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NINE INCH NAILS - THE DOWNWARD SPIRAL

Em 1994 o rock ainda conseguia nos surpreender. Beck e Loser, Sonic Youth, Massive Attack, Portishead, ainda brotavam timbres estranhos, misturas novas, o RAP parecia insaciável engolindo jazz, soul, blues. Havia bombons deliciosos como Spin Doctors e os Hanson, Supergrass e Blur. E talvez o mais radical fosse Trent Reznor com os Inch Nails. Reescuto hoje e ele continua quase insuportável. -------------- Ele fez algo impensável até então. Música eletrônica tinha dois estilos: ou era chique e moderninha, tipo Human League e Depeche Mode, ou era gelada e inumana, como Kraftwerk e Visage. Trent Reznor sujou o eletrônico. O desespero já habitava os teclados desde Suicide e Cabaret Voltaire, mas ele encheu o som de lixo, de ruídos que incomodavam, de erros propositais, peso asfixiante. O que ele fez foi aproximar a música eletrônica do mais violento hardcore. Isso só poderia ter ocorrido nos USA, pois na Inglaterra já pairava a sombra da passividade absoluta sobre o rock de então e do seu futuro. Nos USA ainda se acreditava em dentes sujos e notas desarmônicas. -------------- O disco é a história da destruição de uma mente perversa. É um dos mais deprimentes discos já gravados. Bowie, na época em busca da inspiração que jamais retornou ( Bowie sempre foi um ladrão. Em 1972 roubou Marc Bolan e Lou Reed, em 1975 roubou o som da Philadelphia, em 1977 roubou o som de Eno e Robert Fripp, em 1983 Nile Rogers e depois mais nada deu certo ), Bowie em 1994 flertou este som e passou mais de década nessa tentativa. Mas este som, que hoje parece antigo mas nunca velho, é só de Trent e de mais ninguém. -------------- Ouvir este disco em seu tempo era ter a certeza de ouvir o som do futuro ( todos os citados acima pareciam ser o som do futuro ). Mas esse futuro não foi e não é dele. Estranhamente o rock se prendeu a fórmulas que encerraram sua comunicação com os jovens mais espertos. Virou música de deprimidos e de saudosistas. 1999 foi seu último ano. O século XXI não é seu século. ------------- Mais que um disco, este é um epitáfio de todo um gênero musical e de um modo de vida.