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HOUVE UMA VEZ UM VERÃO ( SUMMER OF `42 )- ROBERT MULLIGAN, HERMAN RAUCHER E MICHEL LEGRAND
...naquele verão eu perdi aquele menino para sempre.""
Essa é a frase que fecha o filme Houve Uma Vez Um Verão, imenso sucesso de bilheteria e de crítica em 1972. É incrível como certos filmes nos marcam para sempre. Este, que em minha mente tem um aspecto de sonho, é o segundo filme que mais me marcou. ( O primeiro é O Sonho de Uma Noite de Verão, de Max Rheinhardt, me marcou tanto que até o advento da versão em dvd achava que fora um sonho que eu sonhara na infância ).
Assisti este Summer of `42 em 1976, numa TV em p/b na Globo, sábado de noite, 11 horas. Continuo achando que todo menino romântico, e qual não é? , deveria o assistir. Ele caiu sobre mim como uma antecipação daquilo que seria minha vida. As pegadas de meu futuro. Um milagre que só a arte pode fazer, traçar o que virá usando o passado de alguém como tema.
Estamos em 1942, numa cidadezinha de veraneio, beira do mar. Jovens amigos passam lá o verão, sem nada para fazer. Aprontam, riem, brigam, correm e pensam todo o tempo em sexo. Uma mulher jovem e bonita chega para morar sozinha. Eles começam a fantasiar sobre ela. A observam. Um deles, o narrador, o mais quieto, se aproxima dela, desajeitado. E nesse processo se desinteressa por seus amigos bobos. Ela receberá uma carta dizendo que seu marido morreu na guerra. O menino dançará com ela, e o narrador, em 1972, adulto, nos diz que nesse momento ele o perdeu para sempre.
O filme é apenas isso. De uma simplicidade franciscana. Porém, de uma beleza luxuosa. A fotografia, e este filme me ensinou a reparar na fotografia, cheia de filtros e de suavidade, é de Robert Surtees. A trilha sonora, uma das mais famosas da história, é de Michel Legrand. Durante anos eu chorava quando a escutava. Isso porque naquela noite, sem esperar por isso, eu chorei pela primeira vez com um filme, música ou qualquer outra coisa. Entenda, não chorava desde os 9 anos. E esses meus choros sempre foram por surras ou castigos. Com este filme pela primeira vez chorei por beleza. Não por alguma coisa que ocorrera comigo, mas por ver algo de profundamente belo. Lembro que de manhã tive de compartilhar isso e falei do filme para meu pai. Ele nada entendeu e disse que se chorei era melhor não ter visto. Talvez meu pai estivesse certo.
Revisto hoje, Summer of `42 não tem nem metade da emoção que eu recordava. Mas eu também não sou mais nem metade do poeta que fui. O garoto que viu o filme em 1976 foi perdido para sempre por mim. Mas não importa. Se nesses anos todos ele perdeu sua aura, e tudo a perde, como adivinhou Benjamim, em minha memória ele será sempre uma carta cheia de perfume e de linhas bem escritas. Um lembrete, vivo, muito vivo, do lugar de onde vim e do lugar para onde estou indo.
Lindo.
Essa é a frase que fecha o filme Houve Uma Vez Um Verão, imenso sucesso de bilheteria e de crítica em 1972. É incrível como certos filmes nos marcam para sempre. Este, que em minha mente tem um aspecto de sonho, é o segundo filme que mais me marcou. ( O primeiro é O Sonho de Uma Noite de Verão, de Max Rheinhardt, me marcou tanto que até o advento da versão em dvd achava que fora um sonho que eu sonhara na infância ).
Assisti este Summer of `42 em 1976, numa TV em p/b na Globo, sábado de noite, 11 horas. Continuo achando que todo menino romântico, e qual não é? , deveria o assistir. Ele caiu sobre mim como uma antecipação daquilo que seria minha vida. As pegadas de meu futuro. Um milagre que só a arte pode fazer, traçar o que virá usando o passado de alguém como tema.
Estamos em 1942, numa cidadezinha de veraneio, beira do mar. Jovens amigos passam lá o verão, sem nada para fazer. Aprontam, riem, brigam, correm e pensam todo o tempo em sexo. Uma mulher jovem e bonita chega para morar sozinha. Eles começam a fantasiar sobre ela. A observam. Um deles, o narrador, o mais quieto, se aproxima dela, desajeitado. E nesse processo se desinteressa por seus amigos bobos. Ela receberá uma carta dizendo que seu marido morreu na guerra. O menino dançará com ela, e o narrador, em 1972, adulto, nos diz que nesse momento ele o perdeu para sempre.
O filme é apenas isso. De uma simplicidade franciscana. Porém, de uma beleza luxuosa. A fotografia, e este filme me ensinou a reparar na fotografia, cheia de filtros e de suavidade, é de Robert Surtees. A trilha sonora, uma das mais famosas da história, é de Michel Legrand. Durante anos eu chorava quando a escutava. Isso porque naquela noite, sem esperar por isso, eu chorei pela primeira vez com um filme, música ou qualquer outra coisa. Entenda, não chorava desde os 9 anos. E esses meus choros sempre foram por surras ou castigos. Com este filme pela primeira vez chorei por beleza. Não por alguma coisa que ocorrera comigo, mas por ver algo de profundamente belo. Lembro que de manhã tive de compartilhar isso e falei do filme para meu pai. Ele nada entendeu e disse que se chorei era melhor não ter visto. Talvez meu pai estivesse certo.
Revisto hoje, Summer of `42 não tem nem metade da emoção que eu recordava. Mas eu também não sou mais nem metade do poeta que fui. O garoto que viu o filme em 1976 foi perdido para sempre por mim. Mas não importa. Se nesses anos todos ele perdeu sua aura, e tudo a perde, como adivinhou Benjamim, em minha memória ele será sempre uma carta cheia de perfume e de linhas bem escritas. Um lembrete, vivo, muito vivo, do lugar de onde vim e do lugar para onde estou indo.
Lindo.
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