uma diversão muito chique... Por aí voce vê a ferida da injustiça que o filme toca. Uma mulher, que tenta ajudar os malucos, é dada como louca e internada à força. Boris Karloff, mais odiável que nunca, é o diretor do hospício. Diz o filme que foi a partir dela que as coisas começaram a mudar. -------------------------- A ILHA DOS MORTOS, feito pela mesma equipe, Lewton e Robson, é bem melhor, e posso o chamar de belo filme trágico e terrível. Na Grècia de 1910, um general durão, mais uma bela atuação de Karloff, vai com um jornalista americano visitar uma ilha. Lá conhecem um grupo de refugiados de guerra que vivem a espera que o conflito termine. Mas então há uma praga, uma onda de septicemia, e vemos o grupo esperar a morte, inevitável, e a morte, dolorosa, que sucede a cada um. O general, Karloff, e mais uma velha grega, acreditam que a morte venha de uma moça, que ela possua o mal em si. O conflito se faz, gente vai morrendo, e o filme, ainda hoje muito original, se conclui em tragédia e surpresa. ------------------- Esses filmes que citei me fazem lembrar, mais uma vez, o quanto um bom roteiro faz de um filme 80% bom ou 100% ruim. Não há como salvar um filme com roteiro ruim, e um bom escritor faz de um filme uma garantia de uns 80%. Esses filmes têm boas histórias, bons diálogos e boa ação. Asssita.