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JACQUES, O FATALISTA- DENIS DIDEROT

De toda a produção de Diderot, filosofia, contos, romances, peças, e a elaboração da Enciclopédia, Jacques é, provavelmente, sua obra mais lida. Mas não no Brasil, pois aqui este romance picaresco não vê uma edição desde 1962! ------------ Picaresco na tradição do Quixote, apesar de Diderot ter como modelo de seu livro o Tristem Shandy de Laurence Sterne, um dos livros mais loucos que já li ( e divertidos se voce penetrar nas loooooongas digreções ). Nas suas primeiras páginas Jacques copia literalmente algumas situações de Sterne, mas depois ele segue seu rumo. Jacques tem um amo, e estamos nas estradas da França, por volta de 1780. Os dois, Jacques e amo, se envolvem em situações aventurescas e ao mesmo tempo Jacques conta histórias sem fim, pois ele interrompe toda narrativa ao lembrar de outros casos. O que Jacques advoga é que não temos nenhum livre arbítrio, tudo que nos acontece já está escrito e portanto viver é deixar as coisas seguirem seu rumo, pois se é para ser, será. O amo não aceita isso muito bem, mas nunca discutem. As aventuras, que Jacques aceitará como destino, serão uma chance de aprendizado. -------------- Sim, é uma comédia, mas com a cor racional de um iluminista do século XVIII. Esta obra, redescoberta no século XX, hoje considerada uma obra prima, não acho que seja tanto assim, faz rir, faz pensar, faz ler, exatamente o que seu autor queria.

O SOBRINHO DE RAMEAU - DIDEROT

Rameau, para quem não sabe, foi, no começo do século XVIII, o renovador da MÚSICA FRANCESA. Criou novas regras de harmonia e de composição. Diderot imagina um sobrinho de Rameau, um malandro extremamente imoral e amoral, e tem com ele um diálogo. O texto trata disso, o Sobrinho de Rameau e Diderot conversando sobre arte, amor, ética, dinheiro, política. --------------- Lendo esse diálogo, 250 anos depois, somos pegos de surpresa pela exibição da inteligência de Denis Diderot. O modo como ele expõe dois pontos de vista, dois caráteres opostos, sem jamais explicitar qual seu lado, é coisa de talento analítico exemplar. As frases brilham diante de nossos olhos e nossa mente se clareia no processo. Nunca é didático e nunca é aborrecido. ----------------- Denis Diderot é, ao lado do ferino Voltaire e do ingênuo Rousseau, parte do trio de autores franceses que asfaltou a estrada que levou sua nação rumo ao mundo moderno. Rousseau teve a ilusão, herdada pela esquerda de hoje, de que o homem é bom e perfeito ao nascer e que o mundo o vicia. Voltaire, o mais inteligente dos trio, pregava a plena liberdade e sabia que o homem só pode ser feliz sendo ele mesmo e que isso só acontece na liberdade irrestrita. Diderot era o que eu menos conhecia dos três e observo que ele era a parte cultural da coisa. O homem precisa saber e ao saber precisa aprender a pensar, pesar e analisar. Era o sábio, Voltaire era o psicólogo e Rousseau o poeta. É isso.