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ALEISTER CROWLEY
A única lei é: faça o que quiseres. Sim, é Raul Seixas. Viva como voce quiser sem se preocupar com nada e ninguém. E mate quem se interpor em seu caminho. Crowley nada tem de manso. Não a toa foi eleito o inglês mais perverso da história. --------------------- O livro é uma mistura de poesia, mitos egípcios, declaração de amor a deuses pagãos, imagens em delírio. Tudo numa linguagem que lembra William Blake. Não duvido de que Crowley se via como o continuador de Blake. --------------- Na parte final do volume ele dá receitas de magia, crueis, e dita algumas regras de liberdade ( o que é uma contradição ). A influência de Nietzsche surge. Despreze os fracos. Pise nos perdedores. Seja o Senhor de escravos e nunca um deles. A vida é deleite. Use o Poder. De Bowie à Jimmy Page, vários rock stars cultuaram Crowley ( Ozzy não, Ozzy sempre foi contra o satanismo ). Crowley promete força para adolescentes frágeis. Sua sedução é óbvia. --------------- A vida de AC foi cheia de viagens e de dinheiro, pois ele nasceu rico. Morreu sem dramas aos 70 anos. Yeats não gostava dele, Fernando Pessoa sim ( os dois chegaram a se encontrar em Portugal ). O irlandês o considerava uma poeta ruim, apenas isso. Charlatão? Provável. ------------------ Li Crowley procurando uma emoção de perigo, algo que fosse fundo em minha alma. Não aconteceu. Tive emoções bem mais perigosas lendo Durrell ou Thomas Mann. O que me levou à Crowley foi meu atual interesse pelo Príncipe Stash, uma figura bem mais sedutora que AC. --------------- No fim do livro Crowley diz que depois de ler voce deve se livrar do volume. Se ficar com ele poderá acontecer algo por sua conta e risco. Não vou me livrar dele. Se eu sumir já sabem o porque. ---------------- PS: a melhor afirmação de Crowley é dizer que devemos viver sem o "porque" e o "para que". Todo nosso desejo e ato deve ser puro, ou seja, sem explicação e sem meta. Fazemos por prazer e queremos por querer. Nisso ele acerta, essa é a chave da felicidade.
O OLHO - VLADIMIR NABOKOV
Se voce já leu Nabokov sabe: nenhum livro dele se parece um com o outro. Nabokov dá a impressão de se colocar um problema, quase matemático, e então resolver esse desafio escrevendo um livro. Mestre da escrita, ele explorou campos literários como poucos antes dele e como nenhum após. Escrito em 1930, novela curta, O Olho é mais um exercício, desta vez de humor. ---------------- O personagem principal, jovem russo vivendo em Berlin, se envolve com mulher casada e é humilhado pelo marido. Tenta se matar ( ou morre ? ) e então, ao crer ser um morto, passa a viver como Um Olho, um observador da vida e de si mesmo. Parece simples? Não é. Esta pequena obra prima vai te confundir. Não espere grandes aventuras, é uma vida pequena dentro de uma casa de emigrados russos. O personagem se vê, se confunde, se perde e se acha. E o leitor vai junto, SEM PERCEBER. ------------------ Eu, como qualquer pessoa alfabetizada, invejo Nabokov porque diante dele eu vejo um desses homens que dominam 100% sua arte. Nós amamos quem se esforça e consegue vencer, mas NÃO AMAMOS quem parece chegar aos 100% quando quer. Ele nos diminui. Então o que sinto por Nabokov é admiração, assim como admiro Henry James ou Proust, eles são os maiores. Tão grandes que sempre nos sentimos distantes deles, são inumanos. Amor eu sinto por Yeats, Heminguay, Wodehouse, autores que podem ser geniais ( Yeats ), grandes ( Heminguay ) ou deliciosos ( Wodehouse ) mas nunca inumanos. Eles falham. E lutam para escrever bem. Estão ao nosso lado, ombro a ombro. Nabokov e os outros são aristocratas da escrita. Outro mundo, outro sangue e outra visão. ----------------- Por fim, repito: Que belo livro!
DOIS TIPOS DE POETAS
Yeats é um tipo introvertido.
Whitman um tipo extrovertido.
Yeats vê dentro de sua mente uma paisagem enevoada, e dessa paisagem ele tira uma narrativa.
Whitman vê soldados em meio à guerra civil, e disso ele desenvolve sua poesia.
Yeats joga sobre a torre, real, em Sligo, aquilo que dentro dele ele vê. Yeats sente que o mundo vive em sua alma.
Whitman olha para o mundo e do mundo ele absorve aquilo que dentro dele entrará. Ele é parte do mundo.
Yeats acharia Whitman muito ativo demais. Talvez rude demais. Quem sabe até mesmo ríspido.
Whitman veria Yeats como um delicado. Egocêntrico demais. Idealista que não sente o gosto do mundo real, como ele é.
Todos nós somos os dois, e é claro que os dois tiveram seu lado contrário. Mas um dos lados nos domina por um tempo maior. Nos traimos por nossas ações mais planejadas, pela nossa rotina, pelo que nos interessa.
Observe:
Yeats não parecia ligar para o sucesso.
Whitman queria ser a voz de sua nação. Tudo nele está voltado ao outro, ao cidadão.
Yeats escrevia para as fadas. Para si mesmo. E no máximo cinco amigos.
Whitman falava com um país inteiro.
É arriscado e ingênuo querer falar da personalidade de duas almas tão complexas e distantes de nós.
Mas a obra de ambos nos dá essa chance.
( baseado em Jung mas ele não usa esses exemplos )
O LIVRO QUERIDO
Eu gostava era da Bagdá Books. Foi meu primeiro sebo. Fechou as portas em 2004. É meu favorito até hoje. Sou fiel. Ficava no Itaim, na Joaquim Floriano. Vitrine, fachada de tijolos. Longo corredor atulhado de livros. Logo na entrada, à esquerda, uma estante cheia de edições de Shakespeare. Enormes Cervantes ilustrados. Milton e Chaucer. Por ser um sebo antigo, muitas edições raras, edições que o dono mal dava valor. Foi lá, que em 1992, comprei uma edição de peças de teatro de William Butler Yeats. Capa dura, o livro estava bem judiado. Cinco peças com um mini biografia do autor, por Franck Kermode. Lembro de o ler sentado ao quintal, sol fraco, em duas tardes de maio.
Abro esse livro hoje, quase 30 anos depois. E percebo que suas frases estão gravadas na minha alma. São filosofias, frases que me guiam, que repito em pensamentos todo dia, frases tão "minhas" que já não sabia serem elas "dele". Eu vejo que anotei todas as vezes que o li e reli: 1994, 1996, 2008. Não vou falar da biografia de Yeats pois contei sua vida em algum outro post aqui neste blog. Mas as peças...Yeats apresentou quatro delas no Abbey Theatre, a famosa casa de Dublin que ele e Synge ajudaram a fundar. Outras duas foram apresentadas no castelo de Lady Gregory para os amigos. O ideal de Yeats era aristocrático. Teatro que não tivesse por alvo o público e muito menos a crítica. Teatro feito para ele e seus amigos, peças para vinte pessoas. Yeats brigou pela independência da Irlanda, foi senador, copilava contos folclóricos do país, estudava a cultura celta, mas sempre foi um aristocrata do espírito. Simbolista, saudoso, e ao mesmo tempo modernista.
As peças conseguem nos fazer entrar em outro mundo. Fantasmas surgem nelas como fossem uma visita comum. Almas dos mortos continuam a agir sobre a vida das pessoas. Aparições, sensações, maldições. É um mundo remoto, e ao mesmo tempo, ele parece estranhamente vivo. Seriam imagens de nosso inconsciente?
A linguagem é simples. Toda poesia de Yeats é de sintaxe e vocabulário claro. Cinco personagens no máximo. Um cenário quase nu. Meia hora de duração. Sem nada de dramático, são peças quase silenciosas, equilibradas, plácidas. Não existem grandes frases, discursos, cenas violentas. O destino se cumpre. O certo acontece. O fim chega.
A mais bela fala da morte de um herói. Que não acontece. Há outra sobre uma fada má que tenta uma jovem esposa. Marujos amaldiçoados no mar. Um espírito que baixa numa vidente. É um mundo além. Fora daqui, Fora daí, onde voce está. E ao mesmo tempo conhecido. Com poucos meios e poucas palavras, Yeats cria algo muito raro. Uma presença.
Abro esse livro hoje, quase 30 anos depois. E percebo que suas frases estão gravadas na minha alma. São filosofias, frases que me guiam, que repito em pensamentos todo dia, frases tão "minhas" que já não sabia serem elas "dele". Eu vejo que anotei todas as vezes que o li e reli: 1994, 1996, 2008. Não vou falar da biografia de Yeats pois contei sua vida em algum outro post aqui neste blog. Mas as peças...Yeats apresentou quatro delas no Abbey Theatre, a famosa casa de Dublin que ele e Synge ajudaram a fundar. Outras duas foram apresentadas no castelo de Lady Gregory para os amigos. O ideal de Yeats era aristocrático. Teatro que não tivesse por alvo o público e muito menos a crítica. Teatro feito para ele e seus amigos, peças para vinte pessoas. Yeats brigou pela independência da Irlanda, foi senador, copilava contos folclóricos do país, estudava a cultura celta, mas sempre foi um aristocrata do espírito. Simbolista, saudoso, e ao mesmo tempo modernista.
As peças conseguem nos fazer entrar em outro mundo. Fantasmas surgem nelas como fossem uma visita comum. Almas dos mortos continuam a agir sobre a vida das pessoas. Aparições, sensações, maldições. É um mundo remoto, e ao mesmo tempo, ele parece estranhamente vivo. Seriam imagens de nosso inconsciente?
A linguagem é simples. Toda poesia de Yeats é de sintaxe e vocabulário claro. Cinco personagens no máximo. Um cenário quase nu. Meia hora de duração. Sem nada de dramático, são peças quase silenciosas, equilibradas, plácidas. Não existem grandes frases, discursos, cenas violentas. O destino se cumpre. O certo acontece. O fim chega.
A mais bela fala da morte de um herói. Que não acontece. Há outra sobre uma fada má que tenta uma jovem esposa. Marujos amaldiçoados no mar. Um espírito que baixa numa vidente. É um mundo além. Fora daqui, Fora daí, onde voce está. E ao mesmo tempo conhecido. Com poucos meios e poucas palavras, Yeats cria algo muito raro. Uma presença.
ATÉ OS DEUSES MORREM UMA VEZ.
Quando meu pai se foi, quase nove anos atrás, passei meses com uma sensação de "janela aberta". Foi como se toda as coisas adquirissem outra cor, como se meu coração estivesse exposto. Minha intuição ficou muito mais antenada, minhas emoções se suavizaram. Eu estava triste, mas era uma tristeza fértil. Um tipo de melancolia sensitiva.
Lembro que no dia seguinte ao enterro, não me pergunte por que, peguei um livro de Yeats é o reli pela quarta ou quinta vez. Imediatamente me senti dentro daquele universo. A morte ali fazia sentido. A vida se abria.
Escrevo isto porque dia 13 de junho, dia de Santo Antonio, foi aniversário do nascimento de William Butler Yeats. O descobri num artigo de jornal em 1988 e comprei meu primeiro livro escrito por ele em 1991. Ele é mais que meu poeta favorito. Ele foi o homem que me fez perder o medo daquilo que eu mais temia: o invisível. Yeats me fez aceitar os fantasmas, os encantos, o milagre, os maus olhados, as maldições. Minha aceitação da religião, pois eu a oprimira em mim desde os 10 anos, começa com as peças de Yeats. Ele foi um pagão, um celta, mas trouxe para mim a alegria do reencontro com meus mitos.
Nesse dia 13 morre Anita Pallemberg também. E de Anita posso dizer que ela foi minha mais durável musa. Ex-esposa de Keith Richards, ex-namorada de Brian Jones, atriz de Vadim e de Ferreri, Anita foi uma das mulheres mais perigosas do seu tempo. Ela era junk, era felina, era linda e era mais forte que o aço. Passei anos procurando a minha Anita e jamais a achei. ( Cheguei perto, mas ela não me quis ). Sua morte não me comove porque ela viveu bem, viveu muito e morreu velhinha. Todo mundo morre uma vez. Depois, nunca mais.
Fica a alegria por ter amado uma mulher que na verdade nunca conheci. E por ter conhecido um poeta irlandês que me conhece muito bem. A vida é muito maior que a morte.
Lembro que no dia seguinte ao enterro, não me pergunte por que, peguei um livro de Yeats é o reli pela quarta ou quinta vez. Imediatamente me senti dentro daquele universo. A morte ali fazia sentido. A vida se abria.
Escrevo isto porque dia 13 de junho, dia de Santo Antonio, foi aniversário do nascimento de William Butler Yeats. O descobri num artigo de jornal em 1988 e comprei meu primeiro livro escrito por ele em 1991. Ele é mais que meu poeta favorito. Ele foi o homem que me fez perder o medo daquilo que eu mais temia: o invisível. Yeats me fez aceitar os fantasmas, os encantos, o milagre, os maus olhados, as maldições. Minha aceitação da religião, pois eu a oprimira em mim desde os 10 anos, começa com as peças de Yeats. Ele foi um pagão, um celta, mas trouxe para mim a alegria do reencontro com meus mitos.
Nesse dia 13 morre Anita Pallemberg também. E de Anita posso dizer que ela foi minha mais durável musa. Ex-esposa de Keith Richards, ex-namorada de Brian Jones, atriz de Vadim e de Ferreri, Anita foi uma das mulheres mais perigosas do seu tempo. Ela era junk, era felina, era linda e era mais forte que o aço. Passei anos procurando a minha Anita e jamais a achei. ( Cheguei perto, mas ela não me quis ). Sua morte não me comove porque ela viveu bem, viveu muito e morreu velhinha. Todo mundo morre uma vez. Depois, nunca mais.
Fica a alegria por ter amado uma mulher que na verdade nunca conheci. E por ter conhecido um poeta irlandês que me conhece muito bem. A vida é muito maior que a morte.
O OLHO IMÓVEL PELA FORÇA DA HARMONIA- WILLIAM WORDSWORTH. O POETA DA NATUREZA.
É um grande chavão dizer que Wordsworth é o grande poeta da natureza. Mas nada pode ser mais verdadeiro que isso. O inglês funda o romantismo inglês, e se na Alemanha ser um romântico significa ser um místico e na França ser um revolucionário, nas ilhas ser romântico é amar a natureza. E nisso ninguém se compara a Wordsworth.
Romancistas, filósofos, dramaturgos, contistas, cronistas, historiadores...e poetas. São os fazedores de versos aqueles que mais amamos. Nossa relação com eles é a mais visceral. Admiramos romancistas, nos exaltamos com filósofos, mas nos apaixonamos por poetas. E são eles os símbolos das nações. Goethe, Dante, Camões, Whitman, Hugo, Pushkin, cada um é a alma de um país ( Único adendo é a Espanha que tem Cervantes como sua alma maior ). E eu sou fiel a meu amor, Yeats é meu poeta, alma da Irlanda. Mas Wordsworth é tão grande quanto o irlandês, se não for ainda maior.
Ele leva a alturas abissais a relação do homem com a natureza. Esse amor apaga a dor porque apaga o individualismo. Nega o tempo, faz do presente a eternidade. O homem só é feliz na natureza. Reação a transformação do industrialismo, a fuga dos camponeses rumo às cidades, o poeta canta e dá luz àquilo que ele intuía: o fim de um mundo. O poeta é aquele que faz a memória viver. Como ele diz: O poeta olha para trás e para a frente. ( Não olha o agora ).
Ele canta a criança também, essa invenção romântica. Criança antes era apenas um aprendiz de adulto. Aqui ela se torna um ser sábio, alguém que sabe mais que o homem. "A criança é o pai do homem". Outra missão do poeta, fazer da criança uma presença constante e central.
Wordsworth é o mestre de Whitman. Ambos cantam a estrada aberta. A diferença é que o americano vive na América, claro, e isso significa mais espaço aberto e a fé na democracia. O inglês, europeu sempre, é mais cotidiano, mais voltado ao passado, tem um traço de saudade que inexiste em Whitman. Ambos são curativos, saudáveis, otimistas, confiantes, vivos.
Wordsworth é um de meus cinco poetas favoritos. Eu amo seu modo simples de falar, as imagens que só ele vê, a ligação que ele estabelece com a água, o céu e as pessoas do campo. Ele caminha e sente e canta e vive. Se maravilha, recorda, sonha e canta mais. Percebe como uma criança, sente a novidade, continua, persiste. E assim nos reabilita.
Na bela tradução de John Milton e de Alberto Marsicano, este é um livro precioso.
Romancistas, filósofos, dramaturgos, contistas, cronistas, historiadores...e poetas. São os fazedores de versos aqueles que mais amamos. Nossa relação com eles é a mais visceral. Admiramos romancistas, nos exaltamos com filósofos, mas nos apaixonamos por poetas. E são eles os símbolos das nações. Goethe, Dante, Camões, Whitman, Hugo, Pushkin, cada um é a alma de um país ( Único adendo é a Espanha que tem Cervantes como sua alma maior ). E eu sou fiel a meu amor, Yeats é meu poeta, alma da Irlanda. Mas Wordsworth é tão grande quanto o irlandês, se não for ainda maior.
Ele leva a alturas abissais a relação do homem com a natureza. Esse amor apaga a dor porque apaga o individualismo. Nega o tempo, faz do presente a eternidade. O homem só é feliz na natureza. Reação a transformação do industrialismo, a fuga dos camponeses rumo às cidades, o poeta canta e dá luz àquilo que ele intuía: o fim de um mundo. O poeta é aquele que faz a memória viver. Como ele diz: O poeta olha para trás e para a frente. ( Não olha o agora ).
Ele canta a criança também, essa invenção romântica. Criança antes era apenas um aprendiz de adulto. Aqui ela se torna um ser sábio, alguém que sabe mais que o homem. "A criança é o pai do homem". Outra missão do poeta, fazer da criança uma presença constante e central.
Wordsworth é o mestre de Whitman. Ambos cantam a estrada aberta. A diferença é que o americano vive na América, claro, e isso significa mais espaço aberto e a fé na democracia. O inglês, europeu sempre, é mais cotidiano, mais voltado ao passado, tem um traço de saudade que inexiste em Whitman. Ambos são curativos, saudáveis, otimistas, confiantes, vivos.
Wordsworth é um de meus cinco poetas favoritos. Eu amo seu modo simples de falar, as imagens que só ele vê, a ligação que ele estabelece com a água, o céu e as pessoas do campo. Ele caminha e sente e canta e vive. Se maravilha, recorda, sonha e canta mais. Percebe como uma criança, sente a novidade, continua, persiste. E assim nos reabilita.
Na bela tradução de John Milton e de Alberto Marsicano, este é um livro precioso.
POEMAS TRADUZIDOS POR PAULO VIZIOLI, WILLIAM BUTLER YEATS
" Da briga do homem com outros surge a retórica, da briga dele consigo mesmo surge a poesia".
A briga entre o sonho e a realidade. A briga entre a aristocracia e a democracia. A briga entre a eternidade e o tempo. Os temas de Yeats são esses. Ele parte da fantasia pura e chega ao realismo do banal. E então consegue a síntese.
" O talento percebe as diferenças. O gênio vê a unidade."
Yeats une a democracia a aristocracia e a fantasia a realidade. Consegue nos exibir a verdade da imaginação e a magia da banalidade. Aristocratas se fazem os homens do povo e democratas os nobres e os mitos. O poeta chegou onde sempre quis. "A síntese feita a marteladas".
Tradução maravilhosa de Paulo Vizioli.
WILLIAM BUTLER YEATS- THE SHADOWY WATERS
Marinheiros no mar. Querem matar o capitão que está fora de sua razão. O capitão vê pássaros que anunciam amor. Pássaros com cabeça de gente. Um barco para ser pilhado. Atacam.
O capitão está em outro mundo. Ele procura uma mulher SEM SOMBRA. Do navio trazem uma rainha que prefere morrer a ser tocada. O capitão pensa ser ela a mulher que ele espera. Mas logo vê que ela tem sombra.
Os espíritos e os pássaros ajudam e ela é enfeitiçada. Ela o deseja. Mas ele sabe que não é ela.
Essa a peça.
O capitão fala...Porque sonhamos com o amor perfeito? Se ele não existisse não sentiríamos sua falta. Temos o direito de o procurar. De sonhar com ele.
Mas o capitão se decepciona, mais uma vez.
O barco singra mar afora. Os homens querem seu ouro e a rainha, vencida, quer o capitão.
E ele vê os pássaros que falam com ele. E quer a mulher sem sombra.
Yeats amou uma mulher que era toda sombra. E depois se casou com uma que era pássaro que sonha. Ele sabia do que falava. Seus versos procuram a luz. Vivem nas sombras. E singram.
Bela tradução de Paulo Mendes Campos. Livro que é um dos meus tesouros. Seis peças de Yeats. Guardo o livro no peito. Faz parte de mim. Reler.
O capitão está em outro mundo. Ele procura uma mulher SEM SOMBRA. Do navio trazem uma rainha que prefere morrer a ser tocada. O capitão pensa ser ela a mulher que ele espera. Mas logo vê que ela tem sombra.
Os espíritos e os pássaros ajudam e ela é enfeitiçada. Ela o deseja. Mas ele sabe que não é ela.
Essa a peça.
O capitão fala...Porque sonhamos com o amor perfeito? Se ele não existisse não sentiríamos sua falta. Temos o direito de o procurar. De sonhar com ele.
Mas o capitão se decepciona, mais uma vez.
O barco singra mar afora. Os homens querem seu ouro e a rainha, vencida, quer o capitão.
E ele vê os pássaros que falam com ele. E quer a mulher sem sombra.
Yeats amou uma mulher que era toda sombra. E depois se casou com uma que era pássaro que sonha. Ele sabia do que falava. Seus versos procuram a luz. Vivem nas sombras. E singram.
Bela tradução de Paulo Mendes Campos. Livro que é um dos meus tesouros. Seis peças de Yeats. Guardo o livro no peito. Faz parte de mim. Reler.
AO LONGO DO RIOCORRENTE- RICHARD ELLMANN, WILDE-YEATS-JOYCE-FREUD-ELIOT
Coletânea de ensaios sobre autores do período 1890/1910, o que une os autores estudados, Yeats, Eliot, Joyce, Pound e Freud é seu amor pelo simbolismo, a criação e o uso de símbolos arcaicos, utilizados para dar luz ao "desconforto diante da vida material". Dessa forma, todos eles criaram uma espécie de mitologia particular, ferramentas para dar sentido àquilo que os aturdia.
Richard Ellmann, americano, biógrafo e excelente crítico, foi professor em Yale e Oxford. É dele a icônica biografia de Oscar Wilde e também as definitivas sobre James Joyce e Yeats. O modo de abordagem de Ellmann propõe uma nova visão, que se ignore os chavões grudados ao autor e que se perceba, sem medo, a verdade óbvia. Verdade que foi esquecida com o tempo. A montanha de estudos banais feitos sobre cada um desses autores perpetuou certos fatos que reduziram sua complexidade. Foi tatuado em Yeats o perfil de autor folclórico, cantor de fadas e de heróis, exotérico espiritualista, nacionalista iralndês. O livro tem três textos sobre o poeta e mostra o quanto esse perfil é redutor ao extremo. William Butler Yeats sentia o desconforto da "vida imperfeita", mas jamais foi um exotérico como o foi Mallarmé. A linguagem de Yeats é sempre centrada na vida material. Ele não cria códigos cifrados, enigmas de sentido obscuro, como faz o francês. Yeats, sempre apaixonado pela vida dos sentidos, tenta encontrar o sagrado na carne, a perfeição na vida. Toda sua produção nada tem de abstrata-pura.
Muito conhecida é a história do amor de Yeats por Maud Gonne. O amor do poeta pela rebelde iralndesa, o amor do puro espirito pela mulher de ação. Bobagem! Ellmann entrevista Maud Gonne e nota que os dois chegaram a ser amantes. Assim como a vida de Yeats foi repleta de casos sexuais. Fascinado pela vida sensual, Yeats procurava separar as duas vidas possíveis: a da perfeição, que seria possível apenas na arte e na alma, e a vida bela porém imperfeita da carne. A luta entre essas duas forças se trava em toda sua obra. Uma luta sem vencedor ou vencido.
Ellmann escreve o mais belo capítulo do livro ao visitar a casa de Georgie, a esposa de Yeats. Já octogenária, os dois remexem nos arquivos, brincam com objetos, recordam. Muito mais jovem que Yeats ( ele se casou apenas aos 52 anos e manteve casos até o fim ), Georgie era o oposto do poeta. Ela se mostra uma mulher firme, decidida, teimosa. E uma inteligente leitora do marido. Segundo Yeats, ela lhe deu paz, conforto, e opiniões brilhantes sobre poesia, ocultismo e filosofia. O que se depreende da vida do poeta é sua sorte. Yeats viveu uma vida rica. Plena, maravilhosa.
O livro vai nesse objetivo. Todos os analisados ( com exceção de Freud ), foram amigos. Ou no mínimo se encontraram por algumas vezes e se influenciaram. Oscar Wilde começa o primeiro capítulo. Sua influência por toda a inteligência do final do século XIX é gigantesca. Dele deriva Yeats ( que se apaixonou pela casa de Wilde quando o visitou ainda muito jovem ), de Yeats vem Pound e de Pound Joyce. Pound foi secretário de Yeats e amigo de Joyce. Joyce foi fã de Yeats e depois o negou. E Eliot foi discípulo e crítico de todos eles. Foi um momento muito interessante. Ellmann demonstra a conciência que todos tinham do período. 1900 foi um marco. O velho é jogado fora de forma deliberada. Eles escrevem que o cinetificismo do século XIX não mais lhes serve. Que o positivismo, o realismo, são passado-morto. Tudo agora é novo. Freud se encaixa nesse contexto, Seus textos são parte desse simbolismo, tentativa de demonstrar a falencia da razão pura. Embate entre carne e alma, limite e desejo, imperfeição e perfeição, belo e feio, Apolo e Dionísio.
Richard Ellmann, americano, biógrafo e excelente crítico, foi professor em Yale e Oxford. É dele a icônica biografia de Oscar Wilde e também as definitivas sobre James Joyce e Yeats. O modo de abordagem de Ellmann propõe uma nova visão, que se ignore os chavões grudados ao autor e que se perceba, sem medo, a verdade óbvia. Verdade que foi esquecida com o tempo. A montanha de estudos banais feitos sobre cada um desses autores perpetuou certos fatos que reduziram sua complexidade. Foi tatuado em Yeats o perfil de autor folclórico, cantor de fadas e de heróis, exotérico espiritualista, nacionalista iralndês. O livro tem três textos sobre o poeta e mostra o quanto esse perfil é redutor ao extremo. William Butler Yeats sentia o desconforto da "vida imperfeita", mas jamais foi um exotérico como o foi Mallarmé. A linguagem de Yeats é sempre centrada na vida material. Ele não cria códigos cifrados, enigmas de sentido obscuro, como faz o francês. Yeats, sempre apaixonado pela vida dos sentidos, tenta encontrar o sagrado na carne, a perfeição na vida. Toda sua produção nada tem de abstrata-pura.
Muito conhecida é a história do amor de Yeats por Maud Gonne. O amor do poeta pela rebelde iralndesa, o amor do puro espirito pela mulher de ação. Bobagem! Ellmann entrevista Maud Gonne e nota que os dois chegaram a ser amantes. Assim como a vida de Yeats foi repleta de casos sexuais. Fascinado pela vida sensual, Yeats procurava separar as duas vidas possíveis: a da perfeição, que seria possível apenas na arte e na alma, e a vida bela porém imperfeita da carne. A luta entre essas duas forças se trava em toda sua obra. Uma luta sem vencedor ou vencido.
Ellmann escreve o mais belo capítulo do livro ao visitar a casa de Georgie, a esposa de Yeats. Já octogenária, os dois remexem nos arquivos, brincam com objetos, recordam. Muito mais jovem que Yeats ( ele se casou apenas aos 52 anos e manteve casos até o fim ), Georgie era o oposto do poeta. Ela se mostra uma mulher firme, decidida, teimosa. E uma inteligente leitora do marido. Segundo Yeats, ela lhe deu paz, conforto, e opiniões brilhantes sobre poesia, ocultismo e filosofia. O que se depreende da vida do poeta é sua sorte. Yeats viveu uma vida rica. Plena, maravilhosa.
O livro vai nesse objetivo. Todos os analisados ( com exceção de Freud ), foram amigos. Ou no mínimo se encontraram por algumas vezes e se influenciaram. Oscar Wilde começa o primeiro capítulo. Sua influência por toda a inteligência do final do século XIX é gigantesca. Dele deriva Yeats ( que se apaixonou pela casa de Wilde quando o visitou ainda muito jovem ), de Yeats vem Pound e de Pound Joyce. Pound foi secretário de Yeats e amigo de Joyce. Joyce foi fã de Yeats e depois o negou. E Eliot foi discípulo e crítico de todos eles. Foi um momento muito interessante. Ellmann demonstra a conciência que todos tinham do período. 1900 foi um marco. O velho é jogado fora de forma deliberada. Eles escrevem que o cinetificismo do século XIX não mais lhes serve. Que o positivismo, o realismo, são passado-morto. Tudo agora é novo. Freud se encaixa nesse contexto, Seus textos são parte desse simbolismo, tentativa de demonstrar a falencia da razão pura. Embate entre carne e alma, limite e desejo, imperfeição e perfeição, belo e feio, Apolo e Dionísio.
PONDÉ, YEATS, MARTELL, POLITICA E CINEMA COM ALMA
Pondé citou Yeats na segunda-feira. O poema em que o irlandês fala da terrível certeza que todo canalha tem, e das hesitações que acometem os justos e bons. Dá até vontade de crer nos gnósticos e dizer que nosso mundo é obra do mal. Porque, como bem notou Yeats e como Pondé crê, quem segue o mal sente-se forte, duro, "em casa"; enquanto que o que segue o bem sempre sofre uma sensação de inadaptação, de fraqueza e de dúvida. Terroristas nunca hesitam.
Ler Bernanos dá muito medo.
O mal cobra um preço a quem ousa ser bom. Essa a raiz, terrível, do catolicismo puro. O bem só pode sobreviver a custa de nosso sacrificio. Nada pode ser mais antipático que dizer essa verdade.
Falando de coisas mais amenas....
Um amigo fala do voto. A questão é simples meu amigo. Assim como a arte e a religião perderam sua aura ( de acordo com Benjamin ), ou seja, não significam mais transformação e não mais repercutem, não têm identidade, a politica também se transformou em mera ciência. Voce vota e elege alguém. Pura mecânica. Um partido faz o papel de polo positivo e outro de negativo. Um precisa do outro para existir e um repele o outro. Entorpecido nesse campo magnético, cheio de eletricidade e de "verdade", voce aperta um botão. Veja bem, até aqui, você aperta um botão...
É só isso, um ato banal.
É claro que se voce tiver alguma cultura, todo o passado da politica vem a sua cabeça ( como vem o passado da arte ou das igrejas ), mas é mero flash-back. No eterno agora a politica nada mais significa. Não há a possibilidade de história, de reflexão ou de consequência. Politica-no-eterno-agora, como arte e igreja no eterno- agora, nada mais tem a dizer. Torna-se mera ferramenta.
Pondé citou Yeats e um dia citou O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, em seu melhor texto. Bom gosto ele possui.
Um outro amigo me diz que anda cheio de vontade de rever A PALAVRA de Dreyer. Bem... Ebbert sempre fala que todo amante de cinema chega um dia a Dreyer, Ozu e Bresson, e descobre que os três são os "santos" do cinema. Austeros, profundos e capazes de milagres com quase nada. Dreyer transformava um filme em catedral de silêncio e de horror=Sublime ( para quem não sabe, o Sublime é a união do terrível com o belo ). Ozu fazia o milagre de conseguir de um nada de roteiro uma épica sobre gente comum. Ele transformava familias banais e sentimentos vulgares em atos de profunda nobreza. E Bresson dava aulas sobre o sentido da vida em imagens reais. Ele modificava o real sem que percebêssemos. Fazia documentários sobre a alma.
Questão de aura. Mas ainda têm público?
Leio comentários no youtube sobre A VIDA DE PI. Quase ninguém entendeu uma saga tão simples. Somos uma geração que sabe tudo sobre o efêmero e nada entendemos sobre o atemporal.
Perdemos nossa aura.
Ler Bernanos dá muito medo.
O mal cobra um preço a quem ousa ser bom. Essa a raiz, terrível, do catolicismo puro. O bem só pode sobreviver a custa de nosso sacrificio. Nada pode ser mais antipático que dizer essa verdade.
Falando de coisas mais amenas....
Um amigo fala do voto. A questão é simples meu amigo. Assim como a arte e a religião perderam sua aura ( de acordo com Benjamin ), ou seja, não significam mais transformação e não mais repercutem, não têm identidade, a politica também se transformou em mera ciência. Voce vota e elege alguém. Pura mecânica. Um partido faz o papel de polo positivo e outro de negativo. Um precisa do outro para existir e um repele o outro. Entorpecido nesse campo magnético, cheio de eletricidade e de "verdade", voce aperta um botão. Veja bem, até aqui, você aperta um botão...
É só isso, um ato banal.
É claro que se voce tiver alguma cultura, todo o passado da politica vem a sua cabeça ( como vem o passado da arte ou das igrejas ), mas é mero flash-back. No eterno agora a politica nada mais significa. Não há a possibilidade de história, de reflexão ou de consequência. Politica-no-eterno-agora, como arte e igreja no eterno- agora, nada mais tem a dizer. Torna-se mera ferramenta.
Pondé citou Yeats e um dia citou O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, em seu melhor texto. Bom gosto ele possui.
Um outro amigo me diz que anda cheio de vontade de rever A PALAVRA de Dreyer. Bem... Ebbert sempre fala que todo amante de cinema chega um dia a Dreyer, Ozu e Bresson, e descobre que os três são os "santos" do cinema. Austeros, profundos e capazes de milagres com quase nada. Dreyer transformava um filme em catedral de silêncio e de horror=Sublime ( para quem não sabe, o Sublime é a união do terrível com o belo ). Ozu fazia o milagre de conseguir de um nada de roteiro uma épica sobre gente comum. Ele transformava familias banais e sentimentos vulgares em atos de profunda nobreza. E Bresson dava aulas sobre o sentido da vida em imagens reais. Ele modificava o real sem que percebêssemos. Fazia documentários sobre a alma.
Questão de aura. Mas ainda têm público?
Leio comentários no youtube sobre A VIDA DE PI. Quase ninguém entendeu uma saga tão simples. Somos uma geração que sabe tudo sobre o efêmero e nada entendemos sobre o atemporal.
Perdemos nossa aura.
CHÁ DAS CINCO COM ARISTÓTELES- OSCAR WILDE
Logo após voltar de seu tour de sucesso pelos EUA ( ele havia feito conferências por todo o país com lotações esgotadas ), Oscar Wilde volta a sua vida londrina habitual, ou seja, publica seus artigos em jornais e revistas. A grande fase de A IMPORTÂNCIA DE SER HONESTO e de DORIAN GRAY viria na década seguinte. Assim como sua prisão.
Estamos portanto na Londres de 1885/1890 e o que agita a cidade é o embate entre clássicos e românticos, realistas e simbolistas, objetividade e poesia. O que há neste pequeno livrinho são os artigos que Wilde publicou em jornais. Críticas sobre livros e peças, dissertações sobre culinária e poesia. Sabiamente ele percebe que o cerne de seu tempo é a oposição realismo/ simbolismo, um confronto entre a alma que cria e a alma que apenas registra o que vê. Ele toma partido, e acho que não preciso dizer qual.
Bela época em que os autores "atuais" se chamavam Tolstoi, Dostoievski e Turgueniev. Ele resenha o novo livro de Dostoievski, assim como Balzac ( uma nova tradução ), Walter Pater, e descobre um novo e promissor poeta, William Butler Yeats. Além dos citados, esse é tempo de Tchekov, Henry James, Thomas Hardy, Mark Twain, Mallarmé e Zola. Dentre muitos e muitos outros.
Wilde evita tocar no que é muito ruim. Embora ele critique certas traduções desastrosas, no geral ele não é agressivo. Se esmera na leveza, em fazer da leitura um prazer. Oscar Wilde insiste em que toda arte deve ser prazerosa e bela. Esse é seu norte. Quem pensa que a crítica ferina é coisa de Wilde errou de irlandês, George Bernard Shaw era a fera que foi o molde Paulo Francis e que tais.
O primeiro texto é uma emocionada homenagem ao maior dos poetas, John Keats. O autor visita seu tumulo em Roma e se encanta com a beleza do lugar. O belo escrito a seguir discorre sobre a culinária e fala da ruindade da cozinha inglesa. É divertido e acerta o alvo.
Numa critica a peça de Shakespeare em cartaz, Wilde se detém nos excessos da cenografia, na facilitação de efeitos ribombantes. Há em sua critica um desejo pela volta a simplicidade. No começo do livro o tradutor colocou uma frase de Borges em que ele diz que Oscar Wilde não envelhece. O que ele escreveu podia ter sido escrito hoje de manhã. O que ele pede ao teatro shakespeariano é pedido válido agora: menos efeito e mais texto.
Vem então um comentário sobre um livro que fala de casamentos e mais uma critica sobre Keats.
Um dos melhores textos é o próximo, sobre Balzac. Wilde fala sobre a maravilhosa força do francês, o modo como ele nos ilude ao criar vida que em nada se parece com a vida, mas que "é mais real que a própria vida". Penso em Iris Murdoch, que criou toda a sua filosofia baseada nessa linha, ou seja, de que a arte é a vida real e não o dia a dia. Numa frase soberba, Oscar fala que é "muito melhor ficar em casa na companhia dos personagens de Balzac que sair para encontrar gente tão sem vida". É um texto divino do grande Oscar.
As críticas que seguem são sobre a mania de se lançar biografias de escritores. A reclamação de Wilde é pertinente ainda hoje. Que importa quantas vezes Rossetti comia por dia? O que interessa ao leitor a quantidade de cães que um poeta tinha ou no tipo de guarda-chuva que ele usava? Wilde fala que o que importa é a obra, a vida verdadeira do artista reside naquilo que ele criou e o fato do cotidiano só importa ao ter ligação com a gênese da obra. Quem pode discordar disso?
Essas biografias, tolas, falam de Keats, Ben Jonson e Dante Gabriel Rossetti. A de Keats é destruída de uma forma elegante por Wilde. Vale muito a pena ler.
Mas um dos melhores textos fala de um livro que se propõe a nos ensinar a conversar. Wilde aproveita para escrever sobre a conversação, sobre o que seja uma boa e uma má conversa. A arte que há em se saber trocar ideias.
Vêem então belos artigos sobre modelos ingleses ( modelos que posam sem entender nada de arte ), o novo presidente da academia de pintura ( um tolo ), e ao final dois maravilhosos e emocionantes artigos sobre Yeats, jovem poeta que muito prometia. Escreverei sobre eles em outra postagem.
Lendo este livro nos sentimos muito próximos de Wilde. E o que sentimos é afeto por essa grande alma.
PS: a "filosofia" de Wilde é; Existe mais verdade na visão de um artista que na objetiva e simples observação da natureza.
Estamos portanto na Londres de 1885/1890 e o que agita a cidade é o embate entre clássicos e românticos, realistas e simbolistas, objetividade e poesia. O que há neste pequeno livrinho são os artigos que Wilde publicou em jornais. Críticas sobre livros e peças, dissertações sobre culinária e poesia. Sabiamente ele percebe que o cerne de seu tempo é a oposição realismo/ simbolismo, um confronto entre a alma que cria e a alma que apenas registra o que vê. Ele toma partido, e acho que não preciso dizer qual.
Bela época em que os autores "atuais" se chamavam Tolstoi, Dostoievski e Turgueniev. Ele resenha o novo livro de Dostoievski, assim como Balzac ( uma nova tradução ), Walter Pater, e descobre um novo e promissor poeta, William Butler Yeats. Além dos citados, esse é tempo de Tchekov, Henry James, Thomas Hardy, Mark Twain, Mallarmé e Zola. Dentre muitos e muitos outros.
Wilde evita tocar no que é muito ruim. Embora ele critique certas traduções desastrosas, no geral ele não é agressivo. Se esmera na leveza, em fazer da leitura um prazer. Oscar Wilde insiste em que toda arte deve ser prazerosa e bela. Esse é seu norte. Quem pensa que a crítica ferina é coisa de Wilde errou de irlandês, George Bernard Shaw era a fera que foi o molde Paulo Francis e que tais.
O primeiro texto é uma emocionada homenagem ao maior dos poetas, John Keats. O autor visita seu tumulo em Roma e se encanta com a beleza do lugar. O belo escrito a seguir discorre sobre a culinária e fala da ruindade da cozinha inglesa. É divertido e acerta o alvo.
Numa critica a peça de Shakespeare em cartaz, Wilde se detém nos excessos da cenografia, na facilitação de efeitos ribombantes. Há em sua critica um desejo pela volta a simplicidade. No começo do livro o tradutor colocou uma frase de Borges em que ele diz que Oscar Wilde não envelhece. O que ele escreveu podia ter sido escrito hoje de manhã. O que ele pede ao teatro shakespeariano é pedido válido agora: menos efeito e mais texto.
Vem então um comentário sobre um livro que fala de casamentos e mais uma critica sobre Keats.
Um dos melhores textos é o próximo, sobre Balzac. Wilde fala sobre a maravilhosa força do francês, o modo como ele nos ilude ao criar vida que em nada se parece com a vida, mas que "é mais real que a própria vida". Penso em Iris Murdoch, que criou toda a sua filosofia baseada nessa linha, ou seja, de que a arte é a vida real e não o dia a dia. Numa frase soberba, Oscar fala que é "muito melhor ficar em casa na companhia dos personagens de Balzac que sair para encontrar gente tão sem vida". É um texto divino do grande Oscar.
As críticas que seguem são sobre a mania de se lançar biografias de escritores. A reclamação de Wilde é pertinente ainda hoje. Que importa quantas vezes Rossetti comia por dia? O que interessa ao leitor a quantidade de cães que um poeta tinha ou no tipo de guarda-chuva que ele usava? Wilde fala que o que importa é a obra, a vida verdadeira do artista reside naquilo que ele criou e o fato do cotidiano só importa ao ter ligação com a gênese da obra. Quem pode discordar disso?
Essas biografias, tolas, falam de Keats, Ben Jonson e Dante Gabriel Rossetti. A de Keats é destruída de uma forma elegante por Wilde. Vale muito a pena ler.
Mas um dos melhores textos fala de um livro que se propõe a nos ensinar a conversar. Wilde aproveita para escrever sobre a conversação, sobre o que seja uma boa e uma má conversa. A arte que há em se saber trocar ideias.
Vêem então belos artigos sobre modelos ingleses ( modelos que posam sem entender nada de arte ), o novo presidente da academia de pintura ( um tolo ), e ao final dois maravilhosos e emocionantes artigos sobre Yeats, jovem poeta que muito prometia. Escreverei sobre eles em outra postagem.
Lendo este livro nos sentimos muito próximos de Wilde. E o que sentimos é afeto por essa grande alma.
PS: a "filosofia" de Wilde é; Existe mais verdade na visão de um artista que na objetiva e simples observação da natureza.
A ROSA SECRETA de WILLIAM BUTLER YEATS ou MINHA DECISÃO DE ESTUDAR INGLÊS
No Brasil não há um só livro de Yeats em catálogo. O que levará incautos a pensar que Yeats é menos importante que Pound ou Eliot. Não. Yeats está para a poesia em inglês assim como Pessoa para a em português, ele é popular e erudito, central. Mas então porque em Portugal tudo de Yeats está em catálogo e nada nas terras tupis? Porque tive de comprar todos os livros em edições portuguesas, preço em euros, e não em edições brasileiras, com boas traduções daqui? Why?
Não sei. A última edição de Yeats é uma coletânea de 1991 !!! Em Portugal em 2010 tudo dele foi lançado. Penso que os portugas talvez compreendam melhor a poesia de Yeats. Coisa de quem vive nos cantos da Europa. Portugal, assim como a Irlanda, tem aquela sensação de viver entre pedras, ao vento, numa terra que ninguém desejou, em meio ao nada e nas bordas do vazio. E não à toa um dos contos deste livro chama-se "ONDE NADA EXISTE DEUS EXISTE".
Sim. É um livro de contos. Yeats recolheu vários contos folclóricos irlandeses e os publicou em 1900. Contos que falam de heróis e de magia. Recolher essa tradição, dar-lhe nova vida, foi a forma do poeta lutar contra a opressão inglesa e contra o racionalismo estéril do seu tempo. Na nota introdutória fala Yeats da maldição que foi para ele ter lido racionalistas ingleses na adolescencia e em como toda a sua vida foi uma longa estrada de retorno à religião.
Estrada de Yeats que é a minha estrada. Sou um homem profundamente religioso, mas não sou um homem de dogmas ou de igrejas. Nomear Deus, dar-lhe voz é para mim negá-lo.
Não consigo entender como alguém pode viver vendo na vida apenas células e luta evolutiva. A verdade não é apenas isso. A verdade é também isso. Mas é muito mais. Mas se voce quiser ser apenas um monte de sangue e ossos, é seu direito. Eu não sou. E entenda, dizendo isso não digo que Deus exista ou não, digo tão somente que a ideia de Deus existe em minha vida diária. Penso em anjos e em deuses: isso me basta. Não me importa se eles são "reais". São tão "reais" quanto são o amor ou o ódio. Os sinto. Me são dados. Vivem em mim.
Quero também dizer que meu ateísmo deve muito a negação de meu pai. Eu sempre precisei ser o oposto de tudo o que ele foi. Se ele era português eu odiaria Portugal e se ele acreditava em Deus ( apesar de odiar padres ) eu não iria crer. Desde de sua morte estou me sentindo livre para experimentar quem sou. Mais que isso: PERDI A VERGONHA DE SER FILHO DE MEU PAI. Me assumo como "purtuguesinho", filho de camponeses, católico, desconfiado e macho. Pedra e secura.
Quero também falar que desisto de estudar francês. Que ficar quatro anos falando de Baudelaire e de Rimbaud não dá!!! Estou cheio dessa coisa tão USP de acreditar que tudo é Merleau-Ponty, Levi-Strauss e Saussure. Em literatura só se fala de Valery, Flaubert e Mallarmée. Caraca!!!!! E Blake? Wordsworth? Se ignora Whitman, se ignora Keats, se ignora Shelley, se ignora Stevens. Chega de francês!!!!!! Eu adoro Yeats, Eliot, Henry James e Joyce. Apesar de Proust e de Stendhal, é da cadência de Shakespeare que sou par. Adeus França, é a língua de Sterne e de Wilde que abraçarei.
O livro de Yeats, creia-me, me fez ver tudo isso. E é para isso que existe a voz poética ( mesmo em prosa ).
Não sei. A última edição de Yeats é uma coletânea de 1991 !!! Em Portugal em 2010 tudo dele foi lançado. Penso que os portugas talvez compreendam melhor a poesia de Yeats. Coisa de quem vive nos cantos da Europa. Portugal, assim como a Irlanda, tem aquela sensação de viver entre pedras, ao vento, numa terra que ninguém desejou, em meio ao nada e nas bordas do vazio. E não à toa um dos contos deste livro chama-se "ONDE NADA EXISTE DEUS EXISTE".
Sim. É um livro de contos. Yeats recolheu vários contos folclóricos irlandeses e os publicou em 1900. Contos que falam de heróis e de magia. Recolher essa tradição, dar-lhe nova vida, foi a forma do poeta lutar contra a opressão inglesa e contra o racionalismo estéril do seu tempo. Na nota introdutória fala Yeats da maldição que foi para ele ter lido racionalistas ingleses na adolescencia e em como toda a sua vida foi uma longa estrada de retorno à religião.
Estrada de Yeats que é a minha estrada. Sou um homem profundamente religioso, mas não sou um homem de dogmas ou de igrejas. Nomear Deus, dar-lhe voz é para mim negá-lo.
Não consigo entender como alguém pode viver vendo na vida apenas células e luta evolutiva. A verdade não é apenas isso. A verdade é também isso. Mas é muito mais. Mas se voce quiser ser apenas um monte de sangue e ossos, é seu direito. Eu não sou. E entenda, dizendo isso não digo que Deus exista ou não, digo tão somente que a ideia de Deus existe em minha vida diária. Penso em anjos e em deuses: isso me basta. Não me importa se eles são "reais". São tão "reais" quanto são o amor ou o ódio. Os sinto. Me são dados. Vivem em mim.
Quero também dizer que meu ateísmo deve muito a negação de meu pai. Eu sempre precisei ser o oposto de tudo o que ele foi. Se ele era português eu odiaria Portugal e se ele acreditava em Deus ( apesar de odiar padres ) eu não iria crer. Desde de sua morte estou me sentindo livre para experimentar quem sou. Mais que isso: PERDI A VERGONHA DE SER FILHO DE MEU PAI. Me assumo como "purtuguesinho", filho de camponeses, católico, desconfiado e macho. Pedra e secura.
Quero também falar que desisto de estudar francês. Que ficar quatro anos falando de Baudelaire e de Rimbaud não dá!!! Estou cheio dessa coisa tão USP de acreditar que tudo é Merleau-Ponty, Levi-Strauss e Saussure. Em literatura só se fala de Valery, Flaubert e Mallarmée. Caraca!!!!! E Blake? Wordsworth? Se ignora Whitman, se ignora Keats, se ignora Shelley, se ignora Stevens. Chega de francês!!!!!! Eu adoro Yeats, Eliot, Henry James e Joyce. Apesar de Proust e de Stendhal, é da cadência de Shakespeare que sou par. Adeus França, é a língua de Sterne e de Wilde que abraçarei.
O livro de Yeats, creia-me, me fez ver tudo isso. E é para isso que existe a voz poética ( mesmo em prosa ).
PARA QUE SERVE A POESIA?
Quando ia a sua casa ele logo entendeu, que tudo o que eu mais temia era meu desejo que dizia. Mas então se era a loucura o medo mais real, louco eu queria ser, um homem original... Para que serve a poesia? Para dar vida as coisas mortas. Para que serve a poesia? Para tolerarmos aquilo que morre. Para que serve a poesia? Para saber morrer. E ele disse em sala cheia: Se a poesia não houvesse sido criada no passado, ela existiria hoje? O homem de agora criaria a poesia? Dar vida a coisas mortas, fazer nascer o que nascido está, iluminar o medo e desafogar o afogado. A poesia nasceria hoje? Quando estive naquela sala, onde o nada imperava, tudo o que eu falava, dor/medo e saudade, era em forma de verso e de encanto. De onde vinha essa magia? Ao nascer eu fui roubado e outro ficou em meu berço, este aqui que meu pai viu, este aqui que minha mãe criou, este não sou eu. Ao nascer eu fui levado por um beijo. E da janela posso ver aquele que está em meu posto. E ela me espera, eu que fui roubado. Esse que lá ficou conta. Eu que fui beijado nunca cesso. Para saber morrer é preciso viver. Epifania. Em 1991 Apolo me acenou na forma de luz e de letra impressa. O raio de sol entrou pelo meu olho e me cegou para fora. A canção de Yeats saiu do livro e saiu de mim ( eu já a sabia antes de a conhecer ). Epifania. Um deus falou em minha vida. Aquela tarde, 28 de abril de 1991, jamais foi deixada. A água tragou minha vida então. Ofélia acenando na névoa. Crianças roubadas todas as noites. A lua sabe. Meus pés estão na lama da ilha. Para sempre e mais algum tempo mais. Para que serve a poesia? Unir a criança e reavivar a lama. Perder a razão e o medo de se ir. A janela, a janela, a sempre presente janela. Este mundo criaria a poesia? Mas a questão é: a poesia criou este mundo? Uma criança lê the stolen child.
WILLIAM BUTLER YEATS ( EM TEMPOS DE LAMA E DE GOTAS DE CHUVA )
...e nada vem como despreparo e tudo é um anúncio que é urdido ao mesmo tempo do que se foi antes. Ouço a voz de William Butler Yeats e vejo a pedra de sua tumba ao lado de sua esposa tardia. Cruz de São Patricio e entardecer celta e pedras sobre um verde que nunca se abala. Quando voce for velha eu já terei sido pó e minha passagem estará perdida? Nesta tela sem verde e sem frio e sem vela eu vejo a pedra onde se escreve o nome, William Butler Yeats. E sua voz lê, agora e ontem, Velejando a Bizâncio. Eu velejo. Para sempre.
Máscaras e Budas e Islã e ruínas de Portugal. O Japão é outra vez testado ( quantas mais? ) e outra vez se absorve em si para renascer em círculo infindo. Cantos de aborígenes, passos de hindus, o que me leva são os ilhados em terra e livres, sempre, em si. William Butler Yeats é meu xamã e surge, infalivelmente nas encruzilhadas de minha velejada. Quando a água escorre e a lama traz a promessa de um Adão. Renascer.
A vida é reta, eu desconheço seu circulo, mas isso não impede que eu lute por me encircular. Seios são redondos. Nada reto nos pode seduzir com suavidade. Serei mais virtuoso? Careço de coragem, de doçura, de gentileza. Mas sou fiel, sou devoto do amor e sei o justo preço do humor. E a compaixão é o emblema que trago em meu escudo. Compaixão ao que sofre e se vai.
Um animal morto sou eu que me morro ( é isso que os janistas crêem, pasmem, eu sempre senti-me assim ), um cão abandonado sou eu que me abandono-me. Quando o tigre sumir sou eu que me sumirei. E cada árvore morta eu morto estou mais um pouco. ( E cada nascimento eu nasço outra vez ). William Butler Yeats anuncia-me, anunciou-me, guarda-me, cantará.
Aborigenes pensam que o mundo foi criado em cantos. Que para uma pedra ou um pássaro existir ele precisa ser cantado. Assim, eles andam pelo deserto sem se perder, pois eles ouvem e sabem a canção de cada rastro, de cada monte, de cada réptil. E cada um deles é responsável pelo seu canto, canto que dá vida e mantém a vida de cada coisa e bicho. E eu te digo: O que esta atual civilização criou que se compare a riquesa dessa crença? Pois no ser que canta uma pedra e que se faz responsável por essa pedra e assim responsável por todos aqueles que cantam essa mesma pedra, eu digo, esse aborigene prescende de policia, de psiquiatra, de juiz e de bordel. Ele existe com seu meio e não apesar de seu meio.
William Butler Yeats foi o primeiro a me iniciar. E eu só com ele percebi que o que parece ser normalmente não é e o que nada anuncia pode ser tudo o que voce pergunta. Nuvens alardeiam seu relâmpago, mas existem algumas que apenas chovem. Nossa civilização é a do relâmpago. Eu amo a Irlanda, o Japão e Portugal. E mesmo os lusitanos vivem numa ilha. Três países sempre próximos do fim, de imigrantes e de fome e de sonho. Contidos, voltados para dentro do âmago, pedregosos e de solo ruim, calados no matraqueio do mundo. Ilhados como beduinos e como ciganos estão.
Na manhã em que me desviei do caminho à escola e penetrei na trilha de meus cantos secretos, onde lama e ratos viviam com meus livros de páginas amareladas, nas noites em que iluminava o nada com uma vela e me cegava com versos, nas tardes de música e de amor dado para ninguém e por isso para tudo, eu digo, quando meus pés conheceram as pegadas que me eram dadas, eu desentendi a reta e me afastei da roda. E então toda a mente podia ser uma formiga andando a minha frente. Pensei-me louco, criado em iluminismo pensei-me mal. William Butler Yeats de sua ilha fez-me ver inteiro. Por mais ruins e banais que minhas imagens sejam, eu trilho a trilha dele e deles todos antes. Questão de grau, de talento, mas a ilha é aquela também.
O mundo gira, o eixo fica. As ilhas permanecem.
Máscaras e Budas e Islã e ruínas de Portugal. O Japão é outra vez testado ( quantas mais? ) e outra vez se absorve em si para renascer em círculo infindo. Cantos de aborígenes, passos de hindus, o que me leva são os ilhados em terra e livres, sempre, em si. William Butler Yeats é meu xamã e surge, infalivelmente nas encruzilhadas de minha velejada. Quando a água escorre e a lama traz a promessa de um Adão. Renascer.
A vida é reta, eu desconheço seu circulo, mas isso não impede que eu lute por me encircular. Seios são redondos. Nada reto nos pode seduzir com suavidade. Serei mais virtuoso? Careço de coragem, de doçura, de gentileza. Mas sou fiel, sou devoto do amor e sei o justo preço do humor. E a compaixão é o emblema que trago em meu escudo. Compaixão ao que sofre e se vai.
Um animal morto sou eu que me morro ( é isso que os janistas crêem, pasmem, eu sempre senti-me assim ), um cão abandonado sou eu que me abandono-me. Quando o tigre sumir sou eu que me sumirei. E cada árvore morta eu morto estou mais um pouco. ( E cada nascimento eu nasço outra vez ). William Butler Yeats anuncia-me, anunciou-me, guarda-me, cantará.
Aborigenes pensam que o mundo foi criado em cantos. Que para uma pedra ou um pássaro existir ele precisa ser cantado. Assim, eles andam pelo deserto sem se perder, pois eles ouvem e sabem a canção de cada rastro, de cada monte, de cada réptil. E cada um deles é responsável pelo seu canto, canto que dá vida e mantém a vida de cada coisa e bicho. E eu te digo: O que esta atual civilização criou que se compare a riquesa dessa crença? Pois no ser que canta uma pedra e que se faz responsável por essa pedra e assim responsável por todos aqueles que cantam essa mesma pedra, eu digo, esse aborigene prescende de policia, de psiquiatra, de juiz e de bordel. Ele existe com seu meio e não apesar de seu meio.
William Butler Yeats foi o primeiro a me iniciar. E eu só com ele percebi que o que parece ser normalmente não é e o que nada anuncia pode ser tudo o que voce pergunta. Nuvens alardeiam seu relâmpago, mas existem algumas que apenas chovem. Nossa civilização é a do relâmpago. Eu amo a Irlanda, o Japão e Portugal. E mesmo os lusitanos vivem numa ilha. Três países sempre próximos do fim, de imigrantes e de fome e de sonho. Contidos, voltados para dentro do âmago, pedregosos e de solo ruim, calados no matraqueio do mundo. Ilhados como beduinos e como ciganos estão.
Na manhã em que me desviei do caminho à escola e penetrei na trilha de meus cantos secretos, onde lama e ratos viviam com meus livros de páginas amareladas, nas noites em que iluminava o nada com uma vela e me cegava com versos, nas tardes de música e de amor dado para ninguém e por isso para tudo, eu digo, quando meus pés conheceram as pegadas que me eram dadas, eu desentendi a reta e me afastei da roda. E então toda a mente podia ser uma formiga andando a minha frente. Pensei-me louco, criado em iluminismo pensei-me mal. William Butler Yeats de sua ilha fez-me ver inteiro. Por mais ruins e banais que minhas imagens sejam, eu trilho a trilha dele e deles todos antes. Questão de grau, de talento, mas a ilha é aquela também.
O mundo gira, o eixo fica. As ilhas permanecem.
UMA VISÃO- WILLIAM BUTLER YEATS ( ESPÍRITO, HISTÓRIA E SÍMBOLO )
Yeats já era o mais famoso poeta de língua inglesa quando lançou este livro ( que na verdade são 3 volumes ). O tema aqui exposto irá interessá-lo por toda a década de 20.
Casou-se tarde, e no quarto dia de sua lua de mel, sua esposa começou a receber espíritos. Toda a primeira parte é consagrada a esses fenômenos e aquilo que as entidades lhe falaram. Yeats descreve os odores misteriosos que anunciam as visitas ( rosas ) e as luzes e assobios que os acompanham. Durante meses a esposa psicografava enormes textos exotéricos sobre o que significa a vida, a história e o que acontece com nossas almas nesta e em todas as outras vidas. O poeta mergulha de cabeça em todo esse simbolismo sem medo nenhum, jamais apelando para soluções fáceis como dizer que tudo é loucura ou auto-hipnose. Como todo poeta ou amante, ele foge das facilidades e dos rótulos prontos.
No segundo volume é passada toda a mensagem desses seres etéreos. A base é a reencarnação, mas ao contrário do espiritismo, é uma reencarnação não cristã, e inversamente ao hinduísmo, não se apega ao karma. É leitura complexa, cansativa, muito difícil, com trechos completamente obscuros. Mas mesmo assim se depreende:
1- Que a história do homem é a história de sua individuação. Nosso caminho é estrada que vai do anonimato ao apego egocêntrico, da arte anônima a assinatura, do não-eu dos animais à afirmação do eu-sou-único, do grupo a auto-suficiência. Mas esse processo é cíclico, e nele se caminha para a decadência, momento em que a civilização se desagrega. Cada indivíduo perde o interesse pelo todo. Fato observado no fim do Egito, na Grécia, em Roma e Bizâncio.
2- Nada é resolvido nesta vida. Todo aprendizado é feito na revisão da vida vivida. Nossa existência sólida é apenas um ensaio, um sonho, uma tênue viagem.
3- Uma belíssima imagem: O Espírito é nosso futuro, nossos desejos são o presente, nossa matéria é nosso passado. Considero essa divisão maravilhosamente bem pensada. A alma como a aspiração, o desejo como a prisão do eterno agora, e nosso corpo e as coisas que nos cercam como envelhecidos e falíveis objetos do sempre passado.
4- Yeats cita Hegel: a Ásia é o mundo da natureza, a história do Ocidente é a história da fuga da natureza. Fuga essa que foi razoávelmente bem sucedida na Grécia e plenamente realizada pelo cristianismo, religião que separa definitivamente o homem da natureza.
5- Imagem da ciência e do intelecto: A ciência quando analisa um pássaro sempre enxergará um esqueleto seco numa praia. O pássaro que voa, come, defeca e copula é inalcansável pela razão, pois o intelecto para apreender algo precisa primeiro matar.
No terceiro livro Yeats analisa a evolução histórica na visão desse movimento de individuação e decadência. Ele cita Bizâncio como um apogeu humano e a criação de Merlin e do amor cortês como outro. Desde a renascença estaria havendo essa queda, essa desvalorização do coletivo e do sagrado, e o crescimento do individual e do corriqueiro.
Não importa se foram espíritos ou não, as idéias aqui escritas trazem outras idéias embutidas. O texto é inesgotável, fluido, fertilizador. São metáforas sobre metáforas, visões sobre visões, e o que mais surpreende é a coragem de Yeats em expor sua crença, suas experiências, sua mulher.
Verdade ou não, que importa?
O que é verdadeiro sob o céu que se move?
Casou-se tarde, e no quarto dia de sua lua de mel, sua esposa começou a receber espíritos. Toda a primeira parte é consagrada a esses fenômenos e aquilo que as entidades lhe falaram. Yeats descreve os odores misteriosos que anunciam as visitas ( rosas ) e as luzes e assobios que os acompanham. Durante meses a esposa psicografava enormes textos exotéricos sobre o que significa a vida, a história e o que acontece com nossas almas nesta e em todas as outras vidas. O poeta mergulha de cabeça em todo esse simbolismo sem medo nenhum, jamais apelando para soluções fáceis como dizer que tudo é loucura ou auto-hipnose. Como todo poeta ou amante, ele foge das facilidades e dos rótulos prontos.
No segundo volume é passada toda a mensagem desses seres etéreos. A base é a reencarnação, mas ao contrário do espiritismo, é uma reencarnação não cristã, e inversamente ao hinduísmo, não se apega ao karma. É leitura complexa, cansativa, muito difícil, com trechos completamente obscuros. Mas mesmo assim se depreende:
1- Que a história do homem é a história de sua individuação. Nosso caminho é estrada que vai do anonimato ao apego egocêntrico, da arte anônima a assinatura, do não-eu dos animais à afirmação do eu-sou-único, do grupo a auto-suficiência. Mas esse processo é cíclico, e nele se caminha para a decadência, momento em que a civilização se desagrega. Cada indivíduo perde o interesse pelo todo. Fato observado no fim do Egito, na Grécia, em Roma e Bizâncio.
2- Nada é resolvido nesta vida. Todo aprendizado é feito na revisão da vida vivida. Nossa existência sólida é apenas um ensaio, um sonho, uma tênue viagem.
3- Uma belíssima imagem: O Espírito é nosso futuro, nossos desejos são o presente, nossa matéria é nosso passado. Considero essa divisão maravilhosamente bem pensada. A alma como a aspiração, o desejo como a prisão do eterno agora, e nosso corpo e as coisas que nos cercam como envelhecidos e falíveis objetos do sempre passado.
4- Yeats cita Hegel: a Ásia é o mundo da natureza, a história do Ocidente é a história da fuga da natureza. Fuga essa que foi razoávelmente bem sucedida na Grécia e plenamente realizada pelo cristianismo, religião que separa definitivamente o homem da natureza.
5- Imagem da ciência e do intelecto: A ciência quando analisa um pássaro sempre enxergará um esqueleto seco numa praia. O pássaro que voa, come, defeca e copula é inalcansável pela razão, pois o intelecto para apreender algo precisa primeiro matar.
No terceiro livro Yeats analisa a evolução histórica na visão desse movimento de individuação e decadência. Ele cita Bizâncio como um apogeu humano e a criação de Merlin e do amor cortês como outro. Desde a renascença estaria havendo essa queda, essa desvalorização do coletivo e do sagrado, e o crescimento do individual e do corriqueiro.
Não importa se foram espíritos ou não, as idéias aqui escritas trazem outras idéias embutidas. O texto é inesgotável, fluido, fertilizador. São metáforas sobre metáforas, visões sobre visões, e o que mais surpreende é a coragem de Yeats em expor sua crença, suas experiências, sua mulher.
Verdade ou não, que importa?
O que é verdadeiro sob o céu que se move?
ONDE NADA EXISTE- WILLIAM BUTLER YEATS
Yeats nasceu em 1865. Viveu até 1939. Durante esse período foi o mais famoso poeta de língua inglesa. Irlandês. O primeiro a ganhar o Nobel. ( A Irlanda tem a população da cidade de São Paulo. São cinco nobéis, o que dá um prêmio para cada dois milhões de habitantes. Seria como o Brasil ter 100 nobéis.)
Apesar de ser poeta, apesar de mais que poeta, ser simbolista, Yeats teve uma vida bastante ativa. Ajudou a fundar o teatro nacional do país ( que seria o Abbey Theatre ), lutou pela emancipação da república e foi senador. Apaixonado por uma revolucionária ( Maud Gonne ) que repeliu suas várias propostas de casamento, tentou depois se casar com a filha de Maud, sendo também repelido. Casou-se então com Lady George, que se revelou uma médium ( entrou em transe na noite de núpcias ). Foi através dessa esposa que Yeats formulou sua religião.
Ele escreveu peças de teatro, prosa, ensaios, crítica e claro, a mais bela poesia da língua.
Este é o volume onde Yeats se mostra mais irlandês. Em que pese sua origem aristocrática, ele vai às lendas populares e as reescreve, dando assim uma identidade à jovem nação republicana. O livro se faz de contos populares, de personagens do folclore celta, de magia e de mistério em bosques e choupanas, de tempo indefinido e sem relógio, de matéria inconsciente.
Yeats acreditava em espíritos da floresta. Mas sua crença está anos-luz distante de gnomos e de fadas auto-ajuda ou Senhor dos Anéis. O que ele diz em sua introdução é que existe UM VAZIO NO DESEJO, um vazio no além do cosmos, um nada no infinitamente pequeno, um além de nossa razão. E que é nesse vazio, nesse nada que mora Deus. Mas atenção: PARA YEATS, O DEUS CRISTÃO JÁ É UMA INVENÇÃO DO INTELECTO. O que ele nos diz é que o Deus que habita o vazio são os antigos deuses, os seres da origem, os espíritos da floresta, do sonho, da fagulha de origem, deuses que foram expulsos de nosso meio, tornaram-se exilados pela nossa razão. Não queremos e não podemos vê-los mais.
O livro vai adiante, contando histórias arquetípicas de homens dos tempos dos deuses. Heróis ainda possíveis, dos quais o mais presente é Hanraham, um professor-músico-poeta, vagando por vilas e matas, cantando e ensinando as crianças, sendo seduzido por donzelas e por bruxas. É ele o centro das lendas. É ele que Yeats situa, conscientemente, como modelo central do irlandês livre, do irlandês não-inglês. É o Macunaíma de sua terra.
Se existem deuses no vazio ou mais vazio no nada, não é o caso. O que importa é que a poesia só é possível quando se tem alguma crença, seja em deuses, amor ou revolução. Sem a fé a poesia morre.
Yeats era pleno de fé em deuses, em mistérios, em amor eterno, em novo-mundo. Penso ter sido ele feliz. Penso ser ele meu modelo. Não foi coincidência ele ter falecido em 1939. Os deuses o pouparam. Ele sabia: Onde nada existe, Deus existe.
Apesar de ser poeta, apesar de mais que poeta, ser simbolista, Yeats teve uma vida bastante ativa. Ajudou a fundar o teatro nacional do país ( que seria o Abbey Theatre ), lutou pela emancipação da república e foi senador. Apaixonado por uma revolucionária ( Maud Gonne ) que repeliu suas várias propostas de casamento, tentou depois se casar com a filha de Maud, sendo também repelido. Casou-se então com Lady George, que se revelou uma médium ( entrou em transe na noite de núpcias ). Foi através dessa esposa que Yeats formulou sua religião.
Ele escreveu peças de teatro, prosa, ensaios, crítica e claro, a mais bela poesia da língua.
Este é o volume onde Yeats se mostra mais irlandês. Em que pese sua origem aristocrática, ele vai às lendas populares e as reescreve, dando assim uma identidade à jovem nação republicana. O livro se faz de contos populares, de personagens do folclore celta, de magia e de mistério em bosques e choupanas, de tempo indefinido e sem relógio, de matéria inconsciente.
Yeats acreditava em espíritos da floresta. Mas sua crença está anos-luz distante de gnomos e de fadas auto-ajuda ou Senhor dos Anéis. O que ele diz em sua introdução é que existe UM VAZIO NO DESEJO, um vazio no além do cosmos, um nada no infinitamente pequeno, um além de nossa razão. E que é nesse vazio, nesse nada que mora Deus. Mas atenção: PARA YEATS, O DEUS CRISTÃO JÁ É UMA INVENÇÃO DO INTELECTO. O que ele nos diz é que o Deus que habita o vazio são os antigos deuses, os seres da origem, os espíritos da floresta, do sonho, da fagulha de origem, deuses que foram expulsos de nosso meio, tornaram-se exilados pela nossa razão. Não queremos e não podemos vê-los mais.
O livro vai adiante, contando histórias arquetípicas de homens dos tempos dos deuses. Heróis ainda possíveis, dos quais o mais presente é Hanraham, um professor-músico-poeta, vagando por vilas e matas, cantando e ensinando as crianças, sendo seduzido por donzelas e por bruxas. É ele o centro das lendas. É ele que Yeats situa, conscientemente, como modelo central do irlandês livre, do irlandês não-inglês. É o Macunaíma de sua terra.
Se existem deuses no vazio ou mais vazio no nada, não é o caso. O que importa é que a poesia só é possível quando se tem alguma crença, seja em deuses, amor ou revolução. Sem a fé a poesia morre.
Yeats era pleno de fé em deuses, em mistérios, em amor eterno, em novo-mundo. Penso ter sido ele feliz. Penso ser ele meu modelo. Não foi coincidência ele ter falecido em 1939. Os deuses o pouparam. Ele sabia: Onde nada existe, Deus existe.
a teoria dos ciclos de william butler yeats
O grande poeta Yeats escreveu todo um livro sobre suas crenças. Através da mediunidade de sua esposa, o poeta recebeu a seguinte teoria. ( Que por ser bastante complexa, transcrevo apenas uma ínfima parte ).
O mundo caminha em círculos concêntricos. A cada 500 anos atingimos um apogeu e após mais 500 anos, sua antítese-decadência.
A alma, em suas várias encarnações, também varia entre sua luz e sua escuridão.
Assim sendo :
Em 2.500 ac temos um apogeu. O código de Hamurabi, as maiores pirâmides do Egito, estudos de astronomia e matemática.
500 anos mais tarde, a queda : invasões e confusão de línguas e de tribos.
Em 1.500 ac um momento de luz : Moisés e as tábuas da lei, Tutancamon no Egito, o apogeu da cultura cretense e o nascimento da civilização chinesa.
1000 ac, a treva : queda do Egito e invasão da babilonia.
500 ac. O mais brilhante e decisivo momento da humanidade : ao mesmo tempo, andaram na Terra : Buda- Confúcio- Sócrates. Apogeu de Atenas com Péricles, o teatro de Ésquilo e Sófocles. Nasce o taoísmo. Nasce a ciência como tese e antítese. Os celtas se organizam. Roma tem seu nascimento. Dario e Xerxes.
Ano 0. A treva. O sacrificio de Jesus. Nero em Roma. Queda de Atenas. Confusão na India e China.
Ano 500 de nossa era. Brilho : A igreja católica começa a unir o ocidente. Maomé no oriente. Apogeu da cultura árabe. Bizâncio é o centro da Europa.
Ano 1000. Trevas e confusão. Alta idade média. A Europa se divide em feudos.
1500 de nossa era : Solar. Descobre-se a América. Nasce o protestantismo. A renascença cria a ciencia e a filosofia modernas. O homem se torna o centro do mundo. O sentido de comércio e progresso nasce aqui. Os bancos e a arte humanística.
Ano 2000: trevas. Fim do humanismo. Confusão tribal. Morte da arte feita para o homem.
Yeats morreu em 1939. Para ele, a primeira guerra era o aviso da era caótica que viria no final do século vinte. O que ele diria se houvesse vivido mais cinco anos ?
O mundo caminha em círculos concêntricos. A cada 500 anos atingimos um apogeu e após mais 500 anos, sua antítese-decadência.
A alma, em suas várias encarnações, também varia entre sua luz e sua escuridão.
Assim sendo :
Em 2.500 ac temos um apogeu. O código de Hamurabi, as maiores pirâmides do Egito, estudos de astronomia e matemática.
500 anos mais tarde, a queda : invasões e confusão de línguas e de tribos.
Em 1.500 ac um momento de luz : Moisés e as tábuas da lei, Tutancamon no Egito, o apogeu da cultura cretense e o nascimento da civilização chinesa.
1000 ac, a treva : queda do Egito e invasão da babilonia.
500 ac. O mais brilhante e decisivo momento da humanidade : ao mesmo tempo, andaram na Terra : Buda- Confúcio- Sócrates. Apogeu de Atenas com Péricles, o teatro de Ésquilo e Sófocles. Nasce o taoísmo. Nasce a ciência como tese e antítese. Os celtas se organizam. Roma tem seu nascimento. Dario e Xerxes.
Ano 0. A treva. O sacrificio de Jesus. Nero em Roma. Queda de Atenas. Confusão na India e China.
Ano 500 de nossa era. Brilho : A igreja católica começa a unir o ocidente. Maomé no oriente. Apogeu da cultura árabe. Bizâncio é o centro da Europa.
Ano 1000. Trevas e confusão. Alta idade média. A Europa se divide em feudos.
1500 de nossa era : Solar. Descobre-se a América. Nasce o protestantismo. A renascença cria a ciencia e a filosofia modernas. O homem se torna o centro do mundo. O sentido de comércio e progresso nasce aqui. Os bancos e a arte humanística.
Ano 2000: trevas. Fim do humanismo. Confusão tribal. Morte da arte feita para o homem.
Yeats morreu em 1939. Para ele, a primeira guerra era o aviso da era caótica que viria no final do século vinte. O que ele diria se houvesse vivido mais cinco anos ?
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