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BAD LUCK STREAK IN DANCING SCHOOL - WARREN ZEVON.
Sim, há uma fúria belíssima na voz de Zevon. Esse grande compositor americano que conheceu sucesso no fim dos anos 70 e começo dos 80, mas que depois, teimoso, se recolheu a sua condição de cult entre os mais cult. Sua voz, áspera sem ser rouca, é emissora da raiva de quem vive a vida daqueles que percebem as coisas e as descrevem. Acima de tudo ele é um contador de histórias, o mesmo tipo de histórias dos melhores contistas dos EUA. Ele fazia ( sim, fazia, Warren morreu nos anos 90 ), como dizia, ele fazia parte do rock da California de então, era amigo de Jackson Browne, Browne que era um tipo de líder da turma, a turma de Joni Mitchell, Eagles, Linda Ronstadt, uma turma que resvalava na chatice quase sempre, defeito que Warren Zevon nunca tem, isso porque ele nunca é chorão, piegas ou sem fibra, Zevon tem a raiva, a divina raiva que o redime. -------------- Neste disco de 1980, Zevon é acompanhado pela nata entre os músicos da California, gente como David Lindley, Joe Walsh, Leland Sklar e Rick Marotta. E ainda o incrível Waddy Wachtel, um guitar player que tocou com Bryan Ferry e Keith Richards. Em 81 Zevon estava no auge da fama pop, músicas gravadas por Linda Ronstadt e Bruce Springsteen ( há aqui uma faixa composta em dupla por Zevon e Bruce, uma das melhores coisas que Bruce compôs na vida, Jeannie Needs a Shooter ). Por falar nisso, Jeannie está tocando agora aqui e mais uma vez me emociona com a beleza viril dessa canção sobre a raiva. O refrão é fantástico e a letra é sublime. Mas o disco inteiro não deixa apagar esse fogo que ilumina e consome Zevon, em tudo um grande, grande rocker e autor. ----------------- Eu disse ser ele cult e sua herança se faz presente em vários nomes de 2023 que o citam, mas é uma pena, pois quando os ouvimos percebemos que eles são indignos dessa herança, pois não possuem o principal de Zevon, os colhões. Melancolizam Zevon, o que é uma traição, Zevon nunca é melancólico, ele é irado. Well....coisas deste tempo emasculado. -------------- Gorilla, You Are a Desperado é outro ponto muito alto de um disco de pontos altos. E pelo nome das músicas voce percebe qual a onda da coisa. São narrativas sobre gente e ações sui generis e ao mesmo tempo estranhamente comuns. É lindo man, é muito lindo.
WARREN ZEVON E A CENA DA CALIFORNIA
Em 1978 nada no mundo da música vendia mais que o rock made in California. ( Caso voce não saiba, considerando apenas os EUA, o disco mais vendido da história não é Thriller, mas sim Their Greatest Hits, The Eagles ). Well....vou falar de um cara que destoa da onda californiana, mas antes é legal dar uma geral sobre o que era esse rock de L.A. --------------- Foi inventado por volta de 1971 e parece que seu DNA vem de gente como Carole King, Randy Newman, Stephen Stills e bandas como Poco, Flying Burrito Brothers e CSNY. O que o distingue do rock de NY ou do sul dos EUA? Acima de tudo a produção. São discos caros, gravados em estúdios de ponta, com os melhores engenheiros de som. É esse tipo de disco que atinge o mais alto grau sonoro. A música é sempre macia, redonda, muitas vezes tem um piano elétrico delicado e acordes de violão que parece de cristal. Muito backing vocal afinado, todo som é harmònico, não há ruído e jamais dissonância. As letras são amargas mas nunca revoltadas, falam de injustiças sociais ou de amores destruídos, ecologia e paz, mas tudo bem take it easy, bem soft, bem educado. É a trilha sonora dos anos Jimmy Carter, todos os nomes do som da California fizeram campanha para sua eleição, não a toa todos eles tiveram seu auge entre 1975-1980. ------------- Era a América da crise, do bode pós anos de hiper crescimento ( 1945-1973, auge da América ), era o som que consolava, que falava de amizade, de perseverar, de salvar a Terra. Ninguém vendeu mais na época que Eagles, a mais amada banda da história dos USA. Mas havia também Fleetwood Mac, uma banda que nasceu inglesa mas emigrou e virou hiper California. Tinha ainda Jackson Browne, Linda Ronstadt, Emmylou Harris, Rita Coolidge, e muitos nomes que não eram de lá, mas faziam discos típicos do som de L.A. : Billy Joel, Paul Simon, Neil Young, Doobie Brothers, America, e até os Steely Dan daria pra botar no bolo. Em todos esses discos vemos músicos de estúdio, os melhores, gente como Jeff Baxter, Waddy Wachtel, Jim Keltner, David Lindley, Russ Kunkel. ---------------- Warren Zevon não era do meio mas se fez nos arredores. Nos anos 60 tentou ser compositor. Lançou disco em 1969 que afundou. Outro em 1976 que deu em nada. Mas então foi descoberto por Linda Ronstadt que gravou 4 faixas de Zevon. Uma estourou: Poor Poor Pitiful Me. Em 1978 Zevon lança Excitable Boy e o resto é lenda. --------------- Acabo de o escutar pela primeira vez. A voz dele é original. Lembra Bob Seger. É adulta. O som é L.A, com fartas pitadas de ironia. Ele é do meio californiano de então, mas também não é. Os autores de livros policiais adoravam Warren Zevon e dá pra entender o porque: ele narra histórias sórdidas em letras de humor muito negro. Esbanja inteligência. E é rock n roll. -------------- Sua carreira começou a declinar em 1981 e desde então sua vida foi de recomeços. Em entrevistas, ele dizia adorar sua condição cult. Morreu nos anos 90, com apenas 50. Excitable Boy é um grande disco.
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