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O ANATOMISTA - FEDERICO ANDAHAZI. Eros e Pornô.
Eu estava conversando com um amigo sobre livros e ele chamou minha atenção para um fato interessante. Como os romances hoje precisam expor suas intenções explicitamente todo o tempo. O autor é obrigado a dizer, a cada capítulo, sobre o que é a obra, qual o objetivo, porque o leitor deve ler aquilo. Nossa época é a era da pornografia, onde, como em filme pornô, não se pode "perder tempo" com erotismo, sugestão, sentimentos ocultos, tudo tem de chegar logo ao orgasmo, à penetração. Gozar logo. Então todo livro é um gozo, estou lendo para obter algo rapidamente: conhecimento ou prazer. E por isso, esse prazer é sempre ralo. ----------------- Andahazi é um autor argentino atual e este livro foi premiado. Mas qual livro não tem algum prêmio? São tantos os festivais.... -------------- O tema é excelente. Um anatomista no século XVI descobre a função do clitoris. Para isso ele faz experiências com mulheres vivas, lógico. A história é do tipo que mais agrada o leitor deste século: fato romanceado. Todos os personagens são reais, exitiram de fato, mas isso não significa que tudo aqui seja verdade. Passado em Veneza, o descobridor é preso por causa de suas pesquisas. Paralelamente há a história de uma puttana da época, uma cortesã de luxo, e o autor descreve sua biografia feita de luxo e de crueldade. ------------- Belos ingredientes não? Mas o que faz o autor? Conta tudo isso em linas de quinze palavras, capítulos de três ou quatro páginas, descrições genéricas, ação que não para de correr. É quase um relatório e fica impossível ao leitor ter qualquer possibilidade de encontrar um outro sentido que não seja aquele explícito-pornô: uma novela sobre corpos e sobre poder. Nada menos e nada mais. Voce terá o que a capa promete e mais nada. Fim. -------------------- Eu adoraria então falar aqui sobre o sentido da prostituição, sobre a vida na época dos Medici, sobre a Veneza obcecada por sexo e dinheiro. Mas pra quê? Este livro fala de tudo isso, mas não elucida nada e pior, não instiga a que eu desenvolva a minha escrita. Como tudo que é pornô, ele termina em si mesmo, exaure sem dar inspiração ( quem inspira é Eros ).
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