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JAZZ AT MASSEY HALL - UM DOS MELHORES DISCOS DE JAZZ QUE OUVI NA VIDA
Voce sabe, o Be Bop mudou o jazz e a cultura para sempre. A cultura? Sim, literatura, cinema, até a pintura, o Bop deu uma injeção de vitalidade em linguagens que pareciam nada ter a ver com jazz. Por que? Como? Liberdade é uma das palavras que podem ser usadas, mas além dela pode-se falar em velocidade. O Bop é livre e é veloz, rápido, como um tufão de notas e de sensações. Mas, talvez o principal, o Bop é quebrado, é feito de fagulhas, de fragmentos que se colam em um todo explosivo. E além do mais, é malandro pra caramba! --------------- Voce sabe, Dizzy Gillespie criou o estilo, e com seu cavanhaque pontudo, a boina preta e os óculos deu a cara ao estilo. Seu trompete, quente, muito hot, é oposto ao cool de Miles. Enquanto o cool pensa, Dizzy e o bop tacam fogo em tudo. Charlie Parker veio junto, e o sax de Bird-Parker foi reinventado por ele. Parker fez ao sax o que Hendrix fez na guitarra. Eu posso preferir Lester Young, e prefiro, mas reconheço que Parker é o centro da coisa. Ele picou o som, soltou o fogo que não se sabia que o sax podia produzir. São notas e mais notas no meio da melodia. Hipnose. --------------- Voce sabe, o Bop teve ainda Charles Mingus, Bud Powell, Max Roach. Mingus tirou o contra baixo do fundo do som e do palco e o trouxe à frente, como instrumento solista. Técnico e lírico. Powell é um gênio do piano. Não há o que dizer mais sobre ele. Torturado pela incapacidade de viver, Bud Powell deu ao piano uma técnica sem limite. Ele faz o que quer e como quer. E Max Roach foi o baterista que reatou os tambores à sua raiz tribal. Todos eles tinham personalidades dificeis e apenas Dizzy era uma pessoa saudável. Os egos eram imensos, a paciência nenhuma e por isso este disco é um momento muito especial. Foi a única vez em que esses cinco gênios puderam ser gravados. E ao vivo, frente à um público entusiasmado. -------------- Para voce ter uma ideia seria como colocar Lennon, Hendrix, Dylan, Jagger e Keith Moon juntos em uma banda. -------------------- O disco me surpreende muito. É ainda melhor do que eu esperava. É punk no modo como os músicos vibram no palco. Eles gritam durante os solos, falam, dão toques, gemem. Salt Peanuts, gíria que significa "orgão sexual feminino" é um dos climaxes na história do jazz. Dizzy canta a letra: Salt Peanuts! ( essa é toda a letra ) e a platéia vem abaixo. É uma excução que bota a casa abaixo. Mas não é só essa faixa que me deixa espantado. Todas mantém o pique, o fogo, o tesão por tocar e por ouvir. A interação é completa entre os músicos, e ao mesmo tempo a anarquia está sempre a um fio. Percebemos que o fogo pode tomar tudo e se tornar um incêndio descontrolado. O baixo segura o ritmo, mas ameaça partir para outra direção. O sax de Parker sai voando e parece não ter como voltar. A bateria bate forte demais e não sabemos se o ritmo vai se perder. E Powell dedilha mil notas em um minuto e talvez isso seja demais. Mas, incrível, eles não se perdem! A coisa dá certo e por ser tão ousado, é genial. -------------- Não há como conhecer jazz sem conhecer este disco. É monumental. Eles são OS CARAS!
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