Mostrando postagens com marcador george michael. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador george michael. Mostrar todas as postagens

A BOBAGEM DO TAL ROCK ADULTO E A VERDADE DO TALENTO...PENSANDO A MORTE DE GEORGE MICHAEL.

   O coração de George Michael havia parado de bater a muito tempo. Assim como Prince, seu tempo acabou por volta de 1995. A era dos Clinton, de Seattle, das camisas de flanela enterrou o POP chique, vaidoso, hedonista dos dois e de tantos outros. A versão branca da música de Stevie Wonder, Marvin Gaye e Al Green não tinha mais vez. E o tipo de música de Prince, o negro feliz, vaidoso, satisfeito, sexy, se tornou o RAP, mais agressivo, mais masculino, mais suburbano. O público de George passou a ouvir música eletrônica, o de Prince, RAP.
  Para piorar, George processou a Sony, num tempo em que gravadoras ainda mandavam em tudo. Fosse hoje ele não teria o menor problema, mas na época ele ficou isolado. Na geladeira. Quando voltou o mundo já mudara. Os anos 80 eram outro planeta. E as meninas, seu maior público, dançavam ao som de Ricky Martin, pois George já assumira sua condição gay. ( Ironia ).
  Ele não se tornou um novo Elton John porque não tinha o gênio de compositor que Elton tem. George era uma voz perfeita. Listen Without Prejudice é seu melhor disco e em Praying For The Time ele atinge o sublime. Ouvir essa canção nos recorda que a beleza é aquilo que mais precisamos. Praying é a faixa que abre o disco. Quando a orquestra começa a tocar nos sentimos em outro mundo. Isso é genial.
  A geração de George teve a pretensão de unir música popular adulta ao rock. Perceberam que mesmo Dylan era apenas um adolescente velho. Dylan podia ser genial, mas era um teen sempre. Pensaram em ser adultos copiando a postura de adultos. Bowie, Ferry, Robert Palmer, George, todos vestiram ternos, pegaram melodias Cole Porter- Gershwin- Berlin e pensaram que assim seu POP se tornaria adulto. O máximo que conseguiram era parecer adultos no lugar errado. Erraram de desejo e erraram o alvo, claro. Mas em meio a esse processo criaram um tipo de trilha sonora chique que nunca mais foi tentada por ninguém. ( OK, Amy sim... ). Sade, Paul Weller no Style Council, o Everything But The Girl, todos chegaram nesse hibridismo que jamais foi adulto, mas que era uma bela festa de adolescentes travestidos de Cary Grant.
  O estranho é perceber que Al Green fez tudo isso 15 anos antes. E sem imitar ninguém.
  Bowie saiu dessa e voltou a tentar ser um tipo de vampiro eletrônico. Vários deles se tornaram cantores de dvd. Ferry nunca saiu desse mundo. Vestiu bem e se sente em casa nele. E George sumiu. Alguns shows bonitos, tristes, intimistas. E o coração na voz. A voz...
  Termino falando que Rick Parfitt morreu aos 69 dia 23. Sua banda era o STATUS QUO e essa banda nunca mudou. Desde 1970 eles fizeram e refizeram o mesmo disco, um boogie de pub, rock analfabeto de adolescente feliz. Eu amei essa banda na minha adolescência e voltei a escutar, muito, de 2012 em diante. Penso que nada é mais distante do mundo de George que eles. A música deles é diversão, diversão e só diversão. Com algumas baladinhas muito lindas. On The Level é o melhor disco.
  Bom saber que a música POP pode ser tão variada.

ANOS 90- MODA E BELEZA- CLIPS E ESPORTES

O livro dos 50 anos da Ilustrada, após os intelectuais anos 80, explica e exibe os anos 90.
Vamos lá!!!!
Erika Palomino entra na Folha. E surgem os Andrés, todos filhos pop de Pepe Escobar. Mas são os anos 90 ( que começaram em 89 ) que lançam a ditadura da página de moda. Desde então, e para sempre, viver bem será estar em páginas da Elle ou da Vogue.
No começo foi bonito. Havia um belo senso de beleza superficial. O belo que se justifica pela aparência. Beleza é só pele e casca, e daí? Esse é o slogan desse tempo. Todos querem ser bonitos.
Na noite é tempo de Sra. Kravitz e do Hells. Hedonismo após o pesadelo deprê dos anos 80. Mal sabíamos que isso levaria ao vazio....
É tempo de moda. Novas marcas e novos nomes: Galliano, McQueen, Diesel, Dolce e Gabbana, Versace, Gaultier ( sei que não surgiram nesse tempo. Mas é aí que se tornam gurus ).
Tempo das Uber-model: Linda Evangelista, Cindy Crawford, Claudia Schiffer.
E já havia os sujos Pixies, Janies Addiction e Sonic Youth; mas este é o tempo dos super clips. Os clips belos como fotos de Richard Avedon, clips "fresquíssimos", dirigidos por alguns dos melhores fotógrafos de moda ou pelos futuros cineastas de filmes moderninhos. São clips pelos quais me apaixonei na época ( essa é a última vez em que corrí atrás de novidades ). Clips que hoje, pós-Nirvana, são irrecuperáveis.
O luxo de Madonna cantando Vogue, Chris Isaak dirigido pelo gênio Bruce Webber em Wicked Game, US3 e sua estética de rap com cool jazz, C and C Music Factory e seus grafismos extra cool, o Soul To Soul que dava toda a atenção ao visual, e que tinha um líder que se assinava Jazzie B., Bryan Ferry e a elegãncia espanhola de Mamouna, um clip de luxo ostensivo e de cafonália estilosa, e principalmente o clip símbolo da época: Being Boring dos Pet Shop Boys, hino ao prazer da carne, a beleza de jovens ricos, a pele perfeita. Being Boring é um tratado filosófico. E é mais um de Bruce Webber ( que fez um doc sobre Chet Baker que é o sublime levado ao inferno ).
É nesse começo de anos 90 que temos o auge da moda skate e surf. De luxo, claro. Bermudões e camisas coloridas, leves e soltas. Como disse, o que podemos falar desse tempo é sempre MODA E VISUAL. NBA e seus tênis. Chicago Bulls e Hornets.
Valoriza-se o jazz, por seu aspecto visual e não por sua revolução; valoriza-se a escrita de Scott Fitzgerald, Auden, Wilde, Forster, Evelyn Waugh, por causa de seus ambientes chic, sua decadência bonita, seu "visual" elegante.
No cinema se fala em Audrey e em Montgomery Clift. Porque? O visual, lógico!
Cinema de Terry Gillian, de Bertolucci, de Ridley Scott e de David Lynch. Experiências visuais de Soderbergh e de Van Sant. Imagem. Tudo é imagem.
Mas essa "década" dura apenas 6 anos.
O grunge assassina tudo isso e traz a feiúra metal unida aos valores hippies. Ser tosco e sujo se torna padrão. Os clips partem para a tosqueira ( Loser e Even Flow ). Até as bandas inglesas deixam de ter "visual" e os eletros passam a cultivar o não-visual. A excessão é o Prodigy.
Todo esse glamour jamais seria recuperado. Grupos de rock hoje têm sempre a imagem dos anos 70 em mente. Seja punk, metal ou glitter. Toda banda flutua entre Led Zeppelin, Clash ou T.Rex.
Os clips da época são recuperados, de modo muito mais histérico e raso, pelo pop: Black Eyed Peas, Beyoncé ou Shakira. Mas é como comparar Madonna com Lady Gaga.
Foram anos muito divertidos! O que importava ( como diz Being Boring ) era ter 19 anos, porque aos 19 nada enche o saco, tudo é bonito e voce nunca é chato.
PS: Esqueci do cara símbolo da época, e que foi massacrado no tempo de grunges "feios": George Michael e seu clip Freedom. Lá estão Cindy e Linda e Claudia e Naomi. Lá tudo é bonito e sexy. Lá a vida se parece com jazz e Audrey e Clift e um poema de Auden.
E tudo acabou em policia e banheiro.....
Entendeu?