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Brahms Cello Sonata No. 2 Op. 99 Du Pre Barenboim

SONATAS PARA VIOLONCELO E PIANO OPUS 38 E 99, JOHANNES BRAHMS. CELLO POR MSTISLAV ROSTROPOVICH, PIANO RUDOLF SERKIN.

O violoncelo é o mais exigente dos instrumentos. Não apenas dificil de tocar. Ele afasta o ouvinte que não gosta de música erudita. O timbre do cello é sério, grave, solene, sofrido, jamais choroso. Se voce entrar no mundo do cello, voce logo perceberá que ele é elegante, sóbrio, formal. Brahms foi durante todo o século vinte um dos cinco compositores mais tocados e gravados, e ao mesmo tempo foi um dos mais atacados. Chamado de mal humorado, chato, sem emoção, rígido, ele, finalmente, a partir dos anos 70 encontrou sua justiça. Brahms é perfeito. Sua música é plena de invenção, de orquestração rica, complexa. Ele dominava sua arte como mestre que foi. Eu adoro Brahms. ------------------- Rostropovich foi o maior voloncelista da história. Sim, maior que Casals. Não há o que comentar sobre sua execução sem parecer óbvio. O que digo é que escutar esse duo é descobrir a riqueza da nossa audição. Piano e Cello dialogam e nos contam revelações. O cello afirma melodias, o piano abre paisagens soberbas. Tudo aqui é delicadeza forte, detalhes explicitados pela arte. Serkin é um grande pianista, claro, mas aqui ele se supera. Seu toque é de beleza perfeita. Não há arte que atinja o mundo que a música atinge em alguns, poucos, momentos. Aqui ouvimos e vemos um desses mundos. Há toda uma filosofia metafísica aqui. Ela se esconde em Brahms. Rostropovich e Serkin nos revelam.

Brahms ~ Ein Deutsches Requiem, Op. 45 (III/VII) ~ Herbert von Karajan

O REQUIEM ALEMÃO - JOHANNES BRAHMS. ATERRADOR ( ESTÁ SE TORNANDO DIFÍCIL DEMAIS ENCONTRAR ADJETIVOS )

Brahms nunca é simples. Não que ele seja complicado, ele é sério. Nada do que ele fez parece juvenil. Nada parece bondoso como Haydn ou leve como Mozart. Também não há traços da megalomania de Beethoven. Nem da fé de Bach. Brahms é ele mesmo sempre. Imenso. ------------- Ele e Wagner dominaram a música da segunda metade do século XIX. Ou voce era Wagner ou era Brahms. Wagner era espalhafatoso, exagerado, apaixonado e sua música sempre contava uma história e descrevia uma visão. Brahms era sutil, discreto, controlado e sua música era "apenas" som. Nada de histórias, mitos, lendas ou filosofices. Era música absoluta. Eu acho Wagner bastante infantil. Brahms é muito, muito maior. -------------- Entender Brahms nunca é simples porque ele não apela. Sua música não é feita para inspirar ou para descrever estados de alma. Ela existe para ser ouvida. Mas eis aqui o Requiem Alemão, uma longa obra, mais de uma hora e dez, escrita para a nação alemã. Aqui há mensagem porque é uma obra com palavras. Ele usa orquestra, coro e dois solistas, barítono e soprano. O tom é solene, às vezes soturno, muitas vezes eloquente. Ouço uma gravação de 1973 com a Orquestra de Londres, regencia de Daniel Barenboim e o coro, magnífico, de Edimburgo. Edith Mathis e o imortal Dietrich Fischer-Dieskau são os solistas. ---------- São sete movimentos. De cara já ouvimos o modo Brahms de construção: discreto. A música começa pianíssima e vai, lenta, em crescendo inexorável. Brahms modula os timbres, alterna volumes, mas tudo em seu tempo, sem pressa e sem erro algum. A beleza é atingida e creia-me, poucos souberam produzir tanta beleza. ------------ Ouça o final do terceiro movimento. Esse segmento dura cerca de 17 minutos. Fischer-Dieskau, a minha voz favorita, entoa uma melodia hispnótica, a orquestra, discreta, harmonizando a peça encantadora. Mas, súbito, o coro, imenso, começa a erguer suas vozes. Num crescendo, voce começa a sentir algum tipo de exaltação em sua alma. As vozes aumentam seu volume, invadem todo o espaço, rodopiam e então, em uníssono alçam voo. Fiquei profundamente comovido. É quase um tipo de milagre. -------------- A obra inteira tem outros momentos de elevação. Mas esse é especial. Brahms, mestre que é, faz o que quer com nosso sentido. Ele é o maestro de nossa alma. Bravíssimo!!!!!!

Brahms - Piano concerto No 2 (Pollini, Abbado WPO)

CONCERTO PARA PIANO 2. BRAHMS.

Harmonia, ritmo e melodia, as 3 bases da música, os 3 pilares que podem ser desafiados ou melhorados. ( O timbre está presente nos 3 e é a sombra da música ). Em seu Concerto para Piano e Orquestra número 2, Johannes Brahms atinge um dos auges da melodia. Ouço na execução solo do chileno Claudio Arrau e com a Orquestra da Philadelphia sob a batuta de Carlo Maria Giulini. Para quem é novato no assunto, todos eles são dos maiores. A gravação é da EMI, nos míticos estúdios de Abbey Road, em 1963, ou seja, um certo quarteto estava começando a mudar tudo não só lá dentro, mas no mundo inteiro. --------------------- Uma trompa começa o concerto em melancolia. Mas o clima logo muda. É uma obra que muda sem parar e sem pressa. Melodias são criadas incessantemente. Será 4 movimentos e 50 minutos de música. Nem um micro segundo sem invenção. ------------ O terceiro movimento é o mais lindo. Brahms cria ao piano um fragmento de diamante sonoro, e como tal, brilha para sempre. O piano divaga mas não se perde, entra em nuvens de melancolia mas não nos entristece. Quando surge o quarto e último movimento, o que ouvimos é a melodia que encerra e traz a conclusão perfeita da obra. Brahms faz o certo, cria beleza que é como uma ordem de justiça sonora. Aquele que era chamado de "rival de Wagner" chega a serena confiança. Da alma do autor flui uma linha, linha que se transformam em correntes infinitas, de beleza séria. Brahms nunca é romantico. Ele cria sob controle, por isso o chamo de "correto", correção sendo aqui um imenso elogio. Ele escolhe o acerto. Pensa no que faz. E sabe como fazer e onde chegar. O concerto é uma obra-prima, talvez o maior concerto para piano da história. Brahms é inevitável. ---------- BRAVO!

BERNSTEIN ERRANDO FEIO

Leonard Bernstein regendo a Filarmônica de New York. Duas sinfonias de Brahm, a segunda e a terceira. Brahms é complicado. Se voce errar o tempo tudo dará errado. Um pouco mais lento e voce perde a atenção, um pouco mais rápido e se vai a emoção. A orquestra brilha, é cheia de sub tons e de timbres fasciantes. Vem então o movimento lento da segunda sinfonia e Bernstein erra feio. Ele corre, apressa, voa, exatamente onde ele deveria ter pensado, sonhado, esperado. Um dos mais belos momentos da história da música se transforma numa fanfarra abjeta. Um crime. Onde Bernstein estava com a cabeça? --------------- Isso prova que mesmo os grandes erram e que o maestro errado pode desandar até aquilo que é genial. Por sorte ouço depois Ashkenazi tocando Chopin e Chopin, um compositor sempre surpreendente, belo e nunca choroso, se revela íntegro. Que lindo isso é!

JOHANNES BRAHMS

Reza a lenda que na saída de emergência do Metropolitan de NY, havia uma placa onde se lia: Em caso de Brahms, saída. ------------ Para Johannes Brahms não há meio termo: ou voce não consegue o escutar ou se encanta com sua música discreta. Um dos compositores mais famosos do mundo, ele chegou a ser chamado de novo Bach e novo Beethoven. Hoje tem uma sólida posição na história. É o mais respeitado após Bach, Mozart, Haydn e Beethoven. --------------- Mas continua a ser chamado de chato e muita gente adormece em seus concertos. Por que? Não é dificil responder. Por ser discreto, o anti Wagner, o anti Tchaikovski, Brahms exige atenção, completa a focada atenção. Se voce o escutar com 70 ou mesmo 80% de sua atenção, tudo que voce irá perceber é uma massa de violinos e de sons que nunca se afirmam. Enquanto Wagner pega uma melodia e a berra em seus ouvidos, enquanto Tchaikovski passa meia hora chorando sem parar, Brahms apenas sussurra a melodia e quando triste, deixa que voce perceba isso. Brahms é portanto um aristocrata. Ele não se dá de barato. Mas esse anti-apelo não é aquele do modernismo, em que se faz uma obra hermética para afugentar os filisteus, não, Brahms tem pudor, tem elegância, nunca e jamais exige qualquer coisa de voce. -------------- Ouço a quarta sinfonia com a Filarmônica de Viena, regente Bernstein. Nos momentos em que consigo me concentrar, sou filho de meu tempo, concentração é capacidade de poucos, percebo a riqueza melódica de Brahms. Em meio a uma massa sonora oceânica, irrompe a melodia que logo se vai. Não são ondas sonoras, são correntes submarinas. Quando me distraio com um pensamento, pronto, perco a corrente e passo a divagar em meio ao mar de acordes discretos. Brahms é sempre discreto. ------ Não, não me apaixonei por Brahms, não dessa vez. Mas também não o desprezo como um chato. Há nele algo que não capturei ainda. Um apelo secreto. Em oposição a Wagner, que nos joga tudo na cara, ele esconde as cartas e espera que as revelemos.