William Carlos Williams era pediatra. Viveu até 1965. Da geração, soberba, de Eliot, Moore e Stevens. O que me faz pensar... em período tão pouco poético, tanta poesia de gênio. Parece que, como acontece com toda coisa do espírito, quanto mais voce bate mais forte ele fica.
No livrinho que acabo de ler, há um poema que exemplifica não só o estilo de Williams, como mostra toda a necessidade de se viver a poesia. O poema é curto:
De acordo com Brueghel
Quando Ícaro caiu
era primavera
Um lavrador arava
os seus campos
todo o explendor
do ano
formigava ali
à
beira do mar
consigo mesmo
preocupado
suando ao sol
que derretia
a cera das asas
perto
da costa
houve
uma pancada quase imperceptível
era Ícaro
que se afogava.
O que é o poema? Ele é uma questão: Quantos Ícaros voaram ao nosso lado e distraídos pelo "trabalho" da vida não o percebemos? Para que serve a poesia? Para abrir nossos olhos a esse maravilhoso que não interrompe seu fluxo. O sol que derreteu as asas de Ícaro é o mesmo sol em que o homem labuta. Como formiga. É o olhar poético que nos eleva da condição de formiga.
Tenho pena de quem vive formigamente e renega o viver poesia. Por todo o livro, Williams, de forma simples, ( não procure nele nada além do que lá está escrito ), mostra a poesia de árvores e de estações. Essa visão nada tem de secreta ou de mística, é apenas um olhar atento, dar uma chance a poesia. O segredo é o olho.
Neste exato instante algum Ícaro pode ter voado e voce, distraído, não o viu. Neste exato momento uma experiência única pode ter sido oferecida a voce, e voce não a aceitou por não ter notado o convite.
Poesia é só isso.
No livrinho que acabo de ler, há um poema que exemplifica não só o estilo de Williams, como mostra toda a necessidade de se viver a poesia. O poema é curto:
De acordo com Brueghel
Quando Ícaro caiu
era primavera
Um lavrador arava
os seus campos
todo o explendor
do ano
formigava ali
à
beira do mar
consigo mesmo
preocupado
suando ao sol
que derretia
a cera das asas
perto
da costa
houve
uma pancada quase imperceptível
era Ícaro
que se afogava.
O que é o poema? Ele é uma questão: Quantos Ícaros voaram ao nosso lado e distraídos pelo "trabalho" da vida não o percebemos? Para que serve a poesia? Para abrir nossos olhos a esse maravilhoso que não interrompe seu fluxo. O sol que derreteu as asas de Ícaro é o mesmo sol em que o homem labuta. Como formiga. É o olhar poético que nos eleva da condição de formiga.
Tenho pena de quem vive formigamente e renega o viver poesia. Por todo o livro, Williams, de forma simples, ( não procure nele nada além do que lá está escrito ), mostra a poesia de árvores e de estações. Essa visão nada tem de secreta ou de mística, é apenas um olhar atento, dar uma chance a poesia. O segredo é o olho.
Neste exato instante algum Ícaro pode ter voado e voce, distraído, não o viu. Neste exato momento uma experiência única pode ter sido oferecida a voce, e voce não a aceitou por não ter notado o convite.
Poesia é só isso.