Foi Roger Ebbert quem disse que assistir a esta jóia é como tirar férias. Voce relaxa observando aqueles seres na praia, sorri, sente-se feliz e passa por momento de tristeza quando é hora de voltar pra casa. Mas então voce o reassiste, e percebe que ver Hulot outra vez é ainda melhor. É como reencontrar lugar e pessoas queridas. Este filme é então UM LUGAR.
Para mim a descrição é perfeita, mas completo: se o paraíso existir, esta praia com estas pessoas são moradores desse céu. Nada é mais paradisíaco.
Não existe tempo neste filme. Nada acontece. Quero dizer, várias coisas ocorrem todo o tempo, geralmente no mesmo instante; mas não há uma história, nada de objetivos ou rivais, não existem vilões e também nenhum ensinamento explícito. O filme é uma paisagem, um quadro de bom viver, uma benção.
O som deste filme é antológico. Feche os olhos, deite-se e apenas escute... esta obra te dá a sensação de estar na praia. Isso porque é um filme sem diálogos. Algumas pessoas falam, mas o que elas falam não tem a menor importância. Suas vozes são abafadas pelos sons, suaves, do ambiente. O que escutamos são murmúrios distantes, o vento, as folhas, insetos e o mar. Um cão que late, o apito do trem, talheres à mesa, um carro que buzina. Tati nos diz que as palavras são ruidos, os sons ao nosso redor é que se fixam em nossa memória afetiva. Ele está errado ?
Ao vê-lo pela primeira vez tive uma pequena decepção. Não era uma comédia? As gags não me fazem rir. Mas então começou a nascer um AFETO pelo filme, por Hulot e por tudo aquilo que é mostrado. O calhambeque, o hotel, todos os hóspedes ( mesmo o garçom mal-humorado ), o sol sobre a areia.... E realmente voce sente um desejo de que o filme se eternize, de que ele jamais termine. Oásis.
Feito em 1953, este filme foi sucesso imediato. Hoje seria? Com certeza não. Para se usufruir desta obra-prima é preciso atenção ao detalhe, calma, mente absolutamente limpa e gosto por viver. Não combina com pipoca e Coca, seu complemento é uma champagne a beira-mar e um peixe assado em fogo lento.
Bom... Jacques Tati, o homem que em cinema mais se aproxima da palavra ANJO, nos deu este presente, esta graça, este filme de absoluta originalidade ( e ainda é original ). Usufruir deste prazer é um privilégio.
Obrigado Jacques !
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