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TRUMBO- BRYAN CRANSTON-HELEN MIRREN-SCOTT-COOPER-WOODY

   TRUMBO de Jay Roach com Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren e John Goodman.
Jazz vibrante no começo e o filme consegue ir nesse ritmo. Para quem, como eu, conhece o cinema dos anos 50, o filme é uma delicia. O diretor, Jay Roach, jamais faz dramalhão, o filme é direto, não enrola, e conta sua bela história. Uma história que parece ficção de tão incrível. Mas é real. Foi assim. Dalton Trumbo era um dos vinte roteiristas mais bem sucedidos de Hollywood. Então acontece a lista negra e tudo desaba. O filme conta tudo de forma correta, darei apenas alguns esclarecimentos. Sam Wood, o diretor direitista do começo do filme foi um grande diretor. Bem mais importante do que o filme sugere. John Wayne era aquilo mesmo. E eu não o culpo. Wayne foi vítima do tempo e do meio em que foi criado. Ele lutava para ser o John Wayne das telas. Era um homem bastante complexo. Reagan fez mesmo o papel lamentável e espertalhão que o filme mostra. Ao contrário de Wayne, ele sempre soube quem era e o que queria. Edward G. Robinson foi uma estrela da Warner. Fraquejou e dedurou. E sua carreira depois disso nunca mais foi a mesma. Antes era um ator exuberante. Depois se tornou uma figura encolhida, amarga. O diretor de Roman Holiday, o poderoso William Wyler, não aparece no filme. Ele sabia que o roteiro era de Trumbo. Sua coragem merecia ser citada. E sim, Roman Holiday é o famoso A Princesa e o Plebeu, um dos mais deliciosos filmes, e que lançou Audrey Hepburn ao mundo. Muito bom ver Otto Preminger no filme. Otto foi o mais corajoso dos diretores. Quebrou vários tabus nos anos 50 e pouco se lixou para a lista negra. Era famoso, duro, e o retrato no filme é fascinante. Você já deve ter visto algum filme dele. De Bom Dia Tristeza à O Homem com o Braço de Ouro, seus filmes estão sempre na TV. Kirk Douglas sempre foi aquele cara direto que o filme mostra. Uma pena Michael não ter mais a idade para ter feito seu pai. Kirk era muito mais bonito que o ator que o faz. E temos Hedda Hopper. Na Hollywood de então, 3 fofoqueiras-jornalistas tinham o poder de erguer ou destruir uma estrela. Elas eram uma mistura de crítica de filmes, cronista de festas e relações públicas. Nada hoje tem nem de perto o poder que elas tinham. Jornais, revistas e rádio, esses seus veículos. Helen Mirren quase rouba o filme. Se sua Hedda parece caricata é porque na vida real ela era uma caricatura. E é fato, os grandes produtores de Hollywood se acovardaram porque temiam a divulgação de suas raízes judaicas. Era um mundo extremamente anti semita. Aliás, Edward G. Robinson também era judeu. E por ironia, Kirk Douglas também. No livro de Sinatra se diz que Frank odiava Hedda Hopper. E ela prejudicou muito Sinatra. Os Kennedy varreram esse tipo de coisa do mapa. E Reagan nos anos 80  trouxe de volta. Bryan Cranston ficaria bem com um Oscar. Ele é ótimo sem nunca apelar. Nada de emocionalismos baratos. Trumbo não é um coitadinho. Por fim, aqui no Brasil, nessa guerrinha ridícula entre vermelhos e verde-amarelos, se deveria assistir o filme e perceber o tipo de ridículo em que podemos às vezes cair. Não se deve apostar tudo em nada. E é bom ver tudo com o distanciamento do tempo que passa. Ah sim! Jay Roach, o diretor, fez os filmes de Austin Powers...bela carreira hem.... Nota 8.
   SOBRE AMIGOS, AMOR E VINHO de Eric Lavaine com Lambert Wilson, Sophie Duez.
Um francês de meia idade, bonito e bem sucedido, sofre um infarte. De volta à vida, ele resolve viver de um modo melhor. Mas esse melhor talvez seja,,,pior. O filme é agradável. Tem toques de comédia, às vezes vira drama, mas nada em exagero. É um tipo de episódio de série cool. Os personagens tentam ser "gente como a gente", mas não são. São personagens. O bom é que passam simpatia. É um filme legal para se ver no fim de tarde bebendo vinho branco gelado. Nota 6.
   PEGANDO FOGO de John Wells com Bradley Cooper, Sienna Miller e Omar Sy.
Um chefe de cozinha junkie tenta dar a volta por cima e ganhar mais uma estrela no Michelin. Que estranho! É um filme sobre cozinha que não desperta a fome! Na verdade o foco é todo na ambição e no excesso de trabalho. Eu já trabalhei nesse ambiente e sei que na vida real é ainda pior. Gritos, ansiedade e pressa. Sempre. O filme tem momentos bem bobos, mas depois melhora. E acaba sendo ok. O elenco é bacaninha. Em tempo de atores pouco interessantes com menos de 40 anos, Cooper acaba fazendo sua carreira sem grandes sustos. Nota 6.
  PERDIDO EM MARTE de Ridley Scott com Matt Damon
Hmm....que dizer...é tão....tolo! O cara fica só em Marte e calmamente passa o tempo cultivando batatas...Esse é mais um Robinson Crusoé, mas uma versão da história do cara que sobrevive numa ilha. No caso, Marte. Ok, as cenas com Damon são divertidas, mas todas as cenas na NASA são apenas propaganda. Chatas e dispensáveis. E são muitas! Se o filme fosse apenas Damon em Marte seria melhor. É um filme com muitos momentos beeem chatos...Nota 4.
  UM MISTERIOSO ASSASSINATO EM MANHATTAN de Woody Allen com Diane Keaton
Aff....que saco!!!! este filme de 1993 era o único Woody que eu nunca tinha visto. Que pena, é um pé no saco. Sem graça, vemos Keaton tentando febrilmente provar que seu vizinho viúvo é um killer. E temos um monte de diálogos cruzados, Allen em seu papel de bobo balbuciante, Diane histérica e por aí vai...chato de doer! Nota 1.

DEPARDIEU/ JAMES CAGNEY/ BATMAN/ EMMANUELLE BÉART/ RIDLEY SCOTT/ CAROL REED

   CORAÇÕES LOUCOS de Bertrand Blier com Gerard Depardieu, Patrick Dewaere, Miou-Miou e Isabelle Huppert
Um original. Dois amigos que vivem de roubos fazem tudo o que o desejo lhes manda fazer. E tudo sempre dá errado, claro. Mas eles não desistem. São burros, grossos, violentos, e pensam que toda mulher quer e deve ser usada. No inicio admiramos o filme e odiamos os personagens; depois começamos a sentir uma ternura indesejável por eles. O filme ruma ao sublime, sublime que nasce nas cenas da carona final. Eles quase se humanizam de tanto apanhar. Feito hoje seria transformado em filme solene e psiquiátrico, felizmente foi feito na hora certa ( 1974 ). Seus atores viraram estrelas, eram todos desconhecidos então. Um filme de extremos, voce vai adorar ou abominar e sua reação dirá muito sobre voce mesmo. Nota 9.
   GESTAPO de Carol Reed com Rex Harrison e Margaret Lockwood
Carol Reed é um dos grandes nomes da história do cinema inglês. Aqui, em plena segunda guerra, ele faz um filme em que um cientista tcheco é disputado por espiões ingleses e nazistas. O enredo é totalmente inverossimil, mas tem belas cenas em trem, suspense e clima. Adoro esses filmes noturnos, escuros, cheios de sombras e névoa. Mas a fraqueza do roteiro o compromete. Nota 6.
   JEAN DE FLORETTE de Claude Berri com Yves Montand, Gerard Depardieu e Daniel Auteill
Um imenso sucesso popular e de critica na França de 1987. Baseado no livro de Pagnol, passado na Provence, fala de dois viizinhos lavradores. Um, que vive na terra desde sempre, é falso, ignorante, manipulador, o outro, que acaba de chegar da cidade, tenta aplicar a ciência ao campo. É um homem alegre, honesto, otimista. Está feita a disputa, disputa pela água e pela sobrevivência na terra dura da Provence. Bem...Peter Mayle escreveu montes de livros sobre o lugar, para ele um tipo de paraíso cheio de franceses bons e engraçados. Pois este filme mostra a verdade, é um lugar dificil, áspero, de gente desconfiada e fofoqueira. Devo dizer que é um dos filmes que mais me enervou, fiquei completamente enojado com a maldade que ele exibe. Será genético, já que sei que meus antepassados viveram exatamente como eles? Poucos filmes exibem a maldade humana de modo tão cruel. Uma maldade pequena, mesquinha, burra, estúpida. O filme, que é simples até a medula, me foi insuportável. Sem Nota.
   A VINGANÇA DE MANON de Claude Berri com Daniel Auteill, Yves Montand e Emmanuelle Béart
Continuação de Jean de Florette filmada ao mesmo tempo que o filme acima. A filha de Jean cresceu, o bronco que é seu vizinho se apaixona por ela, ela se vinga. Preciso destacar a atuação de Auteill. Ele faz um tipo de homem-bicho, homem-pedra, limitado, sovina, rude e sem palavras, que cai de amores por Manon e sofre terrivelmente por isso. Uma atuação tão perfeita que chega a assombrar. Béart se fez estrela aqui e tem uma beleza natural, pura, esfuziante. Para muitos é a mais bela das atrizes atuais. E por fim, uma nota sobre o mito Montand. É um de seus últimos filmes e ele faz algo de muito raro. Pois passamos todos os dois filmes o detestando e ao final, quando ele sucumbe à dor, o perdoamos e desejamos que seu sofrimento pare. O rosto melancólico, crispado de culpa...lindo. Os dois filmes juntos são uma bela obra sobre um mundo seco e mesquinho. Longe da perfeição, mas bastante fortes.
   A CANÇÃO DA VITÓRIA de Michael Curtiz com James Cagney e Walter Huston
Bio sobre George M. Cohan, uma estrela dos palcos americanos entre 1890 e 1920. Os americanos adoram este filme, que é muito bem feito, mas fora da América ele tem dois problemas sérios. Primeiro o fato de que Cohan não é uma figura mundial, e segundo o hiper patriotismo do filme. Mesmo que voce não seja anti-americano, incomoda seu excesso de bandeiras e frase sobre a glória da América. Cagney está hiper atlético, dançando em seu modo irlandês, longe dos filmes de gangster. Nota 4.
   BATMAN O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE de Nolan com Bale e etc
Caraca! Lançado em centenas de salas, isto não é um filme, é uma operação de marketing. Nolan faz de tudo para se dar bem. Em meio a crise na cidade de Gotham ele tenta agradar a todas as tribos, e desse modo não agrada ninguém. Acena para liberais e republicanos, defende a ordem e o kaos, nada defende, então a verdade é que acena para os recordes de bilheteria. Problema nenhum se o filme fosse um tipo de Star Wars assumido. Mas, como bom Jeca, pinta tudo com um leve verniz de "arte". Pra que esse verniz só ele sabe. Arte de Jeca, que nunca é criatividade, mas sim escuridão e "dor". Jecas acham arte uma coisa tão esquisita, tão "superior", que sempre tendem a pensar que ela seja tristeza e desencanto. Esquecem que arte é vitalidade, coisa que todos os Batmans, desde Tim Burton, nunca tiveram. Se eu o analisar apenas como uma aventura pop ( o que não quer ser ), a coisa fica pior. Aventura tem de ser divertida, leve, ágil e fazer com que os minutos passem voando. Isto é pesado, solene, complicado, chato, arrastado. Saudade de meus gibis. Nota 1.
   PROMETHEUS  de Ridley Scott
Aff.... confesso que dormi. Acho que já deu pra Scott. Seus filmes, hiper empetecados, me lembram sempre o pior do cinema publicitário. O roteiro, pseudo profundo, é risivel. Alguém leva essa gororoba a sério??? Kubrick um dia fez uma obra de arte abstrata chamada 2001, e até hoje pagamos o pato. ZERO!!!

RIDLEY SCOTT/ JEFF BRIDGES/ JORDAN/ TOMMY LEE/ SARAH POLLEY

ROBIN HOOD de Ridley Scott com Russel Crowe, Cate Blanchett e Max Von Sydow
Quanto deve ter sido estranho para Max estar aqui. Em 1956 ele visitava a idade média em O Sétimo Selo, e agora é a única figura real neste tolo e muito chato pastiche. Cate está terrivelmente chata e Crowe, ator excelente, não tem um personagem definido para atuar. O filme, longo demais, não emociona, não interessa, é um nada. Nota 2. Pelos cenários.
HOMEM DE FERRO 2 de Jon Favreau com Robert Downey, Gwyneth Paltrow, Mickey Rourke, Scarlett Johansson
Após me acostumar com a arte refinada das cenas de ação dos filmes orientais, fica dificil aturar cenas de ação tão óbvias. Todas as lutas deste filme são cliché. Lá vai o bonequinho ( desculpem, mas é um desenhinho bem chinfrim ) voando, tiros e explosões, ele quase sifu, ele reage, explosão, ele sai voando.... caraca!!! Quem ainda aguenta esses filmes de hq???? Downey mostra porque nunca se tornou um ator classe A : aqui aparece sua enorme antipatia. Seria lindo ver Mickey dar uma surra nele ! Falha do filme : Mickey é muito mais interessante. Não dá pra torcer pelo mala do Stark. O filme é chato pra cacete !!!! Nota 2 pelo Ac/Dc na trilha.
UM ANO DE CÃO de Daniel Von Akon com Jeff Bridges
Um escritor em crise se isola da familia com seu cão-problema. Para quem ama cães é um prato fino. Jeff faz o personagem com muita preguiça e mal-humor. Gran Torino versão canina. A Rolling Stone reconheceu que Jeff em O Grande Lebowski tem uma das maiores atuações da história. Demorou ! Jeff Bridges é o cara ! Nota 5.
ONDINE de Neil Jordan com Colin Farrel e Aljcia Bacheda
Atenção: Colin sabe ser ator. Mas só quando o filme fala de sua terra, Irlanda. Aqui ele é um pescador que ao encontrar moça em rede quer crer ser ela uma sereia. A moça, Aljcia, é lindissima, mas muito má atriz. É uma delicia o sotaque da ilha, mas o filme não tem nada dentro de si. Quando vem a verdade ele desaba de vez. Pobre de idéias, pobre de coragem. Neil Jordan fez este filme para que? Nota 4.
THE RUNAWAYS de Flora Sigismondi com Kristen Stewart, Dakotta Fanning e Michael Shannon
Para quem gosta de rock é obrigatório. Nada alegre, nada levinho. Um drama sério e muito bem interpretado ( mesmo pela crepuscular Kristen ). A música das Runaways era de uma pobreza óbvia, mas o filme é tão bom que faz com que elas pareçam melhor ( ou será porque hoje o som delas é cult ? ). Meninos creiam, o mundo em 1976 era daquele jeito, e era muuuito divertido ! Depois vem o bode das drogas, mas o filme consegue não ser moralista demais. Nota 7.
RISCO DUPLO de Bruce Beresford com Ashley Judd e Tommy Lee Jones
Em época de Angelina, Nicole, Scarlett e Charlize, ninguém é mais bonita que Ashley. Certos closes chegam a fazer doer de tão bonita. E melhor, ela parece de verdade, real. É uma mulher. Bem... misture isso com a presença carismática de Lee Jones e temos um belo passatempo. É verdade: o filme é uma delicia tola ! O enredo, que tenta ser Hitchcock, é cheio de furos, mas Beresford é bom diretor, sabe levar a coisa no ritmo certo. E tem New Orleans, muito bem fotografada. Profissionalismo pop, e saiba, isso é muito raro. Nota 7.
AMORES PERROS de Alejandro Iñarritu
Uma poderosa obra-prima. De um niilismo cruel, ele jamais apela para o melodramático. A primeira parte é suja, dura, dificil de assistir. É a parte "classe baixa" com seus bebês jogados ao léu, sua violência latente, a ausência de pais e de paz. Na segunda parte vem a asfixia classe-média. A tentativa de ter amor, a falência desse amor, o desespero e o vazio absoluto. A última parte é um quase western e é nela que finalmente surge o herói. Que é um assassino. Um filme que permanecerá cravado na história do cinema. Nota DEZ !!!!!!!!!!!
LONGE DELA de Sarah Polley com Julie Christie e Gordon Pinsent
Nesta história de mulher com alzheimer que passa a não conhecer mais o próprio marido, vemos uma das situações mais tristes imagináveis. O marido, profundamente apaixonado por ela, é obrigado a testemunhar a transformação de seu amor em coisa desconhecida. Ele é agora um novo amigo. A dor no rosto desse admirável Gordon Pinsent é jóia inesquecível. Ele sofre calado, e é constante. Julie venceu dúzias de prêmios, perdeu apenas o Oscar para Piaf e Cotillard. Ainda bela, ela consegue mostrar essa transformação sem jamais sair do tom. Polley é uma das melhores direções do cinema atual. Não canso de dizer : enquanto voces prestam atenção apenas em Fincher, Nolan, Van Sant e Croenemberg, há uma dúzia de bons diretores sendo ignorados. O futuro irá os redimir ( como sempre faz ). Nota 8.
JUMPER de Doug Liman
E o roteirista de Clube da Luta ( Jim Ulhs ) nos dá esta insuportável mixórdia. É um dos piores filmes da década. Nota Zero.
US MARSHALS de Stuart Baird com Tommy Lee Jones, Wesley Snipes, Robert Downey Jr
Não é grande coisa. Os atores estão excelentes ( e esqueci de escrever que ainda tem Irene Jacob, linda de doer demais ), mas o roteiro só esquenta na meia hora final ( que é bem legal ). É fácil adivinhar quem é o bandidão e isso estraga tudo pois Lee Jones fica parecendo tapado por não perceber. Nota 4.
A CÂMARA 36 DE SHAOLIN de Lau Kar Leung com Gordon Liu, Wong You, Loh Lieh
Um grande clássico do cinema de aventura chinês. É o filme que transformou Liu em mito ( o Cahiers du Cinéma o considera o maior ator de kung fu da história ). Ver Gordon lutar é testemunhar uma arte milenar em seu estado mais puro. Coloca Jet Li e Bruce Lee pra correr. O filme, imenso sucesso, conta a saga real do primeiro homem a tirar o kung fu do meio budista e levá-lo para os leigos. Com isso esse herói ( San Ta ) tentava livrar a China do dominio de Cantão. A forma como os chineses vêem o cinema é diferente da ocidental: para eles a arte está na ação, todo o resto é secundário. Gordon Liu foi homenageado por Tarantino em Kill Bill. É ele o mestre que ensina Uma Thurman. Eu me apaixonei pelo filme. Ele faz com que nos tornemos muito mais exigentes. Bonequinhos virtuais voando perdem toda a graça então. Nota DEZ.
CREPÚSCULO de Catherine Hardwicke com Kristen Stewart e um menino
Creiam, eu devo já ter visto uns 5000 filmes. E já vi muito lixo. De Mazzaropis a gozações de terror, de westerns italianos a ficções pobres, já vi muito filme brega. E de alguns eu gostei. Muito. Mas jamais vi nada tão ruim. Deve ser uma gozação, não é possivel ter sido feito a sério. Os atores fazem caretas o tempo todo. Ela parece estar com dor de barriga e ele tem expressão de quem perdeu sua caixa de maquiagem no metrô. Eles não param de mexer a sobrancelha, fazer bico, balançar a cabeça... o que é isso ? Amor ? Não me faça rir !!! Nada há de vampiresco aqui ( perto disto os filmes de Christopher Lee parecem eróticos ), nada há de emocionante. Provávelmente é a pior coisa que já assisti ( mas toda semana descubro algo pior ainda ). O que me faz não entender nada é : Isto foi mesmo um sucesso ? Década miserável.... Sem Nota.

JOHNNY GUITAR/DE MILLE/JOHN FORD/THELMA E LOUISE

HOMEM SEM RUMO de King Vidor com Kirk Douglas
Uma quase comédia num quase perfeito western. Kirk está exuberante e o filme, de beleza deslumbrante, seria perfeito não fosse seu final apressado. Vilões muito bem construídos e ação constante fazem deste um filme classe a. Vidor, diretor mito, saiu-se bem, mais uma vez. nota 8.
KISMET de William Dieterle com Ronald Colman, Marlene Dietrich
Ver Colman na tela é sempre um prazer e Marlene é mais que isso. Dieterle foi ator na Alemanha e é mais um desses emigrados que fizeram a glória de Hollywood ( Lang, Wilder, Preminger, Zinnemann, Wyler, Ulmer, Sirk e tantos fotógrafos e maestros ). O filme, fantasia árabe sobre o rei dos mendigos, é encantador. Cenários imensos e bem fakes e um roteiro que é uma bobagem divertida. nota 6.
O CONTADOR DE HISTÓRIAS de Luiz Villaça com Maria de Medeiros
O neo-realismo ainda rende bons frutos. Movimento mais importante de toda a história do cinema, o neo-realismo de De Sica, De Santis, Rosselini, Visconti, Lattuada, Germi e tantos mais, dá o tom neste simpático filmezinho. Medeiros é além de boa atriz uma figura simpática e o filme agrada por sua verdade. 6.
O GÊNIO DA MÚSICA de Karl Hartl
Feito na Austria durante a segunda guerra, esta bio de Mozart o mostra mais real que o histérico filme de Forman. Em Amadeus tudo brilha, mas tudo é falso. Mozart não foi aquele tolo adolescente futil, e Salieri não era vilão. Neste filme, o gênio está próximo do que deve ter sido : um dandy. Os cenários são belíssimos e sua morte é como deve ter sido. De estranho o fato de mostrarem poucas obras do mestre. Para quem gosta de música, é obrigatório. nota 6.
JOHNNY GUITAR de Nicholas Ray com Joan Crawford, Mercedes MacCambridge e Sterling Hayden.
Não é um western. É um dramalhão, gaysíssimo, afetadíssimo, operístico, passado por acaso entre cowboys. Joan, dona de saloon, é insanamente odiada por Mercedes, lésbica de paixão mal resolvida. Todos os homens no filme são fracos, as mulheres mandam. Johnny é um homossexual arrependido e as falas são hilárias. Nicholas filmou com ousadia e espírito de sacangem, os franceses levaram a sério, e na época, Godard à frente, o chamaram de obra-prima. Os americanos, que entendem de western, nunca entenderam este filme. É uma deliciosa brincadeira entre pervertidos talentosos. Filme amado por Almodovar. Inacreditávelmente cara de pau. Exagerado, escandaloso, todo errado e de talento bizarro. nota 7.
PAGAMENTO FATÍDICO de John Farrow com Glenn Ford, Patricia Medina e Diana Lynn.
Outro talento esquisito é o de Farrow. Este muito divertido noir feito no Mexico, entre ruínas indígenas, tem todos os clichés. Tudo soa a falsidade, mas tudo é hilário. A fotografia é um manual de foto noir, as falas são tiradas de Bogart. Mitchum ou Ladd; as situações são Hammet ou Chandler de terceira. Mas o filme prende. Tem cenas inacreditáveis em sua cara de pau, mas são fluidas, leves, elegantes. O tipo de filme pop adulto que os americanos pararam de fazer. nota 7.
MULHERES E HOMENS de Cecil B. de Mille com Claudette Colbert e Herbert Marshall.
Dois casais se perdem em floresta. Assistimos sua fuga entre feras, pântanos e selvagens. Colbert era de uma beleza exótica, magérrima, elegante. O filme, feito antes do código de censura, tem até banho em cachoeira ! De Mille, inventor do filme espetáculo, do filme circo, oferece aquilo que o povo quer : romance, aventura, violência e sexo. Mas ele pode ser melhor que isto. nota 6.
O SINAL DA CRUZ de Cecil B. de Mille com Frederic Marsh, Claudette Colbert, Elissa Landi e Charles Laughton.
Inacreditável. E maravilhoso!!!!! Diversão gigantesca sobre cristãos perseguidos por romanos. Tem feras comendo gente, um gorila atacando moça nua, jacarés atacando outra cristã nua, gladiadores, elefantes pisoteando gente, dúzias de leões e romance proibido. Tudo filmado com ritmo, competência e falta de vergonha. Marsh sofre por amar cristã, Landi é a cristã; Laughton, o grande ator, cria um Nero hiper bicha-louca: seus gestos, olhares, a barrigona sobre almofadas, se contorcendo no coliseu com seu escravo nú, comendo uvas fazendo biquinho, ateando fogo à Roma entre gritinhos de tédio...é hilário e genial. Seu Nero criou tudo o que entendemos por camp. Claudette toma banho em leite de burrinhas e desfila, linda e meio nua, pelo filme. A rainha que faz se parece com uma dondoca mimada. De Mille é o diretor que criou a imagem cliché do que é ser um diretor : megafone na mão, botas, cadeira escrito "diretor" e gritos no set. È dele a imagem do hiper-diretor que pede : quero amanhã cedo: trinta girafas, cinquenta elefantes e cem leões. E também trezentos cavalos e cinco mil figurantes. A Paramount lhe dava tudo. Ele foi o inventor do super-espetáculo: circo para o povo. Religião e sexo, mistura infalível. Este filme é totalmente delicioso!!!!!!! nota 9.
WAGON MASTER de John Ford com Ben Johnson, Harry Carey jr, Joanne Dru e Ward Bond
Por que Ford fazia filmes ? Fazia filmes para juntar seus amigos e ir para o campo. Alojado por lá, longe de estúdio e de pressões, ele jogava cartas, cantava, cavalgava, e filmava nas horas vagas. Seus amigos eram seu elenco. John Wayne, James Stewart e Henry Fonda eram as estrelas que às vezes ele usava. Mas seus amigos eram os atores secundários. Gente como Victor McLaglen, Ward Bond, Harry Carey, Jane Darwell, Andy Devine e tantos mais. Irlandeses de alma, como Ford. Este era seu filme preferido. Sua história ? Dois cowboys ajudam caravana de mormons a chegar a seu destino. No caminho encontram troupe mambembe e bandidos. O filme despreza a aventura, seu interesse é a imagem pura : carroças sendo puxadas por cavalos, paisagens gigantescas, fogueira com música, silêncio. Há uma cena em que vemos o deserto e as carroças... voce pensa que Ford vai cortar, mas ele deixa a cena se esticar e esticar... e nós aplaudimos sua genialidade discreta. A trilha sonora, canções folk, é coisa de arrepiar. Os atores são nossos amigos, amamos seus rostos. O filme é de gênio, é viril, simples, puro, poético. Curto, modesto em sua pretensão, ele é imenso em seu resultado. Ford é rei. Enquanto houver cinema será rei. Este filme é como uma epopéia. nota Dez.
OS ÚLTIMOS MACHÕES de Andrew Mc Laglen com Charlton Heston e James Coburn
Péssimo. Tenta ser Peckimpah. Violento e amoral. Mas é um Peckimpah sem a loucura genuína de Sam. È forçado. nota 2.
O MUNDO DE APU de Satijajit Ray
Chegamos ao final da trilogia de Apu. Ray criou com eles o cinema artìstico indiano. Antes dele, tudo era Bollywood. Na parte um, Apu é criança. Na 2 é adolescente e aqui é jovem adulto. Este filme me lembrou Truffaut ( Ray filmou este um ano antes da estréia de François ). Apu ama, tenta empregos e sofre uma tragédia. O filme é o menos bom dos três. O problema da trilogia é que o primeiro é tão original, tão belo, tão forte, que os outros sofrem na comparação. Este é o mais comtemplativo. nota 7.
LASSIE COME HOME de Fred M. Wilcox com Roddy Mc Dowall, Donald Crisp, Elsa Lanchester, Elizabeth Taylor, Dame May Whitty
Este é o filme que inventou o gênero "filme de cachorro". É de longe o melhor. Por vários motivos : por ser assumidamente romântico, pelo fato do cão se comportar como um cão, por fazer chorar sem apelar, por não ser bonitinho e fofinho. Ele é belo e sincero. O elenco é fantástico e vemos Elizabeth aos 11 anos, já linda e cheia de carisma ( o que é carisma ? como pode isso ? Ela é uma star há sessenta e seis anos !!!!!! e sobreviveu a Michael Jackson, seu amigo.... como pode ? Elizabeth é pré Sinatra, pré Gene Kelly, pré Elvis ! E está viva ! Sã e lúcida. É uma força da natureza, uma heroína e talvez a melhor atriz que o cinema já teve. Basta ver "Quem tem medo de Virginia Wollf" e aplaudir. ). Lassie é adorável, puro, comovente e encantador. O molde do que veio depois ainda é o topo do gênero. nota Dez!!!!!!!!
THELMA E LOUISE de Ridley Scott com Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Brad Pitt e Michael Madsen.
A primeira hora é um pé no saco. Um banal filme amarelado de estrada com crime. Mas de repente o filme vai enlouquecendo, se tornando livre, inconsequente e nos pegamos rindo. Torna-se comédia, maravilhosa comédia. Scott foi sábio, nos faz mergulhar no mundo surreal em que elas mergulham. Ao final, o mundo se torna um tipo de "Alice no país das maravilhas" adulto. Elas assumem a loucura, e nós nos apaixonamos por elas. Não vou falar de Susan. Ela é sempre divina. Mas Geena tem aqui seu grande momento: seu rosto ao contar à amiga a transa com Pitt é fantástico. Alegre, boba e desamparada. O cinema deveria ter olhado Ridley com mais reverência. Não é qualquer um que faz isto e ainda Blade Runner, Aliens I e Os Duelistas. O final deste filme, um vôo rumo à liberdade é de antologia. nota 8.

depois da vida, la jetèe, pic nic...

DEPOIS DA VIDA de hirokazu kore-eda
lutei bravamente com este chatíssimo filme japonês. Algo sobre lembranças e vida após a morte. Longos planos que jamais terminam, câmera tremida ou não. Confesso que não entendo se é para ser levado a sério, se é uma homenagem ao cinema, não entendí nada ! Levei 3 dias para o assistir inteiro e não valeu a pena. 2.
OS DUELISTAS de ridley scott. com harvey keitel e keith carradine.
em termos de fotografia, raros filmes são mais bonitos. é a estréia de scott como diretor e talvez seja seu filme mais simples. trata da obsessão de um soldado em limpar sua honra. tudo filmado ao estilo "inglês" de longas tomadas de neblinas, chuvas, campos verdes e amanhecer radioso. 7.
UM ESPÍRITO BAIXOU EM MIM de carl reiner com steve martin e lily tomlin.
se a comédia não fosse o gênero de cinema ( e de teatro também ) mais subestimado, o maravilhoso steve martin teria já seus dois oscars e lily os teria ganhado também ( assim como william powell, cary grant, rosalind russel, jim carrey, gene wilder, carole lombard e tantos outros ). neste delicioso filme, steve abriga a alma de lily. passa não só a abrigar duas almas rivais, como se apaixona por seu lado mulher. façamos justiça a esse ator: quanto prazer ele nos deu! nota 7.
ASAS de william wellman com gary cooper e clara bow.
eis aqui o primeiro ganhador do oscar de melhor filme! as cenas aéreas são muito bonitas. 6.
ANNA CHRISTIE de rouben mamoulian com greta garbo
peça de eugene o'neil. e parece teatro. arrastado, chato, inconvincente. 3.
BLOOM de sean walsh com stephen rea.
creia, este filme é a adaptação para cinema de ulysses de james joyce!!!!! e erra em tudo. ulysses transforma nossa vida banal em epopéia. descreve a vida medíocre de um comum irlandês num mito universal. mostra o eterno no cotidiano, o mágico no real. o filme faz o inverso: mostra o casal do filme como pequenos seres, homenzinhos com seus probleminhas pequeninos. mesmo assim seus monólogos são tão fortes, seus atores tão competentes e tudo é levado com tanta paixão que o filme nos pega. nada a ver com joyce, mas funciona. nota 7.
DAQUI A CEM ANOS de william cameron menzies
este filme criou blade runner. todo filme que mostra o futuro como um lugar de destruição e sujeira, bebeu nesta fonte. é um dos mais desagradáveis filmes que assisti. 6.
FÉ DEMAIS NÃO CHEIRA BEM de richard pearce com steve martin, debra winger, liam neeson e philip seymour hoffman.
chaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaatoooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!! zero!
GET CARTER de mike hodges com michael caine.
se voce quer saber onde nasceu o filme inglês de sub-mundo, tipo "dois canos" ou "snatch", nasceu aqui, com carter. stallone o refilmou e quebrou a cara. este filme é sórdido!!!!! duro, cruel, espertíssimo e tem uma trilha sonora idêntica a dos filmes do soderbergh. e michael...sublime! foi o cara que mostrou ao mundo que nem todo britânico parecia saído de uma peça de noel coward. assiste correndo. 8.
O CÉU MANDOU ALGUÉM de john ford com john wayne.
desertos, cavalos, o sol se pondo...eis meu paraíso. quando wayne entra em cena eu penso : viva! um ford médio, tranquilo, calmo. dá pena quando termina... nota 8.
MR.SKEFFINGTON de vincent sherman com bette davis e claude rain.
novelona braba. o tipo de filme feito pra mulher dos anos 40 e que é molde para qualquer best-seller banal de hoje. bette está fantástica, mas quando ela não esteve? 4.
DAVID COPPERFIELD de george cukor com wc.fields e um enorme etc incluindo a lindíssima maureen o'sullivan.
transpor o clássico de dickens não é fácil. o livro tem milhares de personagens e centenas de fatos acontecendo todo o tempo. porém... surpresa...o filme se sai maravilhosamente bem! uma delícia de diversão boba, cheia de ação, romance, bons diálogos, atores carismáticos, bela fotografia e um cenário sublime. 8.
PIC NIC de joshua logan com william holden, kim novak, rosalind russell, arthur o'connel e susan strasberg.
um caroneiro-vagabundo chega a pequena cidade e com sua virilidade exuberante desestabiliza todas as relações estabelecidas. peça de imenso sucesso de william inge nesta linda versão ( fotografia do genial james wong-howe ) o elenco dá um show ( menos holden que é muito velho para o papel ). belo filme que tem em ruy castro um fã radical. 7.
O DIABO VESTE PRADA de david frankel com meryl streep e anne hathaway.
como anne é uma atriz muito querida pelos críticos americanos, resolvi finalmente ver este filme. bem...não se trata exatamente de cinema, é um video-clip. a música está sempre em mais evidência que os diálogos, a câmera não pára de girar e correr, os atores não têm nenhum tempo de desenvolver qualquer profundidade em suas atuações e toda cena é feita para agradar e parecer fofinha. quando ela abre mão de miranda pelo namorado insosso- só podemos pensar: vai plantar batatas!- o filme é tolo. nota 3. ( frankel dirigiu agora Marley e eu- dá pra adivinhar os executivo-aqueles caras que são contadores, jamais produtores- pensando: hey! este cara dirigiu um best seller! vamos chamar ele! )
KUNG FU PANDA
que belos cenários! e que saco de desenho irritante! o que faz de uma animação algo memorável é a simpatia de seu personagem central. esse panda é um gordinho-mala! 1.
O DELATOR de john ford com victor mclaglen
este foi o filme que deu o primeiro dos 4 oscars que ford tem. ( record que pensaram que spielberg iria quebrar ). um filme cruel sobre a revolução irlandesa. um show de mclaglen que levou o oscar de ator. escuro, dark até, bastante poético e forte. 7.
INDISCRETA de stanley donen com ingrid bergman e cary grant
olhar para cary e ingrid é sempre um prazer. mas o filme é só isso. os dois namorando numa londres mágica e em apartamentos belíssimos. 4.