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DIETRICH FISCHER DIESKAU CANTA SCHUBERT E STRAUSS
São dois cds da DG. Em um deles, o grande barítono alemão canta Schubert. As letras, poemas, são de Goethe. O piano é tocado, de forma sublime, por Gerald Moore e por Jorg Demus. Schubert nasceu para compor lied, essa forma tão alemã de canção. Ganymed é minha faixa favorita. O poema de Goethe, conheço-o em tradução, encaixa à perfeição com a força musical de Franz Schubert. Se a civilidade tem uma forma ela se encerra nesta obra. Dieskau, como todo mestre vocal, canta se fazer a menor força. Se apruma, respira, e solta a laringe como se fosse isso a coisa mais simples da vida. É a voz que mais admiro. Jamais perde o controle. Não procure nele a emoção explícita dos italianos. Aqui voce deve recolher os momentos e os compreender. ------------ No outro CD, Dieskau canta Richard Strauss e os poemas musicados vão de Heine e Goethe até MacKay e Schack. É outro mundo. É a cultura alemã-vienense de 1900. Sensual, há nas melodias algo de inefável, solto, inacabado. Quem está ao piano é Wolfgang Sawallich, futuro maestro dos grandes. É perfeito. Se Schubert parece sempre cômico e trágico, variando entre esses dois polos com leveza de sátiro, Strauss parece eternamente um erudito. Mesmo em seus momentos sensuais, vários, há a intenção de atingir uma meta. Cerebral portanto. Nada ao acaso, nada por inspiração, tudo com um fim. ----------------- Será que alguém ainda se recorda que a música é educação? E portanto, mais que um prazer, ela é um refinamento?
DIE SCHONE MULLERIN, ou porque os Beatles e os Kinks não soam como os Beach Boys ou os Byrds
Há uma diferença entre rock inglês e rock americano. Ouvir este cd de 1962 fará com que voce perceba o porque. ------------------------- eM UM DOS GRUPOS QUE acompanho, sobre rock progressivo, grupo muito engraçado por ser pretensioso, se discute porque o rock inglês é tão sinfônico, já que em termos de música clássica a Inglaterra nem é tão grande coisa. Ora...tive de lhes explicar que o fato do país ter menos compositores grandes não significa ter menos música clássica. A Inglaterra tem uma profusão imensa de orquestras top e nos anos 40 e 50 se ensinava música em toda escola. Isso fez com que não só o progressivo, mas mesmo o heavy metal tivesse influencias eruditas. Um músico inglês sempre pensava em termos de sinfonia e de lied. Eu disse lied? O que esse povo esquece é que a forma musical mais popular do erudito é o lied. ----------------------------------- Lied são canções. Pegava-se um poema de Goethe ou Heine e colocava-se música. Era esse tipo de música que frequentava os lares, pois era preciso apenas a partitura, um piano e uma voz para executar a obra. ------------------------------------ Este cd traz 22 obras de Schubert. Gerald Moore toca o piano de forma sublime e impetuosa e Dietrich Fischer - Dieskau canta de forma magnífica. Das Wanderen, a primeira canção já entrega tudo: eis em 1822 a melodia que Ray Davies, Paul MacCartney e Syd Barret carregaram no inconsciente por toda vida. É lindo. É mais que lindo, é atemporal. Por todo o cd, um clássico da EMI, gravado em Abbey Road, Dietrich, um dos maiores cantores do século, e Moore, um amado irlandês. nos elevam ao mundo do mágico. De 2 a 4 minutos por faixa dando-nos uma imensa gratificação. Dizem ser Schubert o maior autor de lieds. Não sei se é, mas este disco é absoluto.
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