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KAUFMAN- CAINE- WILL SMITH- CLUZET

   UMA BELEZA FANTÁSTICA de Simon Aboud com Jessica Brown Findlay, Tom Wilkinson.
E Amélie Poulain viaja à England. Uma mocinha com problemas emocionais, uma gracinha frágil, trabalha numa biblioteca. Timidamente se apaixona por um nerd e se envolve com seu vizinho, um velho ranzinza que a ajuda a arrumar o jardim. Tudo é fofo, bacaninha. É um tipo de cinema que não existia 20 anos atrás. Bambi para adultos. Tudo muito bonito de se ver, mundo onde até a neurose é delicadinha e doce. Penso no porque desse tipo de filme e de gente me irritar tanto...Será que é porque sou assim...Será...Estranho é que até quase gostei deste filme. Vi inteiro e no dia seguinte lembrei com certo carinho...Ah sim! Ele é deste 2017 e creio que não vai ser exibido no cinema.
   BELEZA OCULTA de David Frankel com Will Smith, Edward Norton, Helen Mirren, Kate Winslet, Keira Knightley.
Aff...que filminho bobo!!! Will está em deprê por ter perdido sua filha de 6 anos. Seus colegas de agência querem vender o negócio. E inventam de contratar 3 atores para o enganar. Sim, esses colegas-amigos são uns crápulas! Mas o filme os trata como caras normais...Tudo é tão previsível, tolo, sem sal, sem magia, sem nada, que a gente se pega imaginando o porque de terem feito tamanha bobagem. O final é uma surpresa. Ok. Mas até aí o filme já afundou. Os caras parece que tiveram medo de filmar uma fantasia completa e assim ficaram num meio termo muito morno.
  INSUBSTITUÍVEL de Thomas Lilti com François Cluzet e Marianne Denicourt.
A França é um país muito esquisito. Sempre tem uma fase onde parece que todo filme tem o mesmo ator. Houve a fase Jean Gabin, Alain Delon, Michel Piccoli, Gerard Depardieu, Jean Reno e agora é Cluzet. A gente enjoa de ver sempre o mesmo cara! O engraçado é que Cluzet é um ator legal. O filme é que não é. Um médico tem câncer incurável. Continua a trabalhar com a ajuda de uma assistente. Chato e frio. De certo modo, muito francês. ( Invejem o sistema de saúde público da França! ).
   INVASORES DE CORPOS de Philip Kaufman com Donald Sutherland, Brooke Adams e Leonard Nimoy.
Refilmagem do mesmo livro que deu origem ao clássico de 1956, Vampiros de Almas, de Don Siegel. Vírus chegam à Terra e infectam plantas. Essas plantas destroem pessoas e ao mesmo tempo criam "duplos" dessas mesmas pessoas. Esses novos humanos são emocionalmente vegetais. Frios e sem reação. Desinteressados. Uma crítica aos tempos individualistas, este filme não perdeu nada de seu impacto. É quase uma obra-prima. Feito em 1978, tem uma das mais perfeitas atuações de Donald Sutherland. O final fez história. Impactua muito! Kaufman passaria os próximos 5 anos produzindo e dirigindo The Right Stuff ( Os Eleitos ), um dos maiores filmes de seu tempo. Em 1978, eu me lembro, este filme foi recebido pelos críticos com bocejos. Mas foi um sucesso de bilheteria. Hoje é cult. Os críticos erram demais!
   THE JIGSAW MAN de Terence Young com Michael Caine e Laurence Olivier.
Lixo!!!!!!!!!!!!!! Fala de espionagem. Caine é famoso por fazer todo filme para o qual é convidado. Nunca diz não. Olivier, a partir de 1970, começou a ter dívidas e assim passou ao modo Caine de ser.

WESTERNS- KATE WINSLET- JOHN WAYNE-WAJDA- JOHN FORD

   UM POUCO DE CAOS de Alan Rickman com Kate Winslet, Mathias Schoenaerts, Alan Rickman e Stanley Tucci.
Novo filme de Kate e creio ser o primeiro dirigido pelo ótimo ator Rickman. Na França de 1690, o rei sol resolve fazer Versailles. Kate é uma jardineira que tem um projeto ousado para um dos recantos do jardim. O filme tem dois sérios problemas: lentidão e uma absurda falta de detalhe nesse projeto. Como jamais o vemos deixamos de nos envolver pela luta da personagem. Há um interesse romântico, ela se envolve com o projetista-líder. As melhores cenas são todas com o rei. Rickman faz desse personagem, que poderia ser cômico ou tolo, dramático. Nota 4.
   ZARAK de Terence Young com Victor Mature e Anita Ekberg.
Durante décadas Victor e Anita foram sinônimo de canastrão. A nova geração sabe disso...Este filme, que fala de rebeldes afegãos de 1890, é inacreditavelmente ruim. Nada faz sentido, as coisas mudam por mudar e a ação, incessante, é desastrada. Um dos piores filmes da história do cinema.
   CINZAS E DIAMANTES de Andrzej Wajda com Zbignew Cybulski
É o filme que transformou Wajda em diretor conhecido. Trata do momento em que a segunda guerra termina. A Polônia, que deveria ter paz agora, sofre a luta entre comunistas e socialistas, liberais e anarquistas. O filme é exemplar. Tenso, absurdo, belo e incrivelmente fatalista. A morte do personagem principal é uma das mais realistas. O ator, Cybulski foi chamado de "James Dean" do leste. Morreu jovem em desastre... Um filme diferente. Nota 8.
   AUDAZES E MALDITOS ( SGT RUTLEDGE ) de John Ford com Jeffrey Hunter e Woody Strode.
Saiu uma caixa com 6 filmes de western. Este é um Ford de 1960 que demorou para sair aqui. Fala de racismo. Um sargento negro é acusado de estupro. Conforme o julgamento acontece ficamos vendo em flash back tudo o que houve. Ford mistura suspense, drama e comédia. O filme tem vários daqueles toques de humor grosso irlandês que muitos detestam. Corajoso, é um filme adiante de seu tempo. O roteiro tem furos, mas é bom, emocionante e nobre. Nota 7.
   O HOMEM QUE LUTA SÓ de Budd Boetticher com Randolph Scott
Boetticher foi um dos maiores diretores de westerns dos anos 50. Aqui Scott é um caçador de recompensas. Ele captura assassino e o leva para ser julgado. Mas as coisas mudam...Com pouco dinheiro se faz um belo filme. Apesar da imagem, que não foi restaurada, está desbotada, emociona. Seco, simples e muito verdadeiro. Nota 7.
   ALMAS EM FÚRIA de Anthony Mann com Barbara Stanwyck e Walter Huston
O pior filme da caixa é este drama do grande Anthony Mann. Uma coisa indigesta, teatral, sobre pai e filha, ruins e vaidosos, que dominam todos que chegam por perto. Chato. Nota 1.
   COMANDO NEGRO de Raoul Walsh com John Wayne, Claire Trevor e Brian Donlevy.
O mais velho, 1940, é o melhor da caixa. Wayne é um cowboy bronco, Donlevy um professor. Os dois disputam a vaga de xerife e ao mesmo tempo a mesma mulher. Ação orquestrada pelo especialista Walsh. Wayne, jovem, domina tudo com imenso magnetismo. Ele é natural, calmo, único. Um mito. O filme é delicioso. Nota 8.
   PAIXÃO SELVAGEM de Jacques Tourneur com Dana Andrews, Susan Hayward e Brian Donlevy
Um belo filme. Andrews é um comerciante na região mineira do oeste. Hayward é sua amiga, noiva de Donlevy. Tudo se complica com índios ferozes, traições e muitas mortes. Tourneur foi um grande diretor. Fez grandes filmes noir, excelentes westerns e ainda filmes de guerra e de piratas. Esta é uma diversão séria, urgente, há um forte clima de destino aqui. Nota 7.
   REINADO DO TERROR de Joseph H. Lewis com Sterling Hayden.
Um filme muito original ! Lewis foi um diretor de filmes classe B que tinha ideias de filmes de arte. Ingênuo, ele filmava com rapidez e cheio de ideais. Este filme, estranho, triste, muito original, se parece com os filmes pessimistas dos anos 70 ( ele é de 1959 ). Um dono de terras usa um assassino de aluguel para dominar terras cheias de petróleo. Hayden é um marinheiro sueco que vem ao enterro do pai e para enfrentar o assassino. O filme se tornou um cult. Alterna cenas pobres e artificiais com outras de grande brilho. Absolutamente diferente!

GIUSEPPE TORNATORE/ PETER SELLERS/ JOHNNY DEPP/ NEY MATOGROSSO/ SEAN CONNERY

  LUZ NAS TREVAS de Helena Ignez com Ney Matogrosso, Djiin Sganzerla, Paulo Goulart e vasto etc.
Nada aqui tem a ver com a realidade. E tudo é verdade. Eis o cinema! Mal feito, às vezes irritante por sua ambição e suas falas literárias. E ao mesmo tempo fascinante por seu jeito de labirinto onde todos são faunos. Na verdade: O Bandido da Luz Vermelha é o melhor filme brasileiro da história. Este, feito pela musa de Sganzerla, é sua continuação. O mundo mudou, hoje ele é mais violento, mais sem sentido, e mais crente no oculto ( estranho né? ). Em 68 o niilismo era maior e ao mesmo tempo a alegria maior. Fascinante! Ney dá um show! Carisma e o final é duca! O filme é invenção all the time. Mistura tudo. Brasil. Tem candomblé e rocknroll. Tem sexo e patifaria. Sangue com merda. E tudo parece fake, carnaval. Taba. As falas são de doer de tão ruins. Mas as imagens são magníficas. Uma das melhores falas da história: "Sempre sonhei em ter uma padaria em Cuiabá!" Hahahahahahah! Brasileiro é auto-negação. Contradição e jamais assumir nada. Ney é um diabo do ódio. O novo bandido é como são os bandidos de hoje: Nem nome tem... Lembro que quando criança eu acreditava no Bandido da Luz Vermelha. Meus primos diziam que já o tinham visto. Ele matava policiais no Caxingui. Eu botei fé. Ney canta na laje no fim do filme. Viva o Brasil! O cara é o retrato do que sobreviveu. Está com 70 anos! Mais jovem que eu e que tú. Nota Nada. Vou rever. Tem 3 histórias paralelas. Recuerdos, Ney na cadeia-inferno e o tal novo bandidode hoje. Minha alma cativa. Isso é cinema do Brasil. Disse.
   O SOM AO REDOR de Kléber Mendonça Filho
Na verdade é um documentário sociológico sobre um certo povo de uns certos quarteirões. Tudo aqui é real e nada parece verdade. Nunca vi atores tão ruins! Invenção nota zero. O filme é óbvio. Se voce quer ter uma aula de sociologia é aqui. Se voce quer um bom filme, sai correndo. Algumas cenas chocam. Pelo amadorismo. Acho que na faculdade a gente fez coisa mais bem feita hem Léo? Voce sabe, eu exijo um mínimo de competência. E o problema é: Assim como voce não se importa com um bando de dançarinos fazendo um show, o que me interessa nesse povo besta falando texto mal dito e mal ensaiado? Ver isto é tão fora da minha atenção quanto imagino ser Os Miseráveis para voce. Eu simplesmente não consegui me ligar. É muito blá blá blá. Valeu!
   BRANCA DE NEVE de Pablo Verger
Uma saída para o cinema: Vamos voltar a sentir e sem vergonha de ser bonito. O filme é todo superlativo. Imagem, trilha sonora e atores. Diverte e dá uma impressão de melancolia que não passa. Não consigo deixar de pensar nele. Cadê esse príncipe? Acorde menina! Se meus amigos o tivessem visto daria pano pra muita manga. É o melhor filme deste século de filmes banais. Está longe do espetáculo vazio ou do filminho de arte chocante e óbvio. É poesia e se comunica com todo mundo. Lindo. Nota DEZ.
   O FAROL DO FIM DO MUNDO de Kevin Billington com Kirk Douglas e Yul Brynner
Que filme bobo! Kirk, que é a única coisa boa aqui, vive em farol. Um bando de piratas invade a ilha e o filme mostra sua luta contra eles. Tudo dá errado neste filme. A ação parece falsa, a violência é exagerada, os outros atores são lamentáveis. Yul Brynner posa de "Sua alteza real Pirata". Nota 2.
   A MELHOR OFERTA de Giuseppe Tornatore com Geoffrey Rush, Donald Sutherland e Sylvia Hoeks
O diretor de Cinema Paradiso e de Malena faz seu "Hitchcock". O filme, que venceu vários prêmios italianos em 2013 e acho que ainda não passou por aqui, tem algo de Vertigo na obssessão de um homem solitário e neurótico por uma mulher misteriosa. A história se passa no mundo dos leilões de arte e é um filme bom de se olhar. Até agora não sei se o achei bom ou ruim. Há algo de muito tolo em seu roteiro. Eu simplesmente adivinhei tudo desde o começo. Mas há uma bela atuação de Rush, mais uma, e uma participação divertida do grande Sutherland. A menina é linda. E péssima atriz. Até a metade a gente torce, desejamos ver a menina, mas daí a "hitchcockerie" entra em parafuso e a coisa desanda. Nota 5.
   AS ILHAS DA CORRENTE de Franklyn J. Schaffner com George C. Scott e Claire Bloom
Se voce ama o livro de Heminguay, como eu, vai até gostar deste filme. Mas se voce não o leu, ou leu e não gostou, fuja disto. O filme é flácido, lento, sem motivo. Fala de um escultor que vive numa ilha. Recebe a visita dos 3 filhos, pescam e depois vem a ex-esposa o visitar. Ao final, uma tentativa de salvamento a fugitivos nazistas. Schaffner e Scott haviam ganho Oscars em 1970 com Patton, uma das poucas biografias do cinema que conseguem revelar o homem por detrás do óbvio. Uma obra-prima com roteiro do jovem Coppolla. Mas depois disso Schaffner só errou ( apesar do bom Papillon ). O que temos aqui é a linda fotografia de Fred Koenemkamp, o mar azul e a ilha cheia de vento e areia, e uma absoluta falta de emoção. É um filme ruim de que gosto por motivos puramente pessoais. Nota 3.
   EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA de Marc Forster com Johnny Depp, Kate Winslet, Julie Christie, Dustin Hoffman e Freddie Highmore
Não sei se fica claro no filme. Quando James Barrie escreveu Peter Pan ele já era um autor de sucesso. Posto isso...Que lindo filme! Lindo não por seu visual, que é menos do que poderia ter sido, mas pela beleza de suas emoções. Depp nasceu para esse tipo de papel, o frágil sonhador. Sabemos que Barrie era mais viril que Depp, mas e daí? Como artista que é, ele cria o homem que Barrie deveria ter sido. Aqui faço uma defesa de Johnny Depp. Ao contrário de Day-Lewis que só vai na certeza, Depp erra muito, porque se arrisca sem parar. É um maravilhoso ator lúdico, um ator que parece nunca levar a sério a profissão e tenho a certeza de que ele aprendeu isso com seu amigo Marlon Brando. Brincar. Em tempo de melhores roteiros Depp teria mais chances de acerto. O tipo de filme que ele procura, a diversão-excêntrica, não tem bons roteiristas atualmente. Kate não tem muito o que fazer aqui. Julie Christie, a venerável Julie de Doutor Jivago, faz uma mãe odiosa, enquanto Dustin se mostra o rei da simpatia. É dos poucos filmes que consegue mostrar o mecanismo da criação. Forster é um diretor ao velho estilo Hawks, filma de acordo com o roteiro. Um profissional. Deveriam existir mais como ele. Nota 9.
   O RATO QUE RUGE de Jack Arnold com Peter Sellers e Jean Seberg
Filme que era hiper reprisado na velha Sessão da Tarde. Comédia sobre o menor reino do mundo, Grã-Fenwick, que declara guerra aos EUA. A intenção é perder e assim ser reconstruído pelos americanos, repetindo o que foi feito no Japão e na Alemanha. Mas tudo dá errado. Eles vencem sem querer. Sellers faz três papéis: A rainha distraída, o primeiro ministro ganancioso e o herói atrapalhado. Peter Sellers é um dos poucos atores que merece ser chamado de gênio. Jean Seberg iria para a França após este filme. Filmar com Godard um tal de Acossado. Aqui ela está ainda mais bonita. Uma boa comédia. Nota 7.
   O GOLPE DE JOHN ANDERSON de Sidney Lumet com Sean Connery, Dyan Cannon, Martin Balsam e Christopher Walken
Este filme deveria ser refilmado. Pelo que sei, é o primeiro a exibir um mundo todo vigiado por câmeras e gravadores. Claro que são aparelhos ainda primtivos, o filme é de 1971, mas Lumet já percebe o incômodo na profusão de câmeras em elevadores, lojas, entradas de prédios. Sean Connery está sensacional como o ex-presidiário que trama um assalto a edifício. Entre os comparsas vemos o jovem Christopher Walken, é sua estréia no cinema. Muito carisma e o rosto de um jovem hippie muito maluco. O filme é dos anos 70, portanto espere muito realismo, nenhum glamour e um final pessimista. Lumet já exibe sua maestria em cortes e clima, o filme combina bem com Serpico, Um Dia de Cão e Network ( que carreira teve esse Lumet!!! ). Sean rouba o filme. O sexy James Bond prova mais uma vez aqui que ninguém nunca fez machões como ele sabia fazer. A trilha sonora, datada, tem jazz misturado a toques de sintetizador, autor: Quincy Jones. Boa diversão! Nota 7.
  
  
  

MASAYUKI SUO/ KATE WINSLET/ MICHAEL DOUGLAS/ LANG/ KEVIN KLINE

   ATRÁS DO CANDELABRO de Steven Soderbergh com Michael Douglas, Matt Damon, Debbie Reynolds e Rob Lowe
Soderbergh consegue algo muito dificil, pegar um tema "brega", exagerado, over, e fazer com que ele jamais caia na ironia, na comédia. Nem drama, nem comédia, jamais frio ou boring. Escrevi sobre o filme abaixo, Liberace foi um superstar queridinho da direita americana. O fato de seu público jamais suspeitar de sua homossexualidade é um mistério. Michael Douglas consegue ser Liberace sem parecer fake. Liberace já era uma caricatura natural, Douglas faz um milagre, consegue deixar Liberace humano sem deixar de ser "Liberace". Damon está ótimo. Natural, não forçado. Na verdade até Lowe está ótimo. Debbie Reynolds está de volta, a mítica estrela adorável de Cantando na Chuva, é a mãe de Liberace. Soderbergh diz que cansou de mendingar dinheiro a produtores idiotas. Será? Vale aqui um adendo: Produtores sempre brigaram com diretores. Ninguém gosta de perder dinheiro. A diferença é que Jack Warner ou Irving Thalberg adoravam filmes. Só sabiam viver de cinema, amavam salas de exibição, atrizes, roteiros, sets. Hoje os produtores mal viram um filme de Hitchcock. É gente que entra no ramo como forma de fazer dois bilhões. Pouco se importam com os filmes, têem outros investimentos, cinema é um entre muitos. Isso faz toda a diferença. São inacessíveis para quem não fala de capital e de dividendos. Mataram o filme médio. Investem em produções caras e jogam esmolas para filminhos minúsculos. O filme médio, aquele tipo de filme que era feito por Hitchcock ou Ford, esse morreu.... Quanto a Liberace, eis um bom filme médio. Nota 7.
   CASAMENTO PROIBIDO de Fritz Lang com Sylvia Sidney e George Raft
Raras vezes vi um filme tão esquisito. Lang diz numa entrevista que tentou fazer um filme educativo, como as peças de Brecht. Usou Kurt Weill neste filme. Fala de uma loja onde trabalham ex-presidiários. O filme fala de segunda chance. Daí vemos um casal que se ama e se casa. Mas ela esconde dele seu passado, foi uma detenta. O marido volta às más companhias e tenta assaltar a loja. Ela demonstra aos bandidos como roubar não dá lucros. Numa lousa ela mostra por a mais b que o lucro de um assalto é muito baixo. E o filme é isso: comédia? drama? lição? O que é? Nenhum diretor icônico errou tanto como o grande Fritz Lang. Morreu correndo riscos, sempre. Este é um de seus maiores erros. Nota 3.
   PARKER de Taylor Hackford com Jason Statham, Jennifer Lopez e Nick Nolte
Será que o veterano diretor de "Ray" consegue fazer um filme de ação? Este começa mal. Sangue demais e nenhum humor. Statham é um ladrão. Traído pelos comparsas ele parte para a vingança. O filme encontra seu tom quando Jennifer entra em cena. Aí ele cresce e se torna mais leve e mais esperto. Ela é uma corretora de imóveis que é envolvida sem querer. Bonita, Jennifer Lopez sofre a maldição das cantoras que querem ser atrizes, é subestimada. Não é pior que René Zellweger ou que Sandra Bullock, mas Sandra e René não cantam, são atrizes "de verdade". Ela traz humor ao filme. A ação melhora, Jason se humaniza. O filme, que era ruim, fica bom. Hackford é competente. Nota 5.
   OS CHACAIS DO OESTE de Burt Kennedy com John Wayne, Ann Margret, Rod Taylor
Wayne em fim de carreira e mais um de seus westerns humorísticos. Bom passatempo numa história que conta a busca por dinheiro roubado. Boa fotografia e quase nada de trama. Nota 5.
   RAÇA BRAVA de Andrew V. McLaglen com James Stewart, Maureen O'Hara, Brian Keith e Juliet Mills
Keith dá um show como um escocês criador de gado no Texas. O filme fala de um boi de raça inglesa, que uma viúva tenta implantar nos EUA. Parece um tema bobo, ele é. Mas levado com bom-humor se torna um gostoso e divertido filme. Stewart se diverte fazendo seu tipo padrão. O caipira bom de cintura. Nota 6.
   LIFE AS A HOUSE de Irwin Winkler com Kevin Kline, Kristin Scott Thomas, Jena Malone
Um homem a morte resolve antes de se ir construir a casa de seus sonhos. Sim, lembra "Viver!" a obra-prima de Kurosawa sobre a morte. E é claro que não chega perto. Mas não é ruim. Kline é sempre um bom ator e aqui ele faz uma bela composição. Seu personagem é um desajeitado, um perdedor, mas nunca chorão. O filme é meio frio. Winkler é um grande produtor veterano que às vezes resolve brincar de ser diretor. Nunca acertou um grande filme, mas também não comete asneiras. Nota 6.
   IRIS de Richard Eyre com Judi Dench, Jim Broadbent e Kate Winslet
Sim, ela é a grande Iris Murdoch, uma das melhores autoras inglesas. A vemos aqui em dois momentos: na velhice, com parkinson, e na faculdade, descobrindo a filosofia de sua vida. Nos dois estágios ela é sempre confiante, radiante e corajosa. Judi Dench brilha intensamente. Nunca sentimos pena de Iris. Ela tem tanta vida que vive a doença. Kate Winslet está muito bem. Sua Iris é uma egocêntrica sonhadora. Jim Broadbent está a altura de Judi. O filme na verdade é todo dele. Emocionante. Nota 7.
   HOLY SMOKE de Jane Campion com Kate Winslet e Harvey Keitel
O pior filme de Kate ( e ela tem muitos ruins ) e o pior de Harvey ( que tem toneladas de lixos ). Ela é uma doidona que é tratada pelo esquisito Keitel. Jane Campion dirige mais doida que os dois, o filme não faz sentido. Se voce quer ver Kate Winslet urinar de pé, este é seu filme. Nota ZERO.
   O SEGREDO DE ROAN INISH de John Sayles
Filmado na costa oeste da Irlanda, em meio aos pescadores, este filme lento fala de uma menina que visita seus avôs. Irá conhecer as lendas do lugar. Quase nada acontece. Mas é bom de ver. E tem uma linda trilha sonora. Nota 6.
   VEM DANÇAR COMIGO de Masayuki Suo
É considerado um dos melhores filmes japoneses dos anos 90. Eu o considero uma obra-prima. Simples, triste, leve, fala de um funcionário de escritório, casado e timido, que resolve ter aulas de dança de salão. Ele e a professora têm um flerte, mas que dá em nada. Ele continua com a esposa. Tudo isso contado de forma velada, secreta, emocionante. É uma obra sobre os amores reprimidos, sobre vidas não vividas, ou então sobre o espírito da beleza e a delicadeza dos sentimentos. No final, há um concurso de danças, momento hilário que casa com a delicadeza do resto. Voce vai se apaixonar pelo filme e pelos personagens. É um filme inesquecível !!!! Nota DEZ!!!!!!!!