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MARLON BRANDO E UM OUTRO ATOR
Assisti dois filmes hoje. Um deles feito com Marlon Brando. Acho que na história do cinema, apenas Anthony Quinn e Michael Caine têm tantos filmes ruins como Brando. Com uma diferença: tanto Quinn como Caine trabalharam em muitos mais filmes. A porcentagem de filme muito ruim de Brando deve ser de 90%. Assim de memória, posso citar os poucos filmes que fizeram sua fama: UM BONDE CHAMADO DESEJO, SINDICATO DE LADRÕES, THE WILD ONE, ÚLTIMO TANGO, PODEROSO CHEFÃO. Com boa vontade voce pode colocar mais três: VIVA ZAPATA, O PECADO DE TODOS NÓS, e o filme que ele dirigiu. O problema maior é que aquilo que sobra não é apenas ruim, é péssimo. Brando quando está mal nos faz sentir aversão por sua figura. Voltando a citar Caine e Quinn, quando os vemos num mal filme pensamos: Poxa! Apenas a presença dele alivia tanta ruindade! Brando não! Quando em filme ruim, ao vê-lo pensamos: Poxa! Como Brando é ruim!!!! Sua voz de pato velho nos dá ganas de o matar. Sua cara inchada provoca riso. Para sua curiosidade o filme ruim é OS QUE CHEGAM COM A NOITE, mais um péssimo filme de Michael Winner. Feito em 1972, ano do Chefão e do Tango. -------------- Michael Redgrave é o oposto de Brando. Difícil lembrar de algum filme ruim feito por ele. Dos cinco grandes do teatro inglês: Gielgud, Olivier, Richardson, Guiness, ele é o que tem a maior quantidade de grandes interpretações em cinema. E talvez seja o menos conhecido. Ninguém transmite mais profundamente na tela sentimentos negativos como Redgrave faz. Impotência, arrependimento, medo, cansaço existencial, tudo isso ele exibe no rosto em vários filmes. Neste excelente filme de Joseph Losey, A SOMBRA DA FORCA, ele é um pai ausente e alcoólatra, que tenta em poucos dias, salvar o filho condenado injustamente à forca. O filme, de 1957, feito com urgência e rapidez por um diretor em seu auge, é uma espécie de Hitchcock sem humor. Vemos esse pai preso numa teia de bebida, pistas falsas e dor. É um grande ator em mais um grande papel. Tente achar e ver esse filme.
O PODER E A GLÓRIA + THE QUIET AMERICAN
Depois de Conan Doyle e Agatha Christie, somente Shakespeare tem mais textos adaptados ao cinema que Graham Greene. E que estranho momento vive esse autor inglês! Por eu ter nascido nos anos 60, ainda peguei o final da imensa fama de Greene. Entre os anos 40 - 80, Graham Greene foi candidato eterno ao Nobel e junto à Borges, o maior dos derrotados. Para quem frequentava livrarias e cadernos culturais em 1970, 1980, Greene era figura constante. Mesmo aqui neste sub sub continente, vários de seus livros estavam sempre sendo editados. Porém hoje, em 2020, vigésimo ano da Nova Idade Medieval, há montes de jovens leitores que nunca ouviram falar de tal autor. E se conhecem vagamente o nome, é por ter ouvido falar de alguma adaptação para a tela.
Li O PODER E A GLÓRIA. É meu quinto Greene e o mais difícil de ler. Figura engraçada esse Greene. Ele escrevia muito e dividiu sua obra em dois campos: livros sérios e livros de divertimento. O PODER E A GLÓRIA é dos sérios. O tema é árduo: estamos em algum país da América Central. Houve uma revolução socialista. Todas as igrejas foram queimadas e em seu lugar foram construídos campos de esportes. Todos os padres foram fuzilados. A população, que mal compreende o que se passa, vive em miséria terminal. O livro acompanha essa situação de dor e de inescapável inferno. Como personagens há um ex padre que foi obrigado a casar e se desmoralizar, um tenente que DESEJA DESTRUIR TODO O PASSADO DO PAÍS E COMEÇAR TUDO DO PONTO ZERO. Há ainda um padre que tenta fugir da nação e se tornou alcoólatra. Em meio a tudo isso, temos ainda um dentista inglês e um funcionário americano de uma empresa que exporta as bananas do país. O texto é escuro, sombrio, quente, úmido, mofado, doentio, sem nenhum alívio.
Graham Greene se converteu ao catolicismo aos 26 anos de idade. Seus livros têm por tema a dor. A culpa. E a absolvição. Acho que já deu para voce entender porque em 2020 não se lê mais Greene não é? É um autor que odeia profundamente a esquerda. Mas ao mesmo tempo não acredita na direita. Niilista? Seria simples se ele fosse um niilista anarquista. Greene estaria na moda. Mas não. Ele crê na vida como dor. Viver é para ele, sofrer, sofrer para assim poder, quem sabe, se redimir em outra vida. É catolicismo radical. E por ser assim, se aproxima de Dostoievski: A santidade possível vive nos piores dentre nós. Pois são eles os que mais sofrem.
Aproveitei para ontem rever o filme THE QUIET AMERICAN, feito por Joseph L. Mankiewicz em 1958. Texto de Greene, claro. O filme foi feito em Saigon-Vietnã, antes da guerra, e só por isso já vale ser visto.
Estamos em 1952, em plena guerra de independência. Tropas francesas, os colonizadores, lutam contra os guerrilheiros do norte, comunistas. Mas o filme não é sobre guerra. É, como só poderia ser em Greene, sobre culpa. Um jornalista inglês, vivido com a maestria discreta habitual por Michael Redgrave, namora uma nativa vietnamita muito mais jovem. Eles se amam. Mas surge um jovem americano e aos poucos ele conquista a menina. O inglês é tomado pelo ódio e acaba por trair o americano, levando-o à morte. No fim ele perde tudo: mulher, honra, sossego, consciência, auto estima. o redor desse drama, a situação trágica do país: de um lado a abusiva e incompetente colonização francesa, do outro os comunistas, matando franceses e vietnamitas aos montes. O jovem americano está no país movido pelo ideal ingênuo de uma terceira via: Liberdade com democracia. Sabemos no que isso ia dar no futuro. Quando o filme foi feito os americanos ainda não estavam lá. Seriam precisos 50 anos de dor para se alcançar o que o país é hoje.
O inglês não acredita em nada. Velho europeu desencantado, ele zomba da França, teme os comunistas e acha ridículo o americano. O filme é excelente.
Joseph L. Mankiewicz é outro grande nome esquecido. Foi o único diretor a vencer dois Oscars de diretor seguidos, e em ambos ganhando também pelo roteiro: QUEM É O INFIEL em 1949 e A MALVADA ( ALL ABOUT EVE ) em 1950. Típico americano liberal da época, ele consegue não tomar partido. Mérito de seu bom roteiro.
Graham Greene voltará um dia? Penso que sim. Quanto maiores os erros do mundo, mais rápido as pessoas olharão para seus pontos de apoio e de estabilidade. E a alta literatura é sempre um desses pontos.
Li O PODER E A GLÓRIA. É meu quinto Greene e o mais difícil de ler. Figura engraçada esse Greene. Ele escrevia muito e dividiu sua obra em dois campos: livros sérios e livros de divertimento. O PODER E A GLÓRIA é dos sérios. O tema é árduo: estamos em algum país da América Central. Houve uma revolução socialista. Todas as igrejas foram queimadas e em seu lugar foram construídos campos de esportes. Todos os padres foram fuzilados. A população, que mal compreende o que se passa, vive em miséria terminal. O livro acompanha essa situação de dor e de inescapável inferno. Como personagens há um ex padre que foi obrigado a casar e se desmoralizar, um tenente que DESEJA DESTRUIR TODO O PASSADO DO PAÍS E COMEÇAR TUDO DO PONTO ZERO. Há ainda um padre que tenta fugir da nação e se tornou alcoólatra. Em meio a tudo isso, temos ainda um dentista inglês e um funcionário americano de uma empresa que exporta as bananas do país. O texto é escuro, sombrio, quente, úmido, mofado, doentio, sem nenhum alívio.
Graham Greene se converteu ao catolicismo aos 26 anos de idade. Seus livros têm por tema a dor. A culpa. E a absolvição. Acho que já deu para voce entender porque em 2020 não se lê mais Greene não é? É um autor que odeia profundamente a esquerda. Mas ao mesmo tempo não acredita na direita. Niilista? Seria simples se ele fosse um niilista anarquista. Greene estaria na moda. Mas não. Ele crê na vida como dor. Viver é para ele, sofrer, sofrer para assim poder, quem sabe, se redimir em outra vida. É catolicismo radical. E por ser assim, se aproxima de Dostoievski: A santidade possível vive nos piores dentre nós. Pois são eles os que mais sofrem.
Aproveitei para ontem rever o filme THE QUIET AMERICAN, feito por Joseph L. Mankiewicz em 1958. Texto de Greene, claro. O filme foi feito em Saigon-Vietnã, antes da guerra, e só por isso já vale ser visto.
Estamos em 1952, em plena guerra de independência. Tropas francesas, os colonizadores, lutam contra os guerrilheiros do norte, comunistas. Mas o filme não é sobre guerra. É, como só poderia ser em Greene, sobre culpa. Um jornalista inglês, vivido com a maestria discreta habitual por Michael Redgrave, namora uma nativa vietnamita muito mais jovem. Eles se amam. Mas surge um jovem americano e aos poucos ele conquista a menina. O inglês é tomado pelo ódio e acaba por trair o americano, levando-o à morte. No fim ele perde tudo: mulher, honra, sossego, consciência, auto estima. o redor desse drama, a situação trágica do país: de um lado a abusiva e incompetente colonização francesa, do outro os comunistas, matando franceses e vietnamitas aos montes. O jovem americano está no país movido pelo ideal ingênuo de uma terceira via: Liberdade com democracia. Sabemos no que isso ia dar no futuro. Quando o filme foi feito os americanos ainda não estavam lá. Seriam precisos 50 anos de dor para se alcançar o que o país é hoje.
O inglês não acredita em nada. Velho europeu desencantado, ele zomba da França, teme os comunistas e acha ridículo o americano. O filme é excelente.
Joseph L. Mankiewicz é outro grande nome esquecido. Foi o único diretor a vencer dois Oscars de diretor seguidos, e em ambos ganhando também pelo roteiro: QUEM É O INFIEL em 1949 e A MALVADA ( ALL ABOUT EVE ) em 1950. Típico americano liberal da época, ele consegue não tomar partido. Mérito de seu bom roteiro.
Graham Greene voltará um dia? Penso que sim. Quanto maiores os erros do mundo, mais rápido as pessoas olharão para seus pontos de apoio e de estabilidade. E a alta literatura é sempre um desses pontos.
RUSSELL CROWE* RYAN GOSLING# SACHA BARON COHEN+ AVA GARDNER* LAUREL E HARDY * BURT LANCASTER
THE NICE GUYS de Shane Black com Russell Crowe, Ryan Gosling
Acho que ainda não passou por aqui este muito, muito, muito bom policial. Não há um só minuto que seja menos que bom, são 150 minutos de completa diversão. É sexy, é irado, é cheio de ação, tem diálogos nonsense, e é muito engraçado sem ser bobo. Tem 3 momentos que me fizeram gargalhar. A história fala sobre cinema pornô, politica, fracasso e bebidas. Crowe é um ajustador de contas, um cara que voce contrata para bater em alguém. Gosling é um detetive doidão que tem uma filha esperta ( uma excelente atriz jovem, Angourie Rice ). Os dois, por acidente, se conhecem e passam a trabalhar juntos numa história de chantagem e assassinatos. O roteiro tem furos, mas quem liga pra isso se o filme funciona hiper bem... Russell trabalha com vontade ( enfim... ) e Ryan está no seu momento, ele é engraçado, tem o dom. Shane Black dirige poucos filmes. Os que vi são sempre inteligentes, leves e muito sedutores. Diálogos, ele sabe fazer ação com bons diálogos. Ah sim, o filme se passa em 1977 e isso me traz uma ideia: Parece que é preciso situar um filme em 77 para ele ter a licença de ser amoral, safo, esperto, com ação sem efeitos digitais, muito diálogo e com cenas sexy-alegres. Why... Se fosse em 2016 tudo isso teria de ser triste ou neurótico...É estranho... O clima de 1977 está perfeito, sem exagero nenhum. Não é de 1977 que rimos, é do belo roteiro ( de Black ). Nota 9.
IRMÃO DE ESPIÃO de Louis Leterrier com Sacha Baron Cohen, Mark Strong e Penelope Cruz.
Um fiasco. Muito ruim, muito apelativo, sem interesse. Sacha é o irmão hooligan de um super agente. Estão separados desde crianças. E se reencontram no meio de uma ação de Strong. Aff... So What! O tipo proletário inglês de Sacha poderia ser engraçado, é apenas grosso. Um completo desastre. Nota ZERO.
AS MARGARIDAS de Vera Chytilová com Ivana Karbanová e Jitka Cerhová.
Um filme tcheco de 1966 feminista e muito livre. Faz parte da renascença tcheca, aquele momento de liberdade que em 68 foi esmagado pelos tanques russos. E é um filme moderno, ainda, e ao mesmo tempo muito velho. Moderno por não ter regras, a diretora faz o que quer quando quer. Velho por ser bastante otimista, alegre, uma alegria que hoje nos parece antiga. O que depõe contra nós... São duas amigas que moram onde der, comem enganando velhos ricos e fazem o que dá na cabeça. Acima de tudo elas não precisam de homens. E os usam. Inocentemente. O que encanta no filme são as duas atrizes. Elas interpretam como crianças grandes. Riem de vergonha, improvisam, cantam, fazem beicinho. Uma delas é de uma beleza eslava arrebatadora..Musa. O filme é curto, apenas 80 minutos e é ainda interessante. Uma peça de museu. Nota 7.
O NAVIO CONDENADO de Michael Anderson com Gary Cooper, Charlton Heston e Michael Redgrave.
No Canal da Mancha, uma barcaça topa com um navio abandonado. O capitão Heston entra nesse navio e lá encontra o capitão Cooper. O mistério se faz: Por que esse navio foi abandonado pela tripulação... Os primeiros 30 minutos são muito bons. Sem diálogos. Depois vira um filme bem comum. Os atores, claro, seguram a atenção. Mas ele se perde no final apressado. Nota 5.
ZONA PROIBIDA de William Dieterle com Burt Lancaster, Claude Rains, Paul Henreid, Corinne Calvet, Peter Lorre.
Na África do Sul assistimos num pb deslumbrante, a história de um homem que escondeu diamantes de uma mina particular. O filme então mostra o embate entre esse aventureiro, Lancaster, o gerente da mina, sádico, Henreid, o dono da mina, o cínico Claude Rains e uma prostituta francesa, Calvet. O elenco não podia ser melhor. Dieterle foi ator do cinema mudo alemão e imigrou durante a guerra. Fez excelentes filmes de tudo quanto é gênero. Um profissional que sabia tudo de cinema. E sempre usando o clima do expressionismo alemão. Peter Lorre aparece pouco. E quase rouba o filme. Nota 8.
A DEUSA DO AMOR de William A. Seiter com Robert Walker e Ava Gardner.
Um modesto vitrinista de uma loja imensa se envolve com Vênus, a deusa do amor. Ela vem à terra como uma estátua, que ganha vida quando ele a beija. Sim, é uma fantasia total. E, à beira do desastre, funciona. É um filme que grita por uma refilmagem da Disney. Ava está absolutamente linda. É este o filme que a revelou para o mundo. Walker foi um grande ator de carreira curta. A bebida o levou cedo. Para melhorar tudo, temos Speak Low, de Kurt Weill. Pra quem não sabe, Weill foi parceiro de Brecht em seus musicais. Sabia tudo de música. O filme é uma comédia leve e sublime. Veja. Nota 7.
O FILHO DE ALI-BABÁ de Kurt Neumann com Tony Curtis e Piper Laurie.
Filme da Sessão da Tarde dos velhos tempos. Não, não é bom. Curtis, um ator sempre simpático, faz o playboy filho de Ali Babá, que perde tudo o que tem por causa de uma trama de um vizir rival. O clima é relaxado demais e a gente percebe todo o tempo ser um filme B. Envelheceu mal. Nota 3.
ERRADO NOVAMENTE e HABEAS CORPUS de Leo McCarey com Laurel e Hardy.
Stan Laurel foi um gênio. Somente Buster Keaton e W.C.Fields chegam perto de sua genialidade. ( Os Marx eram um grupo que funcionava como grupo ). Laurel consegue ser um pateta sem nunca nos irritar. Consegue ser ingênuo sem nunca despertar pena. E Oliver, o gordo irritado, o completa à perfeição. Foi McCarey quem os burilou e lhes deu o passaporte para a eternidade. Aqui temos dois curtas silenciosos. No primeiro eles devolvem um cavalo à um milionário. No segundo eles procuram corpos em cemitério. Os dois filmes são simples, diretos e ainda engraçados. Os dois são parte do tesouro do cinema.
Acho que ainda não passou por aqui este muito, muito, muito bom policial. Não há um só minuto que seja menos que bom, são 150 minutos de completa diversão. É sexy, é irado, é cheio de ação, tem diálogos nonsense, e é muito engraçado sem ser bobo. Tem 3 momentos que me fizeram gargalhar. A história fala sobre cinema pornô, politica, fracasso e bebidas. Crowe é um ajustador de contas, um cara que voce contrata para bater em alguém. Gosling é um detetive doidão que tem uma filha esperta ( uma excelente atriz jovem, Angourie Rice ). Os dois, por acidente, se conhecem e passam a trabalhar juntos numa história de chantagem e assassinatos. O roteiro tem furos, mas quem liga pra isso se o filme funciona hiper bem... Russell trabalha com vontade ( enfim... ) e Ryan está no seu momento, ele é engraçado, tem o dom. Shane Black dirige poucos filmes. Os que vi são sempre inteligentes, leves e muito sedutores. Diálogos, ele sabe fazer ação com bons diálogos. Ah sim, o filme se passa em 1977 e isso me traz uma ideia: Parece que é preciso situar um filme em 77 para ele ter a licença de ser amoral, safo, esperto, com ação sem efeitos digitais, muito diálogo e com cenas sexy-alegres. Why... Se fosse em 2016 tudo isso teria de ser triste ou neurótico...É estranho... O clima de 1977 está perfeito, sem exagero nenhum. Não é de 1977 que rimos, é do belo roteiro ( de Black ). Nota 9.
IRMÃO DE ESPIÃO de Louis Leterrier com Sacha Baron Cohen, Mark Strong e Penelope Cruz.
Um fiasco. Muito ruim, muito apelativo, sem interesse. Sacha é o irmão hooligan de um super agente. Estão separados desde crianças. E se reencontram no meio de uma ação de Strong. Aff... So What! O tipo proletário inglês de Sacha poderia ser engraçado, é apenas grosso. Um completo desastre. Nota ZERO.
AS MARGARIDAS de Vera Chytilová com Ivana Karbanová e Jitka Cerhová.
Um filme tcheco de 1966 feminista e muito livre. Faz parte da renascença tcheca, aquele momento de liberdade que em 68 foi esmagado pelos tanques russos. E é um filme moderno, ainda, e ao mesmo tempo muito velho. Moderno por não ter regras, a diretora faz o que quer quando quer. Velho por ser bastante otimista, alegre, uma alegria que hoje nos parece antiga. O que depõe contra nós... São duas amigas que moram onde der, comem enganando velhos ricos e fazem o que dá na cabeça. Acima de tudo elas não precisam de homens. E os usam. Inocentemente. O que encanta no filme são as duas atrizes. Elas interpretam como crianças grandes. Riem de vergonha, improvisam, cantam, fazem beicinho. Uma delas é de uma beleza eslava arrebatadora..Musa. O filme é curto, apenas 80 minutos e é ainda interessante. Uma peça de museu. Nota 7.
O NAVIO CONDENADO de Michael Anderson com Gary Cooper, Charlton Heston e Michael Redgrave.
No Canal da Mancha, uma barcaça topa com um navio abandonado. O capitão Heston entra nesse navio e lá encontra o capitão Cooper. O mistério se faz: Por que esse navio foi abandonado pela tripulação... Os primeiros 30 minutos são muito bons. Sem diálogos. Depois vira um filme bem comum. Os atores, claro, seguram a atenção. Mas ele se perde no final apressado. Nota 5.
ZONA PROIBIDA de William Dieterle com Burt Lancaster, Claude Rains, Paul Henreid, Corinne Calvet, Peter Lorre.
Na África do Sul assistimos num pb deslumbrante, a história de um homem que escondeu diamantes de uma mina particular. O filme então mostra o embate entre esse aventureiro, Lancaster, o gerente da mina, sádico, Henreid, o dono da mina, o cínico Claude Rains e uma prostituta francesa, Calvet. O elenco não podia ser melhor. Dieterle foi ator do cinema mudo alemão e imigrou durante a guerra. Fez excelentes filmes de tudo quanto é gênero. Um profissional que sabia tudo de cinema. E sempre usando o clima do expressionismo alemão. Peter Lorre aparece pouco. E quase rouba o filme. Nota 8.
A DEUSA DO AMOR de William A. Seiter com Robert Walker e Ava Gardner.
Um modesto vitrinista de uma loja imensa se envolve com Vênus, a deusa do amor. Ela vem à terra como uma estátua, que ganha vida quando ele a beija. Sim, é uma fantasia total. E, à beira do desastre, funciona. É um filme que grita por uma refilmagem da Disney. Ava está absolutamente linda. É este o filme que a revelou para o mundo. Walker foi um grande ator de carreira curta. A bebida o levou cedo. Para melhorar tudo, temos Speak Low, de Kurt Weill. Pra quem não sabe, Weill foi parceiro de Brecht em seus musicais. Sabia tudo de música. O filme é uma comédia leve e sublime. Veja. Nota 7.
O FILHO DE ALI-BABÁ de Kurt Neumann com Tony Curtis e Piper Laurie.
Filme da Sessão da Tarde dos velhos tempos. Não, não é bom. Curtis, um ator sempre simpático, faz o playboy filho de Ali Babá, que perde tudo o que tem por causa de uma trama de um vizir rival. O clima é relaxado demais e a gente percebe todo o tempo ser um filme B. Envelheceu mal. Nota 3.
ERRADO NOVAMENTE e HABEAS CORPUS de Leo McCarey com Laurel e Hardy.
Stan Laurel foi um gênio. Somente Buster Keaton e W.C.Fields chegam perto de sua genialidade. ( Os Marx eram um grupo que funcionava como grupo ). Laurel consegue ser um pateta sem nunca nos irritar. Consegue ser ingênuo sem nunca despertar pena. E Oliver, o gordo irritado, o completa à perfeição. Foi McCarey quem os burilou e lhes deu o passaporte para a eternidade. Aqui temos dois curtas silenciosos. No primeiro eles devolvem um cavalo à um milionário. No segundo eles procuram corpos em cemitério. Os dois filmes são simples, diretos e ainda engraçados. Os dois são parte do tesouro do cinema.
KUROSAWA/ KEVIN KLINE/ STEVE MARTIN/ DORIS DAY/ TOM COURTNEY
A SOLIDÃO DE UMA CORRIDA SEM FIM de Tony Richardson com Tom Courtney e Michael Redgrave
Com seu lançamento em DVD, muito critico inglês passou a colocar este filme entre os dez mais da ilha. Feito em 1963, conta a saga de um teen pobre e desiludido. A mãe tem amantes, a casa é suja e cheia, as namoradas tolas. Ele rouba uma padaria e é preso. Na Febem inglesa ele se destaca como atleta. Mas as coisas nunca são fáceis. Richardson faria Tom Jones em seguida, e Redgrave faz o diretor da Febem. Tom Courtney tem um desempenho mágico. Sujo. O filme é magnifico. Nota 9.
UM FILME FALADO de Manoel de Oliveira
Uma enfadonha aula de historia. Melhora na interação final entre os atores. O sentido é óbvio, a Europa começou no mar de Portugal e termina na nova ordem atual. Bem...não deixa de ser bonito.
A ESPIÃ DAS CALCINHAS DE RENDA de Frank Tashlin com Doris Day e Rod Taylor.
O titulo ridículo não estraga o prazer de ver este tolo filme pop. Tashlin começou como cartunista do Pica Pau. Seus filmes têm sempre a leveza do humor visual. Doris é confundida com uma espiã. Ruy Castro, fã de Doris, não gosta do filme. Eu gosto.
MY BLUE HEAVEN de Herbert Ross com Steve Martin, Joan Fusão e Rick Moranis
Não gosto. Um dos piores filmes do grande Martin. Nem ele salva essa chatice sobre um delator de NY sendo protegido pelo tira do FBI Moranis. Fuja!
TEMPO DE RECOMECAR de Irwin Winkler com Kevin Kline, Hayden Christensen e Kristine Scott Thomas.
Um homem que fracassou como pai e marido descobre que vai morrer. E dá sentido a sua vida reformando sua casa. Kevin está excelente. Mas...em 1952 Kurosawa fez o mais triste dos filmes, Viver, onde Shimura faz uma praça antes de morrer. Impossível comparar. O japonês é a obra de um deus.
SONHO DE AMOR de Charles Vidor Com Dirk Bogarde e CapucineHorrivel! É sobre Liszt… mas nada faz sentido.
AS AVENTURAS DO CAPITÃO GRANT de Robert Stevenson com Hayley Mills e Maurice Chevalier.
Bela adaptação de Verne. Ação na medida certa. Apesar dos efeitos ruins, tem boa direção, bom roteiro e produção Disney. Os atores são ótimos!
A MAIOR HISTORIA DE TODOS OS TEMPOS de George Stevens com Max Von Sydow
O diretor de Shane e de tantos grandes filmes faz a vida de Jesus sem emoção. O ator favorito de Bergman faz Jesus. Dura quatro horas e levou anos para ficar pronto.
Com seu lançamento em DVD, muito critico inglês passou a colocar este filme entre os dez mais da ilha. Feito em 1963, conta a saga de um teen pobre e desiludido. A mãe tem amantes, a casa é suja e cheia, as namoradas tolas. Ele rouba uma padaria e é preso. Na Febem inglesa ele se destaca como atleta. Mas as coisas nunca são fáceis. Richardson faria Tom Jones em seguida, e Redgrave faz o diretor da Febem. Tom Courtney tem um desempenho mágico. Sujo. O filme é magnifico. Nota 9.
UM FILME FALADO de Manoel de Oliveira
Uma enfadonha aula de historia. Melhora na interação final entre os atores. O sentido é óbvio, a Europa começou no mar de Portugal e termina na nova ordem atual. Bem...não deixa de ser bonito.
A ESPIÃ DAS CALCINHAS DE RENDA de Frank Tashlin com Doris Day e Rod Taylor.
O titulo ridículo não estraga o prazer de ver este tolo filme pop. Tashlin começou como cartunista do Pica Pau. Seus filmes têm sempre a leveza do humor visual. Doris é confundida com uma espiã. Ruy Castro, fã de Doris, não gosta do filme. Eu gosto.
MY BLUE HEAVEN de Herbert Ross com Steve Martin, Joan Fusão e Rick Moranis
Não gosto. Um dos piores filmes do grande Martin. Nem ele salva essa chatice sobre um delator de NY sendo protegido pelo tira do FBI Moranis. Fuja!
TEMPO DE RECOMECAR de Irwin Winkler com Kevin Kline, Hayden Christensen e Kristine Scott Thomas.
Um homem que fracassou como pai e marido descobre que vai morrer. E dá sentido a sua vida reformando sua casa. Kevin está excelente. Mas...em 1952 Kurosawa fez o mais triste dos filmes, Viver, onde Shimura faz uma praça antes de morrer. Impossível comparar. O japonês é a obra de um deus.
SONHO DE AMOR de Charles Vidor Com Dirk Bogarde e CapucineHorrivel! É sobre Liszt… mas nada faz sentido.
AS AVENTURAS DO CAPITÃO GRANT de Robert Stevenson com Hayley Mills e Maurice Chevalier.
Bela adaptação de Verne. Ação na medida certa. Apesar dos efeitos ruins, tem boa direção, bom roteiro e produção Disney. Os atores são ótimos!
A MAIOR HISTORIA DE TODOS OS TEMPOS de George Stevens com Max Von Sydow
O diretor de Shane e de tantos grandes filmes faz a vida de Jesus sem emoção. O ator favorito de Bergman faz Jesus. Dura quatro horas e levou anos para ficar pronto.
BIG EYES/ JACQUES TOUNEUR/ MIKE LEIGH/ REESE/ MICHAEL REDGRAVE
LIVRE de Jean-Marc Valée com Reese Witherspoon e Laura Dern
Adoro Reese. Eu realmente a acho encantadora. E aqui ela tem seu tour de force. Faz uma garota que percorre toda a costa do Pacífico. Sózinha. Faz isso para tentar superar a dor. Heroína, a morte da mãe e o fim do casamento. O filme incomoda. Reese é mignon, sua bagagem é imensa. O roteiro é de Nick Hornby. E ele é um dos produtores. O filme é baseado num livro. História veridica. E faz belo uso de El Condor Pasa, canção de Simon and Garfunkel. Valée analisa a relação filha e mãe. É o centro do filme. Mas é um filme deprimente. Triste, muito triste. Existiram cowboys, beatnicks e hippies. Hoje os andarilhos são deprimidos. Aff....Nota 4.
MR. TURNER de Mike Leigh com Timothy Spall
Turner foi um dos mais impressionantes pintores do século XIX. De certo modo ele antecipou os impressionistas. Seu objetivo era pintar a luz e o movimento. Era um excêntrico. O filme de Leigh não romantiza nada. Spall faz um Turner muito desagradável. As pessoas aqui são feias, falam grunhindo. Isso é realismo? Ou essa busca do real não será outro tipo de afetação? A fotografia concorre ao Oscar 2015. O filme é bastante enfadonho. Ficamos duas horas vendo o balofo Turner grunhir, comer, e ser sovina. Nota 2.
GRANDES OLHOS ( BIG EYES ) de Tim Burton com Amy Adams e Christoph Waltz
Tim Burton é um feminista. Seus filme sempre defendem as mulheres. E não só elas. As crianças e os sinceros do mundo o encantam. Quando ele defendeu Ed Wood ele defendeu não um cineasta ruim, mas antes um homem que acreditava naquilo que fazia. Wood era sincero. O mesmo ocorre aqui. Keane é uma pintora medíocre, mas sincera. Como bem disse o José Geraldo Couto, Burton defende aqui o cinema bem feito, honesto, sincero, puro. Burton é um anti-David Fincher, um anti-Nolan. Tim Burton não tenta ser um artista, um gênio, ele nunca quis e não quer parecer, ele é. Keane é isso. Quando acerta Burton é um poeta. Quando erra, como em Batman, no Planeta dos Macacos, em Alice, ele parece apenas um diretor sem vida, sem inspiração, morto. Tim Burton não consegue filmar sem paixão, sem crer no que faz. Voce jamais o verá defender uma teoria, ser explícitamente político, tentar parecer mais que um cineasta. Ele filma. E tem o dom da imagem. Este filme é bonito. É moderno. E é de uma delicadeza quase sublime. Simples. Muito simples. E, como tudo em Burton, sincero. Como Wood, como Keane. Nota 8.
NA SOLIDÃO DA NOITE de Basil Dearden, Robert Hamer, Alberto Cavalcanti com Michael Redgrave
Foi lançado um box com seis filmes de horror. Eles variam do ruim ao excelente. Este é um filme inglês de 1948 muito bom. Um homem vai a uma reunião. Cada pessoa nessa reunião conta um caso de mistério e de horror que tenha vivido. Cada história tem um diretor diferente. A melhor é do diretor brasileiro Cavalcanti. Sim, brasileiro. Ele ainda é até hoje o cineasta brasileiro mais internacional da história. Fez filmes no Brasil e na França, Alemanha e Inglaterra. É a história de um ventriloco que é dominado por seu boneco. Nos outros contos se fala de fantasma, de pesadelos e de um espelho maldito. No geral há muito clima, excelente fotografia e um elenco brilhante ( com destaque ao genial Redgrave ), Nota 7.
A ALDEIA DOS AMALDIÇOADOS de Wolff Rilla com George Sanders
Um clássico! A história da cidadezinha que é tomada por uma nuvem. Quando ela se vai, todas as mulheres estão grávidas. Nove meses depois nascem crianças super inteligentes. São ETs. Como se livrar deles se eles podem ler pensamentos? É o único filme bom do diretor. Tem um estilo seco, trilha sonora tenebrosa e mexe com nossos nervos. Muito bom! Nota 7.
A NOITE DO DEMÔNIO de Jacques Tourneur com Dana Andrews e Peggy Cummings
Uma pequena obra-prima. Tourneur foi um diretor francês que fez carreira nos EUA. Dirigiu filmes noir, filmes de piratas, westerns e policiais. Todos bons, alguns geniais. Um americano vai à Inglaterra averiguar um homem que se diz bruxo. O filme narra o embate entre esse americano cético e o bruxo demoníaco. O filme é levado como um noir. Tem clima, estilo, suspense, escuridão. É uma diversão estupenda. Nota 9.
Adoro Reese. Eu realmente a acho encantadora. E aqui ela tem seu tour de force. Faz uma garota que percorre toda a costa do Pacífico. Sózinha. Faz isso para tentar superar a dor. Heroína, a morte da mãe e o fim do casamento. O filme incomoda. Reese é mignon, sua bagagem é imensa. O roteiro é de Nick Hornby. E ele é um dos produtores. O filme é baseado num livro. História veridica. E faz belo uso de El Condor Pasa, canção de Simon and Garfunkel. Valée analisa a relação filha e mãe. É o centro do filme. Mas é um filme deprimente. Triste, muito triste. Existiram cowboys, beatnicks e hippies. Hoje os andarilhos são deprimidos. Aff....Nota 4.
MR. TURNER de Mike Leigh com Timothy Spall
Turner foi um dos mais impressionantes pintores do século XIX. De certo modo ele antecipou os impressionistas. Seu objetivo era pintar a luz e o movimento. Era um excêntrico. O filme de Leigh não romantiza nada. Spall faz um Turner muito desagradável. As pessoas aqui são feias, falam grunhindo. Isso é realismo? Ou essa busca do real não será outro tipo de afetação? A fotografia concorre ao Oscar 2015. O filme é bastante enfadonho. Ficamos duas horas vendo o balofo Turner grunhir, comer, e ser sovina. Nota 2.
GRANDES OLHOS ( BIG EYES ) de Tim Burton com Amy Adams e Christoph Waltz
Tim Burton é um feminista. Seus filme sempre defendem as mulheres. E não só elas. As crianças e os sinceros do mundo o encantam. Quando ele defendeu Ed Wood ele defendeu não um cineasta ruim, mas antes um homem que acreditava naquilo que fazia. Wood era sincero. O mesmo ocorre aqui. Keane é uma pintora medíocre, mas sincera. Como bem disse o José Geraldo Couto, Burton defende aqui o cinema bem feito, honesto, sincero, puro. Burton é um anti-David Fincher, um anti-Nolan. Tim Burton não tenta ser um artista, um gênio, ele nunca quis e não quer parecer, ele é. Keane é isso. Quando acerta Burton é um poeta. Quando erra, como em Batman, no Planeta dos Macacos, em Alice, ele parece apenas um diretor sem vida, sem inspiração, morto. Tim Burton não consegue filmar sem paixão, sem crer no que faz. Voce jamais o verá defender uma teoria, ser explícitamente político, tentar parecer mais que um cineasta. Ele filma. E tem o dom da imagem. Este filme é bonito. É moderno. E é de uma delicadeza quase sublime. Simples. Muito simples. E, como tudo em Burton, sincero. Como Wood, como Keane. Nota 8.
NA SOLIDÃO DA NOITE de Basil Dearden, Robert Hamer, Alberto Cavalcanti com Michael Redgrave
Foi lançado um box com seis filmes de horror. Eles variam do ruim ao excelente. Este é um filme inglês de 1948 muito bom. Um homem vai a uma reunião. Cada pessoa nessa reunião conta um caso de mistério e de horror que tenha vivido. Cada história tem um diretor diferente. A melhor é do diretor brasileiro Cavalcanti. Sim, brasileiro. Ele ainda é até hoje o cineasta brasileiro mais internacional da história. Fez filmes no Brasil e na França, Alemanha e Inglaterra. É a história de um ventriloco que é dominado por seu boneco. Nos outros contos se fala de fantasma, de pesadelos e de um espelho maldito. No geral há muito clima, excelente fotografia e um elenco brilhante ( com destaque ao genial Redgrave ), Nota 7.
A ALDEIA DOS AMALDIÇOADOS de Wolff Rilla com George Sanders
Um clássico! A história da cidadezinha que é tomada por uma nuvem. Quando ela se vai, todas as mulheres estão grávidas. Nove meses depois nascem crianças super inteligentes. São ETs. Como se livrar deles se eles podem ler pensamentos? É o único filme bom do diretor. Tem um estilo seco, trilha sonora tenebrosa e mexe com nossos nervos. Muito bom! Nota 7.
A NOITE DO DEMÔNIO de Jacques Tourneur com Dana Andrews e Peggy Cummings
Uma pequena obra-prima. Tourneur foi um diretor francês que fez carreira nos EUA. Dirigiu filmes noir, filmes de piratas, westerns e policiais. Todos bons, alguns geniais. Um americano vai à Inglaterra averiguar um homem que se diz bruxo. O filme narra o embate entre esse americano cético e o bruxo demoníaco. O filme é levado como um noir. Tem clima, estilo, suspense, escuridão. É uma diversão estupenda. Nota 9.
MANKIEWICZ/ BETTE DAVIS/ AVA/ BOGEY/ REDGRAVE/ ALEC GUINESS
PELE DE ASNO de Jacques Demy com Catherine Deneuve, Jean Marais e Jacques Perrin
Um rei viúvo, que prometeu a esposa se casar apenas com uma mulher que fosse mais bela que a rainha, descobre que a filha é essa pessoa. O conto de Perrault adaptado em 1970 por Demy, tem música de Legrand e fotografia de Cloquet. E mesmo assim é de uma bobice exemplar. Demy foi um deslumbrado. Se apaixonou pela nouvelle vague e depois pelos hippies que conheceu em LA. Une aqui o pior desses dois mundos. Claro, é um prazer ver Marais, o ator de Cocteau, mas é pouco. Nota 2.
ESCRAVOS DO DESEJO de John Cromwell com Bette Davis, Leslie Howard e Frances Dee.
O romance de Maugham fez de Bette uma estrela. Passado em Londres, o filme conta a história do médico, de pé deformado, que se apaixona por uma garçonete, que o usa e joga fora. O filme foi um sucesso e é bom, apesar de Bette. Porque apesar deste papel ter feito dela a estrela da Warner, seu desempenho é fake. Um sotaque cockney exagerado e uma vulgaridade de carnaval. Mas vale pela boa produção. Nota 5.
QUEM É O INFIEL? de Joseph L. Mankiewicz com Jeanne Crain, Linda Darnell, Ann Sothern, Kirk Douglas e Paul Douglas.
O roteiro, do diretor Mankiewicz, ganhou o Oscar de 1949. E é brilhante! Três amigas, casadas, vão passar um fim de semana numa ilha. Longe de telefones, elas recebem de um amigo uma carta. Essa carta diz que nessa hora, o marido de uma delas está fugindo com outra. Essa outra é a estrela da escola, antiga amiga das três. Essa carta faz com que cada uma delas se recorde do seu casamento, de um momento de crise, de alguma injustiça cometida. Qual deles fugiu? Mankiewicz dirige de sua maneira segura, pausada, firme de sempre. O filme, visto pela terceira vez, se mantém como diversão de primeira. Ainda atual, ele une drama, humor e muito suspense. O elenco, como em todos os filmes do diretor, se destaca. É este o primeiro papel de Kirk Douglas. Pode ver. É ótimo. Nota 9.
A MALVADA de Joseph L. Mankiewicz com Bette Davis, Anne Baxter e George Sanders
Um dos mais famosos filmes de Hollywood, conta a história da atriz veterana que é usada por uma fã que inveja seu status. O roteiro, do diretor, tem algumas das melhores falas wit da história. E há Bette, num de seus grandes momentos que não lhe deu um merecido Oscar. Ela consegue transmitir vulnerabilidade e vaidade ao mesmo tempo. Sua voz, rouca, traz sensualidade decadente. É um papel de genialidade. Mas o filme tem mais. Tem George Sanders exalando maldade, tem suspense e uma Anne Baxter quase ao nível de Bette. É um filme maravilhoso, perfeito, histórico e deu um Oscar a Mankiewicz como diretor. E mais um como escritor. Obrigatório para quem queira saber o que significa um bom diálogo. Nota DEZ!
A CONDESSA DESCALÇA de Joseph L. Mankiewicz com Humphrey Bogart, Ava Gardner e Edmond O`Brien
A história, cheia de fel, de um diretor humilhado por um produtor. Também é a história de uma atriz, ninfo, que não dá a mínima para a fama e que se casa com um milionário impotente. O filme deveria ser forte, mas não é. Ele quer ser tão irado que passa do ponto. O drama é exagerado, as cenas na Espanha parecem falsas e até Bogey se perde. Ele não combina com o papel. Talvez seja o pior filme do diretor, apesar de ser uma obra bastante famosa. Nota 4.
O AMERICANO TRANQUILO de Joseph L. Mankiewicz com Michael Redgrave, Audie Murphy e Bruce Cabot
Um filme fascinante que encerra o pequeno festival Mankiewicz que montei para mim mesmo ( eu sei que faltaram muitos outros....fica pra outra ). O tema é fascinante! No Vietnã de 1954, vemos um repórter inglês, frio e distante, que tenta não se envolver na guerra, se envolver com um americano comum, que surge em Saigon para fazer comércio. Os dois viram conhecidos, disputam a mesma mulher e tudo vira um pesadelo em meio a guerra dos vietcongs contra a França. Well...para quem não sabe, o Vietnã lutou contra a França até os anos 60 e quando venceu teve de lutar contra os EUA por mais dez anos. E venceu. Este filme foi filmado em Saigon, e só isso já faz dele experiência invulgar. Foi nesse ano e nessa guerra que Robert Capa morreu. Redgrave, pai de Vanessa, dá seu show costumeiro. Vemos o inglês perceber o quanto ele foi covarde, mole, inativo. Todo o filme tem jeito de documentário e na rica filmografia do diretor é um dos melhores. Foi um fracasso na época, e nesta era do dvd está sendo redescoberto. A fotografia de Robert Krasker é excelente. Nota DEZ.
A VIDA PRIVADA DE SHERLOCK HOLMES de Billy Wilder com Robert Stephens, Colin Blakeley e Genevieve Page.
Billy num de seus últimos filmes, falha terrivelmente nesta tentativa patética de filmar um caso de Holmes como um tipo de comédia realista. O filme não pega fogo. E o roteiro, algo sobre um submarino, tem um interesse nulo. Nota 1.
VIVA A LIBERDADE de Roberto Andó com Toni Servillo e Valeria Bruni Tedeschi
Lixo. Um infantil e absurdo conto sobre um senador deprimido que é substituído por seu irmão doido. Claro que ele vira um sucesso! O que há de novo aqui? Porque fazer isso de novo? Peter Sellers o fez. Jack Lemmon fez. Eddie Murphy fez. E todos foram melhores. Nota ZERO.
O PRÍNCIPE de ....com Jason Patric, Bruce Willis e John Cusak
Uma menina se envolve com drogas e o pai vai salvar ela. O pai não é Bruce. É Patric. Cenas de ação frouxas e um roteiro com falas de analfabetos. Sem nota.
UM MALUCO GENIAL de Ronald Neame com Alec Guiness
Guiness escreveu o roteiro. É sobre um pintor genial que pobre, vive de aplicar golpes nos amigos. O personagem é feio, sujo, mentiroso, mal humorado e antipático. É um filme estranhíssimo. Nada nele nos seduz. E é um filme importante e bom. Vemos a Londres suja de 1957. Uma cidade ainda em ruínas, escura, pobre, com seus primeiros mods. O ambiente salva o filme. Nota....hmmm....5.
CRIME É CRIME de George Pollock com Margareth Rutherford e Ron Moody
Uma agradável aventura da velhinha Miss Marple, a detetive amadora criada por Agatha Christie. Crimes entre um grupo de teatro, num cidade do interior inglês. Nota 5.
Um rei viúvo, que prometeu a esposa se casar apenas com uma mulher que fosse mais bela que a rainha, descobre que a filha é essa pessoa. O conto de Perrault adaptado em 1970 por Demy, tem música de Legrand e fotografia de Cloquet. E mesmo assim é de uma bobice exemplar. Demy foi um deslumbrado. Se apaixonou pela nouvelle vague e depois pelos hippies que conheceu em LA. Une aqui o pior desses dois mundos. Claro, é um prazer ver Marais, o ator de Cocteau, mas é pouco. Nota 2.
ESCRAVOS DO DESEJO de John Cromwell com Bette Davis, Leslie Howard e Frances Dee.
O romance de Maugham fez de Bette uma estrela. Passado em Londres, o filme conta a história do médico, de pé deformado, que se apaixona por uma garçonete, que o usa e joga fora. O filme foi um sucesso e é bom, apesar de Bette. Porque apesar deste papel ter feito dela a estrela da Warner, seu desempenho é fake. Um sotaque cockney exagerado e uma vulgaridade de carnaval. Mas vale pela boa produção. Nota 5.
QUEM É O INFIEL? de Joseph L. Mankiewicz com Jeanne Crain, Linda Darnell, Ann Sothern, Kirk Douglas e Paul Douglas.
O roteiro, do diretor Mankiewicz, ganhou o Oscar de 1949. E é brilhante! Três amigas, casadas, vão passar um fim de semana numa ilha. Longe de telefones, elas recebem de um amigo uma carta. Essa carta diz que nessa hora, o marido de uma delas está fugindo com outra. Essa outra é a estrela da escola, antiga amiga das três. Essa carta faz com que cada uma delas se recorde do seu casamento, de um momento de crise, de alguma injustiça cometida. Qual deles fugiu? Mankiewicz dirige de sua maneira segura, pausada, firme de sempre. O filme, visto pela terceira vez, se mantém como diversão de primeira. Ainda atual, ele une drama, humor e muito suspense. O elenco, como em todos os filmes do diretor, se destaca. É este o primeiro papel de Kirk Douglas. Pode ver. É ótimo. Nota 9.
A MALVADA de Joseph L. Mankiewicz com Bette Davis, Anne Baxter e George Sanders
Um dos mais famosos filmes de Hollywood, conta a história da atriz veterana que é usada por uma fã que inveja seu status. O roteiro, do diretor, tem algumas das melhores falas wit da história. E há Bette, num de seus grandes momentos que não lhe deu um merecido Oscar. Ela consegue transmitir vulnerabilidade e vaidade ao mesmo tempo. Sua voz, rouca, traz sensualidade decadente. É um papel de genialidade. Mas o filme tem mais. Tem George Sanders exalando maldade, tem suspense e uma Anne Baxter quase ao nível de Bette. É um filme maravilhoso, perfeito, histórico e deu um Oscar a Mankiewicz como diretor. E mais um como escritor. Obrigatório para quem queira saber o que significa um bom diálogo. Nota DEZ!
A CONDESSA DESCALÇA de Joseph L. Mankiewicz com Humphrey Bogart, Ava Gardner e Edmond O`Brien
A história, cheia de fel, de um diretor humilhado por um produtor. Também é a história de uma atriz, ninfo, que não dá a mínima para a fama e que se casa com um milionário impotente. O filme deveria ser forte, mas não é. Ele quer ser tão irado que passa do ponto. O drama é exagerado, as cenas na Espanha parecem falsas e até Bogey se perde. Ele não combina com o papel. Talvez seja o pior filme do diretor, apesar de ser uma obra bastante famosa. Nota 4.
O AMERICANO TRANQUILO de Joseph L. Mankiewicz com Michael Redgrave, Audie Murphy e Bruce Cabot
Um filme fascinante que encerra o pequeno festival Mankiewicz que montei para mim mesmo ( eu sei que faltaram muitos outros....fica pra outra ). O tema é fascinante! No Vietnã de 1954, vemos um repórter inglês, frio e distante, que tenta não se envolver na guerra, se envolver com um americano comum, que surge em Saigon para fazer comércio. Os dois viram conhecidos, disputam a mesma mulher e tudo vira um pesadelo em meio a guerra dos vietcongs contra a França. Well...para quem não sabe, o Vietnã lutou contra a França até os anos 60 e quando venceu teve de lutar contra os EUA por mais dez anos. E venceu. Este filme foi filmado em Saigon, e só isso já faz dele experiência invulgar. Foi nesse ano e nessa guerra que Robert Capa morreu. Redgrave, pai de Vanessa, dá seu show costumeiro. Vemos o inglês perceber o quanto ele foi covarde, mole, inativo. Todo o filme tem jeito de documentário e na rica filmografia do diretor é um dos melhores. Foi um fracasso na época, e nesta era do dvd está sendo redescoberto. A fotografia de Robert Krasker é excelente. Nota DEZ.
A VIDA PRIVADA DE SHERLOCK HOLMES de Billy Wilder com Robert Stephens, Colin Blakeley e Genevieve Page.
Billy num de seus últimos filmes, falha terrivelmente nesta tentativa patética de filmar um caso de Holmes como um tipo de comédia realista. O filme não pega fogo. E o roteiro, algo sobre um submarino, tem um interesse nulo. Nota 1.
VIVA A LIBERDADE de Roberto Andó com Toni Servillo e Valeria Bruni Tedeschi
Lixo. Um infantil e absurdo conto sobre um senador deprimido que é substituído por seu irmão doido. Claro que ele vira um sucesso! O que há de novo aqui? Porque fazer isso de novo? Peter Sellers o fez. Jack Lemmon fez. Eddie Murphy fez. E todos foram melhores. Nota ZERO.
O PRÍNCIPE de ....com Jason Patric, Bruce Willis e John Cusak
Uma menina se envolve com drogas e o pai vai salvar ela. O pai não é Bruce. É Patric. Cenas de ação frouxas e um roteiro com falas de analfabetos. Sem nota.
UM MALUCO GENIAL de Ronald Neame com Alec Guiness
Guiness escreveu o roteiro. É sobre um pintor genial que pobre, vive de aplicar golpes nos amigos. O personagem é feio, sujo, mentiroso, mal humorado e antipático. É um filme estranhíssimo. Nada nele nos seduz. E é um filme importante e bom. Vemos a Londres suja de 1957. Uma cidade ainda em ruínas, escura, pobre, com seus primeiros mods. O ambiente salva o filme. Nota....hmmm....5.
CRIME É CRIME de George Pollock com Margareth Rutherford e Ron Moody
Uma agradável aventura da velhinha Miss Marple, a detetive amadora criada por Agatha Christie. Crimes entre um grupo de teatro, num cidade do interior inglês. Nota 5.
O MEU ESPORTE : CAMINHAR POR ENTRE OS TUMULOS DAQUELES QUE FIZERAM ESPORTES POR TODA A VIDA
""o meu esporte favorito é caminhar entre os túmulos daqueles que passaram a vida fazendo esportes". Essa frase é de Peter O`Toole e eu não a conhecia. Leio hoje, na nova Isto É, um texto muito bom de Giron sobre Peter.
Conheço Giron desde 1987. Dele foi o melhor texto sobre Bryan Ferry escrito no Brasil. Na Folha. A Ilustrada de Suzuki.
"Produtores de cinema de Hollywood são todos porcos. Nunca conheci um que não fosse." Essa frase deve explicar as oito vezes em que Peter perdeu o Oscar. Well, ela condiz com aquilo que Peter dizia ser ( e era ), um esquerdista radical que amava tanto os grandes sucessos como as vaias apaixonadas. Teve logo os dois. Aplausos pelo Hamlet que fez em Londres, dirigido por Olivier, em 1964, e vaias em seguida, por um texto de vanguarda, feito em 65. Tomates voaram ao palco e o acertaram. De verdade!
Giron descreve maravilhosamente o modo como Peter atuava. Vendo-o logo sentiamos sua fragilidade. Apesar de alto, ele era quase feminino. Noel Coward chamou seu Lawrence da Arabia de Nancy da Arabia. Para fazer o papel, eu desconhecia isso, ele passou meses vivendo com beduinos.
Mas tudo mudava quando ele abria a boca e atuava. Era viril, mais que isso, agressivo. Gestos amplos, falas altas, quase a histeria. Giron atenta para os olhos de Peter. Belos.
Fiel a sua classe social e sua Irlanda natal, Peter sempre uniu esse seu espirito etereo com a agressividade da anarquia. Foi fiel a si-mesmo. Tinha de ser posto em geladeira. E nunca deixou de provocar.
Queria ser jornalista quando jovem. Aos 15 anos estava empregado. Mas foi ver Michael Redgrave em Lear e isso mudou sua vida. Quis ser ator! Na escola dramatica conheceu Alan Bates e Albert Finney. A melhor das turmas desde 1925. E os excessos vieram, bebida, mulheres, brigas.
Hollywood o queria como um novo Cary Grant. Ele foi ser Peter O`Toole.
Como disse Giron, sossego post-morten. Peter se cala agora.
Foi grande em tudo. Nunca no meio, nunca o banal.
Na mesma revista...
Quem viu o filme CADA UM FAZ O QUE QUER ( FIVE EASY PIECES ), de Bob Rafelson, sabe o que Belchior sentiu. Como Jack Nicholson, como Larry em O Fio da Navalha, ele se desvencilha das coisas da vida e acha seu mundo.
Em tempos mais liberais seria tudo bem aceito e nada misterioso. Em 2013 se torna o graaaande misterio!
Deu?
Conheço Giron desde 1987. Dele foi o melhor texto sobre Bryan Ferry escrito no Brasil. Na Folha. A Ilustrada de Suzuki.
"Produtores de cinema de Hollywood são todos porcos. Nunca conheci um que não fosse." Essa frase deve explicar as oito vezes em que Peter perdeu o Oscar. Well, ela condiz com aquilo que Peter dizia ser ( e era ), um esquerdista radical que amava tanto os grandes sucessos como as vaias apaixonadas. Teve logo os dois. Aplausos pelo Hamlet que fez em Londres, dirigido por Olivier, em 1964, e vaias em seguida, por um texto de vanguarda, feito em 65. Tomates voaram ao palco e o acertaram. De verdade!
Giron descreve maravilhosamente o modo como Peter atuava. Vendo-o logo sentiamos sua fragilidade. Apesar de alto, ele era quase feminino. Noel Coward chamou seu Lawrence da Arabia de Nancy da Arabia. Para fazer o papel, eu desconhecia isso, ele passou meses vivendo com beduinos.
Mas tudo mudava quando ele abria a boca e atuava. Era viril, mais que isso, agressivo. Gestos amplos, falas altas, quase a histeria. Giron atenta para os olhos de Peter. Belos.
Fiel a sua classe social e sua Irlanda natal, Peter sempre uniu esse seu espirito etereo com a agressividade da anarquia. Foi fiel a si-mesmo. Tinha de ser posto em geladeira. E nunca deixou de provocar.
Queria ser jornalista quando jovem. Aos 15 anos estava empregado. Mas foi ver Michael Redgrave em Lear e isso mudou sua vida. Quis ser ator! Na escola dramatica conheceu Alan Bates e Albert Finney. A melhor das turmas desde 1925. E os excessos vieram, bebida, mulheres, brigas.
Hollywood o queria como um novo Cary Grant. Ele foi ser Peter O`Toole.
Como disse Giron, sossego post-morten. Peter se cala agora.
Foi grande em tudo. Nunca no meio, nunca o banal.
Na mesma revista...
Quem viu o filme CADA UM FAZ O QUE QUER ( FIVE EASY PIECES ), de Bob Rafelson, sabe o que Belchior sentiu. Como Jack Nicholson, como Larry em O Fio da Navalha, ele se desvencilha das coisas da vida e acha seu mundo.
Em tempos mais liberais seria tudo bem aceito e nada misterioso. Em 2013 se torna o graaaande misterio!
Deu?
HARAKIRI/ WYLER/ GATO DE BOTAS/ LOSEY/ RAY/ REDGRAVE
HARAKIRI de Masaki Kobayashi
Estarrecedor. Vencedor do Oscar de filme estrangeiro, trata-se de uma obra-prima amarga. Através de angulos de câmera precisos e de um ritmo solene, o que assistimos é um retrato da vida em seu aspecto mais puro: a dor da fome e da quebra de um mundo. Samurais em tempo de paz são inuteis. Sem trabalho, passam fome, e envergonhados, pedem para que nobres os deixem praticar o harakiri em seus palácios. Um jovem é obrigado a se matar com espada de bambú, o que seria errado. Um outro samurai aparece para também se matar, mas antes conta sua história. A cena da morte por harakiri é bastante forte, aprendemos todo o ritual japonês. Mais terrível é a crítica social que há no filme, o harakiri como um modo de se eliminar guerreiros incômodos. Mas eles crêem nesse ritual e o seguem com exatidão. O filme tem a exibição de aspectos da vida que eram corajosamente mostrados pelo cinema japonês da época. O dilaceramento da carne e da alma exibidos em detalhes. Há uma cena em meio a bambuzal com vento que é uma das mais belas ( e terríveis ) cenas do cinema. Aqui Kobayashi atinge a perfeição. Nota DEZ.
O ZELADOR ANIMAL de Frank Coraci com Kevin James
O inominável. Kevin é um dos piores humoristas do mundo. Nota Zero Farenheit.
OS CAVALEIROS TEUTÔNICOS de Aleksander Ford
Clássico medieval do cinema polonês. Centra-se em jovem que promete amar jovem romântica. Isso entre inimigos, cavalos, prados imensos e espadas pesadas. Parece ser um grande filme, mas atenção: a versão existente em dvd é impossível de se ver. Desbotada, imagem encolhida, som ruim. Sem nota.
O REI DOS REIS de Nicholas Ray com Jeffrey Hunter e Robert Ryan
Ray conseguiu filmar a vida de Cristo sem nenhuma emoção. Na verdade ele se prende mais às intrigas da corte de Herodes e a João Batista. Hunter faz um Jesus Cristo banal, mas Ryan está muito bem como João. O filme frustrará aos cristãos e será indiferente aos descrentes. Nota 1.
A SOMBRA DA FORCA de Joseph Losey com Michael Redgrave
Um pai alcoólatra, recém saído de clinica, tem dois dias para salvar filho da forca. O filme, magistral, mostra toda a patética tentativa do pai. Ele esquece coisas, não percebe pistas, se enrola em ideias. Redgrave era um gênio. Faz um dos grandes viciados do cinema. E Losey sabia mostrar como ninguém a irreversibilidade do destino. Se o mal pode ocorrer, ele ocorrerá. Este filme tem um dos melhores finais já filmados. Tenso, triste, vazio, soberbo. Nota DEZ.
A GUERRA DE HART de Gregory Hoblit com Colin Farrell e Bruce Willis
Esquece. Tédio insurpotável. Nota ZERO.
O GATO DE BOTAS de Chris Miller
Não é um dos grandes desenhos do século de grandes desenhos. Mas é ok. O Gato é uma figuraça e os cenários são lindos. O roteiro se perde do meio para o fim, e conseguimos inclusive perceber erros absurdos. O personagem do Ovo estraga o filme. Nota 4.
MRS MINIVER ( ROSA DE ESPERANÇA) de William Wyler com Greer Garson, Walter Pidgeon e Teresa Wright
Garson discursou por uma hora ao ganhar o Oscar por este filme. Foi daí que instituiram o cronômetro na cerimonia. Ela não está especialmente bem. O filme fala de uma familia inglesa e sua vida na segunda-guerra. Wyler foi um grande diretor e há uma cena de gênio: um bombardeio com a familia assustada num porão. Cena feita de explosões que não se vê e de rostos que nada dizem. Mas o filme tem problemas. Todos são bons demais e essa Inglaterra é completamente americana. Winston Churchil dizia que este filme salvara a Inglaterra. Seu sucesso despertou o interesse da América pela guerra ( quando lançado os EUA ainda não haviam se lançado à luta ). Se a importância de um filme se mede pelo impacto social, este é dos mais fortes. Mas é apenas um singelo filme pop tipico da MGM. Nota 6.
Estarrecedor. Vencedor do Oscar de filme estrangeiro, trata-se de uma obra-prima amarga. Através de angulos de câmera precisos e de um ritmo solene, o que assistimos é um retrato da vida em seu aspecto mais puro: a dor da fome e da quebra de um mundo. Samurais em tempo de paz são inuteis. Sem trabalho, passam fome, e envergonhados, pedem para que nobres os deixem praticar o harakiri em seus palácios. Um jovem é obrigado a se matar com espada de bambú, o que seria errado. Um outro samurai aparece para também se matar, mas antes conta sua história. A cena da morte por harakiri é bastante forte, aprendemos todo o ritual japonês. Mais terrível é a crítica social que há no filme, o harakiri como um modo de se eliminar guerreiros incômodos. Mas eles crêem nesse ritual e o seguem com exatidão. O filme tem a exibição de aspectos da vida que eram corajosamente mostrados pelo cinema japonês da época. O dilaceramento da carne e da alma exibidos em detalhes. Há uma cena em meio a bambuzal com vento que é uma das mais belas ( e terríveis ) cenas do cinema. Aqui Kobayashi atinge a perfeição. Nota DEZ.
O ZELADOR ANIMAL de Frank Coraci com Kevin James
O inominável. Kevin é um dos piores humoristas do mundo. Nota Zero Farenheit.
OS CAVALEIROS TEUTÔNICOS de Aleksander Ford
Clássico medieval do cinema polonês. Centra-se em jovem que promete amar jovem romântica. Isso entre inimigos, cavalos, prados imensos e espadas pesadas. Parece ser um grande filme, mas atenção: a versão existente em dvd é impossível de se ver. Desbotada, imagem encolhida, som ruim. Sem nota.
O REI DOS REIS de Nicholas Ray com Jeffrey Hunter e Robert Ryan
Ray conseguiu filmar a vida de Cristo sem nenhuma emoção. Na verdade ele se prende mais às intrigas da corte de Herodes e a João Batista. Hunter faz um Jesus Cristo banal, mas Ryan está muito bem como João. O filme frustrará aos cristãos e será indiferente aos descrentes. Nota 1.
A SOMBRA DA FORCA de Joseph Losey com Michael Redgrave
Um pai alcoólatra, recém saído de clinica, tem dois dias para salvar filho da forca. O filme, magistral, mostra toda a patética tentativa do pai. Ele esquece coisas, não percebe pistas, se enrola em ideias. Redgrave era um gênio. Faz um dos grandes viciados do cinema. E Losey sabia mostrar como ninguém a irreversibilidade do destino. Se o mal pode ocorrer, ele ocorrerá. Este filme tem um dos melhores finais já filmados. Tenso, triste, vazio, soberbo. Nota DEZ.
A GUERRA DE HART de Gregory Hoblit com Colin Farrell e Bruce Willis
Esquece. Tédio insurpotável. Nota ZERO.
O GATO DE BOTAS de Chris Miller
Não é um dos grandes desenhos do século de grandes desenhos. Mas é ok. O Gato é uma figuraça e os cenários são lindos. O roteiro se perde do meio para o fim, e conseguimos inclusive perceber erros absurdos. O personagem do Ovo estraga o filme. Nota 4.
MRS MINIVER ( ROSA DE ESPERANÇA) de William Wyler com Greer Garson, Walter Pidgeon e Teresa Wright
Garson discursou por uma hora ao ganhar o Oscar por este filme. Foi daí que instituiram o cronômetro na cerimonia. Ela não está especialmente bem. O filme fala de uma familia inglesa e sua vida na segunda-guerra. Wyler foi um grande diretor e há uma cena de gênio: um bombardeio com a familia assustada num porão. Cena feita de explosões que não se vê e de rostos que nada dizem. Mas o filme tem problemas. Todos são bons demais e essa Inglaterra é completamente americana. Winston Churchil dizia que este filme salvara a Inglaterra. Seu sucesso despertou o interesse da América pela guerra ( quando lançado os EUA ainda não haviam se lançado à luta ). Se a importância de um filme se mede pelo impacto social, este é dos mais fortes. Mas é apenas um singelo filme pop tipico da MGM. Nota 6.
A SOMBRA DA FORCA, JOSEPH LOSEY; PENA DE MORTE, COMUNISMO E ÁLCOOL
Quando a paranóia comunista tomou conta da América, logo após a segunda-guerra, um monte de gente pirou. No cinema a consequência foi a de que sumiram os filmes de consciência social, filmes que abundavam nos anos 30. Gente que fazia esse tipo de filme teve que se enquadrar. Alguns se recusaram e tiveram suas carreiras encerradas ou foram forçados a emigrar.
Um ator brilhante como John Garfield não aguentou a pressão e morreu do coração ainda jovem. Creia-me, John era indomável, um ator do estilo nervoso, que antecipou De Niro e Pacino. Outros nomes entraram na geladeira. A carreira se estagnou e ficaram anos no limbo. Gente como Elia Kazan e Edward Dymytrick preferiu se safar dedurando os colegas. Acabaram por pagar um preço também, Kazan passou o resto da vida a se justificar e Dymytrick simplesmente se afundou em banalidade. Era um diretor que prometia, após os depoimentos nunca mais se acertou.
E existiram aqueles que emigraram e que na emigração se fizeram grandes. Conseguiram renascer, renascer de tal modo que acabaram por se confundir com o país que adotaram. Jules Dassin já era em 1950 um maravilhoso diretor americano. Fazia um tipo de cinema másculo, de sombras e personagens malditos, filmes fatalistas, que nada envelheceram. Tendo de sair da América, Dassin se transformou em um dos mais interessantes diretores da Europa. Tanto que ainda hoje há quem pense ser ele um francês ou um grego. Pois foi na França e na Grécia que ele se radicou. Dirigiu alguns dos melhores filmes do mais forte período do cinema da Europa e se casou com a maior estrela do cinema grego.
Joseph Losey é um caso de igual força. Há quem tenha a certeza de que ele é inglês. Já dirigira alguns filmes nos EUA, mas é na Inglaterra que ele se afirma. Primeiro fazendo filmes como este A SOMBRA DA FORCA, e depois nos roteiros de Pinter ou de Tennessee Willians. Seu estilo é o do drama claustrofóbico. Os personagens penetram num tipo de labirinto sem solução e acabam por se perder para sempre. Este filme, com mais uma atuação de gênio de Michael Redgrave, trata de culpa, de alcoolismo, da força do dinheiro, da pena de morte, de pai e filho. Voce passa o filme esperando a redenção e ela não pode acontecer. O pai salva o filho, mas pagando um preço alto demais.
Redgrave mostra o patético do álcool sem jamais cair na comédia. Junto com o Richard Burton de A NOITE DO IGUANA, é o mais perfeito retrato de um viciado. Ele não consegue agir direito, ele não consegue pensar, ele tenta e tenta, mas esquece fatos, falha, se atrapalha. No rosto de Redgrave voce vê toda essa confusão dolorosa, um mapa de derrotas e de decepção.
O enredo é simples: um pai sai de clinica e visita o filho na prisão. O filho vai ser executado por assassinato. O pai vai tentar elucidar o crime em dois dias. Mas ele é um bêbado, o filho o odeia e nada parece o ajudar a chegar a verdade. Losey leva as cenas com absoluto controle. Nada de exageros, nada de choro, sem heroísmo ou humor. É quase uma radiografia gelada de uma agonia. Mas com toda essa precisão ele nos pega em cheio. Porque ele dá espaço para que um ator brilhe à vontade e para que a história corra em seu desenvolvimento dramático. O filme é curto, sem nada de sobra ou de menos. O pai bebe com raiva, adormece quando não devia, perde pistas, tenta raciocinar, se perde. Losey observa tudo com distãncia, sem se apiedar, isento.
Joseph Losey foi um grande diretor.
Um ator brilhante como John Garfield não aguentou a pressão e morreu do coração ainda jovem. Creia-me, John era indomável, um ator do estilo nervoso, que antecipou De Niro e Pacino. Outros nomes entraram na geladeira. A carreira se estagnou e ficaram anos no limbo. Gente como Elia Kazan e Edward Dymytrick preferiu se safar dedurando os colegas. Acabaram por pagar um preço também, Kazan passou o resto da vida a se justificar e Dymytrick simplesmente se afundou em banalidade. Era um diretor que prometia, após os depoimentos nunca mais se acertou.
E existiram aqueles que emigraram e que na emigração se fizeram grandes. Conseguiram renascer, renascer de tal modo que acabaram por se confundir com o país que adotaram. Jules Dassin já era em 1950 um maravilhoso diretor americano. Fazia um tipo de cinema másculo, de sombras e personagens malditos, filmes fatalistas, que nada envelheceram. Tendo de sair da América, Dassin se transformou em um dos mais interessantes diretores da Europa. Tanto que ainda hoje há quem pense ser ele um francês ou um grego. Pois foi na França e na Grécia que ele se radicou. Dirigiu alguns dos melhores filmes do mais forte período do cinema da Europa e se casou com a maior estrela do cinema grego.
Joseph Losey é um caso de igual força. Há quem tenha a certeza de que ele é inglês. Já dirigira alguns filmes nos EUA, mas é na Inglaterra que ele se afirma. Primeiro fazendo filmes como este A SOMBRA DA FORCA, e depois nos roteiros de Pinter ou de Tennessee Willians. Seu estilo é o do drama claustrofóbico. Os personagens penetram num tipo de labirinto sem solução e acabam por se perder para sempre. Este filme, com mais uma atuação de gênio de Michael Redgrave, trata de culpa, de alcoolismo, da força do dinheiro, da pena de morte, de pai e filho. Voce passa o filme esperando a redenção e ela não pode acontecer. O pai salva o filho, mas pagando um preço alto demais.
Redgrave mostra o patético do álcool sem jamais cair na comédia. Junto com o Richard Burton de A NOITE DO IGUANA, é o mais perfeito retrato de um viciado. Ele não consegue agir direito, ele não consegue pensar, ele tenta e tenta, mas esquece fatos, falha, se atrapalha. No rosto de Redgrave voce vê toda essa confusão dolorosa, um mapa de derrotas e de decepção.
O enredo é simples: um pai sai de clinica e visita o filho na prisão. O filho vai ser executado por assassinato. O pai vai tentar elucidar o crime em dois dias. Mas ele é um bêbado, o filho o odeia e nada parece o ajudar a chegar a verdade. Losey leva as cenas com absoluto controle. Nada de exageros, nada de choro, sem heroísmo ou humor. É quase uma radiografia gelada de uma agonia. Mas com toda essa precisão ele nos pega em cheio. Porque ele dá espaço para que um ator brilhe à vontade e para que a história corra em seu desenvolvimento dramático. O filme é curto, sem nada de sobra ou de menos. O pai bebe com raiva, adormece quando não devia, perde pistas, tenta raciocinar, se perde. Losey observa tudo com distãncia, sem se apiedar, isento.
Joseph Losey foi um grande diretor.
LEAN/ FREARS/ MALKOVICH/ LANG/ WOODY ALLEN/ POLLACK/ MERYL STREEP
UM GATO EM PARIS de Felidoli e Bagnol
Melancólico. As crianças que assistirem esse desenho terão péssimas lembranças. Tem uma menina meia-muda que está deprê por causa da mãe, tem um ladrão de jóias meio down, tem um gato cool...Os traços do desenho são simples, esquisitos, feios. Este desenho parece servir apenas para preparar as crianças para os filmes que assistirão em sua vida adulta. Argh! Nota Zero.
ADEUS, PRIMEIRO AMOR de Mia Hansen-Love
A jovem diretora francesa diz em entrevistas que Truffaut e Rhomer são seus mestres. De Rhomer não há nada em seu filme, de Truffaut há muito: delicadesa nas imagens, suavidade na edição, interesse genuíno pelos sentimentos. Na história simples e dolorida de um amor adolescente ( inocente ), há a constatação de que bom cinema é ainda possível. Bonito. Nota 7.
LAWRENCE DA ARÁBIA de David Lean com Peter O'Toole, Omar Shariff, Alec Guiness, Anthony Quinn, Jack Hawkins
Qual o segredo de Lean? Este filme tinha tudo pra dar errado: um herói antipático, um enredo que fala de um momento histórico que poucos conhecem, excesso de metragem, pouca ação para um filme pop e caro. E milagrosamente tudo deu certo: o herói se faz um enigma, o roteiro diz o que quer com clareza, a duração do filme parece a exata, e a ação é percebida como ação-interior. Sucesso de público, sucesso de crítica, sucesso de premiação. A união de arte e entretenimento. A beleza plástica e boas atuações. Peter O'Toole era um desconhecido, aqui se tornou uma estrela ( e esse é outro procedimento que graças a Lawrence se tornou uma regra, fazer uma super produção com vasto elenco de astros, mas colocando um novato promissor no centro ), sua atuação é multi-facetada, complexa, por mais que o vejamos, menos o entendemos. Peter seria sempre um ator especialista em homens divididos, um grande ator. Nota MIL.
AS LIGAÇÕES PERIGOSAS de Stephen Frears com Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer, Uma Thurman, Keanu Reeves
A trilha sonora de George Fenton é feita de belas fugas. A fotografia é do melhor fotógrafo de cinema dos últimos vinte anos, Philippe Rousselot, e o roteiro de Christopher Hampton ganhou todos os prêmios em todos os festivais. Este filme concorreu a vários Oscars, mas era o ano de Rain Man... De qualquer modo, revendo-o agora, após tanto tempo, seu impacto fica bastante diminuído. Em 1989 o considerei fascinante, hoje, após tantas obras-primas vistas em dvd, me parece apenas um bom filme. Glenn Close está maravilhosa em sua maldade, e na hora em que sente ciúmes, a transformação em seu rosto é fantástica. Malkovich não está tão bom. Seus olhos passam maldade, obsessão, mas não possuem a sedução que Valmont deve transparecer. Falta-lhe sexo envolvente, absorvente, o sexo que ele promete é frio e desinteressante. Michelle nunca foi tão bela ( poucas mulheres foram tão bonitas de um modo tão inocente ). O roteiro se baseia no famoso livro de Choderlos de Laclos, a história de um sedutor que é seduzido ( no livro, que é uma obra-prima, Valmont é muito mais cruel ), é o século XVIII, era de hiper racionalismo cínico, Valmont e sua amiga se divertem em seduzir e destruir. Stephen Frears continua a ser um dos mais interessantes dos diretores. Após este seu sucesso, ele voltaria ás produções pequenas ( por escolha pessoal ) e nos daria Os Imorais e Alta Fidelidade. Mas seu melhor filme é ainda The Hit, com Terence Stamp e John Hurt. Nota 7.
O SEGREDO ATRÁS DA PORTA de Fritz Lang com Joan Bennett e Michael Redgrave
Uma milionária se casa com homem misterioso e passa a temer esse mesmo homem. Ele será um assassino? Este filme de suspense, que lembra dois ou três filmes de Hitchcock, não dá certo por vários motivos, os principais sendo o fraco roteiro e o desinteresse de Michael Redgrave. Ele é um excelente ator, às vezes mais que excelente, mas aqui dá pra perceber seu ar de tédio e sua expressão de sono. Joan se empenha, mas a mulher que ela faz é um cliché. Lang, é até ridiculo dizer, foi um dos grandes do cinema. Mas teve uma longa e irregular carreira. Ele era capaz de fazer uma obra-prima em janeiro e um lixo indesculpável em dezembro. Este não é um lixo, dá para se assistir até com algum prazer, mas não faz justiça a quem nele trabalhou. Nota 5.
DESCONSTRUINDO HARRY de Woody Allen com Woody e mais Judy Davis, Billy Cristal, Tobey Maguire, Elizabeth Shue, Demi Moore, Paul Giamatti e Kirstie Alley
Quando o vi pela primeira vez, adorei. Mas ele não resiste a uma revisão. É enfadonho ( sou fã de Woody Allen, é triste dizer que ele é chato ), irritante até. Isso porque Allen nunca fez um "Woody Allen" tão sem graça. Ele passa do ponto e a história desse pequeno Dom Juan se torna um tipo de auto-elogio a uma alma atormentada. Quando ao final ele descobre que o culpado por seus fracassos afetivos não era ele, mas elas, a sensação que temos é de engodo. Ele era o culpado sim. Passamos hora e meia na companhia de um ser extremamente egoísta que nos entope com suas confissões nada interessantes. O pior lado de Woody Allen se mostra aqui: um hiper-narcisista que usa o cinema como sala de analista. Não me interessa sua dor, seu pessimismo. A familia que ele critica é um tiro pela culatra, eles parecem mais interessantes que ele mesmo. A relação com Shue chega a ser constrangedora. Judy Davis, grande atriz australiana, tenta e consegue dar vida ao fiapo de papel que lhe deram. Ela deveria ser Harry. Fujam!!!!! Nota 2.
OUT OF AFRICA ( ENTRE DOIS AMORES ) de Sydney Pollack com Meryl Streep e Robert Redford
Os primeiros dez minutos anunciam uma obra-prima que ele não é. Nessas primeiras cenas há poesia e sentimento. Assim como no excelente final, digno de um grande filme. Mas as duas horas e meia que recheiam esses dois ótimos extremos, são "quase" grande cinema. Apesar de ter ganho um caminhão de prêmios, e de ter levado milhões de adultos ao cinema, Pollack erra em sua tentativa de fazer um filme à "David Lean". Pollack usa todos os ingredientes de Lean: uma longa história passada em lugar misterioso e exótico, ótimos atores, belíssima fotografia e trilha sonora grandiosa. Pontua tudo com cenas típicas de Lean, sol se pondo, um rio, um trem que passa. Mas porque, mesmo seguindo a receita, este filme nunca parece ser de David Lean? Qual o segredo de Sir David? Coragem. Pollack teme ser pouco pop e corta onde Lean deixaria alongar e alonga cenas que Lean cortaria. Quando Lean exibe uma paisagem ele se deixa relaxar, usufrui a beleza, nos faz entrar no filme. Pollack mostra a paisagem como quem exclama: -Olhem que bonito! E corta. Já Pollack estica diálogos sem interesse, cenas que Lean sempre interrompe para mostrar a vida lá fora. Bem...Pollack levou seu Oscar com este filme. Filme que se deixa ver, baseado em livro da grande Isak Dinesen, livro que conta sua experiência de plantadora de café na África. Meryl faz bem a escritora, mas há uma qualidade em Meryl que nunca mudou, a frieza. Admiramos Meryl Streep, não amamos. Redford é um caçador amigo e amante, homem radicalmente livre que adora ouvir as histórias que Dinesen lhe conta. Ele é a melhor coisa do filme. Redford é sempre bom de se ter numa produção. Nota 6.
Melancólico. As crianças que assistirem esse desenho terão péssimas lembranças. Tem uma menina meia-muda que está deprê por causa da mãe, tem um ladrão de jóias meio down, tem um gato cool...Os traços do desenho são simples, esquisitos, feios. Este desenho parece servir apenas para preparar as crianças para os filmes que assistirão em sua vida adulta. Argh! Nota Zero.
ADEUS, PRIMEIRO AMOR de Mia Hansen-Love
A jovem diretora francesa diz em entrevistas que Truffaut e Rhomer são seus mestres. De Rhomer não há nada em seu filme, de Truffaut há muito: delicadesa nas imagens, suavidade na edição, interesse genuíno pelos sentimentos. Na história simples e dolorida de um amor adolescente ( inocente ), há a constatação de que bom cinema é ainda possível. Bonito. Nota 7.
LAWRENCE DA ARÁBIA de David Lean com Peter O'Toole, Omar Shariff, Alec Guiness, Anthony Quinn, Jack Hawkins
Qual o segredo de Lean? Este filme tinha tudo pra dar errado: um herói antipático, um enredo que fala de um momento histórico que poucos conhecem, excesso de metragem, pouca ação para um filme pop e caro. E milagrosamente tudo deu certo: o herói se faz um enigma, o roteiro diz o que quer com clareza, a duração do filme parece a exata, e a ação é percebida como ação-interior. Sucesso de público, sucesso de crítica, sucesso de premiação. A união de arte e entretenimento. A beleza plástica e boas atuações. Peter O'Toole era um desconhecido, aqui se tornou uma estrela ( e esse é outro procedimento que graças a Lawrence se tornou uma regra, fazer uma super produção com vasto elenco de astros, mas colocando um novato promissor no centro ), sua atuação é multi-facetada, complexa, por mais que o vejamos, menos o entendemos. Peter seria sempre um ator especialista em homens divididos, um grande ator. Nota MIL.
AS LIGAÇÕES PERIGOSAS de Stephen Frears com Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer, Uma Thurman, Keanu Reeves
A trilha sonora de George Fenton é feita de belas fugas. A fotografia é do melhor fotógrafo de cinema dos últimos vinte anos, Philippe Rousselot, e o roteiro de Christopher Hampton ganhou todos os prêmios em todos os festivais. Este filme concorreu a vários Oscars, mas era o ano de Rain Man... De qualquer modo, revendo-o agora, após tanto tempo, seu impacto fica bastante diminuído. Em 1989 o considerei fascinante, hoje, após tantas obras-primas vistas em dvd, me parece apenas um bom filme. Glenn Close está maravilhosa em sua maldade, e na hora em que sente ciúmes, a transformação em seu rosto é fantástica. Malkovich não está tão bom. Seus olhos passam maldade, obsessão, mas não possuem a sedução que Valmont deve transparecer. Falta-lhe sexo envolvente, absorvente, o sexo que ele promete é frio e desinteressante. Michelle nunca foi tão bela ( poucas mulheres foram tão bonitas de um modo tão inocente ). O roteiro se baseia no famoso livro de Choderlos de Laclos, a história de um sedutor que é seduzido ( no livro, que é uma obra-prima, Valmont é muito mais cruel ), é o século XVIII, era de hiper racionalismo cínico, Valmont e sua amiga se divertem em seduzir e destruir. Stephen Frears continua a ser um dos mais interessantes dos diretores. Após este seu sucesso, ele voltaria ás produções pequenas ( por escolha pessoal ) e nos daria Os Imorais e Alta Fidelidade. Mas seu melhor filme é ainda The Hit, com Terence Stamp e John Hurt. Nota 7.
O SEGREDO ATRÁS DA PORTA de Fritz Lang com Joan Bennett e Michael Redgrave
Uma milionária se casa com homem misterioso e passa a temer esse mesmo homem. Ele será um assassino? Este filme de suspense, que lembra dois ou três filmes de Hitchcock, não dá certo por vários motivos, os principais sendo o fraco roteiro e o desinteresse de Michael Redgrave. Ele é um excelente ator, às vezes mais que excelente, mas aqui dá pra perceber seu ar de tédio e sua expressão de sono. Joan se empenha, mas a mulher que ela faz é um cliché. Lang, é até ridiculo dizer, foi um dos grandes do cinema. Mas teve uma longa e irregular carreira. Ele era capaz de fazer uma obra-prima em janeiro e um lixo indesculpável em dezembro. Este não é um lixo, dá para se assistir até com algum prazer, mas não faz justiça a quem nele trabalhou. Nota 5.
DESCONSTRUINDO HARRY de Woody Allen com Woody e mais Judy Davis, Billy Cristal, Tobey Maguire, Elizabeth Shue, Demi Moore, Paul Giamatti e Kirstie Alley
Quando o vi pela primeira vez, adorei. Mas ele não resiste a uma revisão. É enfadonho ( sou fã de Woody Allen, é triste dizer que ele é chato ), irritante até. Isso porque Allen nunca fez um "Woody Allen" tão sem graça. Ele passa do ponto e a história desse pequeno Dom Juan se torna um tipo de auto-elogio a uma alma atormentada. Quando ao final ele descobre que o culpado por seus fracassos afetivos não era ele, mas elas, a sensação que temos é de engodo. Ele era o culpado sim. Passamos hora e meia na companhia de um ser extremamente egoísta que nos entope com suas confissões nada interessantes. O pior lado de Woody Allen se mostra aqui: um hiper-narcisista que usa o cinema como sala de analista. Não me interessa sua dor, seu pessimismo. A familia que ele critica é um tiro pela culatra, eles parecem mais interessantes que ele mesmo. A relação com Shue chega a ser constrangedora. Judy Davis, grande atriz australiana, tenta e consegue dar vida ao fiapo de papel que lhe deram. Ela deveria ser Harry. Fujam!!!!! Nota 2.
OUT OF AFRICA ( ENTRE DOIS AMORES ) de Sydney Pollack com Meryl Streep e Robert Redford
Os primeiros dez minutos anunciam uma obra-prima que ele não é. Nessas primeiras cenas há poesia e sentimento. Assim como no excelente final, digno de um grande filme. Mas as duas horas e meia que recheiam esses dois ótimos extremos, são "quase" grande cinema. Apesar de ter ganho um caminhão de prêmios, e de ter levado milhões de adultos ao cinema, Pollack erra em sua tentativa de fazer um filme à "David Lean". Pollack usa todos os ingredientes de Lean: uma longa história passada em lugar misterioso e exótico, ótimos atores, belíssima fotografia e trilha sonora grandiosa. Pontua tudo com cenas típicas de Lean, sol se pondo, um rio, um trem que passa. Mas porque, mesmo seguindo a receita, este filme nunca parece ser de David Lean? Qual o segredo de Sir David? Coragem. Pollack teme ser pouco pop e corta onde Lean deixaria alongar e alonga cenas que Lean cortaria. Quando Lean exibe uma paisagem ele se deixa relaxar, usufrui a beleza, nos faz entrar no filme. Pollack mostra a paisagem como quem exclama: -Olhem que bonito! E corta. Já Pollack estica diálogos sem interesse, cenas que Lean sempre interrompe para mostrar a vida lá fora. Bem...Pollack levou seu Oscar com este filme. Filme que se deixa ver, baseado em livro da grande Isak Dinesen, livro que conta sua experiência de plantadora de café na África. Meryl faz bem a escritora, mas há uma qualidade em Meryl que nunca mudou, a frieza. Admiramos Meryl Streep, não amamos. Redford é um caçador amigo e amante, homem radicalmente livre que adora ouvir as histórias que Dinesen lhe conta. Ele é a melhor coisa do filme. Redford é sempre bom de se ter numa produção. Nota 6.
RENÉ CLEMENT/ HITCHCOCK/ DELON/ BECKER/ KUROSAWA
Semana de clássicos. Aí estão eles....
O SOL POR TESTEMUNHA de René Clement com Alain Delon, Marie Laforêt e Maurice Ronet
Tom Ripley, gatuno de extrema dubiedade criado por Patricia Highsmith, escritora de extremo talento, tem aqui seu retrato definitivo. Matt Damon e John Malkovich também o interpretaram, mas Delon bota os dois no bolso. Damon era bobo demais, fez um Ripley pouco sedutor; Malkovich lhe deu um excesso de perturbação, levou-o a condição de psico; Delon está no ponto certo: alheio a si-mesmo, sedutor delicado, elegantemente cruel. Ripley é o proletário invejoso, falso amigo, que deve levar o playboy Greenleaf, de volta a sua familia. Ripley irá matá-lo e assumir seu lugar. O filme de Minghela era 100% novo rico: tentava ser elegante ostentando dinheiro. Aqui, na absurdamente elegante Itália de 1959, temos o máximo de glamour sofisticado sem nada de brega ou ostensivo. Nas lindas casas de praia, nos objetos de decoração e nas roupas dos personagens temos uma aula de como ser elegante ao infinito. Roma de vias cheias de gente flanando, de mesas à calçada, sol e alegria, troppo bella! O filme, hitchcockiano, prende nossa atenção não só por seu estilo visual ( foto brilhante de Henri Decae ) ou a trilha sonora impecável de Nino Rota; nos prende pela trama sem furos, pelo suspense constante, pelo prazer que temos em observar a esperteza em ação. E pela face de Delon, usando seu dom de parecer sempre perverso e ao mesmo tempo desamparado. O filme tem ainda um dos melhores finais da história: uma construção de climax e de surpresa digna de Hitch. Um final inesquecível em sua ironia e crueldade. Filme atemporal, belo de se ver e intensamente absorvente, é mais um acerto do multi-premiado Clement, diretor de 3 obras-primas eternas. Para ver e rever. Nota Dez.
JAMAICA INN de Alfred Hitchcock com Charles Laughton e Maureen O'Hara
Um nobre inglês do século XVIII é secretamente um contrabandista. Já contratado por Selznick e aguardando sua mudança para a América, o mestre inglês fez este filme às pressas em clima muito ruim. É de seus filmes menos interessantes ( em que pese a excelencia do elenco ). Uma pena... Nota 4
CORRESPONDENTE ESTRANGEIRO de Alfred Hitchcock com Joel McCrea, Laraine Day, George Sanders e Herbert Marshall
Muito bom filme do mestre. Joel é um repórter americano enviado a Europa para fazer matéria sobre o inicio da guerra. Lá se envolve em trama de espionagem. O filme tem várias cenas sensacionais. Aquela do moinho talvez seja a mais famosa ( mas não a melhor ). O mérito do filme é o de jamais parar, a ação corre todo o tempo, fatos sobre fatos, nada muito lógico, mas quem pede lógica em filme de Hitchcock? O que importa é o clima, a condução de nossa atenção, o brinquedo maravilhoso que é o cinema. Um belo filme! E como é bom ver George Sanders atuar! Nota 7.
A DAMA OCULTA de Alfred Hitchcock com Michael Redgrave e Margaret Lockwood
Fato: este é um dos filmes mais famosos de Hitch. Grande sucesso de sua fase inglesa. Uma velhinha desaparece num trem. Uma moça sabe de seu desaparecimento, mas ninguém crê na existência de tal velhinha. O tema da paronóia à Hitchcock. O filme é delicioso! Filmes em trens sempre são divertidos e este talvez seja o melhor. Lockwood é de uma beleza arrebatadora ( e simples ) e Redgrave ( que é a cara de sua filha, Vanessa ) dá classe e humor ao todo. Puro fun, escapista e rápido, Hitch se diverte e nos diverte muito. Nota 8.
REBECCA de Alfred Hitchcock com Laurence Olivier e Joan Fontaine
O poderoso produtor de ...E O Vento Levou, David Selznick, importou Hotchcock da Inglaterra para fazer este filme. Alfred acabaria voltando à sua terra só em 1972. Este filme, imenso sucesso, é hiper-romantico, gótico, e só se torna 100% Hitchcock nos momentos finais. Mas é um belo filme! Conta a história de um trilionário viúvo que se casa com a simplória mocinha feita por uma exagerada Fontaine. Mas esse casamento será aterrorizado pela lembrança da ex-esposa Rebecca e por uma governanta ( Judith Anderson em ótima atuação ). Joan Fontaine, em que pese sua frágil beleza, tem uma atuação quase caricata. Vê-la ao lado do equilibrado Olivier chega a ser cruel. Ele faz do personagem central uma aula de como ser romantico e econômico ao mesmo tempo. Mas Fontaine comporta-se como em ópera, exagera tudo. Fora isso ( e na época a atuação dela foi elogiada e a dele não ), o filme é digno de seu sucesso. O assistimos com uma estranha sensação de sonho. Todo ele se parece com uma ilusão gótica, mofada, feiticeira. É o menos Hitchcockiano dos filmes americanos do mestre, mas como cinema é obra de competência esmerada. Gigantesco e plenamente bem realizado. Nota 8.
GRISBI, OURO MALDITO de Jacques Becker com Jean Gabin
Jacques Becker... que grande diretor! Eis este filme: um velho gangster quer se aposentar. Um último golpe será tentado. Dará certo? O filme é muito mais: quando Becker dá um close em Gabin, vendo show de strip, vemos a imensa magnitude do filme: é sobre a morte. Gabin está cansado, nada lhe resta a não ser se retirar. Mais: Ele tenta ser nobre em meio ao lixo. Mais: Becker e Gabin sabiam que seu tempo se esgotava, fizeram filme que é ode genial ao fim. Uma elegia. Visualmente o filme é riquíssimo. Boates, aptos, carros, fumaça e putas. Muita grana fácil. Jean Gabin, o mais famoso ator francês, está em seu maior momento. Nunca seu rosto estóico foi tão frio e deseperançado. Becker, diretor dos mais viris, leva tudo com precisão absoluta, o filme não tem erros e não tem nenhum truque. Nada nele tenta ser simpático. O filme é como aquilo que retrata, eis o segredo da perfeição em cinema: dirigir ao estilo do seu tema. Filme fantástico! E além de tudo é dos mais jazz- films já feitos! Nota DEZ!
MAD LOVE de Karl Freund com Peter Lorre
Freund foi grande fotógrafo alemão, mas este filme ( famoso ) de terror é falho, muito falho. Nada a dizer sobre o médico doido que troca as mãos de pianista pelas de um assassino. Lorre está assustador, sempre foi grande. Mas o roteiro é bobo. Nota 2.
OS SETE SAMURAIS de Akira Kurosawa com Takashi Shimura e Toshiro Mifune
Crítica abaixo. Um dos mais famosos e endeusados filmes da história do cinema. Funde arte e diversão à perfeição. Muito ambicioso, ele mudou a história do filmes de ação. Obrigatório para quem deseja conhecer o que seja Um Filme. Que nota dar? DEZ!
A ILHA DO TESOURO de Byron Haskin com Bobby Driscoll e Robert Newton
O primeiro filme ( não desenho ) da Disney ( 1950 ). A Ilha do Tesouro de Stevenson foi meu primeiro livro. Lido ao sol, aos 9 anos de idade. O filme é digno desse livro: bonito e cheio de bons momentos. A fotografia de Freddie Young é lindíssima. Uma bela Sessão da Tarde. Nota 7.
O SOL POR TESTEMUNHA de René Clement com Alain Delon, Marie Laforêt e Maurice Ronet
Tom Ripley, gatuno de extrema dubiedade criado por Patricia Highsmith, escritora de extremo talento, tem aqui seu retrato definitivo. Matt Damon e John Malkovich também o interpretaram, mas Delon bota os dois no bolso. Damon era bobo demais, fez um Ripley pouco sedutor; Malkovich lhe deu um excesso de perturbação, levou-o a condição de psico; Delon está no ponto certo: alheio a si-mesmo, sedutor delicado, elegantemente cruel. Ripley é o proletário invejoso, falso amigo, que deve levar o playboy Greenleaf, de volta a sua familia. Ripley irá matá-lo e assumir seu lugar. O filme de Minghela era 100% novo rico: tentava ser elegante ostentando dinheiro. Aqui, na absurdamente elegante Itália de 1959, temos o máximo de glamour sofisticado sem nada de brega ou ostensivo. Nas lindas casas de praia, nos objetos de decoração e nas roupas dos personagens temos uma aula de como ser elegante ao infinito. Roma de vias cheias de gente flanando, de mesas à calçada, sol e alegria, troppo bella! O filme, hitchcockiano, prende nossa atenção não só por seu estilo visual ( foto brilhante de Henri Decae ) ou a trilha sonora impecável de Nino Rota; nos prende pela trama sem furos, pelo suspense constante, pelo prazer que temos em observar a esperteza em ação. E pela face de Delon, usando seu dom de parecer sempre perverso e ao mesmo tempo desamparado. O filme tem ainda um dos melhores finais da história: uma construção de climax e de surpresa digna de Hitch. Um final inesquecível em sua ironia e crueldade. Filme atemporal, belo de se ver e intensamente absorvente, é mais um acerto do multi-premiado Clement, diretor de 3 obras-primas eternas. Para ver e rever. Nota Dez.
JAMAICA INN de Alfred Hitchcock com Charles Laughton e Maureen O'Hara
Um nobre inglês do século XVIII é secretamente um contrabandista. Já contratado por Selznick e aguardando sua mudança para a América, o mestre inglês fez este filme às pressas em clima muito ruim. É de seus filmes menos interessantes ( em que pese a excelencia do elenco ). Uma pena... Nota 4
CORRESPONDENTE ESTRANGEIRO de Alfred Hitchcock com Joel McCrea, Laraine Day, George Sanders e Herbert Marshall
Muito bom filme do mestre. Joel é um repórter americano enviado a Europa para fazer matéria sobre o inicio da guerra. Lá se envolve em trama de espionagem. O filme tem várias cenas sensacionais. Aquela do moinho talvez seja a mais famosa ( mas não a melhor ). O mérito do filme é o de jamais parar, a ação corre todo o tempo, fatos sobre fatos, nada muito lógico, mas quem pede lógica em filme de Hitchcock? O que importa é o clima, a condução de nossa atenção, o brinquedo maravilhoso que é o cinema. Um belo filme! E como é bom ver George Sanders atuar! Nota 7.
A DAMA OCULTA de Alfred Hitchcock com Michael Redgrave e Margaret Lockwood
Fato: este é um dos filmes mais famosos de Hitch. Grande sucesso de sua fase inglesa. Uma velhinha desaparece num trem. Uma moça sabe de seu desaparecimento, mas ninguém crê na existência de tal velhinha. O tema da paronóia à Hitchcock. O filme é delicioso! Filmes em trens sempre são divertidos e este talvez seja o melhor. Lockwood é de uma beleza arrebatadora ( e simples ) e Redgrave ( que é a cara de sua filha, Vanessa ) dá classe e humor ao todo. Puro fun, escapista e rápido, Hitch se diverte e nos diverte muito. Nota 8.
REBECCA de Alfred Hitchcock com Laurence Olivier e Joan Fontaine
O poderoso produtor de ...E O Vento Levou, David Selznick, importou Hotchcock da Inglaterra para fazer este filme. Alfred acabaria voltando à sua terra só em 1972. Este filme, imenso sucesso, é hiper-romantico, gótico, e só se torna 100% Hitchcock nos momentos finais. Mas é um belo filme! Conta a história de um trilionário viúvo que se casa com a simplória mocinha feita por uma exagerada Fontaine. Mas esse casamento será aterrorizado pela lembrança da ex-esposa Rebecca e por uma governanta ( Judith Anderson em ótima atuação ). Joan Fontaine, em que pese sua frágil beleza, tem uma atuação quase caricata. Vê-la ao lado do equilibrado Olivier chega a ser cruel. Ele faz do personagem central uma aula de como ser romantico e econômico ao mesmo tempo. Mas Fontaine comporta-se como em ópera, exagera tudo. Fora isso ( e na época a atuação dela foi elogiada e a dele não ), o filme é digno de seu sucesso. O assistimos com uma estranha sensação de sonho. Todo ele se parece com uma ilusão gótica, mofada, feiticeira. É o menos Hitchcockiano dos filmes americanos do mestre, mas como cinema é obra de competência esmerada. Gigantesco e plenamente bem realizado. Nota 8.
GRISBI, OURO MALDITO de Jacques Becker com Jean Gabin
Jacques Becker... que grande diretor! Eis este filme: um velho gangster quer se aposentar. Um último golpe será tentado. Dará certo? O filme é muito mais: quando Becker dá um close em Gabin, vendo show de strip, vemos a imensa magnitude do filme: é sobre a morte. Gabin está cansado, nada lhe resta a não ser se retirar. Mais: Ele tenta ser nobre em meio ao lixo. Mais: Becker e Gabin sabiam que seu tempo se esgotava, fizeram filme que é ode genial ao fim. Uma elegia. Visualmente o filme é riquíssimo. Boates, aptos, carros, fumaça e putas. Muita grana fácil. Jean Gabin, o mais famoso ator francês, está em seu maior momento. Nunca seu rosto estóico foi tão frio e deseperançado. Becker, diretor dos mais viris, leva tudo com precisão absoluta, o filme não tem erros e não tem nenhum truque. Nada nele tenta ser simpático. O filme é como aquilo que retrata, eis o segredo da perfeição em cinema: dirigir ao estilo do seu tema. Filme fantástico! E além de tudo é dos mais jazz- films já feitos! Nota DEZ!
MAD LOVE de Karl Freund com Peter Lorre
Freund foi grande fotógrafo alemão, mas este filme ( famoso ) de terror é falho, muito falho. Nada a dizer sobre o médico doido que troca as mãos de pianista pelas de um assassino. Lorre está assustador, sempre foi grande. Mas o roteiro é bobo. Nota 2.
OS SETE SAMURAIS de Akira Kurosawa com Takashi Shimura e Toshiro Mifune
Crítica abaixo. Um dos mais famosos e endeusados filmes da história do cinema. Funde arte e diversão à perfeição. Muito ambicioso, ele mudou a história do filmes de ação. Obrigatório para quem deseja conhecer o que seja Um Filme. Que nota dar? DEZ!
A ILHA DO TESOURO de Byron Haskin com Bobby Driscoll e Robert Newton
O primeiro filme ( não desenho ) da Disney ( 1950 ). A Ilha do Tesouro de Stevenson foi meu primeiro livro. Lido ao sol, aos 9 anos de idade. O filme é digno desse livro: bonito e cheio de bons momentos. A fotografia de Freddie Young é lindíssima. Uma bela Sessão da Tarde. Nota 7.
UM PRESENTE PARA MEUS AMIGOS
Me recordo de ser muito, muito jovem, e de ler em algum jornal as lembranças de Paulo Francis sobre seus tempos em Londres. O privilégio de ter estado lá, no auge do teatro inglês. Mais tarde em minha vida li a bio de Peter Brook e de Olivier e depois os comentários de Tynan.
Bem meus amigos, aí estão os quatro monstros sagrados da lingua inglesa. Olivier, Gielgud, Richardson e Redgrave. Olivier era o mais versátil, Gielgud o de melhor voz, Richardson o menos pretensioso e Redgrave o mais elegante. Podem olhar e se extasiar com Olivier em Hamlet, Gielgud recitando Shakespeare, Richardson com Keats, e meu momento favorito em atuação masculina no cinema: Michael Redgrave em The Browning Version. Nosso tempo de vulgaridade e de efemeridade tem esse consolo: momentos de gênio preservados para sempre ( mas haverá quem os possa apreciar nesse "para sempre"? ).
Acredite-me, voce é um privilegiado por poder ver estes quatro momentos. Aprecie sem moderação nenhuma.
Ps: Se esses são para Francis os quatro gigantes, ele também escrevia naquele dia distante sobre os peso leve. Atores britânicos de grande talento, mas não geniais: Alec Guiness, James Mason, Rex Harrison e Peter O"Toole. Videos deles em breve.
Bem meus amigos, aí estão os quatro monstros sagrados da lingua inglesa. Olivier, Gielgud, Richardson e Redgrave. Olivier era o mais versátil, Gielgud o de melhor voz, Richardson o menos pretensioso e Redgrave o mais elegante. Podem olhar e se extasiar com Olivier em Hamlet, Gielgud recitando Shakespeare, Richardson com Keats, e meu momento favorito em atuação masculina no cinema: Michael Redgrave em The Browning Version. Nosso tempo de vulgaridade e de efemeridade tem esse consolo: momentos de gênio preservados para sempre ( mas haverá quem os possa apreciar nesse "para sempre"? ).
Acredite-me, voce é um privilegiado por poder ver estes quatro momentos. Aprecie sem moderação nenhuma.
Ps: Se esses são para Francis os quatro gigantes, ele também escrevia naquele dia distante sobre os peso leve. Atores britânicos de grande talento, mas não geniais: Alec Guiness, James Mason, Rex Harrison e Peter O"Toole. Videos deles em breve.
JEAN BECKER/ASQUITH/BERGMAN/BOGART/SOLARIS
CONVERSAS COM MEU JARDINEIRO de Jean Becker com Daniel Auteill
Becker, filho do grande Jacques Becker, é um dos bons diretores franceses atuais ( apesar de já veterano ). Aqui ele mostra uma linda história sobre amizade. Um pintor bem sucedido, pensa em reformar sua horta. Chama um jardineiro, que é, para sua surpresa, um antigo colega de escola. Amor, família, vida. Tudo é falado e vivido pelos dois. O filme jamais se torna chato. Ele flui, leve, colorido, saudável, bonito. Muito bom. nota 7.
O AMOR EM CINCO TEMPOS de François Ozon com Valeria Bruni-Tedeschi
Cansei de Ozon. Seu cinema frio, analítico, me entedia. Um saco este chatíssimo drama. Que me interessa a vida de dois malas que nada têm a dizer ? nota zero.
NUNCA TE AMEI de Anthony Asquith com Michael Redgrave e Jean Kent
Foram 400 anos de teatro inglês para se atingir a excelência da atuação de Mr. Redgrave. Ele é um anti-"sociedade dos poetas mortos". Um professor chato, duro, amorfo. A cena em que sua fortaleza desmorona é de uma comovente verdade. Redgrave se reclina, lendo uma dedicatória, e chora de costas para a câmera. O choro não é teatral, é contido, doído, magistral. Um filme absolutamente perfeito, levado com nobresa pelo elegante Sir. Asquith. E com um ator que é um Mozart do palco e da tela. Inesquecível e obrigatório. nota Dez!!!!!
O TÚMULO VAZIO de Robert Wise com Boris Karloff e Bela Lugosi
Muito bom esse Wise. Em mais de trinta anos de carreira dirigiu musicais como West Side Story ou A Noviça Rebelde; e mais faroestes, policiais e um clássico como O Dia em que a Terra Parou. Este é seu segundo filme, um terror da RKO. Karloff está muito bem, compondo um fascinante vilão. nota 5.
HORAS DE TORMENTA de William Wyler com Humphrey Bogart e Frederic March
Na velha Hollywood, quatro diretores eram todo-poderosos : George Stevens, Frank Capra, John Ford e principalmente William Wyler. Um diretor considerado até hoje o mais " capaz" da história. O que significa esse "capaz" ? Que Wyler nunca errava. Jamais alguém poderia chamá-lo de gênio, ou de ousado; mas ele era a certeza de fluidez, competencia e muita inteligência. Ele sabia fazer, sabia dirigir atores, sabia narrar. Conquistou três prêmios de direção e mais seis indicações não premiadas. Dirigiu de tudo : musical, western, filme noir, romance de fadas, filme de arte, de tribunal, comédia maluca, filme de guerra. De Ben-Hur à Princesa e o Plebeu. Sempre acertando. Este é de seus últimos filmes. Bogart é um muito desagradável bandido. Invade uma casa e mantém a família como refém. O filme é um duelo entre Bogey e o chefe da casa-March. Um filme tenso, rico em desdobramentos e que flui com rapidez. Um tipo de filme de Scorsese antes do tempo. Muito, muito imitado. Nota 8.
JUVENTUDE de Ingmar Bergman com Maj-Britt Nilsson
É impressionantemente o décimo filme de Bergman. Aos 30 anos!!!!! Bom tempo em que um diretor de trinta anos já dirigira dez filmes... Ele considerava este seu primeiro trabalho "de verdade". É sua primeira obra-prima. E talvez, seu filme mais simples. Uma bailarina, aos 28 anos, sente-se pela primeira vez na vida, "velha". Ela viaja à uma ilha, onde recorda um amor que viveu aos 15 anos. O filme é sómente isso. Uma sessão de terapia onde vemos a bailarina tomar consciência de quem ela foi, é, e será para sempre. Mas é também, como Bergman sempre faz, muito mais. Trata-se de uma exposição. Mostra a vida dos adultos em contraste com os jovens. Uns, cínicos, cruéis, desesperançosos; e os jovens, leves, risonhos, apaixonados, crentes. As cenas de namoro entre o jovem casal são reais, graciosas, e maravilhosamente atuais ( o filme é de 1951, mas, que estranho, parece ser de 2009 ). Maj-Britt, mais uma das maravilhosas atrizes de Bergmann, linda-moderna-enfeitiçante, tem uma atuação natural, uma menina cheia de sexo, de encanto e de alegria. Mas seu rude amadurecimento nos corta a respiração, porque é exatamente como se dá com todos nós : um amadurecimento amargo, cruel e surpreendente. Tudo que Bergman faria depois já se encontra aqui : a beleza da fotografia ( há filme mais belo que este ? ), as falas solenes, os atores geniais, a preocupação com sexo/morte/alma. Um encantador trabalho, um leve e delicioso filme, onde roteiro, música e atores se esmeram em criar duas horas de absoluto prazer e de intenso drama. Gênial. nota Dez!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
SOLARIS de Andrei Tarkovski
É tido por obra-prima. Que nota darei ? A fotografia é linda ( há uma cena com um cavalo de estarrecer de tão bonita ), o roteiro é poesia filosófica, a câmera é precisa. Mas o que dizer ? O filme tem o único defeito que não poderia ter : é grotescamente chato. O divino Oscar Wilde já dizia : perdoamos tudo em alguém. Ele pode roubar, pode mentir, pode ser falso e enganar, mas ser chato é imperdoável. nota zero!!!!!!
Becker, filho do grande Jacques Becker, é um dos bons diretores franceses atuais ( apesar de já veterano ). Aqui ele mostra uma linda história sobre amizade. Um pintor bem sucedido, pensa em reformar sua horta. Chama um jardineiro, que é, para sua surpresa, um antigo colega de escola. Amor, família, vida. Tudo é falado e vivido pelos dois. O filme jamais se torna chato. Ele flui, leve, colorido, saudável, bonito. Muito bom. nota 7.
O AMOR EM CINCO TEMPOS de François Ozon com Valeria Bruni-Tedeschi
Cansei de Ozon. Seu cinema frio, analítico, me entedia. Um saco este chatíssimo drama. Que me interessa a vida de dois malas que nada têm a dizer ? nota zero.
NUNCA TE AMEI de Anthony Asquith com Michael Redgrave e Jean Kent
Foram 400 anos de teatro inglês para se atingir a excelência da atuação de Mr. Redgrave. Ele é um anti-"sociedade dos poetas mortos". Um professor chato, duro, amorfo. A cena em que sua fortaleza desmorona é de uma comovente verdade. Redgrave se reclina, lendo uma dedicatória, e chora de costas para a câmera. O choro não é teatral, é contido, doído, magistral. Um filme absolutamente perfeito, levado com nobresa pelo elegante Sir. Asquith. E com um ator que é um Mozart do palco e da tela. Inesquecível e obrigatório. nota Dez!!!!!
O TÚMULO VAZIO de Robert Wise com Boris Karloff e Bela Lugosi
Muito bom esse Wise. Em mais de trinta anos de carreira dirigiu musicais como West Side Story ou A Noviça Rebelde; e mais faroestes, policiais e um clássico como O Dia em que a Terra Parou. Este é seu segundo filme, um terror da RKO. Karloff está muito bem, compondo um fascinante vilão. nota 5.
HORAS DE TORMENTA de William Wyler com Humphrey Bogart e Frederic March
Na velha Hollywood, quatro diretores eram todo-poderosos : George Stevens, Frank Capra, John Ford e principalmente William Wyler. Um diretor considerado até hoje o mais " capaz" da história. O que significa esse "capaz" ? Que Wyler nunca errava. Jamais alguém poderia chamá-lo de gênio, ou de ousado; mas ele era a certeza de fluidez, competencia e muita inteligência. Ele sabia fazer, sabia dirigir atores, sabia narrar. Conquistou três prêmios de direção e mais seis indicações não premiadas. Dirigiu de tudo : musical, western, filme noir, romance de fadas, filme de arte, de tribunal, comédia maluca, filme de guerra. De Ben-Hur à Princesa e o Plebeu. Sempre acertando. Este é de seus últimos filmes. Bogart é um muito desagradável bandido. Invade uma casa e mantém a família como refém. O filme é um duelo entre Bogey e o chefe da casa-March. Um filme tenso, rico em desdobramentos e que flui com rapidez. Um tipo de filme de Scorsese antes do tempo. Muito, muito imitado. Nota 8.
JUVENTUDE de Ingmar Bergman com Maj-Britt Nilsson
É impressionantemente o décimo filme de Bergman. Aos 30 anos!!!!! Bom tempo em que um diretor de trinta anos já dirigira dez filmes... Ele considerava este seu primeiro trabalho "de verdade". É sua primeira obra-prima. E talvez, seu filme mais simples. Uma bailarina, aos 28 anos, sente-se pela primeira vez na vida, "velha". Ela viaja à uma ilha, onde recorda um amor que viveu aos 15 anos. O filme é sómente isso. Uma sessão de terapia onde vemos a bailarina tomar consciência de quem ela foi, é, e será para sempre. Mas é também, como Bergman sempre faz, muito mais. Trata-se de uma exposição. Mostra a vida dos adultos em contraste com os jovens. Uns, cínicos, cruéis, desesperançosos; e os jovens, leves, risonhos, apaixonados, crentes. As cenas de namoro entre o jovem casal são reais, graciosas, e maravilhosamente atuais ( o filme é de 1951, mas, que estranho, parece ser de 2009 ). Maj-Britt, mais uma das maravilhosas atrizes de Bergmann, linda-moderna-enfeitiçante, tem uma atuação natural, uma menina cheia de sexo, de encanto e de alegria. Mas seu rude amadurecimento nos corta a respiração, porque é exatamente como se dá com todos nós : um amadurecimento amargo, cruel e surpreendente. Tudo que Bergman faria depois já se encontra aqui : a beleza da fotografia ( há filme mais belo que este ? ), as falas solenes, os atores geniais, a preocupação com sexo/morte/alma. Um encantador trabalho, um leve e delicioso filme, onde roteiro, música e atores se esmeram em criar duas horas de absoluto prazer e de intenso drama. Gênial. nota Dez!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
SOLARIS de Andrei Tarkovski
É tido por obra-prima. Que nota darei ? A fotografia é linda ( há uma cena com um cavalo de estarrecer de tão bonita ), o roteiro é poesia filosófica, a câmera é precisa. Mas o que dizer ? O filme tem o único defeito que não poderia ter : é grotescamente chato. O divino Oscar Wilde já dizia : perdoamos tudo em alguém. Ele pode roubar, pode mentir, pode ser falso e enganar, mas ser chato é imperdoável. nota zero!!!!!!
o melhor ator em lingua inglesa- Nunca te Amei
Lendo Paulo Francis, com sua coluna diária na Folha, é que formei muitas das opiniões que mantenho até hoje. Uma das colunas que mais me tocou foi a descrição do grande teatro inglês dos anos pós-guerra, teatro que Francis teve a alegria de assistir. Aprendi então a idealizar atores como John Gielgud, Laurence Olivier, Ralph Richardson e Michael Redgrave. E também os atores de peso um pouco mais leve : Rex Harrison, Peter O'Toole, Richard Burton, Alec Guiness, Peter Sellers, Paul Scofield. Tive, como Francis teve, a esperança de que Gary Oldman, Jeremy Irons, Day-Lewis, Kenneth Branagh refizessem essa glória. Mas, eu e Francis, assistimos a destruição dessa genialidade pela sedução hollywoodiana. Day-Lewis, fugindo de LA ainda manteve certa integridade, mas os outros... que trágico !
E nesses anos procurei então, via cinema, meio que nunca os seduziu, encontrar uma gota dessa mítica. Tentar ver a genialidade desses gigantes nos filmes ( poucos ) que eles fizeram ( já que as peças se foram para sempre... ). Dos menores, Rex Harrison nos deu 3 ou 4 atuações que lhe fazem justiça, o mesmo com O'Toole, Burton, Guiness e Sellers. Scofield registrou apenas uma. Mas os gigantes...
Não há um só filme que faça justiça ao talento corporal/animalesco de Olivier. The Entertainer seria o mais refinado e Hamlet o que o satisfez melhor. De John Gielgud nem é bom falar. Apesar de ter filmado com alguns excelentes mestres, sua vida no cinema se reduz a papéis pequenos, papéis que ele fazia ocasionalmente para pagar alguma peça que dera prejuízo. Belo tempo em que a excelência seduzia mais que a celebridade !
Ralph Richardson se limitou no cinema a fazer o inglês meio-maluco. Mas dá para se ver uma centelha em "Longa jornada noite adentro", a terrível peça de O'Neill que Lumet dirigiu.
É preciso se dizer que os quatro gigantes eram amigos, aprenderam a ler com Shakespeare e delimitavam sua maestria em "feudos" bem desenhados. Olivier era rei na atuação corporal e no olhar, Gielgud tinha a melhor voz e Ralph era o rei da versatilidade. Michael Redgrave tinha um pouco dos 3 outros. THE BROWNING VERSION, conhecido no Brasil como Nunca te Amei, faz total justiça à Redgrave e prova que Francis e críticos como Tynan nunca exageraram em seus elogios.
O filme, dirigido por Anthony Asquith, mostra os últimos momentos de um velho professor numa tradicional escola inglesa. Ele é o tipo de mestre que todo aluno odeia e que todo colega despreza : antipático, snob, frio, muito exigente. Esse professor tem uma esposa que o detesta e o trai, com um colega mais jovem e mais querido. Esse mestre será transferido para uma outra escola, onde irá receber menos. Pois bem, eis a descrição do filme. Mas o que realmente, é tal filme ?
No incio nós sentimos asco pelo papel de Redgrave. Ele o interpreta como um tipo de homem de aço, esticando as sílabas, olhando os jovens com nojo, não confiando em ninguém. Redgrave era jovem quando o filme foi feito. No mesmo ano, com o mesmo diretor, ele fizera um excelente Oscar Wilde, papel em que ele esbanja alegria, leveza e graça. ( Além de beleza- Michael foi um galã ). Aqui, em absurda versatilidade, vemos um homem à beira da cova. O modo como ele fala, a maneira como ele anda, respira, veste o sobretudo, enterra o chapéu na cabeça. Tudo é de verdade, tudo é técnica, tudo é o MAIS ALTO GRAU DE EXCELÊNCIA que um ator pode querer. Mas então, com o correr do filme, os milagres começam a ocorrer... mais e mais...
Cena após cena, movimento após movimento, vemos um homem desmoronar. Tudo o que ele tem, lhe é tirado. Tudo o que ele é, revela-se um nada. E nosso coração, completamente dominado por esse ator de gênio, se derrete, seduzido por um personagem muito desagradável. Um milagre que somente um mestre pode ousar fazer.
Derramei lágrimas de admiração e de dor. O filme é, com Umberto D, o mais triste que já assití. Triste, nunca deprimente. Nosso cérebro ferve de admiração, e pensamos durante todo o filme : eis um gênio ! Agora entendo o que Francis dizia !!! Michael Redgrave não veste o personagem. Não se perde, possesso, como o fazem Pacino ou Brando. Ele doma o papel. Adestra nossa atenção. Onde De Niro e Penn revelam vontade e entrega, Redgrave revela inteligência e elegância. Humilha os colegas atores.
Há uma cena em que sua máscara cai. O professor recebe um presente do único aluno que o admira. O professor chora. É o mais melancólico, verdadeiro, sublime, comovedor, magistral choro que tive a honra de ver em qualquer tela. É o mais honesto momento que o cinema me proporcionou. Um homem desaba. Completamente. Um ator se revela. E nos dá um presente inesquecível : um mês após ver essa cena ainda a ouço, a sinto, a venero. É eterna.
Michael Redgrave dá nesse filme, a maior atuação da história do cinema. Takashi Shimura em Viver, Michel Simon em Atalante, Mastoianni, Sydow, Mifune, Pacino... todos são batidos. Ele se agiganta, se faz imenso, cresce, domina. Quem não assistir esta atuação, não terá um padrão para julgar qualquer outra atuação de gênio. É obrigatório.
Anthony Asquith foi descendente de uma das mais nobres famílias inglesas. Um nobre que dirige com nobreza. Seu filme não se rebaixa jamais.
Michael Redgrave fundou uma nobre linha de atores. Vanessa, sua filha, é a mais famosa. Um nobre ator. Devo-lhe o diamante desta atuação. Para sempre.
E nesses anos procurei então, via cinema, meio que nunca os seduziu, encontrar uma gota dessa mítica. Tentar ver a genialidade desses gigantes nos filmes ( poucos ) que eles fizeram ( já que as peças se foram para sempre... ). Dos menores, Rex Harrison nos deu 3 ou 4 atuações que lhe fazem justiça, o mesmo com O'Toole, Burton, Guiness e Sellers. Scofield registrou apenas uma. Mas os gigantes...
Não há um só filme que faça justiça ao talento corporal/animalesco de Olivier. The Entertainer seria o mais refinado e Hamlet o que o satisfez melhor. De John Gielgud nem é bom falar. Apesar de ter filmado com alguns excelentes mestres, sua vida no cinema se reduz a papéis pequenos, papéis que ele fazia ocasionalmente para pagar alguma peça que dera prejuízo. Belo tempo em que a excelência seduzia mais que a celebridade !
Ralph Richardson se limitou no cinema a fazer o inglês meio-maluco. Mas dá para se ver uma centelha em "Longa jornada noite adentro", a terrível peça de O'Neill que Lumet dirigiu.
É preciso se dizer que os quatro gigantes eram amigos, aprenderam a ler com Shakespeare e delimitavam sua maestria em "feudos" bem desenhados. Olivier era rei na atuação corporal e no olhar, Gielgud tinha a melhor voz e Ralph era o rei da versatilidade. Michael Redgrave tinha um pouco dos 3 outros. THE BROWNING VERSION, conhecido no Brasil como Nunca te Amei, faz total justiça à Redgrave e prova que Francis e críticos como Tynan nunca exageraram em seus elogios.
O filme, dirigido por Anthony Asquith, mostra os últimos momentos de um velho professor numa tradicional escola inglesa. Ele é o tipo de mestre que todo aluno odeia e que todo colega despreza : antipático, snob, frio, muito exigente. Esse professor tem uma esposa que o detesta e o trai, com um colega mais jovem e mais querido. Esse mestre será transferido para uma outra escola, onde irá receber menos. Pois bem, eis a descrição do filme. Mas o que realmente, é tal filme ?
No incio nós sentimos asco pelo papel de Redgrave. Ele o interpreta como um tipo de homem de aço, esticando as sílabas, olhando os jovens com nojo, não confiando em ninguém. Redgrave era jovem quando o filme foi feito. No mesmo ano, com o mesmo diretor, ele fizera um excelente Oscar Wilde, papel em que ele esbanja alegria, leveza e graça. ( Além de beleza- Michael foi um galã ). Aqui, em absurda versatilidade, vemos um homem à beira da cova. O modo como ele fala, a maneira como ele anda, respira, veste o sobretudo, enterra o chapéu na cabeça. Tudo é de verdade, tudo é técnica, tudo é o MAIS ALTO GRAU DE EXCELÊNCIA que um ator pode querer. Mas então, com o correr do filme, os milagres começam a ocorrer... mais e mais...
Cena após cena, movimento após movimento, vemos um homem desmoronar. Tudo o que ele tem, lhe é tirado. Tudo o que ele é, revela-se um nada. E nosso coração, completamente dominado por esse ator de gênio, se derrete, seduzido por um personagem muito desagradável. Um milagre que somente um mestre pode ousar fazer.
Derramei lágrimas de admiração e de dor. O filme é, com Umberto D, o mais triste que já assití. Triste, nunca deprimente. Nosso cérebro ferve de admiração, e pensamos durante todo o filme : eis um gênio ! Agora entendo o que Francis dizia !!! Michael Redgrave não veste o personagem. Não se perde, possesso, como o fazem Pacino ou Brando. Ele doma o papel. Adestra nossa atenção. Onde De Niro e Penn revelam vontade e entrega, Redgrave revela inteligência e elegância. Humilha os colegas atores.
Há uma cena em que sua máscara cai. O professor recebe um presente do único aluno que o admira. O professor chora. É o mais melancólico, verdadeiro, sublime, comovedor, magistral choro que tive a honra de ver em qualquer tela. É o mais honesto momento que o cinema me proporcionou. Um homem desaba. Completamente. Um ator se revela. E nos dá um presente inesquecível : um mês após ver essa cena ainda a ouço, a sinto, a venero. É eterna.
Michael Redgrave dá nesse filme, a maior atuação da história do cinema. Takashi Shimura em Viver, Michel Simon em Atalante, Mastoianni, Sydow, Mifune, Pacino... todos são batidos. Ele se agiganta, se faz imenso, cresce, domina. Quem não assistir esta atuação, não terá um padrão para julgar qualquer outra atuação de gênio. É obrigatório.
Anthony Asquith foi descendente de uma das mais nobres famílias inglesas. Um nobre que dirige com nobreza. Seu filme não se rebaixa jamais.
Michael Redgrave fundou uma nobre linha de atores. Vanessa, sua filha, é a mais famosa. Um nobre ator. Devo-lhe o diamante desta atuação. Para sempre.
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