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AQUELA ÁGUA TODA- JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA

   Lembrei de Katherine Mansfield lendo este pequeno-grande livro. São contos sobre coisas pequenas. Pequenas coisas que são as grandes horas da vida. Os momentos que ficam.
    Marcelo Coelho chamou minha atenção sobre este autor. Com 50 anos de idade, ele é um mestre. Logo na primeira narrativa ( todos são contos curtos, 3 ou 4 páginas pequenas ), um menino vai á praia. Senti toda a alegre ansiedade do garoto. A espera do sábado, a descida da Serra, a ida ao mar, as ondas. João descreve tudo como eu o senti. Fui um menino que ansiava pela ida a praia. E pegava onda de peito também. A felicidade do menino era a mesma-minha. Mas mesmo que voce não tenha essa memória, o conto vai te fazer entendê-la e mais que isso, senti-la. Os outros contos não são coisas que vivi, mas são tão bons quanto. Especialmente um, onde um menino vê a mãe em desespero após receber uma carta, e aturdido, não sabe o que fazer para ajudar a mãe a voltar a sorrir. Esse conto, inesquecível. é a obra-prima do livro. Aliás, raros autores atuais têm tanta habilidade para descrever a relação mãe e filho. Isso porque João não escreve apenas bonito, escreve delicado, escreve leve e mesmo nos momentos tristes, sua escrita é feliz. Apesar das dores, da morte, os personagens vivem, são gratos e poder existir e estar aqui. Isso porque eles sentem, olham e contam. João crê na linguagem, nisso ele é um clássico.
   Lançado em 2011 pela Cosac e Naify, vale muito a pena. E ainda tem ilustrações lindas.

ABORTO, COELHO, CACHORRO E MARXISMO...QUANTA CHATICE...

   Ninguém merece uma aula de romantismo em viés Hobsbawn. Grande defeito dos marxistas: Eles superestimam o capitalismo. Toda a história da burguesia do século XIX contada como se fosse coisa racional, hiper-planejada. Não foi e não é. O capitalismo improvisa todo o tempo. Dizer que o conceito de nação foi criado pelos burgueses para poder negociar (???? ) e que a igreja foi secularizada para colocar o dinheiro como novo deus...Bem...Isso até pode ter acontecido, mas ninguém planejou. Por pretender ser racional e planejado, o marxismo sempre vê em tudo um plano oculto e bem bolado. Bobeira. Segurei o riso diante de tanta besteira. Na verdade a tendência do capital é abolir nações, não o contrário como disse a mestra. O dinheiro odeia fronteiras. Na prova terei de escrever mentiras...chato.
   A discussão entre Coelho e Calligaris na Folha exemplifica e desnuda o calcanhar de aquiles de todo pseudo-pensador. Nenhum dos dois dá chance a qualquer pensamento original. Cria-se um arcabouço virtual, um tipo de armadilha contra os discordantes e se expõe uma teoria dentro desse campo bem seguro. Primeiro se pensa a solução e depois o problema NÃO É analisado. Um quer ser realista, o outro pensa ser ético. O realista esquece que viver é prática, as coisas são independentes de nossa vontade. A tortura existe. Gente tortura. Torturar é errado. Todos torturariam em dada condição. Qual a novidade nisso? Pior o Coelho que, pasmem!, se recusa a responder! Pudicamente ele não admite falar que em dadas circunstâncias, sim, ele faria tortura. Weeellll...Paulo Francis daria um fim nessa lenga-lenga mandando todos pro castigo e dizendo: Cresçam.
   Francisco é um belo nome e remete ao último grande momento do catolicismo ( já se vão mais de 700 anos ). O que espero é que ele seja um melhor homem de ação. A caridade é o valor exemplar que o catolicismo criou e deveria voltar a advogar. Em ato e não apenas em oração. Quanto a corrupção e hipocrisia, qual o organismo politico que não o tem? Quando falo catolicismo falo de indivíduos que seguem a lei de Paulo. A força politica centrada em Roma pouco me importa. São mentirosos. Mas o fato de haver crime entre os religiosos não desqualifica todo o dogma. A medicina não pode ser desacreditada por causa de um médico assassino ou um país por causa de uma casta corrupta. 
   Disse uma frase que ofendeu uma amiga londrina. Disse que é ridiculo esse povo que defende a vida de cães de rua ( que adoro ), urrarem a favor do aborto. Então um feto vale menos que um filhote de foca? Na verdade o aborto é tipico de um povo sem responsabilidade. Voce faz o filho e depois apaga esse "erro" sem dó. Coisa de gente mimada. É só minha opinião, e sei, sou homem e blá blá blá. Façam seus abortos, Legalizem. Mas saibam, aborto é matar um feto. E mesmo que um feto não seja um homem, ele é no minimo tanto quanto um bebê cachorro. 
   Cada vez mais eu tenho a certeza. Ainda se fazem alguns filmes ok, mas o cinema como arte relevante acabou. Digo isso não como saudosista que sou, mas como apaixonado. Ia ser duro se eu trabalhasse em jornal ser obrigado a dar uma força para algum filme toda semana. Não, não falo que eles se vendem, o que digo é que se um crítico falar que o cinema acabou ele perde o lugar. Com justiça. Para que um crítico de uma pseudo-arte sem importância? Aliás, ainda se escrevem textos críticos sobre filmes? Não falo bio, falo estudos. Há?
   Plauto, Hobsbawn, Durkheim, Jakobsen e que tais...Aff, sinto saudades de ter tempo para meu Shakespeare...
   
   
   

CRENÇA NO IMPROVÁVEL, O AMOR.

   É lógico que o amor não existe. O que chamamos de amor é uma invenção artificial, mera fantasia criada por poetas. O que existe e pode ser provado é a excitação do sexo e o desejo de procriar. O que nos une a alguém é nossa vaidade e nosso medo de estar só.
   Mas o amante continua amando apesar da lógica.
   É lógico que Deus não existe. Criação artificial, fantasia de gente infantil com medo da vida e do vazio que é o mundo. Vaidade e medo, apenas um consolo.
   Mas o homem de fé continua acreditando.
   Digamos que voce seja dono de um carro. E que voce saiba tudo sobre esse carro. Como ele funciona, de onde ele veio, como ele deve ser guiado. Voce até mesmo leu um manual de direção. E sabe imaginar a sensação de dirigir.
   Mas digamos que voce nunca dirigiu.
   Esse é o erro básico de ateus falando sobre religião. Leram tudo sobre ela, sabem o que é e como funciona. Até mesmo imaginam o que seja a fé. Mas jamais estiveram dentro dela. Sabem toda a teoria, desconhecem qualquer tipo de prática. Seus textos, para quem conhece o que seja fé, são irrelevantes.
   Escrevo isto porque Marcelo Coelho me surpreendeu com um texto extremamente superficial. Ele fala sobre um grupo antirreligioso inglês que anda escrevendo nos metrôs: "Provávelmente Deus não existe. Então, pare de se preocupar e aproveite a vida."
   O que seria aproveitar a vida? Coelho fala de Francis Spufford, um autor inglês que rejeita esse grupo. Diz que a frase é tipica daqueles que têm o mercado como religião.É a fé da propaganda: Joguemos fora o que é velho e sejamos felizes!!! Coelho também acha a frase idiota, mas se perde ao mostrar, para ser fiel a sua fé no ateísmo, afinal, intelectuais são proibidos de crer, que um deficiente crer no bondoso Deus seria também uma crueldade. Deus bondoso? Desde quando? Jesus tentou ensinar a bondade. Tentou e foi traído. Deus não é bondade. Ou maldade. É o todo. Essa ideia é inalcansável para aquele que só leu o manual.
   Esqueçamos o texto de Coelho e vamos a frase. Ela diz, "pare de se preocupar..." Mas não são os ateus que se preocupam com Deus? Crentes não se preocupam com Deus. Eles obedecem dogmas. Não se preocupam. Aproveitar a vida. O que é aproveitar a vida? Ateus aproveitam a vida? Como e porque? Não crer em Deus é aproveitar a vida? Que tipo de vida? É outro conceito tipico de quem nunca esteve dentro da fé e apenas a conhece em imaginação. Para esses, ter fé é ser limitado, quando na verdade não ter fé é deixar de ter uma das maiores possibilidades que a vida oferece, a crença na própria vida. Naquilo que ela tem de eterno, de atemporal, e sim, de mágico.
   Voltando a Coelho.
   Ele diz que se pode viver sem crer. Será? O amor é tão "improvável" quanto Deus, e crer no amor é viver mais completo. Há quem creia em Marx, em Darwin ou em Freud. E como ocorre com as religiões, essa crença ajuda o fiel a suportar a vida e a perceber algum sentido na confusão. Me parece que viver sem crer é impossível. O completo descrente não existe. E toda crença é improvável para quem não crê.
   A grande questão nunca é colocada por qualquer e por todo ateu:
   Se Deus existe ou não é irrelevante. O que importa é crer no improvável. Ter a força de acreditar em algo que é improvável, essa é a graça da fé. E é esse tipo de sentimento que é incompreensível aos ateus.
   Gostaria de colocar outra questão.
   Porque existe uma militância antirreligiosa? Qual seu objetivo? O que incomoda tanto em toda religião?
   Termino falando do texto de Pondé de segunda-feira ( mal escrito esse texto...)
   Pondé fala de intelectuais como seres especialmente arrogantes. Todos eles com suas quedas por ditaduras, pensamento único, todos pensando ter a chave da verdade única.
   Concordo. Intelectual, por mais que isso lhes doa, é como padre: Está sempre no púlpito pregando. Anda pela rua em silêncio de igreja, ou falando e nunca escutando. Dono da verdade única. O padre é o primeiro intelectual da história do ocidente.
   Bem... Pondé então critica os marxistas e os cristãos, que têm a mania de explicar tudo pela sua crença e a desprezar quem não compactua com ela. Verdade. Mas Pondé espertamente "esquece" de evolucionistas e de psicanalistas, seitas que também crêem poder explicar tudo por uma única e "genuína" fé. Óbvio que aqui faltou honestidade a Pondé. Se é para criticar intelectuais, vamos criticar todos, inclusive a si-mesmo.
   Pondé coloca a culpa da decadência da família e das relaçõea afetivas nas costas de sociólogos e sexólogos. "Esquece" que essa decadência começa com os antirreligiosos. A igreja foi a base da familia, do poder do pai e da comunidade. Quando Deus foi morto a familia morreu junto. Pondé culpa as aulas de educação sexual...Ora, quando essas aulas são instituídas a familia já se fora, já era perdida.
   Ele chora também a transformação do bandido em vitima. Culpa o marxismo por isso. ( Não sou marxista, mas Pondé o demoniza tanto que dá até vontade de ser um fã de Fidel...), a culpa tanto pode ser do marxismo, que sim, viu o bandido como vitima e vingador, como da incompetência da autoridade, que ao mostrar sua desorganização e suas corrupções, deixa os bandidos menos bandidos.
   Pondé critica os que sobem em púlpito e bradam a verdade. Mas o que ele faz? O que fazem aqueles "pensadores" que vão ao café filosófico? ( Aliás nunca vi café por lá. Muito menos filosofia. Deveria se chamar Água e Alunos ).
   O que faço eu aqui a não ser expor, vaidosamente, minhas teorias chupadas de tudo aquilo que li? E que talvez eu nem tenha entendido...
   Respeito o intelectual que não tem certezas, assim como o artista que não funda movimentos. Por isso é que me interesso por religião e abomino igrejas.
   Voltando a crença. Sim  Marcelo Coelho, voce está errado. Todos precisamos de crenças para viver. E na verdade essa crença é a fé no amor. Precisamos nos unir por amor a alguma coisa da vida. Seja improvável ou não. Seja o amor ao sexo, ao dinheiro ou a filosofia e a arte. Mas entenda, por ser improvável, o amor se expande em amores improváveis. Ilimitados.
   Amar a Deus seria então amar tudo aquilo que é divino e improvável, secreto e incomunicável: a vida.

ALCEU AMOROSO, BERGSON, FÍSICA QUÂNTICA, MACONHA, HIPSTERS E ARSENE LUPIN

   Tem um monte de coisas que leio hoje. Nada pra fazer no trabalho. Caraca! O tempo corre, voa, urge e ruge, vira fumaça....já fazem 25 anos que uma carga de maconha em lata foi jogada de um navio nos mares do sudeste do Brasil !!!! E passamos meses ouvindo gente dizer que havia fumado "da lata". E que era coisa forte pra "dedéu"..... 25 anos!!!! Ai mamazita!!!!!
   Um site legal pra voces: http://www.saopauloantiga.com.br/
   Eles fotografam as casas e coisas que estão por um fio pra serem demolidas. E se mexem, tentam salvar as construções. Eu pensei que só eu sentia asco das demolições paulistas. Os caras do site saem andando pela city e disparam fotos sobre fotos. Bacana e urgente.
    Se voce tiver fotos manda pra eles.
    Marcelo Coelho fala de Arsene Lupin. Fazia tempo que ninguém falava dele. Os livros que têm Lupin como personagem são "quase" tão bons quanto os de Holmes. Não sei porque, mas eu tinha a certeza de que Marcelo Coelho era fã de Sherlock. Ele é. Nós, fãs de Conan Doyle, somos todos uns Watsons.
   Matéria sobre Alceu Amoroso Lima. Ele é do tempo em que intelectual era alguém que fora educado sobre várias coisas com profundidade. Teve o francês como primeira lingua e aos 17 anos já assistia aulas de Henri Bergson no College de France. Alceu era um intelectual católico. Veja bem, não falo de religioso, falo de católico. Ele seguia as normas e dogmas. E numa época em que ser católico era ser um quase fascista de direita, Alceu lutou contra a ditadura militar e pregou pela liberdade. Sem jamais romper com o Vaticano. Sua trajetória tem um nome: Honra. Intelectual hoje opina sobre tudo sem saber muito nada. E pior, nega compromissos como se isso fosse coragem.
   O College de France ainda é o sonho de todo intelectual francês. Para dar aulas lá voce tem de ser convidado. Recebendo o maior salário entre os docentes do país, voce pode escolher o assunto de sua aula e dar esse único curso, muito curto, em todo o ano. Henri Bergson foi mestre lá. Lacan também. Bem, nem o College de France é perfeito.
   Meu amigo Pagotto leu todo Os Miseráveis, de Victor Hugo, na tela do celular. Ler o imenso no muito minimo. Eu me recuso. Ainda.
   Matéria sobre uma tribo dominante: os Hipsters.
   Mexam-se no caixão Boris Vian e Thelonious Monk! Hipsters eram os amantes de jazz. Um povo muito cool e muito angustiado. Agora é essa turminha de calça skinny, óculos de armação grossa, gorro na cabeça e blusas velhas de lã. Ninguém entende o porque de usarem esse nome. Eles se revelam pela palavra Não: não são artistas, santos, reformadores, aventureiros ou cientistas. São vendedores. O único interesse é por aquilo que funciona. Vendem a si-mesmos e são hiper-conformistas. Disfarçados de "alternativos" não têm proposta nenhuma de mudança em nada. Quando gritam por reformas é só isso, gritam para que o que existe continue a existir. Se vendem como perfil e como produto, e sabem que o melhor produto é aquele que ninguém tem. Para eles, bom é aquilo que ninguém gosta. Forma de parecer diferente.
   Beatniks queriam o êxtase, a experiência transcendental. Hippies queriam o amor livre e a droga que abria a mente para o sonho. Punks queriam o anarquismo niilista. Os yuppies queriam o consumo, a festa chic. A geração dos anos 90, apática, queria ser deixada em paz. Os hipsters querem vender, vender sem parecer ambicioso, ser boêmio sendo conformista, obter sucesso sem pagar o preço da ambição. Eles querem parecer. Nunca ser.
   Pra finalizar, física quântica.
   Quanto mais longe a ciência vai, mais ela se parece com misticismo. Então existem mais de 12 sentidos? Existe toda uma realidade que não temos como ver? O tempo se dobra nas beiradas e transforma-se em "enroladinhos"? A maior parte da matéria é invisível e indiferente a tempo e distância? Caramba! O mundo do século XIX vive nas pessoas como eu, de cultura média, mas para a ciência de ponta, a velha matéria racional e sólida dos velhos cientistas positivistas já morreu.
   Já foi tarde.

MARCELO COELHO NA MISSA

Surpreende alguém que um ateu convicto como Marcelo Coelho escreva um texto sobre sua ida a missa do Pátio do Colégio e ao final do culto descubra que não só gostou como que irá voltar?
Marcelo Coelho de todos os colunistas da Folha é o mais rigoroso. Ele não faz concessões ao gosto médio. Se é pra falar de cinema ele fala de Carl Dreyer. Se é pra falar de música ele fala de Bach e se é para elogiar um escritor contemporâneo ele escreve sobre Sebald. Um homem como ele tem óbviamente sinais de desconforto com a crueza vulgar do mundo atual. Há um desencanto em tudo o que ele escreve, mas ao mesmo tempo o niilismo passa longe de seu texto. Ele ainda ama certas coisas, e a cultura é uma delas.
Na missa ele se surpreende com tudo. Estranha o fato de nada nela se parecer com repressão ou fanatismo. Se surpreende com o fato do padre ser um mestre da oratória e mais, possuir um discurso articulado e límpido. Coelho fala do quanto a arte da oratória inexiste hoje ( para os gregos era a arte principal ). Políticos, artistas, filósofos, poetas, desaprenderam essa arte. E para uma pessoa de cultura, nada é mais prazeroso que ouvir alguém falar bem. Atores inclusive desaprenderam a falar. Me delicio sempre que ouço gente como Rex Harrison ou Peter O'Toole falando. Colin Firth e Daniel Day Lewis ainda sabem falar, mas são tão poucos hoje...weeeelllll....
Como acontece comigo, Coelho não consegue se ajoelhar ( é vaidade ), não crê em Deus ou em seus santos, mas como eu ele percebe que há algo naquele lugar. Dois mil anos não podem ser descartados por preconceito.
Estou lendo Chesterton e no seu texto ( deliciosamente vitoriano, e voce sabe, em termos de civilização a era vitoriana foi o auge do gênero humano ), ele diz que tal personagem de seu livro, era "tão revolucionário que ele se revoltara contra as revoluções e se tornara um amante da lei e da ordem". Penso em Eliot, Evelyn Waugh, Auden e o próprio Chesterton, todos foram jovens modernistas e rebeldes, todos se converteram ao catolicismo ao final da vida. Sempre pensei que fosse por medo da morte, mas percebo com a idade que esse medo é maior aos vinte anos que aos quarenta. Talvez tenha ocorrido com eles o que se passa comigo, uma vontade de negar todo esse modernismo de araque, vazio e frouxo, abraçando aquilo que os "inteligentinhos modernos" menos prezam: a religião institucionalizada, a religião careta. Uma conversão sem fé, feita por um excesso de rebeldia. Talvez...
De qualquer modo me lembro da missa por meu pai e do modo como me senti bem na igreja. Não por crer que a alma de meu pai pudesse estar lá, não por crer que Deus pudesse me ajudar, mas apenas por sentir o alivio de estar numa casa onde a morte e a dor podiam se expressar livremente, sem remédios, sem modismos e sem pseudo soluções. Um canto de atemporalidade.
Em tempo sem filosofia prática, sem mestres e eruditos, sem ideologias e sem artistas sábios, é a experiência individual na religião que ainda pode nos dar rumo. Mesmo que seja vã.