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KUBRICK/ ROBERT REDFORD/ EASTWOOD/ KING VIDOR/ HUSTON/ GEORGE C. SCOTT

   O GRANDE GOLPE de Stanley Kubrick com Sterling Hayden
Segundo filme de Kubrick. Dá pra perceber que é um filme de um novato, ele se exibe demais. Várias cenas lembram a técnica de "KANE" de Welles. Sterling Hayden era um ator admirável. Aqui ele repete seu tipo de bandido "marcado" exibido em "THE ASPHALT JUNGLE" obra-prima de Huston feita cinco anos antes. Este é um bom filme de assalto, um pouco exagerado, mas forte. Nota 7.
   GOLPE DE MESTRE de George Roy Hill com Robert Redford e Paul Newman
Grande vencedor dos Oscars de 73, grande sucesso de bilheteria. Passado nos anos 30, temos aqui Redford em seu auge, como um malandro do baixo mundo. Logo na primeira cena vemos um belo golpe aplicado por ele e comparsa. Tudo na malandragem pura. Mas ele dá o azar de mexer com chefe poderoso ( um impagável Robert Shaw ). Descoberto, foge e começa a "trabalhar" com famoso golpista veterano ( Paul Newman, explêndido em seu carisma de picareta desencanado ). Num trem há um dos mais emocionantes jogos de poker do cinema e depois eles armam um golpe milaborante em cima do tal chefe poderoso. Redford, com o mesmo diretor de BUTCH CASSIDY, tem todo o filme para sí. Está ótimo, mas Newman e Shaw estão ainda melhores. Shaw faz um chefão ofendido que é pura jóia. A trilha sonora, velhos números de Scott Joplin foi hit em 73. Sublime. Uma diversão citada por Soderbergh entre seus filmes favoritos de sempre. É matéria obrigatória nos cursos de cinema da UCLA. Nota 9.
   O PLANETA DOS MACACOS de Franklyn J. Schaffner com Charlton Heston, Kim Hunter e Roddy MacDowell
Adoro Heston. Um ator que consegue misturar dois mundos: sério e bonitão, ágil para aventuras e sisudo para dramas. Este filme é drama e aventura juntos. E funciona. Enervante, nos confunde em seu final inesquecível. A estátua caída no chão, o silêncio, as ondas do mar... a perfeição em termos de finais de filmes. Mas ele é muito mais que isso. Ecológico, crítico, contundente. Nota 9.
   MENINA DE OURO de Clint Eastwood com Clint Eastwood, Hilary Swank e Morgan Freeman
Clint faz filmes tristes. BRONCO BILLY é das coisas mais melancólicas já feitas e BIRD não fica atrás. Ele fez comédias também, mas tem óbvias preferências pelo drama. E este tem um terço final muito dramático! Que no meu ver desequilibra todo o filme. Se em seus dois terços iniciais é um maravilhoso conto sobre um velho amargo e uma adorável perdedora, no fim faz-se um mero "filme pra chorar", tipo "ESCAFANDRO E BORBOLETAS" e que tais. Mesmo assim o elenco está de arrasar. Morgan faz um velho derrotado pela vida de um modo suave, todo em tons menores, e Clint mostra-se grande ator. O dono do ginásio é criação de quem aprendeu tudo sobre interpretação. Hilary, dizem, tem uma bio parecida com a da lutadora. Foi pra LA com 75 dólares e tinha de dividir um hamburger por três refeições. O modo como ela se empolga, como sorri é das melhores coisas que uma atriz fez na década. Apesar de suas falhas, é dos poucos vencedores do Oscar dos últimos vinte anos a não ser contestado. Lindo. Nota 9.
   GRAND PRIX de John Frankenheimer com James Garner, Yves Montand e Toshiro Mifune
Acompanhamos a temporada de 1966 da fórmula Um. Monaco, Monza, Spa, Nurburgring, Watkins Glen... Circuitos dos tempos heróicos, não eram feitos para a TV, eram feitos para assustar. O filme é visualmente deslumbrante. As corridas são muito bem filmadas ( são corridas reais com os pilotos da época, Jack Brabham, Jackie Stewart, Jochen Rindt, Jacky Ickx, Bruce Surtees, Ken Tyrrell... ), vemos os F1 mais belos, sem propaganda, longos e elegantes, Lotus, Ferrari, BRM, Honda, March. A trilha sonora de Maurice Jarre se tornou tema da F1 por vinte anos. Pra quem gosta de carros é obrigatório. Frankenheimer foi um dos grandes diretores dos anos 60. Seus filmes eram sempre inquietos. Este é brilhante em sua técnica. A falha: os dramas da vida pessoal dos pilotos são óbvios e tolos. Nota 7.
   MEU VIZINHO MAFIOSO 2 de Howard Deutch com Bruce Willis, Mathew Perry e Amanda Peet
Atores de Tv raramente dão certo no cinema. Será??? Clint Eastwood foi ator de Tv por dez anos. Steve McQueen fez Tv por dois anos. E George Clooney, que não começou na Tv, só brilhou após passar por ela. Mas a turma de Friends não vingou na tela grande. Mesmo Jennifer Aniston se tornou apenas uma boa atriz classe B. Perry neste filme é patético. Passa duas horas fazendo as mesmas caras e tropeções de Friends. Mas o filme é todo pavoroso. Uma mixórdia sem pé nem cabeça que não consegue provocar um sorriso. Comédias são filmes muito perigosos. Um drama ruim é apenas chato. Uma comédia ruim é irritante. Bruce Willis faz seu tipo cool-brega e se perde junto com o filme. Não há nada pra se fazer aqui. Zero.
   GUERRA E PAZ de King Vidor com Henry Fonda, Audrey Hepburn, Mel Ferrer e Vittorio Gassman
Vidor, um dos pioneiros do cinema, já era um veterano quando aceitou fazer este filme. É uma super-produção de Laurentiis. As cenas de batalha são grandiosas e belas. Conseguiram vinte mil homens para espalhar no campo, todos com uniformes napoleônicos e cavalos. Hoje os custos seriam impossíveis. Mas é bacana ver a diferença de multidões digitais e estas, de carne e osso. Nos envolvemos mais, nos assustamos menos. Mas fora isso, este filme é chatésimo! Não há como filmar Tolstoi. É impossível, mesmo nestas quatro longas horas. Audrey faz uma Natasha que se parece com uma americana mimada. Fonda luta para dar vida à Pierre, não consegue. Tolstoi faz livros sobre almas, são anti-cinema. O que temos aqui acaba por ser apenas mais um épico sobre Napoleão ( e o Napoleão de Herbert Lom está idêntico o Dreyfuss da PANTERA COR DE ROSA ). Nota 4.
   A LISTA DE ADRIAN MESSENGER de John Huston com George C. Scott e Kirk Douglas
Até hoje só dois atores recusaram os Oscars que ganharam: Brando em 72 pelo Chefão, e George C.Scott, por Patton em 1970. Foi um grande ator totalmente avesso a estrelismos. Quando vemos alguém como Sean Penn, que se faz de rebelde, mas que agradece seu prêmio como caipira emocionado, entendemos a seriedade que se deve ter para ser um verdadeiro outsider. Aqui Scott é o detetive que desvenda, na Inglaterra rural, um caso de assassinatos em série. Douglas é o vilão, que se esconde em máscaras e tipos soturnos. Com belas mansões, caçadas à raposa e atores excelentes, Huston nos oferece uma gostosa diversão. Um passatempo de classe. Nota 7.

DONEN/ CARY GRANT/ BURT LANCASTER/ AL PACINO/ POWELL/ CAPRA

ARABESQUE de Stanley Donen com Gregory Peck e Sophia Loren
No inicio dos anos 60 foi moda fazer filmes do tipo "mistério-policial-chic". Donen fez em 63 o melhor deles: Charada. Aqui ele tenta fazer um filme tão bom quanto aquele. Infelizmente não consegue ( Pudera! ninguém mais conseguiu fazer outro Charada.) Mas este Arabesque não é ruim. Diverte e é bonito de se ver. Sophia nunca esteve tão perfeita e Peck é sempre ok ( Embora não sirva pra comédia. Suas cenas de humor naufragam ). Stanley Donen é o soberbo diretor que ajudou Gene Kelly a fazer Cantando na Chuva e que depois provou sua maestria com Sete Noivas para Sete Irmãos. Donen sabia dar a seus filmes um toque sublime de leveza, brilho, chique, humor e muita inteligencia. Em 1994 foi homenageado no Oscar e sua dança com seu prêmio é dos melhores momentos da academia. Nota 6.
NIGHTFALL de Jacques Tourneur com Aldo Ray, Brian Keith e Anne Bancroft
Ótimo policial noir. Tourneur foi um daqueles caras que sabia fazer qualquer tipo de filme. O que ele dava a todos os seus trabalhos era senso de ação, clima, e boas interpetações. Este filme tem tudo isso, e mais um enorme fatalismo pessimista. Tudo dá errado para seus personagens vulgares. Uma excelente diversão. Nota 8.
O LADRÃO DE BAGDÁ de Michael Powell com Sabu, June Duprez
Em que pese a maravilha de foto ( Georges Perinal ), o filme é muito irregular. Na verdade Powell dirigiu apenas um quarto do filme. Korda e Whelan dirigiram o resto. Isso lhe dá uma alternancia de ritmos, climas que não evoluem. Mas funciona como fantasia solta e tem seus momentos. Mas não espere demais. Nota 5.
ESTE MUNDO É UM HOSPICIO de Frank Capra com Cary Grant, Peter Lorre, Raymond Massey
Um filme que é todo falho. É a versão nas telas de peça de imenso sucesso. Fala de duas velhinhas que aliviam a vida de velhos solitários: elas matam esses infelizes. Mas a comédia não funciona. O motivo? Todos os personagens são irritantemente histéricos. Mesmo o maravilhoso Cary Grant está fora do tom. Dá para se perceber seu desconforto. Nota 4.
O HOMEM DE ALCATRAZ de John Frankenheimer com Burt Lancaster e Telly Savallas
Baseado em fatos reais. Um homem anti-social, ruim, é preso. Ele odeia as pessoas e idolatra sua mãe ( uma assustadora/edipiana Thelma Ritter ). Na prisão, um diretor passa a persegui-lo ( um odiável Karl Malden ), porque ele não se encaixa em seu plano de prisões ultra-racionais. Por acidente, esse preso cria um canário na cela, e passa, com o tempo, a ser uma das maiores autoridades do mundo em ornitologia. Sem jamais sair da prisão. O filme é muito dificil. Todo filmado dentro das celas, sem sol, sem alegria, nada apelativo. Lancaster está contido, seco, bastante viril e o resto do elenco está a sua altura. Frankenheimer, um dos grandes da época, sabe filmar esse tipo de tema. A câmera testemunha, não julga, mostra e jamais escancara. Não é fácil acompanhar vida tão árdua, mas caraca! Vale muito a pena. Nota 7.
O IMPÉRIO DAS ARANHAS de John Bud Cardos com William Shatner É um thrash fuleiro sobre aranhas que matam e aprontam. É versão pobre de Os Pássaros. Voce se senta e se deixa ver, e de repente se pega gostando. Nota 5.
ANNA CHRISTIE de Clarence Brown com Greta Garbo
Peça de Eugene O'Neill, ou seja, pessimismo ao extremo. Garbo prova mais uma vez ser grande atriz. Faz um papel sem nenhum glamour. Mas o filme, feito no inico do cinema falado tem um enorme problema: seu peso. No começo do falado, os aparelhos de gravação de som eram imensos, isso fazia com que câmera e atores não pudessem se mover. O que temos são longas cenas sem movimento ( isso seria resolvido no ano seguinte ). Chato pacas! Nota Zero.
JUSTIÇA PARA TODOS de Norman Jewison com Al Pacino, Jack Warden e Christine Lahti
No tempo em que o cinema americano era adulto, se fez este filme. É sobre um advogado que tem de defender de processo por estupro, o juiz que ele mais detesta. O roteiro de Barry Levinson mistura drama pesado e comédia louca, funciona e muito. Jewison, diretor engajado, mostra a vida de travestis, pequenos ladrões, julgamentos falhos e escritórios cheios de processos infindáveis. Pacino vai enlouquecendo e sua atuação é das melhores coisas que ele já fez. A explosão que ele sofre no final é das cenas mais citadas pelos jovens atores. Mas há mais: o filme é maravilhosamente rico. Um juiz que tenta se enforcar, um outro fascista, um advogado que enlouquece, um travesti sensível, todos são meio loucos neste filme que parece faiscar em mil direções, mas que jamais se perde. Posso dizer que se voce é daqueles meninos que ainda não descobriram o cinema adulto dos 70, que ainda pensa que Rede Social e Cisne Negro são o máximo...bem, veja este filme e depois a gente conversa. Há aqui uma complexidade fílmica não afetada maravilhosa. E há Pacino. Nota 9.
NESTE MUNDO E NO OUTRO de Michael Powell com David Niven e Kim Hunter
Uma obra-prima. Fantasia pura e poesia soberba em filme que trata de espíritos e anjos sem jamais ser fofo ou lacrimoso. Sério e socialmente nobre, Powell era um gênio. Este filme, diferente de tudo o que voce já viu, é testemunho de alma sem igual. Ver e crer. Nota DEZ!!!!!!
PARALELO 49 de Michael Powell com Laurence Olivier, Raymond Massey e Leslie Howard
Um grupo de nazis, perdidos no Canadá, tentam escapar. Coragem de Powell, o filme, feito durante a segunda guerra, tem nazis como personagens centrais e mostra os alemães como não-vilões. O filme, claro, ataca o nazismo, mas exibe o fato de que os alemães não são todos ruins e mais, que há soldados alemães inocentes. Fora isso, é uma aventura de primeira com deslumbrantes paisagens canadenses. Mais um show de Powell. Nota 7.

MIKE NICHOLS/ MOULIN ROUGE/ O SEGUNDO ROSTO/ ALEC GUINESS

QUINTETO DA MORTE de Alexander MacKendrick com Alec Guiness, Peter Sellers e Herbert Lom
Os irmãos Coen refilmaram este filme usando Tom Hanks. Foi um fiasco ! Este é o original. A velhinha é deliciosa. È dela esta comédia muito inglesa em que grupo de ladrões se enrola para eliminar sua senhoria. O filme não é a genialidade que eu esperava. Sua fama é exagerada. Mas tem um show de todo o elenco e um roteiro que vai num crescendo até seu impagável fim. Not 7.
INOCENTE SELVAGEM de Nicholas Ray com Anthony Quinn, Yoko Tani e Peter O'Toole.
Assiti este filme vinte anos atrás, na tv Manchete, de madrugada. Na época o considerei genial. Mostrando como o gosto muda ( no meu caso, com o dvd aumentei muito minha exigência ) revendo-o agora fiquei abestado com sua tolice. Tudo é constrangedor. Quinn faz um esquimó ( o filme é história sobre cotidiano esquimó ) muito mexicano e toda a trama é pobre e previsível. Uma besteira. Nota 1.
ARDIL 22 de Mike Nichols com Alan Arkin, Anthony Perkins, Martin Sheen, Jon Voight, Orson Welles, Art Garfunkel.
Primeiro foi um best-seller com conteúdo, de Joseph Heller. Uma impiedosa sátira à guerra e as corporações. O livro previa a transformação da guerra em negócio privado. O filme, super-produção, num tempo em que se faziam super-produções de "arte", foi gigantesco fracasso de público e de crítica. Por dois motivos : o principal, ele teve o azar de ser lançado com MASH, que é muito melhor e muito diferente. Segundo, é um filme hiper azedo. Tudo nele é desesperança, as cenas são muito cruéis e ele caminha para um final negro e vazio. Mas é um grande filme. Tem uma das mais fantásticas fotografias da história ( de David Watkins ) toda feita às 14 horas ( sim meus caros, podia-se dar ao luxo de filmar toda a película às 14 horas de cada dia ) o que fez do filme um pesadelo "onde todo dia é 14 horas do mesmo dia ". Os atores começam interpretando como em farsa, depois vão se transformando em realistas e terminam num estilo quase documental. Nunca se filmaram aviões tão potentes, pilotos tão perdidos, lideranças tão maldosas. Cenas fortes se sucedem e ele, sem música, sem extras ( parte do clima de pesadelo é obtido pelo quartel sem extras, vazio, só com oficiais ) vai pegando seu interesse, sua atenção. É um filme invulgar, muito ambicioso, corajoso e louco. Atenção aos extras do dvd. Mike Nichols e Steven Soderbergh comentam todo o filme, cena a cena. Soderbergh, fã da fita, confessa já ter visto incontáveis vezes este gigantesco paquiderme, cheio de erros, e com acertos magníficos. Ardil 22 é belíssimo !!!! Nota 9.
CRAZY de Jean Marc Valée
Escreví crítica abaixo. É um filme que me derrubou visceralmente. Mostra com bela sinceridade a fase mais cruel da vida : a adolescência. Voce se apaixona por toda aquela família, principalmente os pais. Filme canadense, com colorida estética anos glitter. Nota 9.
MOULIN ROUGE de John Huston com José Ferrer e Zsa Zsa Gabor
Oswald Morris cria bela fotografia. O filme se parece com tela de Toulouse-Lautrec. E é o que acompanhamos, a vida de Henri de Toulouse-Lautrec. Belos cenários, belas roupas, belas cores. Péssimo roteiro. Huston dirigiu o filme sem interesse ( na maioria de seus filmes ele pouco se interessava ). É um enfadonho e raso novelão sobre um deficiente físico. Nota 2.
O SEGUNDO ROSTO de John Frankenheimer com Rock Hudson
Que bela geração essa americana de 55/65. Lumet, Nichols, Arthur Penn, Peckimpah, Mulligan, Roy Hill, Schaffner, Pollack, Cassavettes e este viril Frankenheimer. Este filme, que tem uma fotografia em p/b do mestre James Wong Howe, fotografia de um modernismo ainda não igualado, é o mais asfixiante pesadelo que já assisti filmado. Conta a história de uma empresa que faz "renascimentos". Voce paga uma quantia e tem seu rosto redesenhado, sua voz remodelada, e novo nome, profissão, endereço, biografia. Todo seu passado é jogado fora e voce recomeça do zero. Mas o filme mostra isso, hoje um sonho mais desejado que em 1966, época do filme, como um pesadelo kafkiano. Nada faz sentido, a vida se torna vazia e sem objetivo, tudo se esvai. Rock Hudson, em atuação perfeita, se rebela e tenta voltar atrás. È impossível, ele pertence à corporação. Seu grito na cena final é momento de horror cósmico. Trata-se de um filme desagradável, corajoso, viril sem respiro. E tem uma cena de cerimônia dionisíaca com pré-hippies muito boa. Nota 8.
REVELAÇÕES de Robert Benton com Anthony Hopkins, Nicole Kidman, Ed Harris, Gary Sinise
O texto é baseado em Philip Roth. O elenco é excelente ( com excessão de Nicole. E houve época em que se achava ser ela grande atriz.....) mas o filme, dirigido pelo flácido e molenga Benton, é uma bomba. Pensar que este diretor já foi roteirista de gênio. E ainda possui um Oscar de direção por Kramer versus Kramer.... Boas idéias são todas desperdiçadas e o filme tem alguns momentos de inacreditável ruindade. Nada convence. E ainda é cheio daquele jeito meio deprê e escuro de filminho de arte anos 2000, diálogos ditos baixinho, momentos de silêncio, violência em surdina... dá um tempo!!!!!!! Que saco! Nota Zero!!!!!

ONDE VIVEM OS MONSTROS/BULLIT/DIRTY HARRY/RENE CLAIR

ANASTASIA de Anatole Litvak com Ingrid Bergman e Yul Brynner

Chatíssimo sucesso do cinema que décadas depois teve mais sucesso ainda, como desenho Disney. Ingrid ganhou seu segundo Oscar e Yul está especialmente canastrão. Um filme para mocinhas românticas, apenas isso. Nota 2.

ONDE VIVEM OS MONSTROS de Spike Jonze

Descubra a criança que há em você.... Não seria melhor descobrir o adulto que procura nascer ? Pois tudo hoje nos ajuda a "descobrir a criança" ! Somos geração do talco e das fraldas. Não nos cansamos de revisitar o mundo idealizado da meninice. Haja !!!!! O filme nada me surpreendeu, eu já adivinhava que haveria um início cheio de fôlego e uma gradual perda de pique até o final mais ou menos. Sina de diretores formados por clips, uma incapacidade total de contar histórias longas. O visual remete às séries infantis inglesas dos anos 60/70, tipo A FLAUTA MÁGICA...Spike andou as assistindo. Adorei os dez minutos iniciais, depois deu muuuuuito sono.... Nota 4.

NA TRILHA DOS ASSASSINOS de John Frankenheimer com Don Johnson e Penelope Ann Miller

Policial estilo anos 80. Detetive fracassado investiga crimes. A ação é ok. Frankenheimer foi um dos grandes entre 62/72, de repente desandou. Mas isto é bem divertido. E bastante imbecil. 5.
O ÚLTIMO BOY SCOUT de Tony Scott com Bruce Willis
O irmão mais jovem de Ridley fez na sequencia dois bons filmes, este e AMOR A QUEIMA ROUPA. O estilo é cheio de luz, cores, brilho e reflexos, ou seja, publicitário. Mas Bruce nunca esteve tão bem ( lí que Tarantino acha Willis grande ator ) fazendo seu tipo azarado cornudo. O filme diverte muito, tem cenas de ação centradas nos stunt e não em efeitos. Enjoy, é um dos melhores filmes pra homem dos anos 90. Nota 8.
THE LAST WALTZ de Martin Scorsese com The Band
Na história do cinema dois filmes disputam o prêmio de melhor show já gravado, este e STOP MAKING SENSE de Johnathan Demme com os Talking Heads. São completamente diferentes. Demme fez um filme modernista, minimalista e esquizo; Martin nos dá um filme que reflete aquilo que é The Band, o filme é direto, simples, objetivo. Fala todo o tempo sobre a amizade. Como música é nota dez, como cinema é 7.
BULLIT de Peter Yates com Steve McQueen, Robert Vaughn e Jacqueline Bisset
O moderno filme policial nasceu com Dirty Harry, mas dois anos antes Bullit abriu o caminho e fez melhor. Nada é mais cool que este filme. Tudo aquilo que ligamos ao que é ser cool está aqui. Em sua trilha sonora ( jazz de Lalo Schifrin, pra mim a melhor trilha de policial da história ), nos carros ( muscle cars, o de Steve é um clássico ) roupas, cenários, silêncios, ressacas. Basta assistir os primeiros cinco minutos de Steve em cena para se entender tudo o que era cool em 1968 e é ainda hoje. Aliás hoje o estilo Bullit é mais cool ainda !
O filme, cheio de ação e com muito poucos diálogos, segue um policial rebelde ( Steve ) investigando coisas da máfia e de política. Tudo com as ruas de SanFran de fundo e Miss Bisset, dona de beleza surreal, enfeitando o apto de Bullit. Yates, diretor inglês muito bacaninha da época, nunca deixa a câmera parada. Ela corre, voa, treme e ginga. Há uma perseguição de carrões pelas ladeiras que dá até frio na barriga. O filme foi hiper sucesso de bilheteria e é um clássico. O tipo de filme que Soderbergh adoraria assinar. Esperto, frio, elegante, viril, ritmado, enfim, cool. Steve McQueen merece seu título, o rei do cool. Nota DEZ !!!!!!!!!
DIRTY HARRY de Don Siegel com ELE.
...é seu dia de sorte ? Depois que Clint disse isso nunca mais o cinema foi o mesmo. Se voce é um dos infelizes que nunca o assistiu e resolver conhecer este lixo delicioso, saiba que para entender a importancia disto é preciso saber que tudo o que voce assistir aqui foi feito pela primeira vez por Harry, o sujo. O sangue, o som do Magnum 44, um policial metendo bala nos meliantes sem dó, a frieza, o politicamente incorreto. Harry mata e mata sem nenhum problema de consciencia, e isso na época causou indignação. Observe como o filme tem poucos tiros. Espertamente eles notaram que um único tiro causa mais impacto que duzentos. E que tiros ! Nós vibramos com eles ! É um filme podre, sujo, muito feio, de humor pesado, cheio de furos no roteiro. Mas é inesquecível, empolgante, viciante. Clint cria um mito moderno e deixa como cria uma penca de heróis ( de Rambo até Matrix, todos têm algo de Harry ). Nota 9.
MAGNUM 44 de Ted Post com Clint Eastwood e Hal Holbrook
Harry em seu segundo filme ( ele é também responsável pela praga das continuações ) enfrenta gangue de policiais justiceiros. O inicio do filme é hilário, um close gigantesco na arma de Harry. O filme é mais ambicioso que o primeiro, mas tem menos suspense. A violência é maior, o impacto menor. Nota 6.
MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS de Alain Resnais com Pierre Arditi, Andre Dussolier, Laura Morante, Lambert Wilson
Resnais melhorou com a idade. Aos quase noventa anos ele domina uma leveza sem igual. Este filme fala do grande tema deste tempo : solidão. Consegue não ser piegas, não ser triste e não ser tolo. Adultos tentando fugir desse fantasma. Não conseguem. O filme é belíssimo. Nota 9.
POR AMOR de Sam Raimi com Kevin Costner, John C Reilly e Kelly Preston
Muita gente não entendeu o porque de Raimi amarrar os melhores anos de sua carreira ao Homem-Aranha. Porque ? Este filme ajuda a responder. Porque Raimi é banal. Este filme tem duas horas de cenas sem qualquer sinal de criação. Tudo é óbvio, previsivel, novelesco. E o tema é bom : jogador veterano recorda sua história de amor enquanto joga sua última partida. ( Baseball ). Costner até não está tão mal, mas o filme é idiota. Começo a pensar que todo diretor de série sabe o que faz ( ou o que não faz ). Talvez Raimi, Bryan Singer, Chris Columbus e agora Christopher Nolan e Gore Verbinski sejam apenas isso mesmo, diretores de séries. Nota 2.
O TEMPO É UMA ILUSÃO de Rene Clair com Dick Powell e Linda Darnell
Clair fugiu dos nazistas e foi filmar nos EUA. Se deu bem. Seus filmes lá são ótimos. Este fala de jornalista que recebe jornal do dia seguinte, ou seja, ele sabe tudo o que vai acontecer antes que aconteça ! Típico tema de Clair : fantasioso e feliz. O filme pede por atores melhores. Um Cary Grant o transformaria em ouro puro, Powell é apenas um tipo de Adam Sandler elegante. Mesmo assim é boa diversão. Nota 7.
FESTIVAL EXPRESS de Al Eamon
Inacreditável !!!! Em 1970 botaram num trem um bando de músicos e os soltaram on the road no Canada para fazerem shows. A idéia era um Woodstock itinerante. É lógico que tudo deu errado. Os hippies enfrentavam a policia, queriam ver os shows de graça. O produtor faliu e os músicos continuaram fazendo a excursão for fun. Muita bebida, muita droga, muito som. O Grateful Dead até que está bem. Era sua fase mais country, mais pop. Buddy Guy é um desastre. Tem ainda o Flying Burrito Brothers sem Gram Parsons, tocando Lazy Day. Nota mil pra eles. Mas tem também a chatérrima Janis Joplin dando seus gritos de sempre. The Band salva tudo : 3 canções de arrasar. Mas o melhor são os bastidores. Músicos totalmente junkies. Um retrato da proto-história do pop. Nota 5.
PS: Meirelles fazendo um filme sobre Janis com a filha do grande Caleb Deschanel ? Tô fora !!!!!