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THEY ALL LAUGHED - PETER BOGDANOVICH. AME OU DESPREZE.

Feito em 1981, este filme foi talvez o maior dos fracassos de Peter Bogdanovich. Eu o assisti por volta de 2000, em alguma emisorra à cabo e o revi ontem, em dvd. Nos extras, antes do filme, há uma bela entrevista de Peter, feita em 2006 por Wes Anderson. Wes diz que They All Laughed é o mais Jean Renoir dos filmes de Peter, isso porque, como em Renoir, todos os personagens são boas pessoas ( com excessão do marido de Stratten, que mal se vê ), todos são gente que adoraríamos ter como amigos. Além disso, o filme tem apenas um fiapo de enredo, o que importa é a interação entre as pessoas. Aqui, como em Renoir, é mostrado que na VIDA NÃO INTERESSA AQUILO QUE FAZEMOS, MAS SIM A INTERAÇÃO ENTRE EU E VOCE. -------------- O que acontece de "ação" ? Na Nova Iorque de 1981, uma cidade que no filme parece um tipo de paraíso de vida e cor, três homens, detetives, espionam duas mulheres, suspeitas de traírem seus maridos. O que assistimos são as perseguições pelas ruas dessas mulheres, depois o encontro dos detetives com elas em hoteis e bares, restaurantes e taxis, e por fim o amor que nasce entre detetive e esposa infiel. Mas, observe, nada disso importa. Não há suspense ou surpresas, o que interessa ao filme é o amor, e somente o amor. Durante todo o filme as pessoas beijam, trocam de parceiro, riem, levam tombos, correm, fumam, vão para a cama e dão a volta por cima. Se voce deseja ação tradicional, voce irá odiar este filme. Mas se voce ama ver gente adorável "vivendo", voce vai usufruir de duas horas de belo prazer. É um filme onde voce mora, não assiste. ------------- O absurdo do filme é que ele tem um final trágico na vida real. Na época, Peter estava feliz e profundamente apaixonado pela ex poster da Playboy, Dorothy Stratten, que era casada. O filme tem a estreia de Stratten como atriz e SEU MARIDO NA VIDA REAL FAZ O MARIDO CIUMENTO QUE SÓ APARECE EM DUAS CENAS AO LONGE. Pois ele a mataria num acesso de ciúmes e Peter mergulharia numa tristeza que o marcou até o fim da vida. Nunca no cinema houve nada parecido com isso. Em absoluta falta de pudor ou senso de distanciamente, Peter, o amante, faz um filme onde John Ritter, alter ego do diretor no filme, se apaixona por Stratten, que tem um marido ciumento. É absurdo! Mas há mais: o filme tem Ben Gazzara, como outro detetive que investiga a infidelidade de Audrey Hepburn. No processo os dois têm um caso e se separam, ela fica com o marido. Pois bem... na vida real, Ben e Audrey, ambos casados, estavam terminando um caso doloroso entre os dois!!!! Vendo o filme, percebemos a emoção de Audrey ao viver na tela aquilo que ela vivia na vida, e com mesmo ator que ela amava. Sim meu caro, nunca se fez um filme assim...e o mais fantástico é: tudo é feito com leveza e humor. ( Dorothy seria assassinada ao fim das filmagens, antes do lançamento do filme, crime que matou qualquer chance de sucesso da obra ). O assassinato de Stratten daria tema a outro filme, STAR 80, de Bob Fosse, de longe o pior filme de Fosse, um drama pesado que ninguém entendeu porque foi escolhido como tema por Fosse. STAR 80 matou a carreira do seu diretor. Como se não bastasse tudo isso, o filme ainda tem no elenco o filho real de Audrey fazendo um belo latino tímdio, e as filhas de Peter fazendo as filhas de Ben Gazzara. E como uma taxista que vai pra cama sorrindo com todo homem que ela simpatiza, temos Patti Hansen, ex modelo, loura e muito alta, que um ano depois seria a senhora Keith Richards, papel que ela faz até hoje. Ela quase rouba o filme. Bastante masculina e muito bonita, ela tem carisma de sobra. Pena não ter seguido carreira. ------------------- Companheiro de geração e de turma de Copolla, Scorsese, Friedkin e De Palma, Peter teve uma carreira muito mais variada e, porque não dizer?, interessante. Eu amo os riscos absurdos que ele corre, o modo como ele ignora a moda cinematográfica da época, o mundo sem ódio e sem horror que ele sempre nos dá. Este não é um grande filme e talvez nem seja mesmo um bom filme, mas eu amo esta coisa que roda na tela. Tudo que posso dizer é OBRIGADO PETER.------------------------ ps: A TRILHA SONORA É TODA DE CLÁSSICOS AMERICANOS, GERSHWIN ETC....QUE BELA SURPRESA OUVIR, EM TODA A CENA NUMA LOJA DE SAPATOS, ROBERTO CARLOS CANTANDO "AMIGO!!!!!!! A MÚSICA INTEIRA ROLA ENQUENTO COLLEEN CAMP COMPRA SAPATOS. QUE LINDO!

EU QUERO SER AMIGO DESSE CARA! BEAT THE DEVIL.

   Uma das coisas mais chatas de 2020 é que, apesar de ainda admirarmos alguns artistas, são poucos, ou quase nenhum, que adoraríamos passar ao lado três meses de férias bancadas por eles mesmos. Admiro Tarantino, mas não teria saco pra ficar 12 semanas vendo filmes dos anos 70 e conversando sobre artes marciais. Scorsese não me parece muito divertido e Wes Anderson é do tipo que me proporia brincar com trenzinhos. Muitos passariam esses meses de férias drogados e outros em clínicas de repouso. Talvez fosse divertido passar esses meses com Coppola na sua vinícola. Ou com Clint Eastwood. Posando de cowboy em Carmel. Mas não me parecem boas companhias. Os filhos chatos de Francis Ford logo iriam encher o saco e Clint deve estar cercado de enfermeiras.
   Três meses com John Huston seriam um sonho. Como era moda em seu tempo, artistas faziam coisas. Tinham a tal da "ansiedade por viver". Hoje há a tal "depressão por ter de estar vivo". John Huston criava atividades. Uma viagem ao Japão, caçar raposas na Irlanda, pescar no Pacífico, beber em Roma. Jogar em Cannes, andar pela França, ver toureiros na Espanha, nadar no Canadá. Ir em festas em Londres. E falir mais uma vez. Não importa, a vida é curta e só nos resta viver bem.
   Huston pegou uma grana de seu amigo, Bogart, e foi pra Itália em 1953 fazer Beat The Devil. Chamou Humphrey e ainda a big star Jennifer Jones. Mais Peter Lorre, Gina Lollobrigida, Robert Morley e botou atrás das câmeras Oswald Morris. Chegam todos na Itália prontos pra filmar. E descobrem que não há roteiro. A grana foi gasta com bebida, comida, hotel, jogo e mulheres. Huston chama um garoto de nome Truman Capote e juntos escrevem no hotel aquilo que será filmado no dia seguinte. O trabalho começa sem roteiro. Huston e Capote dão gargalhadas enquanto imaginam um bando de mentirosos tentando dar um golpe na Africa. Algo a ver com uranio. Bogart logo percebe que sua grana foi pro ralo. Briga com Huston e a amizade se desfaz. Os outros atores, sem terem posto dinheiro na coisa, aproveitam o sol italiano. O filme é lançado, a crítica odeia e o chama de lixo mal acabado e o público foge. Nos anos 80, três décadas depois, vira cult. É um dos meus 50 filmes favoritos.
   Demorou pra que eu gostasse dele. Só na quarta vez eu o aceitei. Na primeira achei-o chato. Na segunda incompreensível. Na terceira vi que era interessante. Na quarta me apaixonei. Ontem o revi. É uma  festa!
  Nada no filme é sério. Todos os personagens mentem uns para os outros. E Capote mais Huston mentem para os atores. A gente sente os dois rindo enquanto enrolam seus astros. É o mais malandro dos filmes. É sobre a mentira engraçada. É a alma de John Huston na tela.
  Três ladrões, Morley, Lorre e Ivor Barnard. Nunca no cinema houve um trio tão lamentável. Você ri olhando para eles. Lorre finge ser irlandês. Morley finge ser esperto. Ivor finge ser humano. Bogart é empregado deles. Finge ser Bogey. Jennifer mente o tempo todo. E finge para si mesma estar apaixonada por Bogey. Gina é a mulher de Bogey. Finge ser inglesa. E Jennifer tem um marido que finge ser rico. Pegue esses tipos e faça um roteiro. Minta para os atores. Minta para o produtor. Minta para o público que for ao cinema. E se divirta muito fazendo este carnaval em preto e branco.
  John Huston não foi o melhor diretor de cinema. Mas caramba! Não houve nenhum mais legal que ele.

FILMES

   Faz duas ou três décadas que o cinema, como arte relevante, morreu. Ainda se fazem bons filmes, alguns geniais, mas eles todos além de não repercutirem, possuem a tristeza de saber que seu mundo, o universo do cinema, é passado. Como o jazz, a ópera, o rádio ou mesmo o teatro, ir ao cinema é apenas um modo de digerir o jantar, passar duas horas com a namorada ou, pior de tudo, tentar dar sobrevida à um costume. Filmes de TV são apenas isso: Filmes de TV. São filmes, mas não é cinema. Podem ser bons programas para se ver na cama. Podem ser boas séries para se ver após o futebol, Mas por serem TV, já nascem sabendo que em duas décadas estarão completamente mortos. Ninguém assiste Os Sopranos hoje. Menos ainda assiste Friends.
   Um rápido comentário sobre o que assisti no último mês:
   PORTO, UMA HISTÓRIA DE AMOR de Gabe Klinger
Passado na cidade do Porto ( estrangeiros nunca acertam o nome da cidade! Ela se chama O Porto, nunca se diz Porto apenas. ), conta o encontro de um cara muito chato e uma moça muito triste. .
Voce já viu esse mesmo filme umas mil vezes. A cidade é exibida, claro, em seu lado mais soturno.
   OS AVENTUREIROS de Robert Enrico com Alain Delon, Lino Ventura e Joanna Shimkus.
O cenário é lindo mas a aventura é chata. Dois homens se envolvem na busca de um tesouro. Com eles vai uma mulher que eles partilham. É longo e tem a modernice de um filme de 1968. Ou seja, cansa. Mesmo com uma fotografia bonita, não vale a pena. E a trilha sonora é insuportável.
   ILHA DOS CACHORROS de Wes Anderson
Eu vejo várias qualidades em Wes Anderson. Mas ele está mergulhando em uma emboscada. Seu estilo virou maneirismo e aqui desce ao cliché. Ele precisa de uma dose de adrenalina e sair desse mundinho feito de vozes sem emoção, ações sem impetuosidade e humor fofo. Mesmo adorando cães, achei este filme bobo, vazio e incrivelmente feio. Não há porque se fazer uma coisa assim. Parece apenas um desenho da TV Cultura dos mais banais. ( Doug é melhor ).
   SOMENTE O MAR SABE de James Marsh com Colin Firth, Rachel Weisz
Baseado numa incrível história real. Em 1967, na Inglaterra, se estipula um prêmio para o homem que conseguir quebrar o recorde de navegação solitária. Um cara cheio de dívidas, que navega só em fins de semana, se lança ao mar. E enlouquece. Com uma história tão boa, este filme, chato, consegue naufragar. Ele é boring boring boring boring boring so boring.
   MISTER ROBERTS de Melvyn LeRoy e John Ford com Henry Fonda, William Powell, Jack Lemmon e James Cagney.
Foi uma peça de enorme sucesso e marca a estreia de Lemmon no cinema. E ele é a única coisa que presta aqui. É um filme longo, que deveria ser engraçado e heroico, mas que é apenas chato e aborrecido. Fala de um capitão que trata mal seus marujos. Fonda é o oficial que o enfrenta. Tudo em clima de farsa leve. Quer dizer, deveria ser leve, fica travado na verdade. Le Roy assumiu o filme depois que Ford perdeu o interesse. Ou foi o contrário?
   ATOS DE VIOLÊNCIA de who cares? com Bruce Willis, Cole Hauser, Mike Epps
Um bom filme de ação como aqueles que Willis fazia nos anos 90...não é o caso. Ele é um tira que procura um assassino sequestrador. Mas é lento, calmo, e dois irmãos assumem o controle da busca. Pois é.
   SURPRESAS DO CORAÇÃO de Lawrence Kasdan com Meg Ryan, Kevin Kline, Timothy Hutton
Kline está magnífico como um francês malandro que se envolve com uma americana que tem medo de voar. Se passa em Paris e na Riviera, e, óbvio, tenta resgatar a beleza charmosa dos filmes de Cary Grant e Audrey Hepburn. Fica a milhões de anos luz. Mas tem belas canções, bela imagem e não tem nada de burro ou forçado. E tem um casal que funciona bem.
  DESEJO DE MATAR de Eli Roth com Bruce Willis
E esse desejo se satisfaz. Ele mata um monte de gente. Bruce é um cidadão pacato que resolve ir à caça dos bandidos. O filme é ruim? Não. É bom? Não. Não é ruim por nunca ser chato. Não é bom por ser de uma tolice atroz. Bruce não parece muito interessado na coisa. Aliás, desde Pulp Fiction ele não parece muito a fim de trabalho.
  ANDREI RUBLEV de Andrei Tarkovski.
Sentiu a coisa? Eis a tal aura da arte, aquilo que Benjamin dizia que o mercado e a repetição destruía. Este filme de mais de 3 horas, fala da vida de um pintor de ícones do século XV. É um filme sobre pintura que não fala de pintura. Fala do momento em que a Russia nasce como nação. Mas vai além. É sobre a violência crua. Por isso ele é bem duro de se ver. As cenas de crueldade são cruas, rudes, e os atos de violência são vistos como ato banal. Claro que por ser Tarkovski, o filme é bem mais que isso. Há um conflito entre ideal e real, e em meio às loucuras dos homens paira sempre a calma beleza da natureza. A cena final justifica todo o filme. Ao lado de uma aldeia arrasada, dois cavalos namoram numa ilha fluvial. Tarkovski foi um gênio, um dos 5 ou 6 do cinema, e no documentário que vem com o filme vemos que ele parecia ser uma pessoa adorável.
 

DWAYNE- BILL CONDON- PETER BOGDANOVICH-WIM WENDERS- GUY RITCHIE- LAWRENCE- GUERRA

   UM AMOR A CADA ESQUINA de Peter Bogdanovich com Imogen Poots, Owen Wilson, Jennifer Aniston, Rhys Ifans, Will Forte, Cybill Shepard.
A produção é de Wes Anderson e de Noah Baumbach. Tem participação, como ator, de Tarantino. Ou seja, a nata do cinema de 2015 dando uma força para Peter, o grande diretor revelação de 1971 com A Última Sessão de Cinema. E que depois fez algumas excelentes comédias doidas, como aquelas que se faziam nos anos 30. Mas aqui nada funciona. É triste ver os atores se esforçando ao máximo para dar vida a personagens tão fake. Na comédia doida tudo é fantasia, tudo é exagerado, mas havia nelas uma inteligência, nas falas, que tornava tudo "verdadeiro". Pelo exagero se chegava à verdade final das relações. Aqui as pessoas são apenas loucas. Elas correm, gritam, mentem, fogem, voltam, e fazem com que nos sintamos indiferentes. Não chegam a ser antipáticos, são apenas chatos. Penso que deveríamos achar Imogen fofa. Ela é apenas bobinha. Owen deveria ser charmoso. É apenas oco. E a pobre Jennifer deveria ser divertida. É apenas sem peso. Triste ver um filme que pensa ser chique, leve, amoral, cínico, ser apenas infantil, truncado, espertinho e ingênuo. Um fiasco! ( Atenção a Imogen. Ela será uma estrela ).
   A ESTRADA 47 de Vicente Ferraz com Daniel de Oliveira
Bom tema: o brasileiro na guerra de Hitler. Penso que Ferraz tentou construir um clima à Kurosawa. A estética a serviço do absurdo. A guerra vista como confusão, medo, dor e niilismo completo. Mas falta muito para se chegar perto do mestre japonês ( ou de Naruse ), o filme não nos envolve. Histeria e frio que nunca vira narração.
   LADY CHATTERLEY'S LOVER de Jed Mercúrio com Holliday Grainger e Richard Madden.
Filme da BBC que foi exibido em setembro de 2015. Os filmes de TV da BBC nada mudaram. A Globo os exibia nos anos 70. Eram bem interpretados, solenes, adaptações de livros escritos no período vitoriano ou eduardiano. A única mudança foi nas cores dos sets: antes eram marrons e dourados, agora abusam do azul pálido e do cinza. Continuam sendo filmes bem feitos e meio mortos. Sem fibra e sem paixão. A antítese dos filmes de Boorman, Loach, Anderson, Schlesinger ou Losey.
   EVERYTHING WILL BE FINE de Wim Wenders com James Franco, Charlotte Gainsbourg, Rachel McAdams
Os primeiros dez minutos são ótimos. Neve e mais neve no Canadá do norte. Um homem atropela uma criança. Ele é escritor e é casado. E daí vem a crise... De admirável o fato de termos um filme "de arte" que não apela para sexo explícito, cenas de violência chocante ou um discurso calcado na velha ladainha de raiva adolescente. É adulto, lento, pausado, com imagens fortes, bem pensadas e nunca gratuitas. Mas é também insuportavelmente lento, escuro, triste e sussurrado. Não se pode dizer que não deu certo, ele é exatamente aquilo que Wenders imaginou.
   TERREMOTO, A FALHA DE SAN ANDREAS de Brad Peyton com Dwayne Johnson, Carla Gugino,  Ioan Gruffud e Paul Giamatti.
É bom poder dizer que este Terremoto é muito melhor que aquele de 1974. Não é uma refilmagem, mas tem o mesmo tema. Aqui os efeitos são ótimos, a ação vem na hora certa, nunca como única meta, mas sim como consequência, e ficamos muito satisfeitos com a diversão que ele nos dá. Sim, somos uma geração que se diverte vendo o fim do mundo...Quem sabe não sejamos no fundo uma geração descrente do mundo sólido e das cidades como centro da vida....Relaxe, enjoy!
   MR. HOLMES de Bill Condon com Ian McKellen, Laura Linney.
Já falei deste filme abaixo. Holmes está senil e luta para recordar a resolução de um crime de 30 anos atrás. Enquanto isso faz amizade com um menino e cria abelhas. Um bom filme com atuações ótimas. O final é bastante memorável.
  O AGENTE DA UNCLE de Guy Ritchie com Henry Cavill, Armie Hammer e Alicia Vikander.
Esperto, chique, divertido e charmoso. Tudo que imaginamos ter sido viver entre 1958-1965. Essa foi a época dos mais luxuosos filme. E foi o tempo do bom gosto. O filme tenta copiar esse tempo. E consegue! Os atores são bacanas, a trilha sonora imita Schiffrin e Barry, e Guy até diminui sua velocidade. Tipo do filme que te deixa de boas e faz com que você se sinta mais civilizado.

GEMMA BOVERY- JOHN BOORMAN- WES- BOWIE-ROEG- NOIR

   GEMMA BOVERY de Anne Fontaine com Fabrice Luchini, Gemma Arterton
Um padeiro, ex editor, conhece novos vizinhos. Um casal inglês. Os dois fazem com que ele se recorde de Charles e Ema Bovary. E por aí vai... Este é um filme de uma banalidade exasperante. Tudo nele é óbvio. Cada cena "sexy", cada reviravolta, tudo tem o carimbo de "já visto antes". É o velho problema do cinema francês "pop", perde o apuro do cinema gaulês tradicional e não consegue a rapidez colorida do bom cinema popular saxão. O livro de Flaubert, uma obra-prima tão forte que chega a nos deixar doentes, nada tem a ver com este souflé murcho. ZERO.
   O HOMEM QUE CAIU NA TERRA de Nicolas Roeg com David Bowie e Candy Clark
Roeg foi um diretor de fotografia genial. Dentre vários trabalhos é ele o responsável pelo visual de sonho de "Longe Deste Insensato Mundo", a obra-prima de Schlesinger. A partir dos anos 70 Roeg virou diretor e todos os seus filmes são ousados, afiados e desagradáveis. Um ET cai na Terra, fica rico com tecnologia e tenta construir uma nave para voltar a seu mundo. Veio a este planeta procurar água. David Bowie é perturbador. O que mais impressiona é como o David de 1976 é já um rapaz moderno de 2015. O filme tem cenas de sexo, é confuso, muito louco, feio, tem efeitos ruins e música esquisita ( de Stomu Yamashita ). E é profundamente perturbador. É provável que você se entedie, e depois fique com ele na cabeça por vários dias. Invulgar. Sem nota.
   RAINHA E PAÍS de John Boorman com Callun Turner e Caleb Landry Jones
Um excelente jovem elenco num ótimo filme do veterano Boorman. Na Londres de 1952 acompanhamos um jovem no exército. O filme vai da comédia doida ao mais desencantado drama. Quase se estraga com as cenas de romance com uma doidinha fatalista. Mas é um grande filme. Assistimos sempre com interesse e ao final sentimos sua beleza. Há poesia verdadeira aqui. Boorman foi e volta a ser um diretor dos bons. Ele tem muito a dizer. E diz. Nota 9.
   A VIDA MARINHA DE STEVE ZISSOU de Wes Anderson com Bill Murray, Anjelica Huston, Cate Blanchett e Willem Dafoe.
A arte pós-moderna. Não procure nela paralelos com a vida dita "real". Mas também não cometa o erro de achar que é "arte pela arte", como diziam os românticos. Não se tenta criar uma obra de arte. O que se faz é um filme. Um filme sem filosofia, sem mensagem e sem lição alguma. Apenas imagens que existem porque deu vontade de as filmar. Assim, Wes faz o filme que eu faria aos 12 anos. Se eu tivesse talento. E isso que falo é um elogio. Wes, como Tarantino, não filma cenas de amor, não filma cenas de denúncia, ele filma cenas de Wes Anderson. É infantil. É o que de mais novo se pode fazer hoje. Ele é um antídoto para a denúncia cliché e para o adultismo poser. O filme faz o que deseja fazer: é colorido, excêntrico e inteligente. E muito, muito bobo. Nota 7.
   D.O.A. de Rudolph Maté com Edmond O'Brien
Um filme noir de pesadelo. Um homem é envenenado. O veneno não tem um antídoto. Antes de morrer ele tenta vingar sua morte. O que vemos é puro desespero. Algumas cenas meladas não conseguem destruir o clima. E ainda tem uma cena de jazz que é puro veneno. Nota 7.

O MUNDO MARINHO DE WES ANDERSON E O MUNDO DRAMÁTICO DE JOHN BOORMAN

   O novo filme de John Boorman, Queen and Country é maravilhoso. Continuação tardia de seu grande filme de 1986, ele encontra os meninos da segunda guerra em 1952. Agora a guerra é a da Coréia, eles estão com 20 anos e descobrem o que é a vida. O filme é maravilhoso porque ele tem três linhas de estilo que se cruzam ( ou seja, Boorman continua a correr riscos ), ele começa parecendo um tipo de MASH inglês, uma comédia satírica sobre o exército. Depois, quando começa a história do amor do rapaz, o filme cria um clima irreal de sonho, lembra até o EXCALIBUR, que John fez em 1981. E por fim, um estilo de horror quando ele se aproxima do final. O sabor que fica é bem amargo.
  Várias cenas são emocionantes e o filme inteiro transborda beleza. Absurdo, essa a palavra que define a obra de Boorman. Ele foi o mais novo dos "novos" diretores ingleses surgidos entre 58-62. Schlesinger, Richardson, Lester, Reisz, Ken Russel, Loach, Clayton. Boorman é o último em atividade. Dentre seus filmes temos INFERNO NO PACÍFICO, DELIVERANCE, EXCALIBUR, LEO THE LAST, AGONIA E GLÓRIA. Seu modernismo é do tipo social. Todos os seus filmes criticam o mundo, apelam aos sentimentos de ira e de reforma, ele é engajado.
  Wes Anderson é pós-moderno, ou seja, podemos traçar seu caminho de Warhol à Duchamp. Bem americano, ele usa toda a informação a seu redor e brinca com ela. As mistura. Como faz Tarantino, seus filmes pegam aquilo que normalmente não é visto como Arte e as embaralham. Mas atenção, aleatoriamente. São filmes que não têm um intenção. Eles são aquilo que parecem ser: imagens e sons, uma história que nada mais quer dizer que aquilo que se vê. Tarantino pega filmes nada nobres ( western italiano, filmes japoneses pop, blacks movies, noir ) e os embaralha. Ele se diverte e nos diverte usando seu coração. Wes faz a mesma coisa, mas suas referências são outras.
  Eu assistia em 1978 a série de Jacques Cousteau. E ouvia Bowie. Seu filme marinho é exatamente como se um garoto de 12 anos fizesse um filme. E isso é um elogio.
  Desse modo, Wes Anderson, assim como Tarantino, são anti-Von Trier, anti-Almodóvar e anti-Bergman. Eles não querem chocar, fazer um acerto de contas ou se confessar. Eles apenas filmam. Aquilo que desejam.
  Interessante observar que tanto Boorman como Wes amam Kurosawa. Mas olham o mestre de formas diferentes. Boorman ama o autor dramático. Wes adora o visual de seus filmes.
  Eu gosto dos dois: o visual e o drama forte e duro. Mas sei que o futuro é de Wes. Uma doida mistura de arte elevada transformada em Pop e do lixo transformado em objeto de culto.
  Adoro isso!

A RONDA, O MAIS CIVILIZADO DOS FILMES. QUEM O FEZ? MAX OPHULS, QUEM MAIS SERIA?

   E esse filme poderia ser usado como um tipo de teste. Colocar para alguém assistir e observar sua reação. Quanto mais ele gostasse e penetrasse em seus prazeres, maior o nível de civilidade ela passaria a poder ostentar. Jamais em toda minha vida, pude ver, ouvir ou presenciar tamanha dose desse valor hoje tão raro, a civilidade. O prazer que essa obra prima me ofereceu é digno da maior gratidão, aquela do amor.
  Demorou para encontrar esse filme mítico. Tive uma cópia estragada, agora achei afinal uma perfeita. Lá está a fotografia de Matras, e o cenário, um dos melhores do século, de D Aubonne. Cenário imenso, propositadamente artificial, um imenso cenário que gira, que tem ruas, pontes, praças, montes de fachadas, dúzias de interiores, quartos, todos detalhistas, preciosos, uma festa sonhadora para os olhos.
  Lá estão os atores. Anton Walbrook faz o apresentador. Ele conduz a ação. Nos dá o contato às histórias interligadas, todas formando um carrossel, o carrossel sexual do amor. Sim, amor que aqui é sexo, sexo assumido, o filme, como se mostra numa cena de humor, é bastante ousado para seu tempo. Afinal, trata-se da melhor adaptação de Schnitzler da história. A Vienna dos prazeres, da cama, dos restaurantes, da hipocrisia e desse humor que faz a vida rodar e valer a pena. Simone Signoret é uma puta de rua. Serge Reggiani um soldado que a pega. E depois vem Simone Simon como uma empregada linda. Há uma cena de sedução com seu patrão onde ela exibe uma malicia saudável que ecoa até hoje. Observe o olhar que ela dá! Apaixonante! E tem Barrault fazendo um poeta exagerado que nos deixa cheios de risos e de admiração pela arte desse ator de gênio. E muito mais! Um Fernand Gravey austero e fixo, um Gerard Philipe comedido e romantico... O filme flui nessa profusão ritmica de belas falas, grandes atores, cenários magnificos e a direção...
  Hora de falar de Max Ophuls. Delicado gênio de Vienna. O que seria do cinema sem essa cultura do império austríaco de 1910? Não teríamos Ernst Lubistch, Billy Wilder e Max Ophuls. Dentre muitos outros. O cinema não conheceria o humor vienense, o luxo de Vienna, o modo de ver a vida como uma confusão de desejos e de armadilhas. Max foi dos 3 o mais infeliz. Fugiu da guerra e em Hollywood se deu muito mal. Ao contrário de Lubistch, que se tornou o rei da Paramount, e de Billy, que se sentiu em casa na América, Max nunca se adaptou. Ele manteve as raízes e os filmes que fez em Hollywood fracassaram. Voltou à Europa e na França fez seus melhores filmes. Madame D... é o melhoir, mas este chega muito, muito perto. A câmera, no estilo tipico de Ophuls, dança por entre as pessoas e o cenário, objetos se interpõe entre a lente e os atores, a imagem se distorce e a história flui num tipo de sonho prazeroso com ameaças de dor. É uma festa! Fácil entender o porque de tantos jovens diretores que não o conheciam, conheciam só de nome, se encantarem com ela agora, no tempo do dvd. Max é único! Nenhum outro se parece com ele. E mesmo em Hotel Budapeste, o filme mais Ophuls de Anderson, o estilo de Max aparece apenas em breves citações ( O que mostra o valor de Wes Anderson. Ele nunca tentou o imitar. )
  Chega de falar que eu quero o rever! Grandes filmes nos dão vontade de viver dentro dele. E este, com sua civilidade, beleza, extrema delicadeza e verve, promete um universo de encanto glamuroso. Dizem que Baz Luhrman tenta ser o Ophuls de seu tempo. A diferença entre os dois mostra a diferença entre nossos tempos. O que em Baz é histeria aqui é luxo. O que em Baz é exagero aqui é precisão. Baz nos dá um carnaval, Max um passeio. No mais belo dos lugares, seus filmes.
  Eu vos convido. Assistam e se testem. Acho que passarão...

TIM CURRY/ WES ANDERSON/ SLY/ RUSS MEYER/ JOHN CLEESE/ DAVID LEAN

   QUANDO O CORAÇÃO FLORESCE ( SUMMERTIME ) de David Lean com Katharine Hepburn, Rossano Brazzi e Isa Miranda
O filme é lindo e representa a virada na carreira de Lean. Ele vinha de um período perdido após o grande inicio no cinema inglês. A partir deste filme ele tomaria impulso para seus grandes épicos. Claro que este filme, íntimo, não é um épico, mas traz, já, o olhar de Lean sobre o estrangeiro, no caso Veneza. Kate é uma solteirona reprimida que viaja sózinha à Veneza. Lá conhece italiano bonitão e tem um caso com ele. É só isso e voce pode pensar que o filme é meloso e vazio. Não é. David Lean era um gigante e nos dá um passeio pela cidade que encanta, hipnotiza, seduz. Ver Kate andando pela cidade e tentando se feliz é uma experiência gratificante. Quando o flerte começa o filme cai um pouco, mas evita o óbvio e se reergue. Kate faz a solteirona com sua habitual força. A fotografia, de Jack Hildyard é magnífica. Nota 8.
   O GRANDE HOTEL BUDAPESTE de Wes Anderson com Ralph Fiennes
Caro Wes, mantenha sua crônica sobre uma época e esqueça o thriller. Este filme, lindo, nasceu para ser uma frívola comédia sobre uma época frívola. Leve, tolo, bonito e inutil. Vá fundo nisso. O que? Voce quer mais que isso? Mas assim voce perderá a obra! Ela não será nem carne e nem peixe! Afff....que pena! Voce quase fez uma obra-prima! Mas te faltou coragem para ser mais tolo e menos esperto. Uma pena! De qualquer modo, é um filme que irei rever em breve. Abraço. Nota 8.
   AMANTE A DOMICÍLIO de John Turturro com John Turturro, Woody Allen, Sharon Stone e Sofia Vergara
Um dos piores filmes do ano. Não é uma comédia! É um melancólico filme sobre a solidão. Uma bobagem com personagens irreais e antipáticos, cenas lamentáveis e um Woody Allen de dar dó. Detestável. ZERO!
  O HOMEM QUE PERDEU A HORA  de Christopher Morahan com John Cleese
Cleese é um diretor de escola maníaco por pontualidade que ao ir à homenagem a sua escola perde a hora e pira. O filme começa mal, vai melhorando e acaba bem bacana. É sempre um prazer assistir Cleese fazendo seu tipo de inglês reprimido e vaidoso. Falta um pouco mais de loucura ao roteiro e a direção exala mediocridade, mas dá pra ver numa tarde de frio. Nota 5.
  THE ROCKY HORROR PICTURE SHOW de Jim Sharman com Tim Curry, Susan Sarandon, Richard O`Brien e Little Nell
O filme é amador, exagerado, tolo, grotesco e mal intencionado. E daí? Quem não o assistiu não viveu! É delicioso, cafajeste, safado, gay, rocknroll, glitter, sexy, roxy, perverso, punk, funk, burrinho e smart. Oh Oscar Wilde!!!! Oh David Bowie!!! Eu não sou gay mas amo este filme!!!! AMO AMO AMO!!!! Quer ser feliz? Conheça Tim Curry e sua voz classuda chic fazendo este infame Frankenfurther, um misto de Bolan, Iggy e a bicha doida da Augusta. Pasmem! Nota DEZ!!!!!
   DE VOLTA AO VALE DAS BONECAS de Russ Meyer
Camp. Sabe o que é isso? É lixo feito de propósito. Este fracasso foi dirigido pelo inventor do filme de nudez dos anos 50, Russ Meyer. Em 1969 ele conseguiu dinheiro da Fox para fazer um filme grande. Este. E vejam só, o roteiro é do grande crítico Roger Ebbert. O filme, uma gozação com o mundo de 69, fala de 3 moças que formam uma banda de rock e se mandam para L.A. rumo ao sucesso. Se envolvem com produtor ( o melhor personagem, Z-Man ) e ....Tem transexualismo, hermafroditismo, drogas, psicodelia, mas tudo tratado com ""pureza", paz e amor. O filme é mal dirigido, tem os piores atores do mundo, cenas hiper editadas. Parece um trailer de duas horas. A gente espera que ele comece e nunca começa. Há quem o ache genial. Eu acho tão ruim que fica quase bom. O final é ótimo! Sem Nota.
   ROTA DE FUGA de Mikael Hastrom com Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenneger
Que roteiro bobo!!!! Sly é um cara que faz testes para ver o quanto uma prisão é a prova de fuga. Mas cai numa enrascada quando preso numa prisão intransponível. Ufa! Mais bobo impossível. Chato pacas! E quem diria? Arnie quase salva o filme! O cara tem humor! Em 1989 quando caiu o muro de Berlin muita gente disse que o cinema perdia seu vilão, a URSS, e que teriam de criar bandidos cada vez mais fantasiosos. Este filme atinge o pico do ridículo. ZERO>
   JUNTOS E MISTURADOS de Frank Coraci com Adam Sandler e Drew Barrymore
Nada de risos. Ele é um viúvo com 3 filhas. Ela uma divorciada com dois meninos. Sem querer vão juntos para um resort na África do Sul. E fall in love. Não é ruim. É desinteressante. Odeio esse Sandler chorão, bom moço. E Drew faz Drew, uma atrapalhada boazinha. O filme escorre mel, infla bondade, exala pinky. Aff, enjoa! Qual é? Nota 2.
  

O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, WES ANDERSON

   Tem um livro lindo nas livrarias sobre Wes Anderson. Ele é hoje o diretor mais cool na América. Aquilo que os Coen foram em 2005 e Tarantino em 2010. Leio a lista de seus filmes favoritos e adoro. O number one é MADAME D... filme misteriosamente sensual de Max Ophuls. E ele lança um filme com Ralph Fiennes, F.Murray Abraham e Adrien Brody, atores que gosto. E esse filme se passa na Europa oriental, o mundo de Mahler, Rilke, Lubistch, Ophuls e Wilder. Já gostei do filme antes de ver. 
  E ele começa a pleno vapor. Fiennes dandy, um tipo de glamuroso conciérge de um hotel chic no mundo de Zweig e de Dietrich. O visual é fascinante, o humor fino, o ritmo festivo e os movimentos de câmera fluidos. A câmera valsa. E os cortes são feitos no momento exato. 
  Vejo o filme com gosto. Finalmente Wes Anderson fez seu filme perfeito! Mas...
  Ralph é preso, o roteiro se torna rocambolesco, e inesperadamente o interesse se vai. A valsa acelera, atravessa, perde o compasso. O filme se perde. Desaba. O cenário começa a enjoar e Wes se torna refém de sua inteligência. Ideias demais. Tempo esticado.
  Triste, pois é um bom filme, invulgar, classudo, mas que poderia ter sido uma obra-prima. 
  Tantos filmes feitos hoje têm esse mal. Um começo vibrante e então a derrapada. Começam a rodar e rodar e nosso interesse se dilui. 
  Wes Anderson ainda fará um filme perfeito. E eu queria muito que fosse este. Pena.

LISTAS DA CRITERION COLECTION

   Criterion Colection top 10`s.
   Encontro essa lista na net, e como sou fã de listas...
   Tem mais de 50 caras dando listas. A maioria nunca ouvi falar. Críticos novatos dos EUA. A lista é legal. A pior é de Diablo Cody. Aff... Destaco a lista de Wes Anderson, boa pacas! Lá vai:
1...MADAME DE...de Max Ophuls.
2...AU HASARD DE BALTHAZAR de Robert Bresson
3...PIGS de Imamura
4...A MULHER INSETO de Imamura
5...LOUIS XIV de Rosselini
6...O ESPIÃO QUE SAIU DO FRIO de Martin Ritt
7....EDDIE COYLE de Peter Yates
8....CLASSES TOUS RISQUES de Maurice Pialat
9....A INFÂNCIA NUA de Maurice Pialat
10..MISHIMA de Paul Schrader
          Digo que os dois primeiros poderiam estar em meus top 10. Dos outros, não conheço os filmes de Pialat. O filme de Ritt é espetacular.

Não dou muita bola para Christopher Nolan, mas sua lista é muito boa.
1....THE HIT de Stephen Frears
2....12 ANGRY MEN de Sidney Lumet
3....THE THIN RED LINE de Malick
4....DR MABUSE de Fritz Lang
5....BAD TIMING de Nicholas Roeg
6....MERRY XMAS de Nagisa Oshima
7....FOR ALL de Al Reinart
8....KOYANAQSTIKY de Reggio
9....MR. ARKADIN de Orson Welles
10...GREED de Stroheim
          Acho que ele não conhece cinema da Europa.

Guillermo del Toro tem uma lista de conhecedor. Ele ama Kurosawa e Bergman e coloca entre os dez, 3 filmes de Akira e dois do gênio suéco.  Seu favorito é TRONO MANCHADO DE SANGUE.

Adam Yauch bota cinco filmes de Kurosawa!!!! Um fã maior que eu !

E há Martin Scorsese:
1....PAISÁ de Rosselini
2....THE RED SHOES de Michael Powell
3....THE RIVER de Jean Renoir
4....UGETSU de Mizoguchi
5....CINZAS E DIAMANTES de Wajda
6....A AVENTURA de Antonioni
7....SALVATORE GIULIANO de Francesco Rosi
8....8 E 1/2 de Fellini
9....A VERDADE de Godard
10..O LEOPARDO de Luchino Visconti
           Lista de mestre. Falar o que?

Olhando toda a lista noto que o DVD fez com que certos nomes fossem reavaliados.
Dos diretores atuais, Wes Anderson e David Lynch são muito citados. E do passado há uma redescoberta de Schlesinger, Mizoguchi e Jules Dassin. E, que surpresa!, o documentário GIMME SHELTER é muito citado como grande filme de rock da história!
Legal né?

LISTAS ( FILMES FAVORITOS DE DEL TORO, ANDERSON E ... )

   Wes Anderson é um cineasta de bom gosto. Um amigo me manda um post onde ele declara que MADAME DE..., obra-prima de Max Ophuls é seu filme favorito. Descobri esse filme em dvd a cerca de 3 anos. Escrevi sobre ele em alguma parte neste blog. O filme tira nosso fôlego. Ele é tão refinado, tão chic, tem imagens tão belas que nos sentimos extasiados. O mais impressionante é o uso que Ophuls faz da câmera. Muito crítico diz que ele usava o cinema como uma caneta. Ele conseguia escrever com cortes e movimentos de câmera. Travellings que nos dão um prazer imenso. O interessante é que eu havia escrito que os filmes de Wes, assim como os de Baz Lurhman, são devedores dessa corrente estética, corrente que vai de Ophuls à Powell. Mas atentem, os filmes de Wes e de Baz estão anos luz abaixo dos filmes desses gênios da beleza.
   No mesmo post leio que o filme favorito de Steve Buscemi é Billy Liar de John Schlesinger. Esse vi na TV Cultura em 1978 e nunca mais. Comprei o DVD a um mês. Ainda não o revi. Tem Julie Christie e Tom Courtney. Courtney é o ator sublime do filme operísitico de Dustin Hoffman. Filme que é um prazer celestial.
   Guillermo del Toro tem como número um três filmes de Kurosawa: Ran, Trono Manchado de Sangue e Céu e Inferno. Nada vou dizer sobre esses filmes. Kurosawa foi o maior diretor da história. Os 3 são gigantescas obras sobre o mal.
   Jane Campion escolhe como melhor filme da história Os 7 Samurais. Do mestre Kurosawa. Coitada de Jane. Se ela sonhava em fazer algo dessa grandeza.... Aliás, na mesma lista, Adam Yauch, dos Beastie Boys escolhe também Os 7 Samurais.
   Nicolas Refn também vai de Japão, Tokyo Drifters de Suzuki, um filme sessentista e que lembra muito seus filmes. Alec Baldwin vai de Z de Costa-Gavras e Diablo Cody escolhe Faça a Coisa Certa de Spike Lee.
   Well... só pra recordar, tenho aqui outra enquete:
    Clint Eastwood escolhe Yojimbo de Kurosawa; Gore Verbinski escolhe Chinatown de Polanski e Tarantino elege The Bad, The Good and The Ugly de Sergio Leone.
    Sidney Lumet vai de Os Melhores Anos de Nossas Vidas, filme sobre ex-soldados da segunda guerra, direção de William Wyler; Mike Newell escolhe The Apartment de Billy Wilder, mesmo filme escolhido por Cameron Crowe e digo que o cinema de Newell e de Crowe lembra muito esse filme doce e amargo de Wilder.
   Michael Mann elege Apocalypse Now de Coppolla e Richard Linklater vai de Robert Bresson, Au Hazard du Balthazar. Sam Mendes fala de Kane de Welles e James Mangold ama Oito e Meio de Fellini.
   Talvez eu escolhesse L'Atalante de Jean Vigo, esse é o favorito de Jim Jarmusch. Scott Hicks elege Ivan de Tarkovski enquanto Milos Forman prefere Amarcord de Fellini.
   Dou um picolé pra quem descobrir onde se vê algo de Fellini em Mangold ou algo de Tarkovski em Hicks.
   Mas amar um filme não significa imitar esse filme. Se eu fosse cineasta dificilmente eu faria algo na linha de Vigo, ou de Powell e muito menos de Kurosawa. Meu temperamento me levaria mais ao estilo Hawks, ou Wilder ou Huston. O segredo não é a admiração, é a história pessoal do cineasta e seu temperamento.
   Afinal, Scorsese admira a idolatria The Red Shoes de Powell mas seus filmes nada lembram a obra prima do inglês. É isso.

CHAPLIN/ WES ANDERSON/ DJANGO/ GARY COOPER/ JERRY LEWIS/ PAULO JOSÉ/ AUDREY

   UMA CRUZ À BEIRA DO ABISMO de Fred Zinnemann com Audrey Hepburn
Mulher jovem, viúva, resolve ser freira. Acompanhamos, em registro sóbrio, seu aprendizado e afinal a realização de seu sonho: trabalhar no Congo. Lá ela conhece médico ateu. Qual o tamanho de sua vocação? Zinnemann foi um gigante, A Um Passo da Eternidade, Julia, Matar ou Morrer e vasto etc. A palavra que o define: Precisão. Nada em excesso, nada de menos. Por incrivel que pareça, com  tema tão árido, o filme funciona. Peter Finch está ótimo como o medico materialista e ainda há Peggy Ashcroft. Vida dura....Nota 7.
   OS QUATRO GUERREIROS de Gordon Chau
Filme chinês de 2012 sobre kung fu. Adoro kung fu, detestei este filme! Em cinco minutos eu já me desinteressara. Tenta ser tão ágil, tão esperto, que se faz uma bagunça. Fuja! Nota ZERO
   WAY DOWN EAST de David Wark Griffith com Lillian Gish
O inventor do que entendemos por cinema com a atriz de rosto mais expressivo da história. É um drama sobre a incocência. O rosto de Gish, linda e extremamente frágil, comove. Ver este filme é ver o século XIX em movimento. Griffith é um homem do tempo de Twain e Whitman. Nota 6.
   O PRINCIPE DO DESERTO de Jean-Jacques Annaud com Antonio Banderas
Muito tempo atrás Annaud foi um bom diretor. A Guerra do Fogo é um bom filme. Este, seu mais recente, deve ter sido escrito por um menino de 8 anos. É tão tolo, tão banal que chega a dar raiva. Fala do começo daquilo que conhecemos como Mundo Árabe, petróleo e rivalidades tribais. É o tema de Lawrence da Arábia. Comparar os dois é como comparar vinho com Q.Suco de uva. Nota ZERO
   MOONRISE KINGDOM de Wes Anderson com Bruce Wiilis e Frances McDormand
O filme serve para explicitar o porque de Wes ser um "cineasta" que sempre me pareceu incompleto. Ele não é um cineasta na verdade! É um artista plástico! Veja bem, suas imagens não contém movimento, os atores não interpretam, tudo é na verdade uma coleção de imagens pop-art à Rauschemberg ou Hamilton. O que vemos são quadros, poses que tentam contar uma história. O filme é como um monte de slides. "Olha a lata!"; "Olha a barraca!".... Poderia até ser interessante, afinal, Bresson fez mais ou menos isso num espírito modernista, mas Wes não tem bons slides! Cada vez mais penso que ele nasceu para fazer desenhos e não filmes...A animação do Raposo é seu melhor trabalho. De longe!!!! Nota 2.
   A DAMA E O GANGSTER de Claude Lelouch com Lino Ventura e Françoise Fabien
Acho que voces esqueceram, mas na época de Godard e Truffaut, o diretor francês mais famoso era Lelouch. Ele filmava tudo na mão e contava belas histórias de amor. Aqui temos um ladrão e seu plano de assaltar uma joalheria. Ao mesmo tempo ele se apaixona por uma vendedora de móveis históricos. O filme é contado em flash-back e Lino é tão feio que fica sendo original. O plano de roubo é bastante engenhoso. Bom passatempo. Nota 6.
   TODAS AS MULHERES DO MUNDO de Domingos de Oliveira com Paulo José, Leila Diniz e a turma de Ipanema
A alegria de se estar vivo. Paulo Jose´está adorável como um homem que não pode deixar de ter todas as mulheres do mundo. Mas ele se apaixona, se casa e daí nascem os problemas. O filme confirma um fato: o homem que se dá bem com as mulheres é aquele que ama essas mulheres. Há no rosto de Paulo a alegria, a felicidade de se desejar, de se amar, de se sentir fascinado pelas mulheres. Ele é como um garoto, uma criança cercada por lindos brinquedos. Domingos sabe o que faz, os atores falam obviedades, porque é de obviedades que a vida é feita. O romance de Paulo e Leila é desajeitado, comum, banal, encantador. O filme é feito livremente, solto, transpira felicidade. Serve ainda para vermos a Ipanema de então ( 1967 ), a turma de Domingos ( os personagens do livro de Ruy Castro comparecem como "atores" ), não é um filme perfeito, erra bastante, tem um som ruim, mas é vivo, solto, pleno. Junto com O Bandido da Luz Vermelha é a melhor coisa do cinema nacional. Nota 9.
   AS AVENTURAS DE MARCO POLO de Archie Mayo com Gary Cooper
Cooper de malha justa fazendo um italiano? Parece um cowboy fantasiado. O filme mostra o lado ruim do cinema clássico dos anos 30, tudo parece falso demais! Veneza é um set de papelão e a China fica no quintal de Samuel Goldwyn. Além dos chineses, todos americanos com rosto maquiado. Bem, tudo isso seria esquecido se o roteiro fosse bom, mas não é. Cooper vê a pólvora pela primeira vez, o macarrão, o carvão, e faz cara de quem encontrou uma moeda na rua. Chato. Nota 1
   LUZES DA CIDADE de Charles Chaplin
Uma obra-prima. Se voce quer começar a entender o cinema sem voz, eis seu filme. É absolutamente perfeito. Da primeira a última cena, é um filme que corre e acontece em tempo próprio, ele passa voando. Chaplin é o mendigo que se apaixona por florista cega, que salva milionário bêbado do suicidio e que entra numa luta de boxe. A luta é uma das cenas mais soberbas da história, uma obra-prima de ação e de enquadramento. Mas as cenas da festa, da dança e o final também são perfeitos. Nada piegas, mas bastante romântico, o filme é uma aula de cinema. Tudo se encaixa de modo tão correto, as coisas se encadeiam de maneira tão natural, que o assistir é entender o porque de certos filmes não fluirem e outros voarem. Chaplin era um gênio. O filme, seu melhor, ano a ano vem subindo nas eleições de melhores de todos os tempos. Não me surpreenderá se um dia for o melhor. Nota DOIS MILHÔES. PS: Só consigo lembrar de dois filmes com finais melhores que este: Nada de Novo no Front ( com a cena da borboleta ) e Os 7 Samurais (  a cena das espadas na cova ). O reconhecimento da florista é não só emocionante, é um final aberto e muito moderno.
   BANCANDO A AMA-SECA de Frank Tashlin com Jerry Lewis
Na Sessão da Tarde dos anos 70/80 só dava Jerry...e Elvis. Mas seus filmes, hoje, só podem funcionar como pura nostalgia. É um humorista, um grande humorista, que perdeu a graça. O tipo de humor que ele fazia era aquele que hoje é lei: um pastelão retardado careteiro e desenfreado, lembra Adam Sandler e Jim Carrey. O problema é que Adam e Jim foram ao limite, e homenageando Jerry Lewis eles destruíram Jerry Lewis. Peter Sellers por exemplo, sobreviveu melhor porque ninguém tentou o imitar. Jerry foi tão seguido que hoje se parece com um Jim Carrey piorado. Que injustiça!!! Jerry era uma fonte de ideias, de coragem e de multi-talentos. O tempo lhe foi cruel. Bem... se este texto parecer confuso é porque meus sentimentos em relação a Jerry são confusos....
   DJANGO de Sergio Corbucci com Franco Nero
Falarei mais deste filme acima...Tarantino está lançando um filme com este nome.... Nota 5.